O nosso S. Exa. So Presi, Dr.
JOMAV se autodenunciou ao evocar a questão do cheque de 500'000'000,00
(quinhentos milhões) de F CFA’s na sua entrevista do balanço dos seus 4 anos do
exercício do poder presidencial
Abdulai Keita* | opinião
Muitos cidadãos bissau-guineenses
e além viram o ato no dia 02 de Junho de 2016. O nosso S. Exa. So Presi, Dr.
JOMAV, a entregar publicamente um cheque, na Presidência da República, segundo
as infos então transmitidas pelos órgãos da comunicação social com pompas e
tambores, no valor de 500’000’000,00 (quinhentos milhões) de F CFA’s
(=763’358,78 EUR à 655,00 F CFA/EUR) a então seu recém-nomeado Premiê Baciro
Djá. Nomeado, antes, no dia 26 de Maio deste mesmo ano. Afirmando na ocasião,
sempre segundo as mesmas fontes, de tratar-se de uma doação da Agência de
Cooperação Guiné-Bissau/Senegal, que, pelas suas diretivas próprias ia ser
destinada à construção, em Bissau, da “Avenida João Bernardo Vieira (Nino) ”. A
Avenida que ia ligar a Praça dos Heróis Nacionais no centro da cidade à zona
industrial de Bolola. Este então seu novo So Premiê Baciro tendo-o seguido para
logo acrescentar, de que, esse elenco que ia liderar e que ia ser investido
naquele dia mesmo, ia evidentemente “começar a trabalhar a partir dessa obra”
(a dita “Avenida”).
O ato todavia naquele preciso
momento, no meu olhar, estava manchado de um “pequeno” vício. Em tudo, não se
tinha dignado a esclarecer aos cidadãos bissauenses e além, visto o tal modo de
norma procedimental adotado naquela transação, sobre a questão de, a quem é que
a tal doação se destinava direta e originalmente; a nosso S. Exa. So Presi, Dr.
JOMAV, pessoalmente, ou ao Estado da República da Guiné-Bissau.
Foi o porquê deste ato ter-me
levado logo a colocar-me uma série de questões que, para mim, ainda continuam
atuais, agora acrescida de mais outra, após este ates aludido ato de
entrevista, a saber:
(1) Pode o Gerente de uma Agencia
Mista do Estado da Guiné-Bissau e um outro, neste caso o do Senegal, portanto
uma Instituição estatal, proceder à doação de tanta soma de dinheiro “cash” (em
cheque), assim, tão simplesmente, a alguém; a nosso Estado, ou a nosso S. Exa.
So Presi, ou via este, a uma ou outra entidade estatal?
(2) Como é que se gere os fundos
e se costuma levantar as importantes somas de dinheiro naquela Agencia Mista?
(3) Será este gesto, neste
quadro, um gesto legal ou um a considerar como a tentativa de uma camuflada
sedução (tráfico de influências; aliciamento; corrupção) ao encontro do nosso
S. Exa. So Presi? E no fundo, no fundo, partindo de quem?
(4) E para já, quanto é que o
Gerente levantou de facto, em relação a esta operação nos cofres daquela
Agencia, apenas esta soma doada a So Presi (ou a outra entidade)?
(5) Porque é que o nosso So Presi
não o mandou ir depositar a tal soma de tanto dinheiro (em cheque) no tesouro,
logo imediatamente, como isso se deve pelos imperativos procedimentais segundo
ele mesmo (“o dinheiro do Estado no Cofre do Estado”)?
(6) E de outro lado, porque é que
o nosso S. Exa. So Presi, por sua vez, também decidiu entregar assim, “cash”
(em cheque), esta mesma soma e toda, a So Premiê Baciro, sem a diretiva deste
mandar deposita-la imediatamente no tesouro como se deve, mesmo pensando no
objetivo então anunciado da sua utilização posterior para a construção da tal
dita Avenida?
(7) E, após tudo isso, ia o So
Premiê, pela iniciativa própria, mandar depositar este dinheiro (cheque) no
tesouro (“cofre de Estado”) ou não, na sua totalidade?
(8) Mas ainda, com efeito, e à
partida de tudo, a construção desta "Avenida João Bernardo Vieira – Nino”,
encontrava-se já prevista no Orçamento Geral de Estado do Executivo do So
Premiê Baciro? Previsto para que montante?
(9) E, como tanto o Programa
deste Governo e assim como seu Orçamento Geral de Estado, a que tudo indicava,
iam ser difícil a serem aprovados devidamente pela ANP, e se isso não viesse
acontecer, em que pé é que tudo iria ficar? Etc. etc.
E agora, até a presente data
(23.06.2018), não se viu nada da construção desta "Avenida João Bernardo
Vieira - Nino"… Nada mesmo! Puto!
(1) O que é que se fez com esta
importante soma de dinheiro então, entretanto?
(2) Com efeito e para já, este
cheque com esta importante soma de dinheiro, após ter sido entregue a So Premiê
Baciro, porque é que este, por iniciativa própria, não o mandou depositar no
tesouro?
(3) E ainda, não sendo assim, foi
logo então, ou não foi depositado numa conta bancaria e de quem, no qual banco?
Etc.
Eis diferentes aspetos deste
assunto colocados, segundo a mim, desde à partida deste affaire e atualmente,
ainda devendo ser esclarecidos em todo o primeiro lugar. E que podem e devem
ser esclarecidos.
Ora, em vez disso, primeiro veio
So Ex Premiê Baciro três meses atrás e agora segue também aí o nosso S. Exa.
So Presi, Dr. JOMAV, nesta antes citada sua entrevista gravada no dia 13 de
Junho de 2018 e publicada mais tarde, sobre o balanço dos seus 4 anos do
exercício do poder presidencial; os dois a fazer-nos o Pingue-pongue de
“entreguei-lhe/não me devolveu” o cheque de 500’000’000,00 (quinhentos milhões)
de F CFA’s. Deixando assim o mundo todo sem saber em que pé é que se está agora
nisso.
Que a leitora/o leitor me
desculpe, mas ora bolas pa, o que é isso?! Que banalização da gestão da coisa
pública e das instituições do Estado?! E que descrédito de alguém, no posto do
Presidente da República, tendo feito dos géneros da matéria aqui em pauta, a
sua; a palavra de ordem, a diretiva para a governação dos fundos do Estado (do
povo), ou seja, o seu grande slogan; essa fórmula grande de, “DINHEIRO DO
ESTADO NO COFRE DO ESTADO”.
Eis, é por tudo isso é que, na
realidade, e bem visto, o que fez e disse o nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV
nesta tal referida sua entrevista do balanço dos seus 4 anos do exercício do
poder presidencial, referindo-se a este assunto é pura e simplesmente um ato de
autodenuncia. Uma autodenuncia, para já e sobretudo se tudo vir ficar assim, de
terem os dois, ele e Baciro, desviado esta soma em cumplicidade conjunta. E
nesse conluio, sendo o Gerente, o ator aliciante (corruptor) de partida;
aliciante dos dois e o cúmplice instigador de toda a operação, caso que tenha
agido fora das normas procedimentais da sua instituição e além. Em todo o caso,
em tudo, coisa claríssima de A a Z para a justiça.
Brincadeira pa. Falou-se tanto e
fala-se ainda sempre tanto do “DINHEIRO DO ESTADO NO COFRE DO ESTADO” e depois
isso. Sem vergonha. Grande troça do Estado bissau-guineense e pura falta de
respeito para com todos os cidadãos bissau-guineenses (Mulheres e Homens). Mas acima
de tudo, uma irresponsabilidade política gritante sem igual no mais alto nível
dos escalões do nosso Estado. Será que estes três implicados diretamente nesse affaire
não vêm e nem sentem isso tudo. Se interroga!
Bom, por enquanto é assim. Mas
que todavia se saiba e que saibam bem! O povo bissau-guineense não é burro e
muito menos lixo. Um modo de liderança assente no rigor, na disciplina e no
respeito irrestrito das normas e Leis da República há de voltar neste país, a
Guiné-Bissau. Isso será, sem falta, tal como foi no passado, no “tempo de
Cabral”, como costuma dizer o povo.
Obrigado.
Pela honestidade intelectual.
Por uma Guiné-Bissau de Homem
Novo (Mulheres e Homens), íntegro, idóneo e, pensador com a sua própria cabeça.
Incorruptível!
Que reine o bom senso.
Amizade.
A. Keita*
*Pesquisador Independente e
Sociólogo (DEA/ED) | E-mail: abikeita@yahoo.fr
Sem comentários:
Enviar um comentário