Declaração veio após Ministro do
Interior descobrir que é investigado por sequestro de pessoas
O ministro do Interior da Itália,
Matteo Salvini, admitiu nesta quinta-feira (30/08) que usou 177 migrantes
resgatados no Mediterrâneo para "chantagear" a União Europeia.
A declaração foi dada após o
secretário da ultranacionalista Liga ter descoberto que é investigado por
outros crimes além de sequestro de pessoas, abuso de poder e prisão ilegal no
caso do navio Diciotti, da Guarda Costeira italiana, que ficou bloqueado por
cinco dias no Porto de Catânia.
"Percebo que existe um novo
crime, a chantagem à União Europeia, não sabia que existia. Estão modificando o
código penal. Bem, então reivindico a chantagem à União Europeia", afirmou
Salvini, durante uma visita a Veneza. O ministro ainda acrescentou que as
suspeitas contra ele são "medalhas".
O Ministério Público de Agrigento
abriu um inquérito contra Salvini por sequestro de pessoas, abuso de poder e
prisão ilegal, mas, segundo jornais italianos, os procuradores apuram também as
hipóteses de "sequestro de pessoas com fim de coação" e "omissão
de ato de ofício".
O próprio ministro disse em
várias ocasiões que não liberaria os migrantes do Diciotti enquanto a União
Europeia não chegasse a um acordo para redistribui-los entre seus
Estados-membros. Além disso, ele teria ignorado pedidos da Guarda Costeira para
definir um "porto seguro" para o desembarque do navio, indicando
Catânia apenas como "escala técnica".
"Arrisco 30 anos na cadeia
por ter defendido o direito à segurança dos italianos? Sorrio, trabalho ainda
mais e sigo em frente", declarou o secretário da Liga no Twitter. Os
menores de idade resgatados pelo Diciotti puderam descer do navio sem
pré-condições, mas os adultos só saíram após a Igreja Católica, a Albânia e a
Irlanda terem se comprometido a recebê-los.
Também vice-primeiro-ministro,
Salvini é o artífice do endurecimento das políticas migratórias da Itália e
fechou os portos do país para navios de ONGs que operam no Mediterrâneo. Seu
objetivo é impedir a chegada de migrantes pelo mar e forçar a União Europeia a
dividir o peso do primeiro acolhimento daqueles que conseguirem concluir a
travessia.
Foto: YouTube/Reprodução
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