segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Trump | Quatro anos de massiva campanha de ódio


Após atentado contra mexicanos em El Paso, Trump disse que não há lugar para intolerância nos EUA e defendeu que o racismo e a supremacia branca sejam condenados. Mas ele deveria ser o primeiro a entender essa mensagem.

Elsa Mendoza, de 59 anos, foi professora e diretora de uma escola para crianças com necessidades especiais em Ciudad Juárez, em Chihuahua, no México. Em 3 de agosto, ao lado de seu marido e um de seus filhos, ela cruzou a fronteira entre Juárez e El Paso, no Texas, para visitar familiares, como fazia habitualmente.

Por volta das 11 horas da manhã, ela estava no Walmart do shopping Cielo Vista Mall quando o cidadão americano Patrick Crusius, de 21 anos, abriu fogo contra a multidão com a intenção de "matar mexicanos".

O corpo de Elsa voltou a Ciudad Juárez na semana passada, em um carro fúnebre. Ela foi uma das oito vítimas de nacionalidade mexicana do massacre, que deixou um total de 22 mortos e outros 24 feridos. Junto com ela, morreram Sarita Regalado e seu marido, Adolfo Cerros, María Eugenia Legarreta, Jorge Calvillo, Gloria Irma Márquez, Iván Filiberto Manzano e Juan de Dios Velázquez.

Os oito tinham três coisas em comum: viviam e trabalhavam na região fronteiriça, cruzavam a fronteira de maneira legal com frequência e eram conhecidos em seus círculos sociais como pessoas que contribuíam para melhorar a sociedade.

Portugal | Um país atestado


Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Um amigo regressado de Luanda confidenciava-me, há dias, com algum desdém: "Vocês sabem lá o que é faltar combustível para viver, não ter gasóleo para circular, para ligar o frigorífico que se alimenta através de um gerador ou para garantir o dia a dia de uma simples fábrica".

Nós não sabemos, de facto. E ainda bem. Mas o alarme bíblico gerado pela greve dos motoristas que hoje começa por tempo indeterminado fez-nos despertar para a essência do país que, quatro décadas e meia volvidas sobre a ditadura, ainda somos: medroso, alarmista, inseguro. Um país que se constrói e corrói com fantasmas, que medra numa redoma de orfandade, carente de um Estado firme e paternal. O Mundo não acaba a partir de hoje, mas ai de quem nos diga o contrário. No final, acabamos convencidos de que somos mais inteligentes do que todos os outros. Porque no Portugal dos pequeninos, na selva dos pequeninos, não há predadores tão dramaticamente inofensivos como nós.

Na sexta-feira, parecíamos a Venezuela. Corrida desenfreada às bombas, açambarcamento, escaramuças, manuais de sobrevivência. Durante o fim de semana, evoluímos para a pacatez e civilidade da Dinamarca. Solidão entre os gasolineiros. Em abril, o Governo dormiu na forma. Foi o que se viu. Agora, o mesmo Governo injetou litradas de cafeína na verve política pré-eleitoral e deu uma aula prática sobre governança em tempos de crise, atingindo no coração os fundamentos da greve (noutros tempos, a Esquerda treparia paredes) e exaltando o papel determinante e incontestável de um Estado de direito musculado (até o CDS bateu palmas, de uma forma um pouco sonsa).

Esperemos que a normalidade seja reposta e que o conflito salarial entre motoristas e patrões não degenere noutras formas de confrontação. Ainda é cedo para balanços, mas julgo que já podemos concluir, mesmo antes de a greve se fazer à estrada, que trememos por pouco, mas segurámo-nos como poucos. E que as matérias só são perigosas à medida dos nossos dramas.

* Diretor-adjunto

Incumprimento: "Nova realidade." Governo já estuda requisição civil de motoristas


O primeiro-ministro avançou, momentos depois de reunir com o Presidente da República, que há uma situação de incumprimento dos serviços mínimos, desde as 14h30, e por esse motivo o Governo ordenou "transporte de mercadorias feito pela GNR e pela PSP".

O primeiro-ministro falou numa "nova realidade" e sublinhou que esta tarde haverá conselho de ministros para ver se há necessidade de requisição civil.

Caso haja requisição civil esta pode ser "pontual, gradual e progressiva", ou seja, "exclusivamente a quem está a violar os serviços mínimos, a alguma região do país ou a um determinado tipo de serviço (por exemplo, abastecimento de aeroportos)"

"A situação mais complicada é no Algarve", sublinhou o primeiro-ministro.

"Nova realidade." PSP e GNR chamadas para conduzir camiões.

A paralisação dos motoristas não tem previsão de termo, e o país está em crise energética em pleno período de férias para milhares de portugueses.

Governo já ordenou transporte de mercadorias pela GNR e pela PSP

António Costa avançou, momentos depois de reunir com o Presidente da República, que há uma situação de incumprimento dos serviços mínimos, desde as 14h30, e por esse motivo o Governo ordenou "transporte de mercadorias feito pela GNR e pela PSP".

O primeiro-ministro adiantou que esta tarde haverá conselho de ministros para ver se há necessidade de requisição civil.

Caso haja requisição civil esta pode ser "pontual, gradual e progressiva", ou seja, "exclusivamente a quem está a violar os serviços mínimos, a alguma região do país ou a um determinado tipo de serviço (por exemplo, abastecimento de aeroportos)".

"A situação mais complicada é no Algarve", sublinhou o primeiro-ministro.

Governo esclarece: táxis não precisam de dístico identificativo para abastecer nos REPA

O governo esclareceu esta segunda-feira que os taxistas não precisam de qualquer dístico de identificação para abastecer nos postos de abastecimento REPA destinados aos veículos prioritários, dado que a viatura já se identifica por si própria.
 
Fonte do Ministério do Ambiente e da Transição Energética reconheceu à agência Lusa que "há alguns problemas de comunicação com os postos REPA que ainda não perceberam que os táxis não precisam de qualquer dístico identificativo".

Mais de 500 postos já sem combustível, às 16:18.

Jeremy Corbyn e a chegada de Boris Johnson ao poder


Diante da chegada de Boris Johnson à liderança do Partido Conservador e de sua posse como primeiro-ministro britânico, é comum os trabalhadores se perguntarem: “Como isso aconteceu?”.

Johnson lidera o governo mais conservador na história britânica, dedicado a uma saída “sem acordo” da União Europeia (UE) que impactará de maneira devastadora os empregos, salários e condições de trabalho. Ex-aluno da Eton College, uma escola britânica de elite, que não consegue esconder seu desprezo pelas “camadas inferiores”, Johnson é desprezado por milhões de trabalhadores. Ainda assim, ele agora ocupa o mais alto cargo político e espera-se que convoque eleições gerais antecipadas para garantir, com alguma chance, um mandato para deixar a União Europeia em 31 de outubro e então implementar sua agenda de cortes de impostos para as grandes corporações e os ricos.

Jeremy Corbyn é politicamente responsável pela ascensão de Johnson e seu gabinete ministerial de ideólogos thatcheristas. Ele atuou como um intermediário na formação do governo Johnson ao suprimir todas as tentativas dos trabalhadores de realizar uma luta contra as grandes corporações e seus defensores políticos.

Os quatro anos de Corbyn como líder do Partido Trabalhista são uma experiência estratégica para a classe trabalhadora britânica e internacional. Eles confirmam o papel crucial da suposta “esquerda” em impedir qualquer desafio político à burocracia do Partido Trabalhista e sindical, que age para policiar a luta de classes em nome da classe dominante.

Assange na prisão é "tratado pior do que um assassino"

John Pilger

Julian Assange está a sofrer de uma saúde fraca em consequência do mau tratamento na prisão, de acordo com o jornalista John Pilger que recentemente visitou o fundador da WikiLeaks.

Ao descrever as condições "em deterioração" de Assange, Pilger afirmou que ele está a ser tratado "pior do que um assassino" no presídio de Belmarsh, em Londres.

"Ele está isolado, medicado e são-lhe negadas as ferramentas para combater as falsas acusações relativas a uma extradição para os EUA. Agora temo por ele. Não o esqueçam", escreveu Pilger em mensagem no seu twitter .

E acrescenta:   "Ao visitá-lo vislumbrei o tratamento bárbaro que lhe é aplicado, com isolamento, negação de exercício adequado, de acesso à biblioteca, ao computador portátil. Ele não pode preparar a sua defesa. Ele está mesmo impedido de efectuar telefonemas aos seus advogados nos EUA. Em 4 de Junho o seu advogado britânico escreveu ao governador. [A resposta foi] silêncio. Tudo fora da lei.

Assange foi preso na Embaixada equatoriana em Londres no dia 11 de Abril e recebeu uma sentença de 50 semanas por fugir da liberdade condicional numa investigação sueca que envolvia um alegado assalto sexual.

Agora com 48 anos, Assange enfrenta extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de posse e disseminação de informação classificada. Se for considerado culpado pode receber uma sentença de até 175 anos de prisão.

Assange tem estado na mira de Washington desde há anos, com a sua organização a ganhar notoriedade depois de publicar um vídeo que mostrava militares dos EUA a atacar jornalistas e civis no Iraque em Julho de 2007. 

Ver também: 
  'Slow, cruel assassination': Assange's mother blasts US & UK for treatment of whistleblower ("Assassínio lento e cruel": a mãe de Assange amaldiçoa os EUA & Reino Unido pelo tratamento do denunciante) 
  Julian Assange faces 'TORTURE' if extradited to US – UN rapporteur warns (Julian Assange enfrenta tortura se extraditado para os EUA, adverte relator da ONU)
  UN expert criticizes States for ‘ganging up’ on Wikileaks’ Assange; warns against extradition, fearing ‘serious’ rights violations (Perito da ONU critica Estados por conspirarem acerca de Assange; manifesta-se contra a extradição, temendo graves violações de direitos humanos)

O original encontra-se em www.rt.com/news/466039-assange-pilger-prison-treatment-fear/ 

Este texto encontra-se em http://resistir.info/ 

MEMÓRIA EM HONRA DE FIDEL


Em África, honrar Fidel é honrar a vida!... http://paginaglobal.blogspot.com/2016/12/de-argel.html     

Martinho Júnior, Luanda  

01- A 2 de Dezembro de 2005, dia das Forças Armadas Revolucionárias, Cuba comemorou os então 30 anos da Missão Militar Cubana em Angola e os 49 anos do desembarque do Granma.

Nesse dia escutou-se sobre esse tema mais um memorável discurso do Comandante Fidel!

Desse discurso recordem-se algumas palavras que hoje continuam a ser para todos os combatentes progressistas do mundo, um autêntico desafio:

…“Exatamente 19 anos após o desembarque do Granma, em novembro de 1975, um pequeno grupo de cubanos travava em Angola os primeiros combates de uma batalha que se prolongaria por muitos anos.

A história da pilhagem e do saqueio imperialista e neocolonial de Europa na África, com pleno apoio dos Estados Unidos e da NATO, bem como a heróica solidariedade de Cuba com os povos irmãos, não são suficientemente conhecidas, embora fosse apenas como merecido estímulo às centenas de milhar de homens e mulheres que escreveram aquela gloriosa página que para exemplo das presentes e futuras gerações não devemos esquecer jamais.


… Continuar a divulgar a luta levada a cabo pelo movimento de libertação em África em estreita irmandade internacionalista e solidária com a revolução cubana, tem implicações profundas ainda hoje por que a libertação não é um acto automático, pelo contrário, tem profundas implicações humanas e culturais, constituindo um longo, legítimo e justo processo que se distende desde o passado com tremendas responsabilidades no presente e na construção dum futuro feliz, aspiração para todos os povos africanos e para a própria humanidade!...

Quantas vezes há que reinterpretar os fenómenos que nos cercam por que lutar pela liberdade é um exigente acto de civilização face ao prevalecer da barbárie… (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/06/angola-aprender-reinterpretando.html).

Nicolás Maduro: a Venezuela está preparada para resistir e vencer


Na mobilização de forças chavistas que este sábado teve lugar em Caracas, o chefe de Estado venezuelano reafirmou a necessidade de ultrapassar a investida imperialista com o aumento da produção nacional.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, liderou a grande manifestação que ontem se realizou na capital, Caracas, contra a intensificação do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra o país sul-americano.

Neste contexto, destacou que o conjunto de medidas coercitivas decretadas contra a economia e a indústria petrolífera venezuelanas atinge sobretudo o povo, devido às dificuldades acrescidas para importar alimentos e produtos farmacêuticos, informa a TeleSur.

Reafirmando a necessidade de aumentar e aperfeiçoar o sistema de produção nacional, para mitigar os efeitos da investida imperialista, Maduro acrescentou que, em articulação com os ministérios da Agricultura e Alimentação, o governo bolivariano irá garantir, com produção própria, 12 milhões de caixas de alimentos para os Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), que beneficiam mais de seis milhões de famílias em todo o território venezuelano.

No dia da campanha mundial «No More Trump» [Mais Trump Não], Nicolás Maduro sublinhou que o seu país está preparado política, económica e militarmente para derrotar o bloqueio imposto pela administração norte-americana, que se intensificou esta semana com novas restrições contra o país.

Argentina | Oposição derrota Macri nas eleições primárias argentinas


Alberto Fernández surpreende e vence com folga o atual presidente. Assim, chapa de Cristina Kirchner parte como favorita ao pleito de outubro, com chance de ganhar até no primeiro turno. Macri reconhece votação "ruim".

O peronista Alberto Fernández derrotou com vantagem de mais de 15 pontos percentuais o presidente da Argentina, Mauricio Macri, nas eleições primárias deste domingo (11/08) no país. O candidato de centro-esquerda, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, sai assim como favorito às presidenciais de outubro.

Com quase 90% dos votos apurados, Fernández, candidato presidencial da aliança Frente de Todos, obteve 47,36% dos votos, enquanto Macri, que tenta a reeleição, conseguiu 32,23%.

Embora as sondagens eleitorais já dessem o primeiro lugar a Fernández, nenhuma pesquisa havia previsto uma vitória com diferença tão ampla. Segundo dados oficiais, a taxa de participação nas urnas foi de cerca de 75%, entre as 33,8 milhões de pessoas aptas a votar.

Para ganhar no primeiro turno, o candidato a presidente tem que obter 45% dos votos ou mais de 40% com uma diferença de 10 pontos sobre o segundo colocado. Caso os resultados se repitam na eleição presidencial de 27 de outubro, Fernández pode ser eleito sem necessidade de segundo turno.

Brasil | “Eu posso vender. Quanto você dá?”


Para entender o “novo” projeto para a Amazônia. Vista, após 1964 como território a incorporar ao Centro-Sul, ela é, sob Bolsonaro, mero menu de opções aos mega-investidores estrangeiros. Que escolham: minérios, soja, madeira, bois…

Luís Fernando Novoa Garzón | Outras Palavras

Assim como o desmatamento da Amazónia mantém relação direta com o stress hídrico nas metrópoles do sudeste, a conversão compulsória da região amazónica em um portefólio de commodities tem relação direta com a desindustrialização do país, ou seja, com o aprofundamento de seu perfil produtivo regressivo. Quanto maior simplificação produtiva e territorial, tanto maior o desmanche de direitos sociais e de normativas ambientais. Os setores considerados catalizadores desse modelo – a indústria extrativa mineral, o agronegócio e a infraestrutura especializada –estão fortemente ancorados na região não por acaso.

Reterritorializações instauradas com base na interpenetração entre grupos privados e aparelhos governamentais e intergovernamentais tendem a obter abrangência regional e continental, acompanhando redefinições  locacionais dos capitais de distintas origens e destinos. O que retoricamente se temia, a chamada “internacionalização da Amazónia”, tornou-se agora uma premissa regulatória: prerrogativas máximas para os investimentos para atraí-los. Entre essas prerrogativas, além da incondicionada aquisição de blocos de recursos naturais, consta a possibilidade de empresariar o controle de extensas faixas territoriais.

Foi sob “linhas nacionais” que se deu a incorporação da Amazónia à medida lhe incumbiram “funções” agropecuárias e minerais na sequência da marcha para o (centro) oeste a partir dos anos 1960. Com o entrecruzamento das fronteiras agrícola, mineral e energética na Amazónia, nos anos 2000, estabeleceu-se um novo patamar de homogeneização do espaço económico do país, sempre por meio da garantia de dilatação das taxas de lucro nas margens, nos espaços periféricos subalternizados.


Brasil | "A Alemanha não vai mais comprar a Amazónia", diz Bolsonaro


Presidente diz que Brasil "não precisa" de dinheiro alemão para preservar a floresta. Fala ocorre após Berlim anunciar suspensão de repasse de R$ 155 milhões a projetos de proteção por causa de aumento do desmatamento.

O presidente Jair Bolsonaro tratou com desprezo neste domingo (11/08) a decisão do governo alemão de suspender o financiamento de projetos para a proteção da Amazônia por causa do aumento do desmatamento da floresta.

No sábado, a ministra do Meio Ambiente da Alemanha, Svenja Schulze, disse em entrevista ao jornal Tagesspiegel que o país europeu vai congelar investimentos de 35 milhões de euros (cerca de 155 milhões de reais) que seriam destinados a diferentes projetos de proteção ambiental no Brasil.

Questionado por jornalistas sobre a suspensão dos repasses, Bolsonaro disse que "O Brasil não precisa disso".

"Ela [Alemanha] não vai mais comprar a Amazónia, vai deixar de comprar a prestações a Amazónia. Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso", disse o presidente.

Porque já é imparável a morte da Democracia


Miguel Graça Moura | Diário de Notícias | opinião

Já o escrevi outras vezes, mas dá jeito repeti-lo porque se trata de um silogismo simples: 1) a democracia pressupõe liberdade; 2) a liberdade pressupõe conhecimento e cultura; logo, 3) a democracia pressupõe conhecimento e cultura. Não é elitismo: é assim mesmo, e não há volta a dar.

A chave está na alínea 2) do silogismo: de facto, só com conhecimento e cultura é que posso fazer escolhas livres e informadas, porque possuirei instrumentos de análise e de crítica que me permitam separar o trigo do joio, e saber se, ou até que ponto, estou a ser enganado/ influenciado/ condicionado nas minhas escolhas - o que em política é determinante.

Ora, é aqui que "a porca torce o rabo". O que vou dizer a seguir incomodará muita gente, mas corresponde exactamente ao que penso sobre o assunto e ao que penso que a realidade mostra cada vez mais, todos os dias. E o que nos mostra ela? Que a ignorância generalizada cresce e se espalha a um ritmo assustador - e em particular no domínio mais essencial à democracia: a comunicação.

A maioria dos jovens já não lê livros, e muito poucos lêem jornais (e quando o fazem é no telemóvel, em cujo ecrã pouco mais cabem do que os títulos: o texto fica muito pequenino e é uma chatice estar a aumentá-lo e corrê-lo com os dedos para poder ler um texto completo); e "informam-se" nas redes sociais - o mais poderoso veículo de propagação de falsidades e distorções da realidade que alguma vez conhecemos desde a invenção da escrita.

Grevistas ameaçam desobediência: Sem serviços mínimos será o caos em Portugal


A partir das 8 horas desta manhã trazemos ao PG a descrição da situação da chamada crise energética por via dos motoristas de transporte de matérias perigosas dos combustíveis em greve.

Neste momento, pouco mais das 10 horas da manhã, podemos dizer que a situação é normal dentro da anormalidade mas está já confirmado que o sindicato ordenou a suspensão dos serviços mínimos. No Jornal de Notícias pode inteirar-se sobre a situação ao minuto, de onde extraímos parcialmente informação que encontrará a seguir.

Certo é que a negação à prestação dos serviços mínimos vai acontecer e uma vez decretada a requisição civil pelo governo os motoristas incorrerão em crime de desobediência. Porque o “ruído” (boatos) à volta deste assunto é enorme aconselhamos a que filtrem com incidência as informações que a média nos faculta e saibam esperar as devidas confirmações ou desmentidos.

Redação PG

Motoristas vão deixar de cumprir serviços mínimos

A greve que arrancou esta segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM).

Antram rejeita subornos e pede afastamento de Pardal Henriques (09.52)

A Antram rejeitou ter subornado motoristas de matérias perigosas para furarem a greve, tendo o porta-voz da associação acusado o sindicato nacional dos motoristas de mentir descaradamente.

O advogado e porta-voz do sindicato nacional dos motoristas, Pardal Henriques, disse hoje de manhã que a Antram subornou os primeiros motoristas que saíram de Aveiras de Cima, Lisboa, para iniciarem funções no primeiro dia de greve.

"Este representante [Pardal Henriques] tem uma agenda pessoal e tem de sair imediatamente deste conflito porque nunca será possível chegar acordo com quem procura o conflito", referiu André Matias.

Segundo este representante da associação patronal, o sindicato "alimenta-se e vive do conflito", única situação que considera justificar uma greve em 2019 "relativamente a reivindicações para 2021 e 2022".

Polícia, aplausos e grevistas a trabalhar. Imagens de uma greve sem fim marcado (09.46)

Um motorista escalado para os serviços mínimos recusou-se a trabalhar e foi aplaudido e abraçado pelos colegas em greve presentes na Companhia Logística de Combustíveis (CLC), em Aveiras.

Pelas 8.45 horas, eram já mais de 20 os camiões de abastecimento que tinham partido desta central, a maioria com destino ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

Alguns circulam lentamente, em protesto, apesar da escolta da GNR. 

Além destes militares, estão ainda de prevenção na CLC elementos das Forças Armadas.

Serviços mínimos vão deixar de ser cumpridos

"Vamos deixar de cumprir os serviços mínimos", disse ao jornalistas o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, em Aveiras, concelho da Azambuja, distrito de Lisboa.

Pardal Henriques acusou o Governo e as empresas de não estarem a respeitar o direito à greve.

"Os trabalhadores estão a ser subornados. Há polícia e Exército a escoltar os camiões. Não foi o sindicato que quebrou os serviços mínimos, mas sim as empresas e o Governo que violaram o direito à greve.

Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de esta medida provocar a requisição civil, o vice-presidente do sindicato diz que na prática isso já está a ocorrer.

Mais de 430 postos sem combustível às 8.30 horas desta segunda-feira

Mais de 430 postos de combustível de Portugal estavam, cerca das 9 horas, sem gasolina ou gasóleo, o que representa 15% do total de postos do país, de acordo com informação divulgada pelo site "Já não dá para abastecer".

Segundo esta fonte, há 435 postos no país sem qualquer combustível, enquanto 394 têm só algum tipo de combustível, gasolina ou gasóleo.

A maior parte (71%) do total dos 2.928 ainda tem, segundo este "site", combustível para normal abastecimento.

O "site" foi criado em conjunto pelo Waze e pela rede Vost Portugal (Voluntários Digitais Em Situações de Emergência) para criar um site especial, onde é possível consultar os locais onde há - ou já não há - gasolina ou gasóleo.

Os consumidores podem colaborar na partilha de informação, através de um questionário onde informam quais os postos que encerraram por falta de combustível.

Os primeiros camiões que estão cumprir serviços mínimos começaram a sair da refinaria de Leça, em Matosinhos.

Saiba onde e quanto pode abastecer durante a greve

O mapa da Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) abrange 54 postos prioritários e 320 postos de acesso público, nos quais o volume máximo permitido é de 15 litros.

Portugal | O que querem afinal os motoristas? As cinco razões para a greve mais temida


A greve que ninguém desejava - nem mesmo os sindicatos que a convocaram - vai mesmo acontecer. Por causa dos aumentos salariais? Sim e não. A paralisação que está a deixar os portugueses à beira de um ataque de nervos, e que ameaça seriamente a economia portuguesa, não se prende apenas com rendimentos. Os que afasta os motoristas das empresas de transportes para quem trabalham vai muito para além disso. É o próprio vice-presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques que o assume: "Há muito mais do que o salário em causa. Há os direitos dos trabalhadores, a não-valorização salarial durante 20 anos. Não é só o salário-base e a greve. Há que perguntar porque é que se chegou aqui."

Foi exatamente essa a pergunta que a TSF colocou para expor os fatores e as reivindicações que estão por detrás desta greve.

1. Serem aumentados nos próximos dois anos

A motivação mais óbvia desta greve anunciada pelos motoristas são os salários. Os sindicatos exigem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022, o que com os prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros em janeiro de 2021 e 1.715 euros em janeiro de 2022. O aumento relativo ao próximo ano foi negociado e fechado nos 70 euros, no que diz respeito ao salário-base (dos 630 passou para os 700 euros), mais prémios, de 55 euros. A estes 125 euros, soma-se um novo subsídio de operações para os motoristas de matérias perigosas de outros 125 euros.

A nova remuneração (que acresce 250 euros à tabela anterior) decorre da greve de abril, mas, embalados no espírito que a liberdade desse mês trouxe aos motoristas de matérias perigosas, abril passou a ser um agosto de exigências para os dois (não mais) anos subsequentes.

Esta aprovação viria pôr fim, de acordo com Pardal Henriques, a "duas décadas de não-valorização salarial".

2. Um novo contrato coletivo de trabalho

Mas há mais "vida" nesta greve dos motoristas para além dos salários. O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) reivindica um novo contrato coletivo de trabalho com um prazo mais estendido. A ideia é passar dos dois anos para os seis, em que já vigorem novas alterações das condições laborais e em que, como já referido, "sejam estipulados 'a priori' aumentos de 50 euros de ano para ano a partir de 2021".

A proposta - adiantou Pardal Henriques - vai mais além: aumentar o salário base dos motoristas para mil euros até 2025, com indexação ao crescimento do salário mínimo nacional, o que permitiria "um prazo mais dilatado, para que as empresas possam cumprir com aquilo que ficar estabelecido no CCT e para que haja a paz social que o país necessita".

3. Um protesto que também é contra a União Europeia

A esta greve dos motoristas, ninguém escapa. Nem patrões, nem governo, nem a política europeia. Na lista de reivindicações está também a legislação pré-aprovada no Conselho Europeu em matéria de tempos de trabalho e descanso semanal, com uma limitação de horas e o seu pagamento integral. De acordo com o Sindicato de Motoristas de Matérias Perigosas, estes profissionais trabalham entre 15 e 18 horas por dia e, a esta altura, já esgotaram as 200 horas suplementares do ano.

O próprio Marcelo Rebelo de Sousa, no lugar do pendura a bordo de um veículo de pesados, em janeiro , reconhecia que esta atividade profissional era "de desgaste rápido", depois de ouvir as queixas da classe.

4. A carga pronta e... alguém que a descarregue

A vontade dos motoristas em voltar a parar o país já germinava, quando o Presidente da República apanhou boleia com eles, numa tentativa de apaziguar os ânimos. E um dos motivos tinha, já na altura, a ver com a controversa questão das cargas e descargas.

Os motoristas entendem que este é um aspeto que carece de regulação, que deveria ser garantido e que, de certa forma, até já está previsto no contrato coletivo de trabalho. Mas o sindicato lembra que "sobre o motorista não recai qualquer dever de fazer operações de cargas e descargas de mercadorias, com exceção das situações excecionadas na contratação coletiva", pode ler-se no documento disponibilizado publicamente. São precisamente estas situações extraordinárias que os motoristas pretendem ver esclarecidas, com clarificação absoluta da não-obrigatoriedade de realizar estas tarefas.

5. Seguros e exames médicos

Outra das reivindicações que está em cima da mesa prende-se com o aumento do valor dos seguros e com a exigência de exames médicos suportados pelo patronato, bem como o valor das ajudas de custo.

Para os motoristas de matérias perigosas, a especificidade do exercício da sua atividade requer uma formação especial com certificação ADR para movimentar estas substâncias, mas a categoria profissional a que estão alocados é a de "motoristas de pesados".

Fora da mesa de negociações, pelo menos para já, está o limite da idade ativa. A idade máxima desta profissão "de desgaste rápido" voltou a fixar-se, em maio de 2018, nos 65 anos (baliza que estava prevista antes do decreto-lei n.º 40/2016 de 29 de julho, que estabelecia os 67 como a linha final para esta ocupação).

O que também não consta do caderno de reivindicações, mas começou a ser considerado pela ANTRAM como um dos motivos ocultos desta luta, é a possível agenda política de Pardal Henriques, presumível, mas ainda não confirmado pelo próprio, candidato pelo Partido Democrático Republicano (PDR) às eleições legislativas. O advogado e vice-presidente do SNNMP foi associado às listas do PDR, primeiramente pelo Diário de Notícias, que avançava ainda, nesta investigação , a ligação de Pardal Henriques à mais antiga e influente obediência maçónica portuguesa, o Grande Oriente Lusitano.

Catarina Maldonado Vasconcelos | TSF

Nota PG: Sobre o convite de Marinho e Pinto (PDR) para Pardal Henriques aceitar eventual agenda político-partidária concorrendo às muito próximas eleições legislativas como cabeça de lista daquele partido sugerimos que leia o título publicado no PG há dois dias:

Greve | Serviços mínimos? Camiões com combustível só entram ao trabalho a partir das 8h


Os primeiros camiões-cisterna para o cumprimento dos serviços mínimos no âmbito da greve que começou esta segunda-feira deverão sair de Aveiras de Cima a partir das 8h00, adiantou o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas.

“Os trabalhadores receberam um SMS das empresas para iniciarem funções só a partir das 8h00. Portanto, a partir dessa hora saem daqui [CLC - Companhia Logística de Combustíveis] e das sedes das empresas", referiu à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Francisco São Bento.

No entanto, o sindicalista queixou-se de que o sindicato ainda não recebeu da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) a listagem dos serviços mínimos a efetuar.

Os motoristas de matérias perigosas e de mercadorias iniciaram às 0h00 desta segunda-feira, uma greve por tempo indeterminado.

Mais de uma centena de motoristas continuam concentrados em piquete de greve na sede da CLC - Companhia Logística de Combustíveis, em Aveiras de Cima, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa,

A 15 de julho, o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) e o SNMMP entregaram um pré-aviso de greve e no sábado, após a realização de um plenário conjunto, decidiram manter a paralisação, na sequência de negociações infrutíferas nas últimas semanas com a Antram sobre progressões salariais.

Durante as primeiras horas do dia, o executivo liderado por António Costa irá avaliar o cumprimento dos serviços mínimos decretados, que variam entre os 50% e os 100%, e está preparado para aprovar, através de Conselho de Ministros eletrónico, a requisição civil.

O primeiro-ministro advertiu, no domingo, que as forças de segurança foram instruídas para assegurar o "devido sancionamento" em caso de incumprimento de uma eventual requisição civil, apelando para que impere o "bom senso".

O centro de coordenação operacional da Proteção Civil está desde domingo a avaliar duas vezes por dia quais as necessidades de resposta no âmbito do planeamento civil de emergência, face à greve dos motoristas.

Portugal está, desde sábado e até às 23h59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação, o que permitiu a constituição de uma Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.

TSF | Lusa | Foto: Luís Forra/Lusa

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