terça-feira, 16 de julho de 2019

Guiné Equatorial está a organizar visita de Obiang a Portugal

O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, afirmou hoje que os seus serviços diplomáticos estão a organizar a sua deslocação a Portugal que irá incluir uma visita ao Santuário de Fátima.

"Estou a organizar uma visita a Portugal. E, possivelmente, quando visitar Portugal, farei uma visita a Fátima. Está a ser tratado pela via diplomática", afirmou Obiang, em entrevista à agência Lusa em Malabo.

A Guiné Equatorial é um país de maioria católica numa sub-região de forte presença muçulmana e aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014. Em Portugal, forças políticas e organizações da sociedade civil têm criticado a adesão da Guiné Equatorial à organização, acusando o Governo de Malabo de várias violações de direitos humanos e de bloquear a ação dos opositores políticos.

A adesão à CPLP foi justificada por Obiang com a ligação da Guiné Equatorial com os países africanos de expressão portuguesa.

Colónia portuguesa até 1777, data em que foi entregue à coroa espanhola por troca na normalização das fronteiras do Brasil, a Guiné Equatorial é o único país africano que tem o espanhol como principal idioma e as ligações históricas e geográficas com São Tomé e Príncipe, em particular, são evidentes.


A segunda primeira-dama de Obiang é são-tomense e as duas ilhas que compõem São Tomé e Príncipe são limitadas a norte e a sul pelas ilhas equato-guineenses de Bioko e Ano Bom.

"A CPLP é um movimento cultural e eu tenho vizinhos que são de expressão portuguesa: tenho são Tomé tão perto, tenho afinidades com Guiné-Bissau e Cabo Verde. Há aqui muita gente que veio de Cabo verde. Tenho laços com Angola e Moçambique. São laços culturais que temos com esses países que nos fizeram entrar na dinâmica da CPLP", resumiu Teodoro Obiang.

Quanto a Portugal, o Presidente equato-guineense recordou que a herança portuguesa foi afetada pela colonização espanhola.

"Portugal tinha importantes recursos económicos na Guiné Equatorial. Tinha grandes roças, grandes quintas, mas a colonização espanhola não facilitou para que pudessem continuar a investir na Guiné Equatorial", salientou.

Por isso, hoje, é preciso "recuperar a herança portuguesa", disse, recordando que "foi Portugal que descobriu a ilha de Fernão Pó e lhe deu o nome".

"Nós temos origens na civilização portuguesa e o nosso desejo é voltar à velha cultura que tivemos antigamente", procurando "aderir e entrar na dinâmica e cultura portuguesa", disse, justificando também deste modo a entrada na CPLP.

Entre os esforços do Governo equato-guineense, Obiang salientou que "está a aprender-se o português" no país, sem esclarecer o número de alunos.

Por outro lado, a "rádio e televisão estão a difundir notícias em português".

"A pouco e pouco estamos a entrar na cultura portuguesa", resumiu.

Teodoro Obiang concedeu entrevistas à Agência Lusa e ao jornal francês L`Opinion, depois da cerimónia de entrada do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE, no poder), como observador, na Internacional Democrática do Centro África (IDC, que representa partidos de centro-direita).

RTP | Lusa

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