A Montepuez Ruby Mining (MRM),
empresa que explora minas de rubis no Norte de Moçambique, denunciou hoje
situações de "escravatura moderna" envolvendo garimpeiros ilegais que
atuam na sua área de concessão.
“Os garimpeiros são efetivamente
vítimas de escravatura moderna", refere a empresa num comunicado em que
detalha o processo, após averiguações que encetou na sequência de acidentes
mortais em poços de mineração ilegais.
A grande maioria dos garimpeiros
identificados são jovens de Nampula, cerca de 400 quilómetros a
sul de Montepuez, e são normalmente recrutados "por líderes ou
intermediários bem financiados (baseados em Montepuez, Pemba e Nampula) que se
aproveitam da pobreza e do desemprego, atraindo-os com promessas de fortunas na
mineração de rubi".
Pelo meio, têm de pagar
"para que lhes seja concedida a oportunidade" e em troca recebem
transporte, comida e alojamento na área de Montepuez.
A quem não pode pagar é concedido
um "empréstimo": o minerador ilegal deverá pagar ao recrutador, mais
tarde, com os rubis que apanhar, ficando assim em posição de dívida.
"Os garimpeiros são levados
para poços de mineração ilegal, sujeitos a condições desprezíveis e altamente
inseguras de trabalho", sendo que as pedras preciosas que obtêm
"devem ser vendidas através do consórcio para um chefe superior e o
mineiro ilegal recebe apenas uma fração das somas envolvidas".
Tendo dívidas com os recrutadores
e sem dinheiro disponível, "os garimpeiros não podem voltar livremente às
suas casas".
A MRM "tem estado a
colaborar" com o Governo moçambicano e as autoridades para
"identificar as fontes reais de tais atividades e reduzir o risco e a
exploração dos grupos vulneráveis" e espera que "uma investigação
mais profunda, com a participação de todas as partes envolvidas, possa ser
levada a cabo".
A empresa pretende que sejam
identificados e responsabilizados "os intermediários, promotores da
atividade de mineração ilegal, que operam nas comunidades locais e remotas, os
seus financiadores, que normalmente são compradores estrangeiros de pedras
preciosas".
As averiguações da MRM surgem na
sequência de um aumento de acidentes devido ao colapso de poços de mineração
ilegal, aos quais a empresa tem dado assistência.
Durante a época chuvosa, entre
novembro e abril, com o crescimento do capim, garimpeiros ilegais tem condições
para entrar de forma dissimulada na área vedada da concessão - sendo que nem
toda a área está explorada.
Diário de Notícias | Lusa
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