quinta-feira, 30 de maio de 2019

Ramos-Horta defende recondução de Alkatiri à frente de região de Oecusse-Ambeno


Díli, 27 mai 2019 (Lusa) - O ex-Presidente timorense, José Ramos-Horta, defendeu hoje que o atual responsável da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), Mari Alkatiri, deve ser reconduzido no cargo quando terminar o seu mandato em julho.

"Eu acho que devia ser reconduzido, se ele assim o desejar. A obra está praticamente terminada em termos de infraestruturas, mas agora é preciso que continue alguém como ele para a próxima fase, que é atrair os investimentos privados", disse José Ramos-Horta em declarações à Lusa.

"As infraestruturas estão aí, e agora é preciso o investimento privado. Não pode continuar a ser só o Estado", afirmou, considerado que é preciso alguém como Alkatiri "com a capacidade para dialogar, convencer, atrair investimento estrangeiro".

As declarações de Ramos-Horta acontecem numa altura em que se debate a recondução ou não de Mari Alkatiri à frente da RAEOA e da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) do enclave, cujo mandato termina a 25 de julho.



Alkatiri é líder da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), o maior partido com assento parlamentar, mas atualmente na oposição, cuja recondução no cargo tem sido questionada por membros dos partidos da coligação do Governo.

Os críticos de Alkatiri têm apontado alguns aspetos da sua gestão inicial da RAEOA -- quando ainda era partilhada com o Governo central -- e que foi alvo de uma polémica auditoria.

Membros dos partidos do Governo apontam ainda que Alkatiri poderá ter tido influência junto do atual Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo -- que é presidente da Fretilin -- para algumas das decisões mais polémicas, incluindo vetar o orçamento e não dar posse a vários membros do executivo.

Ramos-Horta rejeita esse argumento afirmando que "não é verdade", sublinhando que o chefe de Estado é "super independente", tem uma "personalidade forte" e Alkatiri não o conseguiria convencer a tomar uma oposição contrária à que defendesse.

"Posso afiançar 100 por cento, dentro do meu papel ou da minha reputação que todos conhecem, em que tento ser o mais isento e equilibrado possível, que Mari Alkatiri é demasiado respeitador do Presidente enquanto Presidente para estar a querer influenciá-lo de uma forma ou outra", afirmou.

"Deu a sua opinião uma vez sobre o orçamento e sobre a nomeação dos membros do Governo. Mas ele não está a pressionar o Presidente. Não posso dizer o que disse ao PR, mas devo dizer que não corresponde rigorosamente nada ao que ele é acusado", afirmou.

Alkatiri foi nomeado para o mandato de cinco anos por um decreto presidencial assinado a 25 de julho de 2014 pelo chefe de Estado (que é atualmente o primeiro-ministro), Taur Matan Ruak, tendo em conta uma proposta do então chefe do Governo, Xanana Gusmão.

A lei de 2014 que criou a RAEOA e a Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) em Oecusse-Ambeno define que em caso de vacatura do cargo, o novo presidente da autoridade tem que ser escolhido no prazo de 120 dias.

ASP//MIM

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