Martinho Júnior, Luanda
A transição está anunciada e em
Angola a luta contra a corrupção deu a sua primeira “pedrada no charco”!... Mas a vida não se resume à luta
contra a corrupção, pelo contrário, essa luta é apenas um dos aspectos a levar
em conta, pelo que se impõe, ao arrepiar caminho, um balanço antecipando sobre
os 50 anos da independência de Angola, a fim de inventariar o que foi feito nos
exercícios anteriores e melhor preparar e equacionar o futuro!
01- Para o MPLA impõe-se um
balanço sério sobre seu próprio exercício, antecipando o 50º aniversário da
independência nacional e para que a soberania, a democracia e a segurança do
país não sejam palavras vãs!
É verdade que 50 anos é pouco
para a firmação de “um só povo, uma só nação”, todavia já não é cedo para
se levar a cabo um sério balanço sobre as experiências já consumadas pelo MPLA,
particularmente as negativas, lembrando o passado e a nossa história, lembrando
as tão legítimas aspirações dos angolanos de vanguarda que com o movimento de
libertação abriram caminho ao Programa Maior cujos conteúdos urge melhor
definir, equacionar e pôr em prática assegurando o futuro do povo angolano e
dos povos africanos!...
É evidente que por essas razões
há uma herança pesada a pagar, agora com dívidas ao FMI e Banco Mundial ainda
instrumentalizados pelo império da hegemonia unipolar!...
Estamos no período da herança
deixada a João Lourenço e, entre o herdeiro e o próprio, há a expectativa que o
próprio se assuma com o patriotismo que de há 33 anos a esta parte acabou em
crítico abandono, por entrega ao mercenarismo intrínseco ao capitalismo de
terapia neoliberal!
É dever de todos os patriotas e
daqueles que lutam por um mundo melhor, expor todos os malefícios gerados numa
social-democracia atípica que subverte as potencialidades de acção do estado
angolano e de seus parceiros honestos, a fim de contribuir para se pôr fim ao
caos impactante do capitalismo neoliberal e à dependência que é imposta por via
dele, ao extractivismo do petróleo!
03- Considero meu dever, nos
termos de que A LUTA CONTINUA, reforçar com pedagogia todos os que resistem ao
capitalismo neoliberal com um lúcido patriotismo capaz de dar sequência ao
movimento de libertação em África, seguindo a LÓGICA COM SENTIDO DE VIDA em
benefício do povo angolano e dos povos de todo o mundo!
Julgo que o que tenho escrito sob
a preocupação da necessidade duma GEOESTRATÉGIA PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
responde aos desafios da situação global e à situação evolutiva da vida da Mãe
Terra, em benefício do futuro do povo angolano e abre caminho a uma CULTURA DE
INTELIGÊNCIA PATRIÓTICA capaz de garantir independência, soberania, democracia
e segurança a muito longo prazo, para Angola e para África!
Se houver uma resposta em
conformidade, uma resposta que é incompatível com o cinismo, a hipocrisia e a
traição próprias da social-democracia, uma resposta justa que coerentemente se
aplique a Angola, ela pode aplicar-se a todo o continente africano, um
continente ansioso por caminhos de paz com justiça social, desenvolvimento
sustentável e com direito a ocupar um lugar mais equânime entre todos os
continentes da Terra, ao invés do lugar duma ultraperiferia humana e económica
a que tem sido histórica e culturalmente condenado!
O renascimento africano sê-lo-á
quando o continente deixar de ser “um corpo inerte onde cada abutre vem
depenicar o seu pedaço” e encontrar as vias do berço-síntese duma LÓGICA
COM SENTIDO DE VIDA, que seus próprios factores contraditórios internos impõem!
Martinho Júnior - Luanda, 1 de
Julho de 2019
Imagem: Cartaz do MPLA na época
eleitoral de 2017
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