segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Ano novo vida nova é pura ficção. E o brexit que está tão perto…


O chamado brexit volta à carga no despir de mais laudas do Curto do Expresso. O fazedor de opinião é Pedro Cordeiro, que lá no burgo do tio Balsemão é editor da seção internacional. Vamos nessa.

Claro que o tal brexit só existe porque vieram mais à tona os racismos, as xenofobias, os pedantismos, os complexos de superioridade, as taras e manias dos ‘lordes’, ‘gentlemens’ e das ‘ladies’ - súbditos do reino de uma coroada carcaça velha conservada em substância que desconhecemos mas que tem resultado – rainha, mãe, avó, tetravó e etc.

Dito isso pouco mais há a adiantar sobre a saída do Reino Unido (tantas vezes vencido) da União Europeia. Salvo que tem dado pano para mangas a decisão daqueles manientos terráqueos que até circulam pela esquerda nas vias rodoviárias e que se pudessem fazer lei das suas vontades e paranóias até as torneiras seriam sujeitas a ter de abrir torrentes de água ao contrário só porque sim, porque era mais ‘british’… Adiante.

Além das apreciações e saberes sobre as “inglezadas” longas que estão já a seguir vai deparar com “Ouro em Hollywood” e sobre “Guias para o novo ano”. Evidentemente que o dito “novo ano” não nos traz nada de novo porque até já sabemos que o que acontecer vai ser mais do mesmo e que se mantém na atualidade a definição mais que realista de “quem se lixa é o mexilhão”.

Em Portugal os que de colarinho branco e DDTs que roubaram vão continuar a roubar e a enviar os produtos do gamanço e das vigarices, corrupções e dizeres de outros cardápios correlativos, para os “ofichoras” por mais…

Agora por isso: já sabemos que jornalistas receberam “benesses” de Salgado (e outros?) nos tais ditos ‘offshores’? E Salgado está em liberdade por que razão? Não cometeu crimes de lesa portugueses e o estado que eles sustentam? E outros mais, banqueiros e de suas ilhargas que usam em continuado o formato plena liberdade e que nem por sombras vêem o sol aos quadradinhos… E o processo que inclui Salgado como vai na tal amalgama a que chamam justiça? Ah, pois, aquilo é tudo muito complicado… Pois.

Ora vêem? Mas qual ano novo ou novo ano. Tretas. Essa de ano novo-vida nova é pura ficção.

Avançando, damos o espaço ao Curto, que é sempre de ler. Nem que seja para aprendermos alguma coisa. E tem muito que interessa. Até futebol.

Bom dia. Boas festas aos animais que por si se cruzarem – excepto no Jardim Zoológico. Saúde. Cuidado com o “pico” da gripe. Passe bem e oiça aquela brasileirada do “A gente vai levando…” Nas trombas? Pois. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Entradas e saídas em 2019

Pedro Cordeiro | Expresso

Bom dia e Bom Ano!

Terminada ontem a quadra do Natal, com o Domingo da Epifania ou Dia de Reis, entramos na primeira semana de trabalho completa de 2019. Muda o ano mas não muda tudo: o Parlamento do Reino Unido reinicia dentro de dois dias o debate sobre a saída do país da União Europeia, indiscutivelmente um dos assuntos mais importantes das próximas semanas, e não só para lá do Canal da Mancha. Em concreto os deputados discutirão e votarão o acordo que Theresa May alcançou com os 27 parceiros europeus. Tudo isto cheira a ano velho, já que a votação esteve marcada para 11 de dezembro último. Adivinhando derrota pesada, a primeira-ministra conservadora adiou tudo para janeiro. E agora? “The Guardian” tenta responder.

Nada indica que o desfecho vá ser outro, num debate que começa dia 9, com votação agendada para a semana que vem e que o Expresso acompanhará em Londres. Se May acreditou que a pressão temporal ia fazer um número suficiente de parlamentares mudar de opinião, por temerem um ‘Brexit’ desordenado, é capaz de se desiludir. O backstop irlandês — isto é, a cláusula que estipula que, se não houver ou até que haja solução permanente para evitar fronteira entre a República da Irlanda (membro da UE) e a Irlanda do Norte (território britânico), todo o Reino ficará alinhado com as regulações comunitárias — continua a parecer a muitos uma gaiola sem prazo, de que não se pode sair unilateralmente.

Londres e Bruxelas dizem não querer aplicar esta medida, mas os negociadores europeus exigem que ela esteja no acordo, para garantir que não volta a haver fronteira física numa terra manchada pelo sangue nos conflitos do século XX entre protestantes e católicos. Há quatro décadas que se circula livremente por aquela que será, doravante, a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a UE.

Nada disto parece perturbar May. Firme na ideia de que é o acordo dela ou o caos, a governante acelera preparativos para uma saída à bruta e, segundo o jornal eurocético “The Daily Telegraph”, pondera mesmo cancelar a habitual pausa parlamentar de fevereiro e fazer os deputados trabalhar ao fim de semana e aos feriados para aprovar toda a legislação necessária para o complexo processo de saída da UE. A data crucial é, recorde-se, 29 de março de 2019. Às 23h britânicas (e portuguesas), isto é, meia-noite em Bruxelas.

O pouco tempo que resta é, em larga medida, responsabilidade da primeira-ministra. Adiou a sujeição do acordo à Câmara dos Comuns mais de um mês sem que tenha, no período natalício, obtido cedências do lado europeu que persuadam os deputados mais relutantes em dar-lhe respaldo. A votação da semana de 14 de janeiro — de que muito depende, pois ditará se e quão ordenado é o ‘Brexit’ — é a primeira de várias obrigatórias, na câmara baixa do Parlamento mas também na Câmara dos Lordes.Não é claro, por outro lado, o que sucederá caso os deputados chumbem o acordo ou caso o aprovem com emendas (como introduzi-las, de resto, num documento já assinado com a UE, que pode rejeitá-las, e em que calendário?).

Fonte governamental citada pelo “Telegraph” garante em que em Downing Street “ninguém espera que [May] vença a votação”, apesar dos esforços governamentais junto de deputados da oposição trabalhista. O Executivo conservador não só não tem maioria como enfrenta o voto contra de muitos nas suas fileiras. O mais provável em caso de derrota, diz a mesma fonte, é que May “volte a pedir aos deputados que votem, provavelmente depois de pedir a Bruxelas mais uma cedência que baste para passar a linha da meta”, isto é, dos 320 votos favoráveis.

“The Independent” crê mesmo que tal possa suceder “uma vez e outra e outra”, porque a primeira-ministra não quis rejeitar tal hipótese, sábado, numa entrevista radiofónica. É irónico, vindo de quem tem rejeitado novo referendo ao ‘Brexit’ com o argumento de que o povo já votou em 2016. Este é, aliás, um aspeto em que nada ficou igual em 2019: a ideia de voltar às urnas, que há um ano parecia abstrusa, tem ganho apoiantes no próprio Partido Conservador e também no Partido Trabalhista, surgindo como solução plausível em caso de impasse. Menos provável é que haja novas eleições, já que May não tem vontade de se demitir, a oposição carece de votos para passar uma moção de censura e os inimigos internos falharam a tentativa de defenestração no mês passado, o que os impede, ao abrigo das regras do Partido Conservador, de voltarem a tentar durante um ano.

Claro que há sempre a hipótese de sair da UE sem acordo, desejada por apoiantes radicais do ‘Brexit’ como o ex-MNE Boris Johnson. Teria consequências difíceis de prever e não é a vontade da maioria dos britânicos, segundo as sondagens, mas é uma via que aparece à frente da proposta por May nas preferências dos inquiridos. Receando o ‘Brexit’ duro por falta de alternativa, deputados dos dois maiores partidos querem impedir o Governo de avançar nessa direção sem consentimento parlamentar. O facto permanece, porém: se nada mudar, o Reino Unido sai da UE daqui a 81 dias, com ou sem pacto.

Ouro em Hollywood

Outra coisa que não muda com o passar dos anos é a temporada dos prémios em Hollywood. Ontem foi noite de Globos de Ouro, os galardões de cinema e televisão atribuídos pela Associação de Imprensa Estrangeira na capital americana da Sétima Arte. “Bohemian Rhapsody”, sobre os Queen, e o road movie “Green Book” foram os vencedores destacados (lista completa aqui) nesta 76.ª edição, em que o êxito de muitos artistas britânicos pode servir de consolo às agruras do ‘Brexit’. Séries como “The Favourite”, “Vice”, “The Bodyguard” ou “A Very English Scandal”entraram no palmarés. Saiba mais sobre o que se viu e o que não se viu.

Em tom mais discreto do que a de 2018, em que os vestidos pretos exprimiram repúdio pelos abusos sexuais praticados desde há longa data no ofício, a cerimónia deste ano foi menos politizada. Note-se, ainda assim, o discurso pela diversidade que proferiu Sandra Oh, atriz que se tornou famosa em “A Anatomia de Grey” e lidera hoje o elenco de “Killing Eve”, e que ontem foi não só apresentadora como laureada. Emocionada com o “momento de mudança”, Oh mal conteve as lágrimas. Também reconheceu, porém, os excessos do politicamente correto ao afirmar, na brincadeira, sobre si e o seu companheiro apresentador, Andy Samberg: “Somos as únicas duas pessoas em Hollywood que não tiveram problemas por terem dito algo ofensivo”.

A entrega dos Óscares, marcada para 25 de fevereiro e de que os Globos costumam ser aperitivo e apoio às previsões, está de momento sem apresentador, depois de o comediante Kevin Hart ter recuado na aceitação do convite da Academia para tal função, na sequência da revelação de tiradas homofóbicas que proferira há anos.

Guias para o novo ano

Por cá o ano é novo no país e no Expresso, que ontem fez 46 anos. A data suscitou esta reflexão do diretor Pedro Santos Guerreiro e é motivação para toda uma equipa, em instalações novas e tendo trocado o saco de plástico por um de papel, continuar a trazer-lhe a melhor informação em português, ao sábado, mas também ao longo da semana no Diário e na edição digital.

Certos são, diz o povo, para lá das dúvidas que as transições implicam, os impostos e a morte. Não falarei agora desta última, antes vos remeto para a explicação da camarada Elisabete Miranda sobre o que muda nos recibos verdes em 2019. Já a Ana Sofia Santos e a Sofia Miguel Rosa ajudam a perceber o que se passa a nível do IMI nos vários municípios. Um terceiro e prazenteiro guia, compilado pela Cláudia Monarca Almeida e a Cátia Marques no sítio Vida Extra, antecipa as pontes que os feriados deste ano permitirão fazer.

Porque é segunda, a bola

O Benfica deu a volta a um jogo em que esteve a perder por 2-0, em casa, contra o Rio Ave. A estreia do treinador interino Bruno Lage acabou por ter final feliz, conta a Tribuna. Os encarnados aguardam que o presidente Luís Filipe Vieira, que hoje vai ao programa de Cristina Ferreira na SIC, dê novidades sobre o próximo técnico.

O Braga venceu o Boavista em casa e ocupa o segundo lugar à condição. Mas a jornada só se conclui hoje, com o Sporting a visitar o Tondela e o líder Porto a receber o Nacional da Madeira.

Muito diferente foi a partida entre o Belenenses (clube, não SAD) e o novo Estrela da Amadora (que deixou cair do nome a referência geográfica mas ainda joga na Reboleira).

Notas telegráficas

Marcelo ouviu cantar as Janeiras, como é da praxe, e fez um apelo à aceitação da diferença e ao repúdio pela violência.

O ano 2019, durante o qual se disputam três-eleições-três (europeias a 26 de maio, madeirenses a 22 de setembro e legislativas a 6 de outubro) irá ver nascer partidos políticos em Portugal. Saiba quais.

Se disfrutou do bom tempo este Natal, como o signatário deste Expresso Curto, fique a conhecer a contrapartida menos agradável.

Nos EUA, Donald Trump diz que foi produtiva uma reunião em que pouco ou nada se avançou para pôr fim ao encerramento parcial do Estado, resultante de divergências com a nova maioria Democrata na Câmara dos Representantes em relação à política orçamental. A democrata Alexandria Ocasio-Cortez, estrela ascendente desde a vitória eleitoral em novembro, acusa o Presidente de tornar o país refém da sua obsessão com o muro na fronteira com o México.

Noutra frente, o homem da Casa Branca garante estarem em cursonegociações para novo encontro com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

Do que já poucos falam é da sua promessa de retirar as tropas dos EUA da Síria.

O Papa pede aos dirigentes europeus que ponham fim ao drama de dois barcos com dezenas de migrantes que navegam pelo Mediterrâneo sem poderem aportar. Nada de novo, portanto.

Na Venezuela, e enquanto Nicolás Maduro se prepara para tomar posse para um segundo mandato presidencial, dia 10, sem reconhecimento internacional e com muita contestação interna, um juiz do Supremo Tribunal exila-se nos EUA. A Assembleia Nacional, de maioria opositora, escolheu ontem novo presidente, Juan Guaidó.

Na República Democrática do Congo ainda não há resultados das presidenciais de 30 de dezembro e o clima político vai-se agravando.

Em Banguecoque desenrola-se a história de uma saudita que foge aos horrores do Reino onde nasceu mas tarda em obter ajuda.

Já no Estado americano do Arizona, a polícia tenta perceber como é que uma mulher em estado vegetativo há 14 anos pôde dar à luz no passado dia 29 de dezembro.

Para encerrar em tom mais ligeiro, os fãs da série “Suits” podem esperar que o regresso de Meghan Markle, a atriz que dá pelo título de duquesa de Sussex desde que casou com um neto da rainha Isabel II. Mas só por um episódio.

Manchetes do dia

Jornal de Notícias: “Justiça não reconhece morte de empresário assassinado” (sobre um caso em Braga)

Público: “Portugal é dos países onde menos alunos passam para o Superior”

i: “A política pode ser entretenimento?”

Diário de Notícias (digital): “60% dos jovens vão trabalhar sem curso superior”

Correio da Manhã: “Cintra perde processo de 5 milhóes”

Negócios: “Gastos do Estado com advogados aumentaram 63%”

O Jornal Económico: “Governo acelera novo aeroporto mas Ambiente pode travar tudo”

O que ando a ler

Um clássico moderno: “The Handmaid’s Tale”, da canadiana Margaret Atwood. O livro tem 34 anos, mas tem-me parecido (vou a meio) impressionantemente atual, ao que ajuda decerto a recente e excelente adaptação televisiva, conquanto dificílima de ver de uma ponta à outra, tal a sua dureza e violência. Num mundo distópico, mulheres “aias” se veem reduzidas à condição de úteros descartáveis e andam de farda vermelha, como que a frisar a sua impureza. Ou seja, menina veste vermelho, menino veste o que quiser. Mais do que a descrição da civilização que na imaginação de Atwood substituiu os Estados Unidos da América, impressionam-me no romance e na série os flashbacks que contam como se lá chegou. Se Gilead parece longínqua, não deixa de haver ecos incomodamente familiares.

A premiada série do serviço de streaming Hulu está a produzir a terceira temporada e, desde a segunda, o enredo já não segue o livro de Atwood, com total aceitação desta última. Mas a escritora anunciou que publicará este ano uma sequela do seu êxito de 1985, “The Testaments”. A ação passa-se 15 anos depois do último capítulo da obra original, mas pouco mais se sabe. Não é uma passagem a escrito da série.

O que vou ver

Precisamente, o que me falta da segunda temporada de “The Handmaid’s Tale”, mas só depois de acabar o livro. E, a propósito, este vídeo sobre quem resiste no Brasil. E o “Roma” de Alfonso Cuarón, ontem premiado nos Globos de Ouro. E os muitos filmes que falhei nas últimas semanas de 2018. E, em português, séries como “Sara” ou “Três mulheres”, que deixei a meio.

Lá para o fim do ano virá, é claro, o episódio IX da Guerra das Estrelas. Em tese o último... até que venha outro. Ainda antes, reverei o episódio IV, que é como quem diz o primeiro de todos, o que foi “Guerra das Estrelas” sem número de ordem, em 1977, quando os outros eram só projeto. E que agora se chama “Uma Nova Esperança”, bom mote para os 358 dias que faltam para 2020. É no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, de sexta-feira a domingo, com a música tocada ao vivo pela Orquestra da casa.

Despedida e homenagens

É hora de terminar este Expresso Curto, repetindo votos de um excelente 2019 para todos os leitores. Porque o presente e o futuro não existem sem passado, quero também deixar uma palavra de saudosa homenagem a Mário Soares, que partiu há dois anos. Pela democracia, que com outros e contra outros construiu. Pela liberdade, de que estamos obrigados a cuidar com zelo este ano. Pela amizade que tive a sorte de partilhar.

Também em nome da liberdade — de expressão, de imprensa, de informação —, cabe recordar as vítimas do atentado terrorista contra a revista “Charlie Hebdo”, há quatro anos. Banalizou-se o “Je suis”, mas não se perca o ensejo de proteger de múltiplos ataques esse bem, em que pouco reparamos a não ser quando no-los querem tirar. Em quatro décadas menos um dia de vida, nunca a vi tão ameaçada. Foi-o e mais, bem sei, antes do meu tempo. Não gostaria que voltasse a sê-lo no das minhas filhas.

Até breve, até sempre, siga toda a informação nos sítios do Expresso, SIC, Tribuna, Vida Extra e Blitz, mas também no Diário, às 18h, e de novo em papel, dentro de saco de papel, no próximo sábado. E Bom Ano!

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