domingo, 27 de janeiro de 2019

Tentativa de golpe na Venezuela não passa na ONU


Os EUA levaram a ingerência ao Conselho de Segurança da ONU mas o objectivo de garantir «um apoio pleno» a Juan Guaidó falhou. 

Um projecto de declaração dos EUA levado hoje ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com vista a destituir o presidente eleito Nicolás Maduro e garantir «um apoio pleno» à Assembleia Nacional venezuelana, dirigida por Juan Guaidó, foi vetado hoje pela Rússia e pela China.

O texto, ao qual a agência France Presse teve acesso, sublinhava o compromisso da Assembleia Nacional venezuelana de restaurar a democracia e o Estado de direito no país, contestando a legitimidade das eleições presidenciais ocorridas em Maio.

As referências foram eliminadas do texto pela Rússia com o apoio da China. A diplomacia russa propôs um novo texto, no qual se pedia um diálogo político na Venezuela, tendo sido considerado inaceitável pelos Estados Unidos.

O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, acusou «os Estados Unidos e os seus aliados de quererem depor o Presidente» da Venezuela. A par de negar ao Conselho de Segurança o direito de discutir a situação no país, Nebenzia afirmou que Washington está a promover um golpe de estado na Venezuela e que, esse sim, é um assunto a analisar com urgência pelo Conselho de Segurança da ONU.

A delegação da Guiné Equatorial insistiu que a Venezuela não é uma ameaça à paz e segurança internacionais, tendo apelado ao diálogo e frisado a necessidade de respeitar a ordem constitucional na Venezuela.

Do mesmo modo, Jerry Matjila, embaixador da África do Sul nas Nações Unidas, rejeitou a interferência nos assuntos internos da Venezuela e as tentativas de ingerência naquele país. 

Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais de Maio passado, com aproximadamente 68% dos votos. O sufrágio foi acompanhado por mais de 200 observadores internacionais e não foi contestada pela oposição.

Na sequência do ultimato de Portugal, Espanha, França, Alemanha e Inglaterra, que deram oito dias a Nicolás Maduro para convocar eleições, sob pena de reconhecerem Juan Guaidó como presidente da Venezuela, a chefe da diplomacia europeia Federica Mogherini anunciou que poderão ser tomadas «novas medidas» por parte da União Europeia caso tal não aconteça.

Com Agência Lusa | Foto: O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Jorge Arreaza, cumprimenta o embaixador russo na ONU, Vasily NebenzyaCréditosJason Szenes / EPA

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