quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O subemprego está em alta na Alemanha


Levantamento revela que um em cada cinco alemães recorre a empregos com salários de até 450 euros, muitas vezes para complementar a renda. Políticos da oposição acusam governo de financiar empresários gananciosos.

Novos dados do governo federal da Alemanha revelam que um em cada cinco cidadãos trabalha nos chamados "miniempregos", nome dado no país a trabalhos informais que pagam salários de até 450 euros por mês.

O levantamento da Agência Federal de Empregos da Alemanha, divulgado neste sábado (03/11) pelo jornal Rheinische Post, demonstra que o número de alemães que recorrem a subempregos aumentou em 50 mil em apenas um ano. O estudo foi realizado a pedido de parlamentares do partido A Esquerda.

Na Alemanha, um país que se orgulha de seu baixo índice de desemprego, a quantidade de pessoas que possuem trabalhos regulares mas recorrem aos "miniempregos" para complementar seus rendimentos aumenta em número significativo.

Na última quarta-feira, um relatório divulgado pelo Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha (Destatis) afirmava que 20% dos alemães estão ameaçados pela pobreza, enquanto o custo de vida aumenta em ritmo bem mais rápido do que os salários.

A reportagem do Rheinische Post afirma que, apesar da introdução do salário mínimo na Alemanha em 2015, os empresários continuam a obter vantagens com a isenção tributária sobre os trabalhos de remuneração menor do que 450 euros mensais.

Em março deste ano, 7,5 milhões dos 32,7 milhões de empregos que pagam contribuições para o sistema de bem-estar social foram classificados como subempregos. Isso representa um aumento de 35% em comparação com os números registrados há 15 anos. Além disso, cerca de 8,5% (2,8 milhões) das pessoas que possuem emprego em tempo integral também recorrem aos "miniempregos", o que corresponde a um milhão a mais do que há 10 anos. 

Os subempregos prevalecem especialmente entre os aposentados, cujos rendimentos mal cobrem suas despesas. Nos últimos seis anos, o número de pessoas nessas condições aumentou em 27%.

"O número de miniempregos aumenta enquanto os trabalhos regulares estão sendo substituídos", afirmou a parlamentar Susanne Ferschl, do partido A Esquerda, cuja bancada de parlamentares no Bundestag (Parlamento alemão) requisitou a realização da pesquisa.

"As pessoas com nível de educação mais alto e que trabalham em subempregos não conseguem viver de seus rendimentos e dependem da ajuda do governo. O Estado, então, subsidia empresas que economizam em salários através dos miniempregos", afirmou Ferschl.

Atualmente, o salário mínimo na Alemanha é de 8,84 euros por hora trabalhada, devendo ser aumentado para 9,35 euros em 2020. O ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil, defende que, após o novo valor passar a valer, o mínimo deve ser aumentado para 12 euros por hora num prazo mais curto.

RC/dw/afp | Deutsche Welle

Sem comentários:

Mais lidas da semana