Díli, 27 mai 2019 (Lusa) - O
ex-Presidente timorense, José Ramos-Horta, defendeu hoje que o atual
responsável da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), Mari
Alkatiri, deve ser reconduzido no cargo quando terminar o seu mandato em julho.
"Eu acho que devia ser
reconduzido, se ele assim o desejar. A obra está praticamente terminada em
termos de infraestruturas, mas agora é preciso que continue alguém como ele
para a próxima fase, que é atrair os investimentos privados", disse José
Ramos-Horta em declarações à Lusa.
"As infraestruturas estão
aí, e agora é preciso o investimento privado. Não pode continuar a ser só o
Estado", afirmou, considerado que é preciso alguém como Alkatiri "com
a capacidade para dialogar, convencer, atrair investimento estrangeiro".
As declarações de Ramos-Horta
acontecem numa altura em que se debate a recondução ou não de Mari Alkatiri à
frente da RAEOA e da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) do
enclave, cujo mandato termina a 25 de julho.
Alkatiri é líder da Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), o maior partido com
assento parlamentar, mas atualmente na oposição, cuja recondução no cargo tem
sido questionada por membros dos partidos da coligação do Governo.
Os críticos de Alkatiri têm
apontado alguns aspetos da sua gestão inicial da RAEOA -- quando ainda era
partilhada com o Governo central -- e que foi alvo de uma polémica auditoria.
Membros dos partidos do Governo
apontam ainda que Alkatiri poderá ter tido influência junto do atual
Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo -- que é presidente da Fretilin -- para
algumas das decisões mais polémicas, incluindo vetar o orçamento e não dar
posse a vários membros do executivo.
Ramos-Horta rejeita esse
argumento afirmando que "não é verdade", sublinhando que o chefe de
Estado é "super independente", tem uma "personalidade
forte" e Alkatiri não o conseguiria convencer a tomar uma oposição
contrária à que defendesse.
"Posso afiançar 100 por
cento, dentro do meu papel ou da minha reputação que todos conhecem, em que
tento ser o mais isento e equilibrado possível, que Mari Alkatiri é demasiado
respeitador do Presidente enquanto Presidente para estar a querer influenciá-lo
de uma forma ou outra", afirmou.
"Deu a sua opinião uma vez
sobre o orçamento e sobre a nomeação dos membros do Governo. Mas ele não está a
pressionar o Presidente. Não posso dizer o que disse ao PR, mas devo dizer que
não corresponde rigorosamente nada ao que ele é acusado", afirmou.
Alkatiri foi nomeado para o
mandato de cinco anos por um decreto presidencial assinado a 25 de julho de
2014 pelo chefe de Estado (que é atualmente o primeiro-ministro), Taur Matan
Ruak, tendo em conta uma proposta do então chefe do Governo, Xanana Gusmão.
A lei de 2014 que criou a RAEOA e
a Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) em Oecusse-Ambeno define
que em caso de vacatura do cargo, o novo presidente da autoridade tem que ser
escolhido no prazo de 120 dias.
ASP//MIM
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