Presidente de Angola e
vice-presidente do partido no poder rejeita alegações de divisão no seio do
MPLA. "Sempre houve interessados em corroer o partido", diz sobre
crise de liderança no país.
O Presidente de Angola e
vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), João
Lourenço, negou este sábado (17.03) que exista divisão no seio do partido no
poder em Angola. O chefe do Executivo angolano negou que uma divisão entre "supostos
eduardistas e lourencistas", garantindo que existem apenas militantes do
MPLA.
"Isso não existe no nosso
seio, só há mempelistas, porque todos defendemos o MPLA e as suas causas. Só há
patriotas angolanos, porque todos defendemos a causa de Angola e dos
angolanos", afirmou João Lourenço na abertura II Reunião Metodológica
Nacional sobre a Organização do Trabalho do Partido.
O dirigente do MPLA referia-se à
"ideia criada e difundida" recentemente em alguns círculos da
sociedade angolana com o objetivo de "dividir" os militantes do
partido. "Ao longo da sua história, o MPLA enfrentou e ultrapassou momentos
difíceis. Em alguns casos teve cisões que o enfraqueceram, mas soube sempre
evitar consequências piores".
João Lourenço defendeu que
"sempre que possível" se trabalhe com antecipação para que a união do
partido seja preservada. "Isto é uma preocupação que deve ser permanente, porque
acredito que, dentro e fora, sempre houve quem estivesse interessado em corroer
o partido, para que não cumpra com a sua missão histórica", declarou.
O chefe de Estado angolano também
defendeu o reforço do combate às "más condutas, ao desrespeito aos
princípio e valores" do partido, assim como o fortalecimento das
estruturas da organização política. O Presidente de Angola sublinhou que os
princípios e valores do MPLA são caracterizados por "insuficiências na
organização e gestão, nas distintas áreas de especialização e na excessiva
burocratização do aparelho central e auxiliar".
No discurso, apelou a uma maior
proximidade dos dirigentes às comunidades e a uma maior inserção do partido na
sociedade. Segundo João Lourenço, é o momento de o partido dar início ao
trabalho para preparar os seus quadros para o "grande desafio" que
tem pela frente, com a realização das primeiras eleições autárquicas no
país.
Fim próximo?
No poder desde 1975 em Angola, o
MPLA tem reforçado nos últimos tempos os apelos de união na formação política,
numa altura em que vários círculos da sociedade angolana, incluindo militantes
do próprio partido, têm criticado abertamente uma alegada
bicefalia entre João Lourenço e José Eduardo dos Santos, líder da
organização política desde 1979.
Na reunião ordinária do Comité
Central realizada esta sexta-feira, José Eduardo dos Santos propôs a realização
de um congresso
extraordinário para dezembro de 2018 ou abril de 2019. O ex-presidente
de Angola tinha anunciado, entretanto, que deixaria a vida política ativa este
ano.
Sobre a proposta apresentada, os
participantes ao encontro decidiram que vão ser realizadas duas reuniões, a
primeira em abril deste ano pelo Bureau Político, e a segunda em maio pelo
Comité Central para refletirem sobre a realização do congresso extraordinário e
a transição política da presidência do MPLA.
Dos Santos, que não dá sinais de
querer abandonar a liderança do partido no poder, disse que pretende
empenhar-se "pessoalmente” no grupo de trabalho que este ano vai
"preparar a estratégia” do MPLA para as primeiras eleições autárquicas:
"Assim, recomendo, por ser mais prudente, que a realização do congresso
extraordinário do partido, que vai resolver a liderança do MPLA, seja em
dezembro de 2018 ou abril de 2019”.
Agência Lusa, kg | Deutsche Welle
1 comentário:
Estranho o Presidente de Angola apenas ver como problemas do MPLA a burocracia e a má organização. En tão e o compadrio e a corrupção desenfreada que reinam em Angola, não será que nascem justamente no partido do poder? Onde mais?
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