segunda-feira, 8 de julho de 2019

Angola | TRANSIÇÃO ANUNCIADA!... -- Martinho Júnior


Martinho Júnior, Luanda  

A transição está anunciada e em Angola a luta contra a corrupção deu a sua primeira “pedrada no charco”!... Mas a vida não se resume à luta contra a corrupção, pelo contrário, essa luta é apenas um dos aspectos a levar em conta, pelo que se impõe, ao arrepiar caminho, um balanço antecipando sobre os 50 anos da independência de Angola, a fim de inventariar o que foi feito nos exercícios anteriores e melhor preparar e equacionar o futuro!

01- Para o MPLA impõe-se um balanço sério sobre seu próprio exercício, antecipando o 50º aniversário da independência nacional e para que a soberania, a democracia e a segurança do país não sejam palavras vãs!

É verdade que 50 anos é pouco para a firmação de “um só povo, uma só nação”, todavia já não é cedo para se levar a cabo um sério balanço sobre as experiências já consumadas pelo MPLA, particularmente as negativas, lembrando o passado e a nossa história, lembrando as tão legítimas aspirações dos angolanos de vanguarda que com o movimento de libertação abriram caminho ao Programa Maior cujos conteúdos urge melhor definir, equacionar e pôr em prática assegurando o futuro do povo angolano e dos povos africanos!...

02- O primeiro mérito do ainda curto exercício do Presidente João Lourenço é, ao procurar não deixar subverter o estado angolano por via de máfias contra natura, impedir que o capital financeiro transnacional o privatize!...

É evidente que por essas razões há uma herança pesada a pagar, agora com dívidas ao FMI e Banco Mundial ainda instrumentalizados pelo império da hegemonia unipolar!...

Estamos no período da herança deixada a João Lourenço e, entre o herdeiro e o próprio, há a expectativa que o próprio se assuma com o patriotismo que de há 33 anos a esta parte acabou em crítico abandono, por entrega ao mercenarismo intrínseco ao capitalismo de terapia neoliberal!

É dever de todos os patriotas e daqueles que lutam por um mundo melhor, expor todos os malefícios gerados numa social-democracia atípica que subverte as potencialidades de acção do estado angolano e de seus parceiros honestos, a fim de contribuir para se pôr fim ao caos impactante do capitalismo neoliberal e à dependência que é imposta por via dele, ao extractivismo do petróleo!

03- Considero meu dever, nos termos de que A LUTA CONTINUA, reforçar com pedagogia todos os que resistem ao capitalismo neoliberal com um lúcido patriotismo capaz de dar sequência ao movimento de libertação em África, seguindo a LÓGICA COM SENTIDO DE VIDA em benefício do povo angolano e dos povos de todo o mundo!

Julgo que o que tenho escrito sob a preocupação da necessidade duma GEOESTRATÉGIA PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL responde aos desafios da situação global e à situação evolutiva da vida da Mãe Terra, em benefício do futuro do povo angolano e abre caminho a uma CULTURA DE INTELIGÊNCIA PATRIÓTICA capaz de garantir independência, soberania, democracia e segurança a muito longo prazo, para Angola e para África!

Se houver uma resposta em conformidade, uma resposta que é incompatível com o cinismo, a hipocrisia e a traição próprias da social-democracia, uma resposta justa que coerentemente se aplique a Angola, ela pode aplicar-se a todo o continente africano, um continente ansioso por caminhos de paz com justiça social, desenvolvimento sustentável e com direito a ocupar um lugar mais equânime entre todos os continentes da Terra, ao invés do lugar duma ultraperiferia humana e económica a que tem sido histórica e culturalmente condenado!

O renascimento africano sê-lo-á quando o continente deixar de ser “um corpo inerte onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço” e encontrar as vias do berço-síntese duma LÓGICA COM SENTIDO DE VIDA, que seus próprios factores contraditórios internos impõem!

Martinho Júnior - Luanda, 1 de Julho de 2019

Imagem: Cartaz do MPLA na época eleitoral de 2017

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