'3.847 vagas para médicos no
setor público em quase 3 mil municípios continuam não preenchidas', diz diz New York Times
Mais de 28 milhões de pessoas em
todo o Brasil tiveram o acesso à saúde "abruptamente interrompidos"
após a saída dos médicos cubanos que faziam parte do programa Mais Médicos,
afirmou o jornal norte-americano New York Times.
Em reportagem publicada nesta
terça-feira (11/06), o periódico afirma que o governo do presidente Jair
Bolsonaro falhou em substituir os profissionais de Cuba que deixaram o país
duas semanas após a vitória do ultradireitista nas eleições de outubro de 2018.
"3.847 vagas para médicos no
setor público em quase 3 mil municípios continuam não preenchidas até
abril", diz o jornal.
O New York Times ainda
indica que a retirada dos cubanos pode ter "severas consequências para
aqueles com menos de 5 anos, potencialmente levando à morte mais de 37 mil
crianças até o ano de 2030".
Segundo o periódico, o anúncio feito
pelo governo em fevereiro de que todos os postos deixados pelos cubanos haviam
sido preenchidos parecia ter solucionado o problema. Entretanto, até abril,
milhares dos novos profissionais tinham desistido ou simplesmente nem aparecido
para ocupar a vaga.
Lembrando o início do Mais
Médicos, o jornal norte-americano afirma que o programa chegou a atender 60
milhões de brasileiros e que, nos primeiros anos do projeto, o índice de
cidadãos que rebem atendimento básico de saúde cresceu de 59% para 70%.
"Em diversos estados, os
postos de saúde e seus pacientes não têm médicos. É um passo para trás. Isso
impede diagnósticos antecipados, o monitoramento da criança e da gravidez, e a
continuidade de tratamentos que já haviam iniciado", diz ao New York
Times a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ligia
Bahia.
A especialista ainda destaca a
importância das localidades escolhidas pelo Mais Médicos, cidades pequenas,
comunidades indígenas e bairros pobres nos centros urbanos.
"A disposição dos médicos
cubanos de trabalhar em condições difíceis se tornou fundamental no sistemas de
saúde pública", afirma Bahia.
Opera Mundi, São Paulo (Brasil)
Sem comentários:
Enviar um comentário