Martinho Júnior, Luanda
1- Ao novo Guaidó, que com 97000
votos foi eleito deputado e agora se guindou a “Presidente Interino” sob
a égide da catapulta de recurso do imperador de turno, que “elege” para
o efeito a mais que centenária Doutrina Monroe, juntam-se os velhos Guaidós da
NATO, experimentados em vassalagem, cinismo, hipocrisia e colonialismo, ainda
que sujeitos a riscos correntes e a “acidentes de percurso” em sua
própria casa, a União Europeia.
De facto, as projecções europeias
continuam a apontar para o crescimento do apoio a partidos ultra conservadores
um pouco por toda a Europa, mas a vassalagem dos velhos Guaidós permite-se
apoiar um ultra conservador nas cumplicidades transatlânticas, seguindo a
trilha duma nova versão de “Piratas das Caraíbas”!
Ao invés de se juntarem a todos
que procuram soluções de paz e busca de consensos, que procuram soluções do
âmbito da lógica com sentido de vida que deveria animar toda a humanidade, as
cumplicidades transatlânticas da NATO preferem partir para uma nova Líbia, para
uma nova Síria, repetindo a ementa e espreitando todas as oportunidades que
forem abertas expeditamente para o saque na Venezuela, como se a pátria de
Simon Bolivar e Hugo Chavez fosse um corpo inerte à inteira disposição da pirataria
em pleno século XXI.
2- Esta semana chega-se à
antecâmara da intervenção armada, com os mesmos estafados argumentos do passado
próximo desde os Balcãs, “intervindo para proteger”…
Os regimes oligárquicos que
compõem a União Europeia animam desse modo a farsa da democratização da
Venezuela, explorando brechas entre as instituições do país: os velhos Guaidós,
vassalos de turno do reitor de turno da Doutrina Monroe, à democracia dizem
nada em torno do novo Guaidó e a janela possível para que fosse providenciada a
oportunidade das partes encontrarem capacidades de diálogo que revertam a
tendência na direcção da guerra, é fechada por via dum ultimato estúpido e de
mau agoiro que chega hoje ao seu fim…
Ao invés duma diplomacia buscando
lógica com sentido da vida, aprestam-se em fazer soar os tambores da guerra e
atribuir as culpas sobre o alvo a abater, na vã tentativa de limpar a imagem de
suas responsabilidades, patéticas e cúmplices, reeditando colonialismo e
pirataria!
3- Amanhã na Venezuela a saga de
levar por diante as Missões vocacionadas para encontrar equilíbrios humanos
mais saudáveis dentro do próprio país, saga exemplar protagonizada pelo
Socialismo Bolivariano resgatando à pobreza milhões e milhões de nacionais,
pode ser estilhaçada por que o saque e a guerra vão determinar a ruptura desse
caminho longo iniciado há 20 anos com o Comandante Hugo Chavez.
Para os Guaidós, os velhos e o
novo, essas missões são o pior dos exemplos e, além do silêncio que votaram
sobre os seus êxitos, que foram sendo alcançados por via das trilhas seguidas
ao longo da última década, agora querem fazê-las extirpar de vez por que para
eles a possibilidade desses exemplos se reflectirem noutras latitudes,
mobilizando outras nações, outros estados, outros povos é um pesadelo para seus
regimes representativos de tanto egoísmo e barbárie que já não se pode
esconder…
Querem fazer prevalecer o poder
até agora dominante do lucro a qualquer preço e sem objecções, que derivou para
o saque indiscriminado das riquezas naturais onde quer que elas se encontrem,
barricando-se na representatividade obsessiva de suas democracias em farrapos e
escondendo-se por detrás do exercício cúmplice de suas medias, que difundem as
manipulações do costume em socorro das ingerências do costume, sem energia, nem
criatividade, nem ética para alternativas saudáveis que tanto se precisam!
Cheira a enxofre nos Estados
Unidos e na União Europeia, cheira a enxofre na NATO!
O imperador Donald Trump
multiplicou os Guaidós para fazer prevalecer, sem ética, sem moral, mas também
com cada vez menos recursos, uma Doutrina Monroe que prolonga feudalismo e
barbárie, quando toda a humanidade está ávida de civilização, face aos riscos
cada vez maiores de sua própria extinção!
Como um episódio mais da IIIª
Guerra Mundial em curso, os tambores de guerra sobre a Venezuela agoirentam uma
escalada assimétrica de tensões e conflitos que podem contribuir para pesadas
consequências para toda a humanidade, num momento em que a economia mundial
desacelera e as placas tectónicas entre hegemonia unipolar e multilateralismo
produzem faíscas um pouco por todo o globo e abarcando continentes inteiros.
Martinho Júnior - Luanda, 4 de Fevereiro de 2019
Imagem representativa dos Guaidós
do costume
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