Morte de ex-presidente peruano,
investidas norte-americanas contra Cuba e congelamento de preços de Macri:
destaques desta quinta, 18 de abril de 2019
O suicídio de García diz muito
sobre a América Latina. O suicídio de Alan García (1985-1990 e 2006-2011),
ex-presidente peruano, levou ao inevitável debate mundial sobre o que está
acontecendo na América Latina em termos de judicialização e criminalização da
política. Segundo a imprensa peruana, ainda havia poucas evidências concretas
dos crimes de corrupção de que García era acusado. O único pagamento por ele
recebido da Odebrecht de que se tinha prova material eram 100 mil dólares por
uma palestra realizada pela Fiesp em São Paulo no ano de 2012. Não coincidentemente,
líderes latino-americanos do período progressista vivido nas duas primeiras
décadas do século XXI na região, como Lula, C. Kirchner e Correa estão sendo
processados ou já presos, como no caso de Lula, sem que haja material
probatório consistente de crimes de corrupção.
Garcia morto, Kuczynski na UTI. Ao
total 4 ex-presidentes peruanos (Garcia, Toledo, Kuczynski e Humala) e uma
líder da oposição (Keiko Fujimori) estão envolvidos com denúncias de corrupção
e ontem, após o suicídio de Alan Garcia, um deles, Pedro Paulo Kuczynski foi
hospitalizado em uma UTI
com crise de hipertensão. Ele está preso preventivamente também acusado de
corrupção com a Odebrecht.
Trump avança contra Cuba. O
governo Trump anunciou ontem (17/04) novas medidas contra Cuba. Trata-se da
ativação do “Título 3” ,
um dispositivo da lei Helms-Burton que permite a contestação judicial por parte
de indivíduos ou empresas sobre propriedades em solo cubano ainda do período
pré-revolucionário. São propriedades em sua maioria que foram nacionalizadas
pela Revolução Cubana e perderam seu status anterior. A decisão de ativar um
dispositivo da lei que estava inativo há duas décadas pode fazer com que várias
empresas americanas, europeias e canadenses, em especial, travem ações
judiciais de bilhões de dólares e comprometer a capacidade cubana de atrair
investimento econômico em um período muito delicado de fragilidade de sua
economia. A medida foi tomada no escopo da elevação da pressão sobre Cuba por
seu apoio a Maduro na Venezuela. O embargo comercial dos EUA sobre Cuba já dura
6 décadas.
UE vai à OMC contra EUA no caso
cubano. A União Europeia se pronunciou sobre a decisão dos EUA de ativar o
“título 3”
da lei Helms-Burton contra Cuba e disse “condena veementemente” a medida e que
isso “criará ainda mais confusão para os investimentos estrangeiros, que estão
ajudando a criar empregos e prosperidade em Cuba”, segundo Alberto Navarro,
enviado da UE a Havana, citado em matéria da DW. A UE pode levar o caso
para a OMC.
EUA querem derrubar Venezuela e
Cuba a uma só vez. A manobra norte-americana dos últimos dias com a
abertura de uma franca artilharia sobre Cuba revela um plano em que a
“derrubada da Venezuela” está associada a mais uma tentativa de derrubada do
governo cubano.
48 bilhões podem entrar na
Venezuela se Maduro cair. Ainda sobre EUA e Venezuela, uma reportagem do The
Interceptrevela que está circulando um documento do BID (Banco Interamericano
de Investimento) que prevê a injeção de até 48 bilhões de dólares na economia
da Venezuela caso Maduro seja derrubado. O título do documento é “Venezuela:
desafios e oportunidades”. A oferta de financiamento bilionário seria uma isca
para governos e corporações internacionais apoiarem Washington na derrubada de
Maduro, além dar confiança à comunidade empresarial venezuelana para apoiar a
oposição interna ao atual governo, na opinião dos jornalistas que assinam o
artigo, Rafael Moro e Ryan Grim, que tiveram acesso aos documentos.
Rússia Gate. É aguardada
para esta manhã de quinta (18/04), nos EUA, a apresentação do relatório do
promotor especial Robert Mueller sobre a suposta “Interferência russa nas
eleições de 2016”
no país. Segundo a CNN, são 400 páginas de relato após quase dois anos de
investigação e entrevistas a mais de 500 testemunhas. Segundo Trump, via
Twitter, o relatório foi preparado por 18 democratas raivosos e o documento
deveria ser focado em quem espionou sua campanha em 2016 e não sobre o que ele
chama de “embuste russo”.
Macri congela preços. O
governo Macri, da Argentina, anunciou ontem (17/04) um congelamento de preços
no país. Um relatório divulgado no dia 16 indicou aumento da inflação para 4,7%
e aumento da pobreza que já está na faixa dos 32%. Serão 60 os produtos que
constam da cesta básica e que terão por seis meses seus preços congelados.
Outras medidas como descontos para compras de outros itens, como
eletrodomésticos ou medicamentos, foram tomadas direcionadas para pensionistas
e aposentados. Ainda, segundo Macri, tarifas como eletricidade, gás e
transporte não terão aumento até o final do ano. O presidente argentino vive o
drama de ver o país se deteriorando economicamente em pleno ano eleitoral. Até
mesmo contas de telefones celulares sofrerão congelamento. Ele retomou várias
medidas que já existiam no governo de C. Kirchner, subsidio do Estado ao preço
do gás ou o programa Preços Cuidados, dedicado a vários itens da cesta básica.
Um ano dos protestos na
Nicarágua. Há exatamente um ano, 18 de julho de 2018, começava uma onda de
protestos contra o presidente Daniel Ortega na Nicarágua. Os protestos duraram
meses, geraram mortos e encarcerados e uma profunda instabilidade política no
país. Várias mesas de negociação já foram abertas e fechadas sem que a oposição
conseguisse conquistar seu maior pleito: antecipação das eleições
presidenciais. A crise revelou a força da igreja católica no país, mas também
da militância sandinista e a influência do empresariado norte-americano sobre o
empresariado local. O estopim dos protestos na época foi uma proposta de
reforma da previdência.
Eleições para o parlamento
europeu. O maior parlamento do mundo, o da União Europeia, terá eleições
daqui um mês. A eleição será em 26 de maio. Segundo pesquisa divulgada pelo
Conselho Europeu de Relações Exteriores, ainda há um milhão de cidadãos
europeus indecisos sobre o pleito. Segundo um dos coordenadores da pesquisa,
Mark Leonard, há uma tentativa por parte da extrema-direita de fazer da eleição
um grande referendo sobre o tema da imigração, mas isso não se verifica nos
números quando se questionam as pessoas da maioria dos países sobre suas
principais preocupações. Outro “mito”, segundo ele, da eleição é confrontar os
defensores do bloco e os eurocéticos, visto que a maioria das pessoas ainda
aposta na existência de uma união dos países europeus.
Indonésia reelege
presidente. Terminaram ontem (17/04) as eleições presidenciais na
Indonésia. Mais de 190 milhões de pessoas estavam aptas a votar, configurando a
3ª maior democracia do mundo. O atual presidente Joko Widodo foi o vencedor com
54% dos votos.
Trump quer dar palavra final
sobre guerras. Trump vetou no último dia 16 uma resolução do Congresso
norte-americano que determinava o fim da participação dos EUA na guerra do
Iêmen. A guerra liderada pela Arábia Saudita já dura 4 anos, já matou milhares
de pessoas e deixou o país na maior crise humanitária do mundo. A guerra é
palco da disputa entre Arábia Saudita e Irã, que apoia os rebeldes houthis. O
veto de Trump e a resolução do parlamento norte-americano na verdade é um duelo
sobre quem tem a palavra final no caso de participações em guerras, o
presidente ou o parlamento?
Kim e Putin together. Kim e
Putin devem se encontrar ainda neste mês de abril. Enquanto isso, a Coreia do
Norte pediu aos EUA que Mike Pompeo deixe de ser o principal negociador sobre
desnuclearização com o país.
Greve de caminhoneiros em
Portugal. Uma greve de caminhoneiros que começou na segunda (16/04) em
Portugal levou o país a uma crise energética. Postos de combustíveis estão sem
combustível e até o aeroporto de Lisboa ontem (17/04) ficou sem combustível.
Maior aeroporto do mundo. Um
mega-aeroporto está em vias de ser inaugurado em Beijing, na China. Leva o nome
de Daxing e será o maior terminal aeroportuário do mundo em uma só edificação.
Espera-se que 100 milhões de passageiros/ano circulem pelo aeroporto.
Rússia pode se desconectar do
mundo, se assim quiser. A Duma, parlamento russo, aprovou ontem (16/04) um
projeto de lei que permite ao país salvaguarda total de sua internet. Durante
crises ou ataques cibernéticos será possível se desconectar totalmente da rede
mundial de computadores.
Rebelião contra a extinção da
Terra. Um movimento nascido no Reino Unido, chamado “Extinction
Rebellion”, que pretende denunciar a destruição ambiental do planeta, promete
uma rebelião internacional com protestos em 80 cidades de 30 países até 22 de
abril. Eles estão mobilizados nas ruas de Londres desde a segunda (16/04) e
vários já foram presos ao se acorrentarem a carros ou ocuparem escritórios de
empresas como a petroleira Shell.
Bolsonaro influente, mas em quê? Bolsonaro
apareceu na lista dos 100 mais influentes do mundo da Time como “personagem
complexo”, “homofóbico”, “ultraconservador” e que promete “guerra cultural”.
Ana Prestes, Brasil | Análise em Opera Mundi
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