Francisco Louçã teceu uma análise
à crise no Governo, defendendo que este cenário "tem tudo para correr
mal" ao Governo PS.
A crise no Governo está a marcar
a atualidade nacional. Perante o cenário, Francisco Louçã defende, no seu
habitual espaço de comentário na antena da SIC Notícias, que "Costa
pretende dizer: maioria absoluta ou morte. Só governa com maioria absoluta".
Depois da declaração do
primeiro-ministro ao país, em que ameaçou demitir-se caso seja aprovada em votação final
global o diploma que prevê a reposição total do tempo de serviço dos
professores, surgiram em catadupa as reações dos dirigentes partidários que
acusam o líder do Executivo de chantagem. A análise de Louçã a estas reações é
simples: "Isso é cair na armadilha de António Costa, que quis
polarizar o debate político com a sua declaração".
Esta ação política do socialista
"tem vários alvos", acrescenta Louçã, "nomeadamente atacar a
Direita para recuperar um terreno que estava a ser perdido na campanha europeia
e que estava a transformar-se num desastre que provavelmente seria cada vez
pior". Costa quer ainda "mostrar aos setores do Partido Socialista
que não querem de forma nenhuma continuar a Geringonça que ela tem de terminar.
É uma tática eleitoral para interrupção dessa crise e para relançar o controlo
político".
"O que parece estranho",
aos olhos do bloquista, é que "o Governo, à beira de concluir o seu
mandato, não o faça criando condições para negociação, incluindo sobre os
professores".
O ex-líder do Bloco de Esquerda
enumera então algumas dúvidas, desde logo o motivo pelo qual "nos
orçamentos anteriores o Governo aceitou esta regra e até se absteve em votações
sobre este princípio e agora faz dele uma crise política. Estranho!".
Outra das dúvidas está
relacionada com o facto de "ter sido normal que toda a função pública
passasse a contar todo o tempo de serviço, exceto as carreiras especiais",
e isso não tivesse gerado uma crise.
Louçã aproveita também para
questionar por que motivo o Governo nunca quis negociar, já que "os
sindicatos propunham que o peso total do efeito orçamental, sem retroativos que
nunca exigiram, se completasse em 2026".
Esta posição do Governo PS
"tem tudo para correr mal. Pretende polarizar-se o eleitorado do Partido
Socialista numa espécie de afronta contra a Esquerda e a Direita. É uma
operação muito bem feita, mas que pode correr mal porque o PSD e o CDS podem ir
ao parlamento propor o que já propuseram na comissão e que recusaram, mas dizer
que querem a reposição dos professores sem que isso tenha efeito
orçamental".
Já o Presidente da República, na
ótica do comentador político, "fica em situação difícil. Vai levar [o
diploma] ao Tribunal Constitucional? Acho que não. Se o Tribunal decide contra
o Governo, este fica em posição muito difícil", sustenta.
Para além disso, "o
Presidente já tem dito que não quer uma lei com consequências orçamentais. Se o
Presidente achar, como o Governo, que tem consequências, tem de a vetar. E
depois o Governo demitiu-se por causa de uma lei que foi aprovada, mas vetada e
a lei desaparece. Ou seja, isto é um verdadeiramente um teatro de
marionetas".
Por último, "isto pode
correr mal porque o Governo vai ficar sujeito a uma confrontação. Então há 850
milhões de euros todos os anos para Novo Banco mas não se pode fazer um
ajustamento para contar o tempo que efetivamente as pessoas trabalharam?".
Filipa Matias Pereira | Notícias
ao Minuto | Foto: Global Imagens
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