O secretário-geral do PCP
criticou hoje o programa do Governo PS por "dar prioridade" à
"ditadura do défice" e manter "privilégios" dos grandes
grupos económicos "em detrimento" do investimento e da resposta aos
problemas do país.
As opções do programa do Governo
"dão prioridade ao défice em detrimento do investimento" e
"mantêm privilégios e condições de domínio dos grandes grupos económicos e
do grande capital sobre a vida nacional em detrimento da resposta aos problemas
dos trabalhadores, da garantia dos direitos sociais e do desenvolvimento do
conjunto da economia", disse Jerónimo de Sousa, em Beja.
Segundo o líder comunista, que
falava no início de uma reunião da direção com concelhias da
Organização Regional de Beja do PCP, trata-se de um programa "com uma
política que elege a ditadura do défice, apresentada como uma 'política de
contas certas' para justificar o adiamento da solução dos problemas do país,
mas que está sempre pronta a dar cobertura aos desmandos da banca e aos seus
negócios ruinosos", lamentou.
As opções do programa
"recusam uma resposta estrutural ao problema da dívida e sacrificam a
resposta aos problemas do país e a necessária capacitação da
administração pública".
O programa também "faz a
errada opção de garantir um excedente orçamental primário superior a seis mil
milhões de euros ao mesmo tempo que adia a resposta a problemas prementes, aos
quais se impunha dar urgente resposta", como os existentes no Serviço
Nacional de Saúde (SNS) e na escola pública, lamentou.
"Por mais que o Governo
procure desvalorizar e mesmo esconder as dificuldades que se sentem hoje nos
serviços públicos e nas funções sociais do Estado, elas são, em primeiro lugar,
o resultado da insuficiência do investimento público, nomeadamente na contratação
de profissionais e na melhoria da qualidade dos serviços", frisou.
Segundo o líder do PCP, o
Governo, "para garantir excedentes financeiros e manter intocáveis os
interesses do capital financeiro e dos agiotas que vivem alimentados por somas
brutais de juros de uma dívida que não se quer renegociar", "não dá a
resposta adequada a um SNS onde faltam milhares de
profissionais".
Em relação à escola pública,
disse, "dois meses depois da abertura do ano letivo, e ao contrário
da avaliação que foi feita pelo Governo de estava a decorrer com toda a
normalidade, somos confrontados todos os dias com manifestações de auxiliares
de ação educativa, pais e alunos fartos de esperar que o Ministério
da Educação coloque nas escolas os trabalhadores necessários ao seu normal
funcionamento".
No programa, também "não se
vêem" medidas de combate às desigualdades, mas "sim a manutenção de
um quadro degradado de direitos laborais e insuficiente valorização dos
salários e reformas" e "não se vê a resposta que se impunha no plano
do investimento para acudir aos atrasos no desenvolvimento de infraestruturas públicas
e de dinamização dos setores produtivos nacionais".
Jerónimo de Sousa disse que o PCP já
apresentou na Assembleia da República "um primeiro conjunto de 50 iniciativas
legislativas, que correspondem a compromissos assumidos na campanha eleitoral e
a medidas urgentes que visam dar resposta a problemas mais imediatos".
O líder do PCP voltou a
criticar o aumento do salário mínimo nacional para 635 euros em 2020 decidido
pelo Governo, frisando que "fica muito aquém do necessário e
possível".
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: Global Imagens
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