domingo, 24 de novembro de 2019

Metro de superfície pode ser a solução para o problema dos transportes de Luanda?


Primeiro metro de superfície em Angola começa a ser construído em 2020. O investimento vai custar aos cofres do Estado cerca de três mil milhões de dólares. Cidadãos louvam a iniciativa, mas preferem "ver para crer".


Andar de transporte público em Luanda e noutras cidades angolanas é um verdadeiro problema. Quem o diz é o cidadão Pedro Soma, em declarações à DW África. Os taxistas, vulgo kandongueiros, têm sido a sua solução.

"É muito difícil, visto que há escassez e também há excesso de lotação nos transportes públicos tanto de autocarros como de comboios. Normalmente ando mais de táxi," conta.

Também Graciano Luís, outro residente da capital angolana, fala em escassez de transportes públicos. Os autocarros e os comboios que circulam por Luanda não satisfazem a demanda, diz.

"Não há autocarros suficientes e os que existem não chegam em determinados sítios. São apenas para alguns sítios restritos," lamenta.

Para Vasco da Gama, especialista em questões rodoviárias, a procura por transporte público é maior que a oferta. O autor do livro "A Problemática do Congestionamento em Luanda" diz ainda que o número de habitantes contrasta com os meios de transporte disponíveis. 

"Nós temos uma cidade, hoje, com oito milhões de habitantes para pouco mais de mil autocarros em linha, incluindo a isso uma linha de comboio. Nós estamos a falar que, em termos de capacidade de transportação das pessoas - dos cidadãos que queiram ir ao trabalho, à escola, aos passeios - temos um número maior se comparado com o número de transportes disponíveis," afirma.

"Ver para crer"

Para solucionar o problemática dos transportes públicos em Luanda, Ricardo de Abreu, ministro angolano dos Transportes, anunciou para 2020 o início da construção de um metro de superfície para a capital do país. O investimento vai custar aos cofres do Estado cerca de três mil milhões de dólares.

Em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA), o governante disse que o metro vai circular do Porto de Luanda a Cacuaco, da avenida Fidel de Castro Ruz ao Benfica, do Porto de Luanda à Praça da Independência e da Cidade do Kilamba ao 1º de Maio.

O cidadão Pedro Soma louva a iniciativa, mas prefere ver para crer.

"A iniciativa é boa, mas não acho que isso seja concretizado no período próximo, porque temos visto nas políticas do Governo que promete mais do que realiza," critica.

Graciano Luís também gosta da iniciativa governamental.

"Resolveria o problema. Dava uma solução boa nos transportes públicos," avalia.

Vasco da Gama também vê com bons olhos esta iniciativa. No entanto, diz que o metro pode ser parte da solução do trânsito caótico em Luanda, se forem criadas todas as condições necessárias.

"Com a possível entrada do metro, se forem criadas todas as condições necessárias - nomeadamente as paragens, as praças, os acessos fáceis, incluindo a isso a electricidade ininterrupta - este meio, o metro, no caso, poderá resolver parte do problema, essencialmente problema ligado ao congestionamento e também da sinistralidade adjacente a si. Portanto, entendemos que é preciso esperar para ver," conclui.

Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle

Sem comentários:

Mais lidas da semana