Muçulmanos celebram esta
terça-feira (04.06.) o Eid ul-Fitr, festa do fim do Ramadão. No norte de
Moçambique, a comunidade muçulmana repudia ações de grupos armados que
"usam a capa do Islão" para semear atrocidades.
No dia em que os muçulmanos
celebram o fim do mês sagrado do Ramadão, Fátima Momade, crente residente na
cidade de Pemba, deixa uma mensagem de paz: "A civilização está no Islão,
a paz está no Islão. Aquelas pessoas que usam a religião islâmica para fazerem
os seus escândalos, cometerem crimes, roubar e fazer várias atividades
nojentas, não são muçulmanas, estão a tentar manchar o islão, mas o islão
continuará porque é a paz".
Várias aldeias da província
nortenha de Cabo Delgado têm sido alvo, desde 2017, de investidas de
insurgentes, que queimam casas, degolam pessoas e saqueiam bens da população,
deixando zonas abandonadas.
O Governo está preocupado e tem
reforçado as medidas de segurança para pôr fim a esta barbárie, disse o
governador provincial Júlio José Parruque, durante a oração ocorrida esta
terça-feira (04.06.) no Estádio Municipal de Pemba.
Apelos
Mas reconheceu que nenhuma ação
deste género pode lograr êxitos se não contar com a participação da população.
Por isso, o governador exortou à intervenção da comunidade muçulmana.
"Na nossa província são
visíveis as medidas de reforço de segurança as quais devem ser necessariamente
complementadas com a vigilância e denúncia daqueles que persistem em viver na
mata, para semear desgraça, luto e dor aos membros da família
moçambicana", entende Júlio José Parruque.
E o governador defende a unidade:
"Acreditamos pois, que o povo unido contra os malfeitores jamais será
vencido. Aqueles que compactuam com esta heresia têm as mãos sujas e não querem
outra coisa senão desviar o nosso foco e compromisso que temos com o desenvolvimento".
Muçulmanos prometem colaboração
Os muçulmanos distanciam-se das
ações terroristas que têm sido associadas à sua religião e comprometem-se a
colaborar com as autoridades e a denunciar quaisquer movimentos estranhos no
seio das comunidades.
"A paz não se restringe
apenas ao ato de cumprimentar uns aos outros 'Que a paz esteja consigo', mas
sim tem um sentido muito mais profundo", prega o Imam na celebração do Eid
al-Fitr.
Ele elucida ainda que
"a paz começa connosco para com os nossos semelhantes, paz em não
apoderar-se forçosamente do bem do outro, em não ocupar-se na intriga,
difamação dos demais, paz com os nosso vizinhos, independentemente da sua
religião, paz em não apontar armas ao outro…"
Pede-se preparo para melhor
usufruto das riquezas
A abundância de recursos naturais
na província de Cabo Delgado também não passa despercebida entre a comunidade
muçulmana. Por isso, uma das mensagens dirigidas aos crentes durante a oração
foi a necessidade de apostarem na educação e formação profissional dos seus
filhos para tirarem proveito da exploração de recursos naturais.
"É do domínio de todos vós
que o nosso país tem sido palco da descoberta de numerosos recursos naturais
que demandam um capital humano altamente qualificado. Desta feita, urge a
necessidade de preocuparmo-nos incansavelmente com a boa educação dos nossos
filhos, com vista a responder as exigências deste novo mercado", alerta o
líder religioso.
Durante as celebrações do fim do
Ramadão em Pemba, a comunidade muçulmana orou também para que Moçambique seja
um exemplo de pacificação do continente africano, em alusão aos consensos que
têm sido alcançados entre o Governo e a RENAMO, o maior partido da oposição,
para pôr fim aos cíclicos conflitos armados.
Delfim Anacleto Uatanle (Pemba) |
Deutsche Welle
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