Paralisação dos transportes entra
no 12º dia e continua sem previsão de fim. Sindicatos dizem que impasse é culpa
do governo, que se recusa a voltar atrás sobre mudança no sistema de
aposentadoria.
Os franceses enfrentam novamente
dificuldades de se locomover nesta segunda-feira (16/12), quando a greve de
transportes contra a reforma da Previdência entrou no 12º dia ainda sem
previsão de que esteja chegando ao fim. Governo e sindicatos trocam acusações
sobre a culpa do impasse, que coloca em risco os planos de férias de fim de ano
de milhões de pessoas.
Com a maioria das linhas de metro
inoperantes em Paris, pela manhã, cerca de 630 quilómetros de congestionamentos
– o dobro da média para o horário – foram registados na capital e em seus
subúrbios.
Em toda a França, apenas um em
cada três trens de alta velocidade, o TGV, e um em cada quatro trens regionais
estão circulando. Apesar da redução do transporte ferroviário, a maioria das
cidades não enfrenta o mesmo caos que atinge Paris.
"Até agora tenho trabalhado
de casa ou usado meu carro", afirmou um parisiense à agência de notícias
AFP na estação de trem Saint-Lazare, na capital. Ele contou que saiu de
casa pouco antes das 5h. "O carro, porém, não é mais uma opção devido aos
custos e por ser muito desgastante", acrescentou.
Os sindicatos planeiam um novo
dia de protestos em massa nesta terça-feira e exigem que o governo abandone os
planos de uma reforma da Previdência, que, segundo eles, pode obrigar milhões
de pessoas a trabalharem por mais tempo antes de se aposentar.
Espera-se que professores,
advogados, funcionários públicos e da área de saúde se unam aos empregados do
setor de transportes nestas manifestações contra os planos de um sistema de
aposentadoria único que acabaria com os atuais 42 regimes especiais. A proposta
do governo Emannuel Macron visa reduzir privilégios de determinadas categorias
profissionais, como a dos funcionários da estatal ferroviária SNCF e da rede de
metro parisiense.
O governo argumenta que é um
sistema "mais justo e simples", em que "cada euro de
contribuição dará os mesmos direitos a todos". Mas os sindicatos temem que
a mudança aumente a idade de aposentadoria, atualmente em 62 anos, e diminua
o nível das pensões.
Diante da greve
e dos protestos em massa, que tiveram início em 5 de dezembro, o governo
afirmou que está disposto a negociar a reforma, principalmente em relação
à idade mínima prevista de 64 anos para o recebimento da aposentadora integral.
Porém, já deixou claro que não pretende mudar pontos-chaves da proposta de
Macron.
Com a aproximação do Natal, as
preocupações sobre os impactos da greve de transportes nas viagens programadas
para o período aumentaram. "Entrar em greve é legítimo, mas é preciso
respeitar eventos como as festas de fim de ano", afirmou a ministra
francesa do Meio Ambiente, Elisabeth Borne, à emissora de televisão France 2.
Ela disse que seria "irresponsabilidade" dos líderes sindicais
"arruinar as férias" da população.
A SNCF disse que mesmo que a
greve termine em breve não será possível retomar a normalidade dos serviços até
25 de dezembro. "Vamos tentar fazer milagres nas férias de Natal",
disse a diretora da empresa Rachel Picard, ao jornal francês Parisien.
O líder da Confederação Geral do
Trabalho (CGT), Philippe Martinez, afirmou que, se o governo desistir do
projeto ou "levar a sério" as negociações, "tudo ficará
bem". "Caso contrário, os grevistas decidirão o que fazer na quinta
ou sexta-feira", acrescentou a liderança do sindicato que representa,
entre outros, trabalhadores do setor de transportes, ameaçando intensificar as
manifestações.
Ao ser questionado se a greve
seria interrompida durante o Natal, Martinez disse que essa decisão estaria nas
mãos de Macron e do primeiro-ministro, Édouard Philipp. Alguns sindicatos defendem
o fim da paralisação durante o final de ano e sua retomada em janeiro.
Apesar de o governo anunciar na
semana passada concessões ao
projeto, o anúncio não acalmou os sindicatos. Paris prometeu que o novo
sistema universal de pensões na França abrangeria apenas as gerações nascidas a
partir de 1975, e todas as regras do novo sistema só valeriam para quem
entrar no mercado de trabalho a partir de 2022.
Deutsche Welle | CN/afp/rtr
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