terça-feira, 16 de outubro de 2018

Orçamento Luso | O que querem é continuar a ir-nos ao…


Já hora de almoço (para os que almoçam) e cá estamos nós no PG à volta do Curto do Expresso, hoje da lavra de Pedro Candeias. “Candeias que vai à frente alumia…” O resto do dito já sabe e se não sabe pesquise. Já agora pesquise também como é que os extremamente enterrados na pobreza se “safam”. Como conseguem sobreviver neste país cão em que para cá vivermos o melhor é adotarmos uma “cadela” permanente (bebedeira). Pois.

Do Expresso Curto temos a renovar o seguinte: “Logo pela manhã, receba diretamente no seu e-mail uma breve síntese do que se está a passar no país e no mundo pela caneta dos nossos melhores editores.” É exatamente o que pode ler se chegar ao original, ao Curto. Sirva-se e aproveite a dica do respetivo link AQUI.

E agora, senhores, senhoras, meninos e meninas, DDT's e Sem-Abrigo, apresentamos o resultado do nosso querido Curto e do que Candeias tem para dizer sobre… o Orçamento. Pois claro, nem podia deixar de ser.

Uns dizem que sim, que é razoável. Outros dizem que não, que não “presta”. Por aqui não vamos nem por um caminho opinativo nem por outro. Vamos pelo meio e a habitual frase “é quase sempre a mesma coisa”. Claro que se fosse um orçamento do Passos e da Cristas/Portas era muiiito diferente. A roubalheira e o esclavagismo prosseguiria de forma descarada e dolorosa, pretenciosamente encoberta com mentiras, “canudos doutorados” falsos e outras artes mirabolantes da sacanagem prófascista a que chamam neoliberalistas. Pois.

Centeno do Orçamento, Mário da EU, falou logo pela manhãzita. Chegou com lata, trincha e tinta em tons de rosa. Pintou, pintou, pintou (sem se sujar). Fácil de concluir, pelos “analistas” é que o Orçamento é bom para as famílias e muito menos bom para as empresas… Oooooh!

De tudo isto, no computo geral, os pobretanas, os à rasquinha-à rasquinha, talvez possam contar com mais uns míseros 5 ou 7 euros. Isso para manter as disparidades sociais: muitas centenas e dezenas de milhares para uns quantos, um ou dois milhares para uns poucos, centenas de euros para muitos e uns “cobres” para a maioria. Grandes benefícios das famílias. Tá-se a ver, não tá-se? Pois.

Siga a dança lendo o Curto. Por aqui estamos fartos destas tretas orçamentais que fazem lembrar aquele das roupas de pronto-a-vestir que ao parlar com o cliente lhe diz o preço da camisa e das calças no total de 1.000 euros – 600 das calças, 400 da camisa. Mas que lhe faz um desconto nas calças, reduz para 450 euros e a camisa passa a custar 550 euros… Diz-lhe o cliente, escandalizado mas temeroso: “O que você quer é ir-me ao traseiro, assim a subir-me a camisa e a baixar-me as calças.” E saiu porta fora.

Conclusão: o que querem e continuar a irem-nos ao... bolso.

Façamos o mesmo, saindo porta fora. Antes que nos vão ao… (MM | PT)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O bê-á-bá do O do E

Pedro Candeias | Expresso

Como a noite foi inesperadamente longa, decidi fazer deste Expresso Curto uma espécie de guia alfabético para o Orçamento do Estado 2019. Obviamente, não coube tudo, mas ficam aqui algumas, bastantes medidas propostas pelo Governo. Não foi fácil escolher e, como se costuma dizer quando se agradece a qualquer coisa, peço desculpa se me esqueci de algo ou de alguém. O que é provável.

Alcóol: na proposta para o Orçamento do Estado, o Governo decidiu manter as taxas sobre as bebidas alcoólicas. Está aqui.

Bloco de Esquerda e Partido Comunista andaram a jogar à reivindicação nas redes sociais com as hashtags #blocofazadiferença e #marcaspcp.

Centeno: o homem por quem o país esperava apresentou o OE quase no limite do prazo legal, a doze minutos da meia-noite; depois disso, já se sabe, as carruagens transformam-se em abóboras. O ministro justificou o atraso com dificuldades técnicas e adiou a conferência de imprensa para as oito e meia da manhã desta terça-feira.

Deslocação. O Governo tem 83 milhões de euros para um programa de Apoio à Redução Tarifária. A fatia maior desse boloserá para baixar o preço dos passes, criar passes-família e transportes gratuitos para menores de 12 anos. Um catch: acontece apenas em abril. Um segundo catch: é o Co2 que paga.

Emigrantes. Voltar a Portugal nos próximos dois anos significa pagar IRS sobre apenas 50% do que se ganha em qualquer circunstância: por contra própria ou por conta de outrém, seja português ou não, tenha estudos ou não.

Função pública. Há descongelamento na progressão da carreira? Sim. E há aumento salarial? Nim. O documento nada diz, mas espera-se que Centeno diga algumas coisas mais por volta das oito e meia da manhã.

Geografia. As famílias que tenham estudantes no interior do país poderão deduzir 40% das despesas de educação - máximo de mil euros. Mas não são apenas os jovens: as famílias que decidam mudar também para o lado esquecido de Portugal, têm um incentivo: durante três anos, podem pagar menos 15.ª do valor das rendas.

Hollywood. A proposta para o Turismo é pomposa e de certa maneira redundante: “afirmar a cultura como elemento distintivo da afirmação de Portugal no mundo”. Para o Turismo, o Governo mantém os mesmos valores (16 milhões + 3,5 milhões de compensação) e reforça a ideia de trazer produções de Bollywood e de Hollywood ao país.

IRS. Escreveu a Elisabete Miranda no Expresso que o Governo não vai mexer nos escalões nem nas taxas do IRS, “nem sequer para os atualizar à inflação e compensar perdas do poder de compra”. Por falar nisso, faça aqui a simulação do seu IRS para 2019

Julho, o mês a partir do qual a descida (de 13% para 6%) da taxa do IVA sobre espectáculos passa a entrar em vigor.

Lei. O MAI tem um fraquinho pela polícia: mais carros, mais armamento, mais dinheiro.

Kva. Se achava que era já em janeiro que iria pagar menos por ter luzes ligadas, engana-se. O OE prevê uma descida do IVA da eletricidade de 23% para 6%, mas é preciso que esta seja aprovada em Bruxelas

Manuais escolares. O investimento na educação sobe um niquinho relativamente ao ano passado (1,3%, 6.421,3 milhões de euros). A novidade, que já é assim tão nova por ter sido noticiada antes, é a confirmação de que todos os alunos do 1.º ao 12.º anos das escolas públicas irão ter manuais escolares gratuitos.

Novo Banco. Inevitavelmente, como os impostos, a rubrica Novo Banco reaparece neste OE. O Estado tem previsto o empréstimo de 850 milhões de euros ao Fundo de Resolução

Offshores. Ainda no sistema bancário, o Governo prevê multas que podem ir até 165 mil euros aos bancos que escondam do Fisco transferências para offshores.

Pensões. As mais baixas terão um aumento de 10 euros. Brutos.

Quórum. Como é normal em circunstâncias destas, os partidos alinharam críticas ao Governo pelo tempo demorado até à entrega do documento quando a hora já pedia descanso. “Incapacidade” e “desrespeito pelo parlamento” foram algumas das expressões ditas

Reconstrução. Em 2018, o Governo previu 60 milhões para reconstruir as casas consumidas pelos incêndios de 2017. Acontece que as coisas derraparam e atrasaram, pelo que, em 2019, há ainda 45 milhões disponíveis para o efeito.

Saúde. O OE diz, sem dizer muito bem como, que os centros de saúde serão dotados de mais meios de diagnóstico e terapêutica. Objetivo? Que não se entupam os hospitais com doentes de urgência assim-assim.

Todas a propostas do Orçamento do Estado estão aqui para sua consulta. São 331 páginas a um clique de distância.

União Europeia. Segundo Centeno, a dívida pública portuguesa irá descer para 60% do PIB, cumprindo o critério de Maastricht. É o que decorre de uma simulação feita pelo ministro.

Violência doméstica. O OE contempla 6,2 milhões no apoio à prevencão da violência doméstica e à proteção das vítimas. É um aumento de 2,8% relativamente ao de 2018

X e Y. Siga as coordenadas: x para investimento público, y para crescimento. O Governo fez contas e estima que o investimento público irá subir para os 4.853 milhões de euros, o que significa que o crescimento será de 10% pelo “terceiro ano consecutivo.

Zonas de pressão urbanística. Vulgo, centro das cidades. O IMI vai subir para os proprietários de casas degradadas e o conceito de “imóvel devoluto” é alargado.

OUTRAS NOTÍCIAS

Foi longo mas agora prometo ser breve:

A história do jornalista Jamal Khashoggi tem agora contornos sinistros: afinal, a morte terá sido a consequência de um interrogatório que correu mal. Já não há coincidências: no dia em que Khashoggi foi raptado, entraram na Turquia 15 cidadãos sauditas e há imagens de televisão que acompanham a chegada do repórter ao consulado saudita e de uma misteriosa carrinha que fez o mesmo trajeto praticamente à mesma hora. É possível que isto tenha consequências diplomáticas, se Trump cumprir a palavra - o que, obviamente, não é certo que o faça. Nunca é, para o bem e para o mal.

João Rendeiro, o fundador e antigo presidente do Banco Privado Português (BPP), foi condenado a cinco anos de prisão com pena suspensa e ao pagamento de 400 mil euros a uma instituição privada de solidariedade social: a Crescer. Rendeiro foi julgado pelos crimes de falsidade informática e falsificação de documentos.

Outro João, Galamba, disse ao Expresso em dezembro de 2017 que tinha “pretensões a um dia participar um Governo, como secretário de Estado ou ministro”. Ora, esse dia chegou: Galamba, antigo porta-voz do PS em maio, é o novo secretário de Estado da Energia e tem em mãos uma pasta com alguns berbicachos.

No desporto, a cavalgada dos adeptos radicalizados a Alcochetecontinua a produzir histórias e notícias: André Geraldes, antigo braço-direito de Bruno de Carvalho, implica o antigo presidente que por sua vez implica Jorge Jesus que remete o ónus para BdC. Não é tão complicado como parece. Para ler, na Tribuna, onde também cabem textos de surf e uma ode a Eder.

Agora, as manchetes:

JN: “Justiça norte-americana não entrega bloggers dos e-mails ao Benfica”
Público: “Fé no crescimento paga acordos com esquerda e baixa défice para 0,2%”
I. “Portugal às escuras: Soure à espera de geradores; ainda há 60 mil casas sem eletricidade”

FRASES

“Centeno pode já não ir ao estádio da Luz como ia dantes, mas é ele quem põe o “paso doble” da tourada no fim do jogo e entoa o cântico: OE, ó-é, ó-é, o-ééé!...”
Pedro Santos Guerreiro, diretor do Expresso, sobre, bem, vocês sabem

“Mas recuemos a janeiro de 2016. A geringonça ainda usava chucha e Bruxelas fez questão de mostrar todo o seu poder”
João Vieira Pereira, diretor-adjunto do Expresso, também sobre aquilo que vocês sabem

“Ronaldo está num outro nível”
Modríc, sobre o ex-companheiro de equipa

O QUE ANDO A LER

O homem é o homem e a sua circunstância e os seus objetos, e é a partir desta ideia que se constrói um trabalho multimédia notável do Expresso sobre os fogos de 15 de outubro de 2017. É do João Santos Duarte, da Raquel Moleiro, do Tiago Miranda e do Tiago Pereira Santos, e tem palavras ditas e escritas, som, imagem, textura e cheiro. E muitas histórias de ligações físicas que se criam com coisas inanimadas - e outras nem tanto assim - quando a tragédia e as marcas irreversíveis se colam e se desenham literalmente na carne como rabiscos aleatórios e violentos. Fica o título e o link: “Pareciam foguetes de lágrimas

Por hoje é tudo, siga-nos no Expresso, na Tribuna, na Blitz e no Vida Extra

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