sexta-feira, 21 de junho de 2019

O LABORATÓRIO AFRICOM – X

Martinho Júnior, Luanda 

Ainda em 2002 estava no ovo do “IASPS”, “Institute for Advanced Strategic and Political Studies”, ligado à projecção “PNAC”, “Project for the New American Century”, o embrião “AOPIG” (“Africa Oil Policy Innitiative Group”) a partir do qual nasceria cinco anos mais tarde o Comando África do Pentágono (AFRICOM), já a quietude de São Tomé começava a ser sacudida pelas geoestratégicas de George W. Bush em relação ao Golfo da Guiné, até por que ele próprio, em nome do seu clã, estava interessado em investir nesse espaço pelo que, claro está, começou a acenar a “cenoura inaugural”…

Nessa época eu escrevia para o Semanário “Actual” e é a lembrança de três intervenções minhas sucessivas que vou trazer para aqui, marcando o seguimento desta minha trilha que dá pelo nome de “LABORAÓRIO AFRICOM”…

Ao trazer essa primeira intervenção sob o título de “USS São Tomé” (United States Ship…), recordo quão “atlantista” eram já o ovo, o embrião e a criança do laboratório.

Muito recentemente e a atestá-lo, os republicanos accionaram “lobbies” para que a sede do AFRICOM fosse colocado nos Açores, “para compensar o arquipélago dos benefícios perdidos com a saída de grande parte dos efectivos norte-americanos da base das Lajes”.

João Lourenço cumpriu a promessa de "colocar sal na gasosa"?


Durante a campanha eleitoral de 2017, o então candidato do MPLA João Lourenço prometeu combater a corrupção. Analistas mostram-se reticentes quanto ao cumprimento desta promessa e falam em "justiça seletiva" em Angola.

Foi precisamente em junho de 2017, durante a campanha eleitoral, na província angolana do Zaire, norte de Angola, que o atual Presidente João Lourenço prometeu "colocar sal na gasosa", ou seja, combater a corrupção - algo que está presente em quase todos os setores da vida do país.

Para além do termo "gasosa", os cidadãos angolanos também utilizam a palavra "micha" para se referirem à corrupção que, se regista, sobretudo, na relação entre o agente da polícia e o cidadão.

Será que João Lourenço já fez o que prometeu? "Não há sinais de que o combate a corrupção tenha produzido efeitos. Aliás, há um combate tímido", responde o o jornalista angolano Ilídio Manuel.

"Não se tem, por exemplo, conhecimento de uma figura de proa, os tais chamados marimbondos, que tenham sido condenados em tribunal. O que temos são processos que estão a decorrer e, em alguns dos casos, os réus estão em prisão domiciliária", exemplifica.

Um destes cidadãos em prisão domiciliária é o antigo responsável do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente José Eduardo dos Santos. Se for condenado, a defesa deverá interpor recurso e normalmente estes casos levam algum tempo, lembra Ilídio Manuel, o que, por si só, não acelera o combate ao fenómeno, acrescenta.

HÁ QUEM QUEIRA ADIAR ANGOLA NA EDUCAÇÃO!


António Jorge | Luanda

ANGOLA adiada! 

Angola mesmo em guerra de libertação nacional contra a opressão do colonialismo português 

- Conseguia educar e formar na mata... em escolas improvisadas debaixo das árvores, homens e mulheres de futuro, tendo alguns chegado à direção do Estado depois da Independência. 

Nesses tempos de honra e de luta pelo resgate da dignidade, soberania e pela Independência no movimento de libertação nacional, Angola produziu, homens e mulheres de grande carácter e coragem de fervor patriótico libertador. 

- Hoje tem de servir-se das elites formadas... e formatadas pelo colonialismo, para dirigir o Estado... e roubarem a educação ao povo... enriquecendo à custa da ignorância de milhões de crianças, comprometendo o futuro, o bem estar e a própria Independência de Angola. 


Relacionado no PG

São Tomé e Príncipe | A Liberdade e a Justiça


Adelino Cardoso Cassandra* | Téla Nón | opinião

Uma grande parte do país anda surpreendida com aquilo que está a acontecer, momentaneamente, nos nossos tribunais e noutras instituições  que, aparentemente, reflete o clima de anarquia e balbúrdia institucional que se apoderou da nossa terra, nos últimos tempos, juntando-se a este fenómeno uma crise financeira e económica, com inicio de manifestação anterior, mas que ainda perdura e trará, inevitavelmente, num futuro próximo, consequências graves, de ponto de vista social e político, para as nossas comunidades.

A atual maioria governativa não se cansa de vociferar, na voz do senhor primeiro-ministro e de outros governantes, que foram os responsáveis pela restauração da liberdade no país mas, todavia, não são capazes de reconhecer o falhanço total da sua própria política, nestes parcos meses de governação, que contribuiu para a instalação do caos institucional que o país, momentaneamente, vive.

Guiné-Bissau | PR recusa, pela segunda vez, nome de líder do PAIGC para PM


PR diz que Domingos Simões Pereira não está "em condições de assegurar um relacionamento são"

O Presidente guineense, José Mário Vaz, recusou nesta sexta-feira, 21, pela segunda vez o nome de Domingos Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro.

"Esse novo proposto não está objectiva e publicamente, em condições de assegurar um relacionamento são, ético e sem ruturas institucionais irremediáveis com o PR, órgão perante o qual é também politicamente responsável", escreveu Vaz em resposta à proposta do PAIGC que decidiu apresentar pela segunda vez o nome do seu presidente.

Na carta, o Presidente da República reforça que "ainda persistem divergências que estiveram na origem da crise político-institucional que o país viveu recentemente e acrescido de apelos à sublevação militar, à falta ao dever de respeito institucional consubstanciada em insultos, impropérios e inverdades dirigidos à pessoa com quem o referido candidato pretende trabalhar no mais alto cargo institucional da República”.

Na segunda-feira, 17, José Mário Vaz convidou o PAIGC, partido mais votado nas eleições de Março a indicar o nome do primeiro-ministro, tendo o partido dos "libertadores" apontado Simões Pereira.

Na quarta-feira, 19, Vaz recusou o nome do líder do PAIGC e pediu que partido que indicasse outro candidato, tendo o Bureau Político reiterado ontem que, de acordo com os seus estatutos, o cabeça-de-lista é o candidato à Chefia do Governo.

Recorde-se que ontem, uma missão da CEDEAO ameaçou impor sanções a personalidades guineenses, caso não for nomeado o primeiro-ministro e o Governo, de acordo com os resultados das eleições de Março, até o dia 23, quando termina o mandato do Presidente José Mário Vaz.

VOA – Voz da América

Guiné-Bissau: Jomav entre o Golpe Constitucional e o Golpe Militar


Hoje, José Mário Vaz está face a uma decisão que irá marcar politicamente a Guiné-Bissau.

Depois de uma semana de intensos contactos diplomáticos em Bissau, José Mário Vaz deve hoje anunciar a sua decisão para pôr termo ao impasse político na Guiné-Bissau.

Apesar de todas as declarações públicas afirmando a sua disponibilidade para trabalhar com Domingos Simões Pereira, líder do partido vencedor das eleições legislativas de 10 de março último, a recusa em aceitar este como primeiro-ministro deixa claro que o processo de decisão presidencial não se gere por prioridades nacionais. José Mário Vaz está refém da sua incapacidade de gerir a perpétua crise politico-institucional e de se adaptar ao seu papel enquanto Presidente da República de todos os guineenses.

Em quatro anos de mandato, que termina a 23 de Junho próximo, José Mário Vaz recusou sempre que a Presidência da República exercesse o seu papel através de uma magistratura de influência, tradicional das democracias semi-presidenciais da qual a Guiné-Bissau faz parte. Pelo contrário, José Mário Vaz demonstrou sempre uma inclinação para entender a Presidência da República como o lugar principal da governação guineense, inserindo-se numa lógica regional vincada pelo presidencialismo.

No seu “reinado”, “Jomav” deu posse e exonerou sete primeiros-ministros e seis governos. Nomeou Simões Pereira para o demitir um ano depois. Nomeou Baciró Djá, para a constituição o obrigar a demitir e a exonerar a seguir. Deu posse a Carlos Correia do PAIGC, para o demitir a seguir e voltar a nomear Baciro Djá. Demite este seis meses depois e nomeia Umaro Cissoko, o qual demite pouco mais de um ano depois. Demite Cissoko e nomeia Artur Silva, que é primeiro-ministro sem governo durante quatro meses. Nomeia Aristides Gomes para preparar as eleições legislativas, mas três meses depois destas nada se altera, como se o José Mário Vaz não tivesse gostado da vitória do PAIGC e da indicação de Domingos Simões Pereira para liderar o Governo que irá preparar as eleições presidenciais de novembro, no qual José Mário Vaz procura a reeleição.

Candidato à presidência dos EUA: estratégia de Trump sobre Irão é 'desastre autoinfligido'


O principal candidato democrata à presidência dos EUA e ex-vice-presidente, Joe Biden, criticou a estratégia do presidente Donald Trump em relação ao Irão, afirmando que a decisão de abandonar o acordo nuclear só tornou conflito mais provável, informa edição Politico.

"A estratégia do presidente Trump sobre Irão é um desastre autoinfligido", disse Biden em comunicado. Ele adicionou que "abandonando a diplomacia, Trump tornou conflito militar mais provável. Outra guerra no Médio Oriente é a última coisa que precisamos".

Biden relembrou que "Trump prometeu que abandonar o acordo e impor sanções iria parar a agressão do Irão na região, mas eles [iranianos] só ficaram mais agressivos".

Candidato à presidência dos EUA deu declaração em meio ao aumento das tensões entre os dois países depois de a Guarda Revolucionária iraniana ter anunciado derrubada de um drone da Marinha dos EUA.

Mídia iraniana publica fotos do que teria sobrado do drone abatido dos EUA


Média iraniana Tasnim publicou fotos do que para ela seria as primeiras imagens dos destroços do drone de reconhecimento dos EUA que foi derrubado por militares do Irão.

Trata-se de imagens do que parecem ser partes de um drone americano RQ-4 Global Hawk derrubado que, de acordo com Teerão, invadiu espaço aéreo iraniano.

Teerão afirma ter derrubado um drone RQ-4 Global Hawk dos EUA que estava envolvido em uma operação de espionagem no espaço aéreo do Irão, enquanto Washington nega ter violado qualquer coisa.

Partes do drone militar norte-americano foram encontradas nas águas territoriais iranianas, onde foi derrubado pelo sistema de defesa antiaérea do país.

Resposta do Irão à agressão dos EUA seria implacável e desproporcional - especialista


O comandante do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), Hossein Salami, declarou ontem (20) que a derrubada de drone é uma "mensagem clara" para Washington quanto à prontidão de Teerão para reagir em caso de ataque.

Esta situação fez com que as tensões alcançassem novos patamares, com os dois países alegando que estavam certos em relação às suas ações.

No entanto, a história mostra que os EUA não têm medo de ser os primeiros a atacar, rejeitando a culpa até conseguirem o que querem.

Tanto os Estados Unidos como Irão têm divulgado imagens defendendo as suas afirmações sobre a localização do drone RQ-4 Global Hawk: se este estava operando nas águas internacionais ou em espaço aéreo iraniano quando foi abatido pelo IRGC na quinta-feira (20).

Com muitas questões ainda sem resposta e relatos sobre uma guerra iminente entre o Irão e os EUA, Mohammad Marandi, especialista em estudos americanos e em literatura pós-colonial, professor na Universidade de Teerão, partilha sua análise da situação no programa da Rádio Sputnik Lound&Clear.

Sanções económicas dos EUA: sabotagem económica mortífera, ilegal e ineficaz


Medea Benjamin [*] e Nicolas J. S. Davies [**]

Enquanto o mistério de quem é responsável pela sabotagem dos dois petroleiros no Golfo de Omã continua sem solução, está claro que a administração Trump tem sabotado as remessas de petróleo iranianas desde 2 de maio, quando anunciou sua intenção de " reduzir as exportações de petróleo do Irão a zero, negando ao regime a sua principal fonte de rendimento ". Esta ação foi dirigida à China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Turquia, nações que compram petróleo iraniano e agora enfrentam ameaças dos EUA se continuarem a fazê-lo. Os militares dos EUA podem não ter explodido fisicamente petroleiros transportando petróleo bruto iraniano, mas as suas ações têm o mesmo efeito e devem ser consideradas atos de terrorismo económico.

A administração Trump está também a cometer um roubo maciço de petróleo ao confiscar 7 mil milhões de ativos de petróleo da Venezuela – impedindo o governo de Maduro de obter acesso ao seu próprio dinheiro. De acordo com John Bolton, as sanções à Venezuela afetarão 11 mil milhões de dólares em exportações de petróleo em 2019. A administração Trump também ameaça as companhias de navegação que transportam petróleo venezuelano. Duas empresas – uma baseada na Libéria e outra na Grécia – já foram punidas com penalidades pelo envio de petróleo venezuelano para Cuba. Não há buracos nos seus navios, mas há no entanto sabotagem económica.

Seja o Irão, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte ou um dos 20 países sob a bota das sanções dos EUA, o governo de Donald Trump está a usar o seu peso económico para tentar mudanças de regime ou mudanças políticas importantes em muitos países pelo mundo afora. 

Trump aprovou ataque contra o Irão mas cancelou à última hora


Aviões já estavam no ar e os navios posicionados para uma retaliação pelo derrube de um drone americano.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou esta quinta-feira um ataque contra o Irão, em retaliação ao derrube de um drone de vigilância norte-americano perto do estreito de Ormuz, mas acabou por cancelar os planos momentos antes de ser iniciado.

Num momento em que a tensão entre os dois países aumentou, os aviões já estariam no ar e os navios de guerra posicionados quando o plano foi subitamente suspenso, disse ao New York Times um elemento da administração de Trump. O Presidente norte-americano tinha inicialmente aprovado um ataque a alvos iranianos, como radares e baterias de mísseis. 

Um dos alvos era o sistema anti-aéreo S-125/Pechora, considerado pelo Pentágono como o responsável pelo abate do avião não tripulado. Todavia, Teerão diz ter sido capaz de abater o drone com um outro sistema de defesa anti-aérea, o 3rd Khordad, congénere do sistema de defesa russo Buk, responsável pela destruição do avião MH17 da Malaysia Airlines nos céus da Ucrânia. 

Desconhecem-se as razões para o abrupto cancelamento, mas Trump deu a entender que o abate do drone poderá não ter sido ordenado por Teerão, responsabilizando um “oficial estúpido que agiu à revelia”. “Acho difícil acreditar que foi intencional, se querem saber a verdade. Acho que pode ter sido alguém estúpido que agiu à revelia”, disse aos jornalistas antes de o New York Times ter revelado o ataque cancelado. 

De seguida, o Presidente norte-americano deu ênfase ao facto de o avião não ser tripulado: “Não tínhamos um homem ou mulher no drone. Seria uma grande, grande diferença”. Posição que contrasta com a que o chefe de Estado teve inicialmente ao avisar Teerão de que o abate do drone foi um “erro enorme”, ameaçando com duras retaliações.

Reino Unido | Ex-prefeito e ministro vão disputar sucessão de May


Boris Johnson e Jeremy Hunt vencem nova rodada das primárias para a liderança do Partido Conservador britânico. Posto garante a vaga de primeiro-ministro do Reino Unido.

O ex-prefeito de Londres Boris Johnson e o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, disputarão em julho a liderança do Partido Conservador e consequentemente o posto de primeiro-ministro do país por terem sido os mais votados nesta quinta-feira (20/06) na quinta fase das eleições primárias da legenda.

Caberá a um dos dois suceder a premiê Theresa May, que já anunciou a sua renúncia ao cargo de líder do partido. Ela continua no cargo até um substituto ser escolhido,

Franco favorito de acordo com as pesquisas de intenção de voto, Johnson recebeu o apoio de 160 dos 313 deputados conservadores. Por sua vez, Hunt, obteve 77 votos, apenas dois a mais que o terceiro colocado na disputa, o ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, que acabou sendo eliminado nesta fase.

Salvar vidas on-line


Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

Todos os dias somos confrontados com aberrações com as quais somos cúmplices por omissão. Basta olhar e exigir o confronto com o que existe como regular vazio, ao nosso lado, aquele que suportamos mesmo quando nos intima por voz própria.

Está nas pequenas coisas, tantas vezes nos detalhes. Está na pobreza, no tratamento desigual, na descriminação de tantos modos, está num piscar de olhos se formos atentos. A compulsão para fazer vista grossa é o demónio que a rotina instala. Tudo se normaliza quando é vulgar, ordinário ou recorrente. Então, morrem? Vão continuar a morrer. Se morrem todos os dias... Traço contínuo, pisão, a morte já nos chega com o cunho da inevitabilidade e pronto. É conveniente fechar os olhos para seguir em frente. Mas tudo fica mais fácil quando encontramos um herói que pode transformar-se em mártir. Salvemo-nos então por ele, um bocadinho. Aliviemo-nos.

Salvar pessoas da morte por afogamento pode resultar em crime pela hipotética falta de papelada da vítima. Miguel Duarte é um estudante de Matemática, hoje com 26 anos, que, em 2016 e 2017, resolveu partir para o Mediterrâneo a bordo do navio "Iuventa" numa missão humanitária da "Solidarity at Sea": resgatar refugiados da morte mais que certa no âmbito de acção da ONG "Jugend Rettet". Salvar vidas, portanto. Com outros nove activistas, vai ser julgado em Itália por auxílio à imigração ilegal, acusação do Ministério Público italiano que o faz incorrer numa pena de 20 anos de prisão. "Se vejo uma pessoa a morrer afogada, não lhe pergunto se tem ou não passaporte - tiro-a da água, salvo-a e depois então o Estado verifica a sua situação e trata da burocracia", explica Miguel Duarte, como se fosse necessário afogar mágoas com evidências. Não é a primeira vez que acontece, mas é insano chegar ao ponto em vemos a justiça dos homens a perseguir aqueles que se limitam a fazer o óbvio com inquebrantável coragem, humanismo e disponibilidade.

Ontem, Dia Mundial do Refugiado, não foi um dia grato para a extrema-direita populista europeia, nomeadamente aquela que suporta a acusação a Miguel Duarte e a tantos outros que, como refere Marcelo Rebelo de Sousa, exercem algo que nem é só um direito mas, antes de mais, um dever: o dever de salvar. Ao contrário de Itália, onde a coligação entre o "Movimento 5 Estrelas" e a "Liga" tudo faz por aumentar as multas a navios de resgate, encerrando os portos que recebem estas embarcações, navegamos em Portugal num mar tranquilo. Apesar de muitos partidos ainda não se terem pronunciado, não é crível que se afastem do apoio que o presidente da República, Governo e BE já manifestaram. Preocupante é como a maior proximidade entre a política portuguesa e o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, se revela nas caixas de comentário das notícias ou de artigos como este. Para fazer "save", é favor evitar a edição on-line.

*Músico e advogado

O autor escreve segundo a antiga ortografia

Portugal / Espinho: FEST começa 2ª feira com 257 filmes de realizadores emergentes


O FEST - Festival Novos Realizadores Novo Cinema, considerado pela organização "o maior e mais completo" certame nacional do género, arranca segunda-feira em Espinho com 257 filmes em competição, 40 horas de formação e 65 de análise à indústria.

Até 1 de julho, o evento levará assim a vários espaços da cidade não apenas sessões competitivas, mas também propostas como panorâmicas de filmografia estrangeira, encontros de 'pitching' e 'netwoking', 'masterclasses' e mesas-redondas, concertos, demonstrações de realidade virtual, uma feira do livro de cinema e filmes gratuitos ao ar livre.

Essa oferta resulta de um orçamento global de 170.000 euros, que, pela primeira vez em 15 edições do festival, permitirá a atribuição aos vencedores de prémios monetários entre os 300 e os 1.500 euros.

Filipe Pereira é o diretor do evento apostado em divulgar novos talentos da realização mundial e declara à Lusa: "O FEST é o maior e mais completo festival de cinema em Portugal. Não há nenhum outro que combine uma secção competitiva tão extensa com todas estas panorâmicas, atividades paralelas, um programa de indústria e outro de formação, sempre com profissionais de tanto relevo internacional, o que permite aos participantes um contacto privilegiado com a elite do setor".

Lisboa | Zero diz que há mais solos contaminados no Parque das Nações


A associação ambientalista Zero denunciou hoje a existência de uma nova mancha de solos contaminados na zona do Parque das Nações, em Lisboa, o que prova que a descontaminação dos terrenos naquela parte da cidade foi uma "fraude".

Em comunicado, a associação anuncia que foi descoberto "um novo depósito de resíduos com hidrocarbonetos" perto do Hospital CUF Descobertas, cuja construção já tinha posto à vista "uma grande quantidade de solos contaminados".

"Os resíduos agora em causa foram detetados na obra de escavação do empreendimento imobiliário designado por 'Martinhal Residences', sendo notório o cheiro devido a compostos voláteis, o que já motivou queixas de alguns moradores", diz a Zero.

De acordo com a associação ambientalista, estes compostos resultam da libertação de gases associados aos hidrocarbonetos quando são expostos ao ar, "sendo considerados tóxicos e, inclusive, cancerígenos".

A Zero não tem, por isso, dúvidas em afirmar que a descontaminação dos terrenos da zona do Parque das Nações "foi uma fraude".

"Se dúvidas ainda pudessem existir, após o que aconteceu com a obra do Hospital CUF Descobertas, a identificação de mais um local com solos contaminados nas imediações dos terrenos da antiga Petrogal vem evidenciar definitivamente que a operação de descontaminação dos terrenos do Parque das Nações foi feita de forma muito incompleta com impactos que agora e no futuro irão ser visíveis e significativos", alerta a ZERO.

Portugal | A República de Abril



Somos o que temos. Temos o que somos.

Prestes a atingir o centenário, a Seara Nova propôs aos colaboradores desta edição, os que fizeram e viveram a Revolução de Abril e os que sempre e só conheceram a democracia, uma reflexão sobre os 45 anos decorridos num país em mudança num mundo acelerado.

Ao apresentar a Seara, em Outubro de 1921, Raul Proença, numa reflexão sobre todo o século anterior, e não apenas sobre os tempos difíceis que a República então atravessava, dizia: “A Seara Nova não comunga no sofisma de que são os políticos os únicos culpados da nossa situação. A verdade é que os políticos não são melhores nem piores do que o permitem as condições gerais da mentalidade portuguesa. Todo o país tem de aceitar a responsabilidade que lhe cabe; todo o país, e em especial a sua élite.”

Entre 25 de Abril/1.º de Maio de 1974 (golpe militar do MFA e excelsa festa popular) e 2 de Abril de 1976 (sessão da Assembleia Constituinte em que foi aprovada pela Constituinte e promulgada pelo Presidente Costa Gomes a Constituição da República), Portugal e os portugueses viveram intensamente o profundo corte histórico que a revolução democrática provocou.

Cumprido o programa que se tinham proposto, no que respeita ao D do termo da guerra colonial e das colónias, os militares do MFA regressaram a quartéis, num tempo e num modo por vezes discutíveis, deixando os destinos da Pátria à democracia e aos democratas que, com as formações partidárias que a liberdade viabilizara, trataram de pôr de pé o país possível, levando por diante a democratização e o desenvolvimento dos DD em falta.

A concretização desses objectivos veio a coincidir, a partir de meados dos anos oitenta, com profundas alterações na Europa e no Mundo. A integração do país no espaço político-económico europeu, o crescente predomínio de um poder económico-financeiro transnacional sobre o poder político, o desenvolvimento aparatoso das novas tecnologias, das comunicações e dos transportes, a alteração das relações de poder entre nações e estados, a desinquietação de populações inteiras, tudo faz de um mundo efervescente, que encolhera, uma realidade pouco consentânea com o biorritmo de outras eras.

É então para este outro mundo que a nossa atávica ruralidade e as persistentes taxas de pobreza têm de encontrar resposta, num quadro constitucional que baliza e define os objectivos e os meios que condicionam as práticas para os atingir. Apesar das sete revisões que já sofreu (significativas, em boa parte, da hipocrisia de uma quase unanimidade na aprovação do seu conteúdo progressista e libertador – só o CDS votou contra) a Constituição de 1976 mantém potencial bastante para dar corpo às políticas necessárias à construção de um país decente, desenvolvido e moderno, em que a dignidade das pessoas, a dignidade de todos os seus cidadãos, seja a prioridade das prioridades.

Só a distorção, quando não a perversão, do texto constitucional tem possibilitado a prática de políticas que, ao longo deste anos de democracia directa, participativa, mantiveram o país longe das metas para que apontavam os alvores do regime democrático. A definição das linhas divisórias entre o público e o privado, com a privatização obscena, quando não criminosa, em sectores estratégicos da economia e da finança, as políticas ostensiva e concebidamente erradas, escandalosamente ofensivas do interesse nacional, o deficiente funcionamento de sectores decisivos, como a educação, a saúde e a justiça, o descaso da política do território e da defesa eficaz do ambiente, o dinheiro fácil e abundante conseguido pela via da pouca-vergonha do compadrio, do amiguismo e da partidice – tudo chagas que fazem descrer na democracia e dão alento a manifestações patológicas de sociedades sem norte.

Há muito a fazer para completar o projecto de Abril, que continua ao nosso alcance. Para tanto a Seara Nova mantém a confiança de sempre na sabedoria do nosso povo miúdo.

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Guiné-Bissau | A "TURPESA DI PRAGA" DA PRAÇA DOS HERÓIS


JOSÉ MÁRIO VAZ QUEBRA A “MALDIÇÃO” E CHEGA AO FIM DO MANDATO

Humberto Monteiro* | Gazeta Notícias | editorial

José Mário Vaz dobra hoje (20.6) o cabo do seu mandato de CINCO anos como Presidente da República da Guiné-Bissau, país independente há sensivelmente 46 anos. Para a posteridade fica o registo de ter sido o PRIMEIRO dos DOZE presidentes, dos quais quatro eleitos democraticamente, a completar o mandato presidencial sem ser cerceado do cargo por um golpe de estado ou doença.

Até aqui, a “Turpesa” (cátedra em crioulo) da Praça dos Heróis Nacionais tem sido ocupada por políticos “eleitos democraticamente” mas que não concluem os respectivos mandatos em conformidade com a Constituição da República. Nino Vieira, Koumba Yalá e Malam Bacai Sanhá, todos eleitos depois da introdução do pluralismo democrático em 1991, não chegaram ao fim dos mandatos. Vieira em 1998 viria a ser assassinado em 2009, e Yalá em 2013, foram afastados por golpes de estado, enquanto Bacai Sanhá foi vitimado por uma doença.

Luís Severiano de Almeida Cabral – O primeiro Presidente da Guiné-Bissau foi deposto, a 14 de Novembro de 1980, por um golpe militar consumado pelo Movimento Reajustador chefiado por Nino Vieira, então Comissário Principal (equivalente a primeiro-ministro).

João Bernardo Vieira – De 14 Novembro de 1980 a 14 de Maio de 1984 chefiou o país, cedendo temporariamente, por dois dias, o cargo à Carmen Pereira então presidente da ANP. 

Cármen Pereira – Em Maio de 1984 chefiou o país por dois dias. Na altura era presidente da ANP.

João Bernardo Vieira – Retoma o cargo a 16 de Maio de 1984. Continuou em funções até o conflito político-militar liderado pelo recém-demitido chefe do Estado-Maior General das Forças, general Ansumane Mané, que durou onze meses (7 de junho de 1998 a 7 de maio de 1999).

Guiné-Bissau | Satu Camará na mesa de presidência da ANP


Desistência de Braima Camará: Maden propõe Satu Camará como 2º vice-presidente da mesa da ANP

O Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15) acaba de avançar com o nome da deputada da nação Satu Camará para preencher o lugar do segundo Vice-presidente da mesa da Assembleia Nacional Popular. Isto, depois de o nome do seu coordenador, Braima Camará, ter sido chumbado logo na primeira sessão dedicada à posse dos deputados da X legislatura e a constituição da mesa da ANP, fato que gerou o impasse na composição da mesa da ANP.

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