segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

E se o Haiti se levantar de novo?


O país onde os escravos africanos primeiro tomaram o poder; a nação humilhada por uma intervenção internacional que já dura 15 anos está em pé de guerra. Porquê?

Lautaro Rivara | Outras Palavras | Tradução: Felipe Calabrez

O clima social está esquentando no Haiti, enquanto as frustrações sociais se acumulam em um barril de pólvora que nunca é desativado. Depois das intensas mobilizações do ano passado, com epicentros maciços e radicais nos meses de julho, outubro e novembro, a trégua tácita no final do ano deu lugar a um período natalino materialmente pobre, porém tranquilo. Mas as festividades não foram mais que o um breve interlúdio, Em breve recomeçariam as batalhas contra o alto custo de vida, a corrupção endêmica, a crise social e econômica e a ausência de um modelo de nação para a primeira república independente surgida na História deste lado do Rio Bravo. Os protestos já ocorrem há oito intensos dias e nada parece indicar que cessarão.

Os primeiros sintomas deste novo ciclo de protestos apareceram quando jovens insatisfeitos com a ação policial em uma disputa de terras incendiaram a delegacia de polícia na cidade de Montrouis, no departamento de Artibonite.

A resposta, previsível, foi a rápida militarização de uma cidade pacífica. No dia seguinte ao incidente, as forças especiais dos Corpos de Intervenção e Manutenção da Ordem (CIMO) já estavam fazendo sua longa siesta em frente ao mercado da cidade, e ninguém conseguia se lembrar de como haviam chegado lá ou com qual propósito. Mas logo o conflito começou a se multiplicar em diferentes áreas do país até o dia explosivo de 7 de fevereiro, aniversário da fuga do país do ditador Jean-Claude Duvalier. Desde então começaram a se combinar todo o repertório de ações de rua imagináveis: concentrações esporádicas, imensas mobilizações espontâneas, caravanas de motos, greves de transportadores, a queima de delegacias de polícia e prédios do governo e, sobretudo, milhares de barricadas que rapidamente tomaram a capital e os dez departamentos do país.

Timor-Leste | Partido da oposição questiona capacidade da petrolífera nacional


Díli, 25 fev (Lusa) -- O partido da oposição Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) questionou hoje a capacidade da petrolífera nacional, a Timor Gap, liderar a operação de compra de uma participação maioritária no consórcio do Greater Sunrise.

Maria Angélica Rangel, que fez hoje uma declaração política em nome da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) no parlamento, retomou as críticas do partido à estratégia do Governo utilizar o Fundo Petrolífero "para investir no Tasi Mane e no Greater Sunrise".

O processo de compra das participações da ConocoPhillips e da Shell "está cheio de 'má fé' e falta de transparência", apontou a deputada.

"A alteração da Lei de Atividades Petrolíferas é uma prova dessa 'má fé', quando o Governo cometeu primeiro um ato ilícito e depois veio alterar a lei de forma a legitimar esse ato", afirmou.

Timor-Leste | Oposição acusa secretário-geral do CNRT de se "abrigar à imunidade"

Francisco Kabuadi Lay
Díli, 25 fev (Lusa) -- Deputados da oposição timorense acusaram hoje o secretário-geral do principal partido da coligação do Governo timorense de tentar usar o Parlamento Nacional para "fugir à justiça" e "abrigar-se à imunidade", argumento contestado pelas bancadas do executivo.

Francisco Kalbuadi Lay, reassumiu hoje o mandato como deputado depois de oito meses à espera de ser empossado pelo Presidente timorense como ministro Coordenador dos Assuntos Económicos.

Lay, que o Ministério Público quer ouvir no âmbito de um processo de alegado branqueamento de capitais, regressou a Timor-Leste no fim de semana depois de ter sido submetido a tratamentos médicos no exterior.

"Creio que tem sempre esta estratégia de fugir da justiça e por isso vem abrigar-se neste órgão de soberania para ter a imunidade", disse à Lusa o deputado da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) José Somotxo.

Macau | Chui Sai On rejeita proposta de salário mínimo de Sulu Sou


O Chefe do Executivo não aprovou a proposta de lei do deputado Sulu Sou sobre o salário mínimo, justificando que, ainda este ano, este mesmo diploma será apresentado ao hemiciclo pelo Governo. Numa carta endereçada a Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa (AL), Chui Sai On garante que esta legislação já está a ser elaborada, após ter sido consultado o Conselho Permanente da Concertação Social (CPCS). A proposta de lei do também vice-presidente da Associação Novo Macau foi apresentada em Novembro do ano passado e pretendia instituir o salário mínimo universal, excluindo os trabalhadores domésticos e os trabalhadores com deficiência.

“A proposta de lei do salário mínimo será apresentada pelo Governo em 2019 e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais [DSAL] já consultou o CPCS acerca da legislação do salário mínimo. A proposta de lei está, actualmente, a ser elaborada e será apresentada à Assembleia Legislativa este ano”, pode ler-se na carta remetida por Chui Sai On, a que o PONTO FINAL teve acesso. O Chefe do Executivo evoca ainda o artigo 64º-5 da Lei Básica, que determina que “compete ao Governo apresentar propostas de lei e de resolução e elaborar regulamentos administrativos” para não aceitar a proposta do pró-democrata: “Considerando que o artigo 64º-C da Lei Básica atribuiu ao Governo o poder de apresentar propostas de lei relacionadas com a política e para evitar perturbar o progresso e a implementação da política laboral global, eu decidi não dar o meu consentimento escrito à proposta do deputado Sulu Sou”.  

A proposta de lei sobre o salário mínimo de Sulu Sou foi apresentada, em Novembro do ano passado, em conferência de imprensa. No dia 26 desse mês, o deputado submeteu este diploma à AL, tendo pedido o consentimento escrito do Chefe do Executivo a 4 de Janeiro. Apesar das garantias do Governo de que este diploma será apresentado, ainda este ano, aos deputados, na primeira reunião do CPCS deste ano foi revelado que a discussão do salário mínimo universal não constava na agenda para 2019. C.V.N.  

Ponto Final | Foto: Eduardo Martins

Após fracasso, EUA, Grupo de Lima e oposição venezuelana optarão pela solução militar


Álvaro Verzi Rangel* | Desacato

Fracassada a mal sucedida entrada do cavalo de Troia da “ajuda humanitária”, o plano intervencionista dos EUA e da oposição venezuelana tentará encontrar abrigo sob o guarda-chuva da  Organização dos Estados Americanos (na verdade, do chamado Grupo de Lima), que formaria uma força conjunta para entrar na Venezuela de modo semelhante ao que foi feito no Haiti em 2004.

Sob a égide do vice-presidente Mike Pence, certamente este grupo alinhado com Washington vai acordar novas sanções contra a Venezuela para fechar ainda mais o cerco financeiro, à espera de um “falso positivo” de qualquer tipo de violência ou de uma reação negativa das Forças Armadas Nacional Bolivariano (FANB). Chama-se reação negativa não obedecer às ordens desse grupo de países.

Mas eles têm um grave problema: a unidade mostrada pelos militares venezuelanos gerou um “efeito rebote” sobre seus pares brasileiros e, acima de tudo, colombianos. A denúncia feita por Maduro da confissão do presidente colombiano Iván Duque a seu chefe norte-americano Donald Trump, em uma conversa telefônica, de que os militares colombianos não estariam dispostos a se envolver em um conflito (pelo menos aberto) com a Venezuela, é um obstáculo de peso na rota dos falcões de Washington.

O “roteiro” não está funcionando, talvez porque, apesar de criar uma realidade virtual, ainda há a realidade-real que forçou o conselheiro de Segurança Nacional John Bolton a cancelar a viagem para Coreia do Sul, para tratar das negociações com a Coreia do Norte sobre a questão nuclear, um tema básico para as aspirações de reeleição de Trump para novembro de 2020.

Venezuelanos na fronteira com Brasil condenam protestos violentos contra Maduro


Opositores queimaram pneus e atiraram pedras contra soldados; exércitos de Brasil e Venezuela fizeram encontros públicos

Um dia depois da frustrada tentativa de fazer atravessar uma suposta ajuda humanitária para o povo venezuelano pelo lado brasileiro, as duas camionetes que transportariam as doações dos Estados Unidos e do Brasil amanheceram e permaneceram, durante todo o domingo (24), dentro do Batalhão do Exército Brasileiro na cidade de Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela. Alguns metros à frente, no limite entre os dois países, opositores ao governo do presidente Nicolás Maduro, em menor quantidade, se reuniram para um dia de novas provocações aos militares da Venezuela.

A pouca presença das forças de segurança do Brasil deixou o grupo oposicionista à vontade para buscar um novo enfrentamento com os agentes encarregados da vigilância do país vizinho na divisa. Ainda pela manhã, começaram queimando pneus e atirando-os em direção ao posto de gasolina da Petroleira Venezuelana (PDVSA), o que poderia provocar uma explosão. Em seguida, depredaram um alojamento do exército venezuelanoe lançaram pedras contra os soldados daquele país. Depois de assistir por horas a provocação, os militares responderam com bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o grupo que protestava.

Em direcção à Grande Albânia


Kosovo dotou-se de um Exército em violação da resolução do Conselho de Segurança sobre o fim da guerra da OTAN contra a Sérvia, em 1999.

Segundo o Primeiro-ministro kosovar, Ramush Haradinaj, um acordo concluído com o seu colega albanês, Edi Rama, prevê abolir a fronteira entre os dois Estados a 1 de Março de 2019.

Durante um Conselho de Ministros conjunto da Albânia e do Kosovo, um fundo comum foi constituído para promover a adesão dos dois Estados à União Europeia.

O Primeiro-ministro albanês, recebido pelo Parlamento kosovar, expôs o seu projecto para uma política externa e de segurança comuns, embaixadas únicas e para uma presidência única.

Uma cláusula secreta ao Tratado de Aachen


Segundo a Spiegel , a Alemanha e a França acordaram uma cláusula secreta à margem do Tratado de Aachen [1]. Ela prevê a não existência de oposição à venda de armas produzidas conjuntamente, salvo por motivos de segurança nacional.

Desde a queda do nazismo, a Alemanha manteve o seu ideal pacifista e interditou-se, de maneira muito restritiva, em exportar armas para Estados que poderiam fazer um mau uso delas. No entanto, indicou a chancelerina Merkel na Conferência de Segurança de Munique 2019, essas restrições são muito apertadas. Elas permitem apenas pouquíssimas exportações e, por conseguinte, impedem a rentabilidade na produção de armas.

Segundo esta cláusula secreta, a França poderá, por exemplo, prosseguir as suas exportações para a Arábia Saudita, o que o Bundestag (Parlamento Alemão-ndT) interdita. Os lucros serão divididos entre os dois Estados.

Voltaire.net.org | Tradução Alva

A origem do crescimento da extrema-direita


Jorge Rocha* | opinião

Num artigo inserido no «Público» de ontem, Teresa de Sousa faz uma leitura da razão de ser do mal estar social por que passa a generalidade da Europa, nela crescendo a influência dos partidos e movimentos de extrema-direita.

Segundo a jornalista a origem desse fenómeno reside na globalização, que trouxe como consequência imediata a estagnação dos rendimentos das classes médias. Estas, para não sentirem a perda de estatuto e de qualidade de vida apressaram-se a enredar-se na armadilha para elas criada por quem pretendia salvaguardar o essencial do sistema económico: as facilidades de crédito.

A ilusão perduraria se não tivesse ocorrido a crise financeira de 2008, que estancou essa alternativa. De repente ficou evidenciada a inevitabilidade da pauperização, sentida com uma incrédula frustração, tanto mais agudizada, quanto se tornou evidente a desigualdade crescente entre quantos podem estudar e aceder à informação e os que se veem empurrados para a retaguarda do pelotão social, sem esperança de voltarem a chegar-se mais à frente.

Criaram-se assim as condições para o momentâneo sucesso dos discursos populistas contra as elites.

*jorge rocha | Ventos Semeados

Portugal | "É preciso ter lata". Rui Rio defende Passos Coelho contra Salgado


O presidente do PSD saiu em defensa do seu antecessor que foi acusado por Ricardo Salgado de ser o principal culpado do colapso do BES.

Foi através do Twitter que o líder do Partido Social Democrata (PSD) reagiu, este domingo, às acusações de Ricardo Salgado, que culpou o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho de ter “afundado o BES”.

Para o presidente do PSD, o colapso do BES deve-se ao facto “de outros não terem feito nada antes” e não às declarações de Passos Coelho, que o ex-líder do BES e do Grupo Espírito Santo (GES) garante que aumentaram a queda das ações e fuga de capitais do BES no verão de 2014.

“É preciso ter lata. Não será ao contrário? O afundamento do BES, não se deverá precisamente ao facto de outros não terem feito antes - a tempo e horas - o que Pedro Passos Coelho fez?”, escreveu Rui Rio na rede social.

Na mesma publicação, o líder dos social-democratas partilhou o artigo da revista Sábado que revela que o banqueiro apresentou uma petição no Tribunal do Comércio de Lisboa, onde contestou a falência culposa do BES e aponta o dedo ao ex-governante social-democrata.

Natacha Nunes Costa | Notícias ao Minuto | Foto de Global Imagens

Portugal | Demagogia, de Creonte a Cristas


O demagogo afaga e bajula o “cérebro reptilário”, ou seja, a parte do cérebro humano que partilhamos com os répteis, os peixes e os vertebrados inferiores, e é o nicho dos nossos instintos

Alfredo Barroso* | jornal i | opinião

O termo demagogia dá pano para mangas porque a sua prática remonta à antiguidade clássica. Mas como não quero maçar quem me lê, terei de recorrer a um modo sintético. Na democracia ateniense, o termo demagogo queria dizer, literalmente, chefe do povo - era a junção de “demos”, o povo, com “agogos”, o que conduz - e demagogos eram os líderes dos partidos populares que se opunham aos partidos das “gentes belas e boas”, como os aristocratas se designavam - modestamente - a si próprios. 

Nesse tempo, porém, o demagogo começou por ser, no contexto da democracia praticada na cidade-Estado de Atenas, o chefe político que usava a sua inteligência e saber com o propósito de defender lealmente a multidão dos mais desfavorecidos, contra o pequeno número de privilegiados. Péricles (494- 429 a. C.) por exemplo, a quem se deve esse milagre grego que foi a invenção da democracia, era um extraordinário chefe político que poderíamos designar por “demagogo bom” e, claro, “bom demagogo”. 

Portugal | TSF, estará a tempo de arrepiar caminho?

Decorre nesta manhã de segunda-feira o habitual Forum na TSF, o tema é subordinado à situação na Venezuela com a predominância daquilo a que podemos classificar de "a voz de Trump". Por Portugal pronunciam-se os "papagaios" da direita costumeira com Assis do PS e outros do PSD e do CDS.

No mínimo podemos considerar um "forum" tendencioso que cumpre a tal voz do dono que cada vez mais se pespega na ausência de independência daquilo que fazia daquela rádio uma rádio diferente, uma informação diferente e de alargados laivos democráticos e relevante liberdade de informação.

Pé ante pé a estação radiofónica que mudou a rádio (para melhor) em Portugal vai avançando no terreno obscuro a que tem sido votada a comunicação social na generalidade e esse facto tolhe-nos a liberdade de escolha que fez da TSF a mais escutada por optar pela linha gémea de outras rádios nacionais e do mundo, que prestam relevantes serviços à propaganda enraizada nas políticas norte-americanas que visam a obtenção da posse de todas as vantagens no domínio dos países e povos do mundo. Neste caso vantagens no saque ao seu "quintal das traseiras", a América Latina, atualmente centrada na Venezuela.

Liberdade de imprensa condicionada na televisão de Cabo Verde


PP: Código de Ética da RTC é uma forma de “intimidar, condicionar e limitar” o trabalho dos jornalistas

O presidente do Partido Popular, Amândio Barbosa Vicente, considerou hoje, 24, que o Código de Ética da Radio Televisão Cabo-verdiana é uma forma de “intimidar, condicionar e limitar o trabalho dos jornalistas”, face a aproximação das eleições de 2020.

Na sua reunião quinzenal, o PP analisou a questão da reestruturação da RTC e o Código de Ética, e segundo o seu presidente, neste processo, a Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) e os trabalhadores não foram ouvidos.

“Essa perspectiva visa intimidar os jornalistas, visa condicionar e limitar os jornalistas no seu trabalho com a aproximação das eleições de 2020. Esse Governo e essa maioria não querem que os jornalistas divulguem coisas que não vão bem com essa governação”, considerou em declarações à Inforpress.

Ainda durante esta reunião, o PP criticou o Governo por estar a “desviar cerca de 350 mil contos” do programa PRAA, um programa com foco na requalificação urbana, “para entupir” na obra do mercado de coco.

Líder do PAICV diz que há obras a serem orçamentadas desde 2017 na Praia e que não existem

A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) disse hoje,24, que há obras que estão a ser orçamentadas desde 2017 e que não existem, prometendo partilhar detalhes “muito proximamente com os cabo-verdianos”.

Janira Hopffer Almada, que falava à imprensa à margem da II Assembleia Regional do PAICV, em Santiago Sul, também chamou a atenção para “a quantidade de terrenos que está a ser disponibilizada na capital sem que haja obras que sejam conhecidas”.

De acordo com líder do PAICV, a cidade da Praia é um exemplo claro da forma como este Governo pode gerir o país. Isto porque, recordou, Ulisses Correia e Silva esteve oito anos a gerir a capital do país e não tem nem uma única obra estruturante. Do contrário, revelou, Ulisses Correia e Silva “beneficiou das obras do Governo do PAICV” na Praia que o “catapultou” para a posição de primeiro-ministro em que está.

“A maior obra dele é o mercado de coco envolto em gestão danosa e ilegalidades e irregularidades, que já motivaram a nossa queixa ao Ministério Público, considerando que já foram gastos um milhão e cinquenta mil contos no mercado de Coco e que está ainda em esqueleto”, criticou o líder do partido da oposição antes de encerrar a II Assembleia Regional do seu partido na maior região política do país.

“Nós não podemos aceitar que existem, por exemplo, dois passeios a serem feitos aqui na capital que custam aos bolsos dos praienses 70 mil contos, numa cidade que tem prioridades no que tange à ligação da rede de esgotos, à habitação social, à formação profissional dos jovens”, acrescentou ainda Janira Hopffer Almada para quem estas são questões que os membros do partido na Praia têm que analisar para poder “actuar em tempo”, mas sempre “preservando o interesse dos cabo-verdianos e dos praienses em especial”.

Angola | O bom combate


Jornal de Angola | editorial

No último fim-de-semana, uma das manchetes do noticiário local – e também dos media estrangeiros que cobrem a actualidade angolana – foi a entrevista concedida à agência Angop pela procuradora Inocência de Brito sobre as investigações em curso no país relacionadas com eventuais actos de corrupção e peculato. O Jornal de Angola deu uma página ao referido assunto na sua edição do último sábado.

São exactamente 604 casos que estão presentemente a ser investigados pela Procuradoria Geral da República, dos quais 190 em fase de averiguação para apuramento de indícios criminais e posterior tramitação processual. A investigação abrange praticamente todas as províncias do país. Os suspeitos e arguidos são numerosos, tratando-se, na maioria, de funcionários do Estado, dirigentes políticos e outras figuras públicas.

A previsão do presidente João Lourenço, feita no congresso extraordinário do MPLA, no ano passado, quando assumiu a liderança do partido governamental, revelou-se acertada: as primeiras “vítimas” (melhor será dizer, simplesmente, “alvos”) das medidas anti-corrupção que o actual Chefe de Estado está a dinamizar são figuras ligadas ao campo político no poder. Não se trata – diga-se – de nenhum mistério. O facto resulta da própria natureza dos crimes de que tais figuras são acusadas ou suspeitas, os quais são normalmente cometidos, em todo o mundo, por indivíduos ligados à administração pública e ao Governo de plantão. Se fosse outro o partido no poder, outras seriam, previsivelmente, os primeiros suspeitos de os terem praticado.

Angola | Chuvas tiram tranquilidade à população do Lobito


A época das chuvas traz consigo um cenário de medo e de ansiedade que todos os anos toma conta dos “camutangres”, nome por que são chamados os habitantes da cidade do Lobito. As pessoas têm medo que se repitam as tragédias ocorridas em anos passados e que provocaram mais de uma centena de mortos e um massivo rol de destruição.

As últimas enxurradas, ocorridas em 2015, provocaram a morte de 70 pessoas. Tudo aconteceu durante a noite, quando a água irrompeu em fúria desde as zonas montanhosas circundantes e se abateu imparável sobre as áreas habitadas, arrastando tudo à passagem: residências, árvores, animais e toda a sorte de dejectos. A situação agravou-se, porque a maior parte das linhas de água encontrava-se obstruída devido à acção inconsciente de alguns habitantes, que não só depositam o lixo nesses locais, como chegam a construir ali as próprias moradias. Geralmente, é nesses locais onde se registam as primeiras vitimas das enxurradas. O turbilhão de água bruta projectado pela gravidade a partir das zonas mais altas não poupou nada. As autoridades iniciaram um inquérito para apurar responsabilidades, mas o resultado nunca foi divulgado.

A partir daquela data, sempre que se aproximam os meses de Fevereiro, Março e Abril, a sensação de perigo de inundações volta a sentir-se entre os habitantes. Quando as nuvens negras se formam no espaço e mal começam a cair os primeiros pingos de chuva, o alerta volta a soar no Lobito. Este ano, a situação parece não ser diferente. Os “camutangres” têm medo da chuva.

Brasil | Sérgio Moro, de 'herói' anticorrupção a aliado do Clã Bolsonaro


Quando assumiu o superministério, Moro prometeu levar sua experiência de combate à corrupção para dentro do próprio sistema, mas na prática não é assim que a banda toca e a mistura dos poderes

Mariana Serafini | Carta Maior

O atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, comandou a Operação Lava Jato durante quatro anos e ao longo deste período sempre negou ter motivações políticas em suas decisões – muitas vezes – direcionadas apenas aos partidos da esquerda. Considerado por alguns o “herói” do combate à corrupção, também afirmou em diversas ocasiões que não tinha intenção de ser candidato ou ocupar cargos executivos. Hoje integra um governo que em menos de dois meses já está atolado em denúncias de esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro, coincidência ou não, a especialidade do juiz.

No comando da Lava Jato, Moro se inspirou na Operação Mãos Limpas, que levou o sistema político da Itália a um colapso nos anos 1990 e resultou na eleição de Silvio Berlusconi para a presidência do país. O cientista político italiano Albeto Vanucci compara o juiz brasileiro a Antonio Di Pietro, um dos personagens da caça às bruxas italiana que se aproveitou do status de ser um agente “anticorrupção” para alçar voos fora da magistratura. Após passar por ministérios e cargos no Legislativo, se mostrou um oportunista incapaz de usar seu “legado” na política.

Brasil | A política externa oculta do governo Bolsonaro


Redução das tarifas básicas de importação. “Flexibilização” do Mercosul. Ingresso na OCDE, aceitando suas exigências. Enquanto Araújo diz pataquadas Paulo Guedes prepara medidas que podem tornar país ainda mais submisso, desindustrializado e dependente

Marcelo Zero, em Brasil Debate

Enquanto o clã Bolsonaro e o chanceler templário mesmerizam a opinião pública nacional e internacional com suas declarações bombásticas, estapafúrdias e francamente cretinas sobre política externa, a equipe econômica do novo governo prepara, praticamente na surdina, decisões que terão, se implementadas, profundo impacto negativo na inserção internacional do Brasil.

A primeira delas seria a revisão das tarifas consolidadas que o Brasil tem na OMC.

As tarifas consolidadas são aquelas que os países inserem na OMC como suas tarifas máximas de importação, aquelas que consideram necessárias para a proteção dos seus diversos setores produtivos. No caso do Brasil, tais tarifas situam-se em torno de 35%.

Guerra contra a Venezuela foi construída com as mentiras que a mídia espalhou - Pilger


Uma guerra foi declarada à Venezuela, na qual a verdade é “muito difícil” de ser encontrada

John Pilger*

Viajando com Hugo Chávez, logo entendi a ameaça representada pela Venezuela. Em uma cooperativa agrícola no estado de Lara, as pessoas esperavam pacientemente e com bom humor no calor. Jarros de água e suco de melão foram servidos.

Uma guitarra foi tocada; uma mulher, Katarina, levantou-se e cantou com um contralto rouco.

“O que suas palavras disseram?”, Perguntei.

“Que estamos orgulhosos”, foi a resposta.

Os aplausos por ela se fundiram com a chegada de Chávez. Sob um braço carregava uma mochila cheia de livros. Usava sua grande camisa vermelha e cumprimentava as pessoas pelo nome, parando para ouvir. O que me impressionou foi sua capacidade de ouvir.

Durante quase duas horas leu no microfone da pilha de livros ao lado dele: Orwell, Dickens, Tolstoi, Zola, Hemingway, Chomsky, Neruda: uma página aqui, uma linha ou duas lá. As pessoas aplaudiram e assobiaram, emocionadas, de autor para autor.

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