Levantamento revela que um em
cada cinco alemães recorre a empregos com salários de até 450 euros, muitas
vezes para complementar a renda. Políticos da oposição acusam governo de
financiar empresários gananciosos.
Novos dados do governo federal da
Alemanha revelam que um em cada cinco cidadãos trabalha nos chamados
"miniempregos", nome dado no país a trabalhos informais que
pagam salários de até 450 euros por mês.
O levantamento da Agência Federal
de Empregos da Alemanha, divulgado neste sábado (03/11) pelo jornal Rheinische
Post, demonstra que o número de alemães que recorrem a subempregos aumentou em
50 mil em apenas um ano. O estudo foi realizado a pedido de parlamentares do
partido A Esquerda.
Na Alemanha, um país que se
orgulha de seu baixo índice de desemprego, a quantidade de pessoas que
possuem trabalhos regulares mas recorrem aos "miniempregos" para
complementar seus rendimentos aumenta em número significativo.
Na última quarta-feira, um
relatório divulgado pelo Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha
(Destatis) afirmava que 20% dos alemães estão ameaçados pela pobreza, enquanto
o custo de vida aumenta em ritmo bem mais rápido do que os salários.
A reportagem do Rheinische
Post afirma que, apesar da introdução do salário mínimo na Alemanha em
2015, os empresários continuam a obter vantagens com a isenção tributária sobre
os trabalhos de remuneração menor do que 450 euros mensais.
Em março deste ano, 7,5 milhões
dos 32,7 milhões de empregos que pagam contribuições para o sistema de
bem-estar social foram classificados como subempregos. Isso representa um
aumento de 35% em comparação com os números registrados há 15 anos. Além disso,
cerca de 8,5% (2,8 milhões) das pessoas que possuem emprego em tempo integral
também recorrem aos "miniempregos", o que corresponde a um milhão a
mais do que há 10 anos.
Os subempregos prevalecem
especialmente entre os aposentados, cujos rendimentos mal cobrem suas despesas.
Nos últimos seis anos, o número de pessoas nessas condições aumentou em 27%.
"O número de miniempregos
aumenta enquanto os trabalhos regulares estão sendo substituídos", afirmou
a parlamentar Susanne Ferschl, do partido A Esquerda, cuja bancada de
parlamentares no Bundestag (Parlamento alemão) requisitou a realização da
pesquisa.
"As pessoas com nível de
educação mais alto e que trabalham em subempregos não conseguem viver de seus
rendimentos e dependem da ajuda do governo. O Estado, então, subsidia empresas
que economizam em salários através dos miniempregos", afirmou Ferschl.
Atualmente, o salário mínimo na
Alemanha é de 8,84 euros por hora trabalhada, devendo ser aumentado para 9,35
euros em 2020. O ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil, defende que, após
o novo valor passar a valer, o mínimo deve ser aumentado para 12 euros por hora
num prazo mais curto.
RC/dw/afp | Deutsche Welle
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