sábado, 26 de outubro de 2019

Hong Kong | "Um ovo a tentar partir uma rocha"


A simpatia inicial da opinião pública chinesa para com as aspirações democráticas de Hong Kong desvaneceu-se com o aumento de violência e destruição com a imprensa estatal chinesa a descrever os protestos como anti-China.

Do apartamento de Tian Qing, ainda é possível vislumbrar lá ao longe os Novos Territórios de Hong Kong mas visitar a região vizinha não está nos planos da residente de Shenzhen. "O Governo [de Hong Kong] não consegue garantir a nossa segurança, por isso tenho um pouco de receio", admite a jovem, que teve o primeiro filho há poucos meses.

Os protestos pró-democracia em Hong Kong, que começaram em junho, têm afetado a economia da cidade, com particular impacto no turismo. Em agosto o número de visitantes diminui quase 40 por cento, a maior queda anual em mais de uma década. Na semana passada, Wang Ping, presidente da Câmara de Turismo da China disse que "90 por cento dos trabalhadores do turismo perderam o emprego ou rendimento" em Hong Kong.

Mesmo Lorie Yuan, que estudou e trabalhou oito anos em Hong Kong antes de regressar à terra natal, Xangai, admite que atualmente não escolheria ir para uma cidade onde os atos de violência contra a polícia e vandalismo contra empresas consideradas apoiantes do Partido Comunista têm lugar com regularidade.

"A estratégia do movimento transmitiu às pessoas do Continente que as de Hong Kong se acham melhores", refere Tom Hollihan, professor da Universidade do Sul da Califórnia (USC, na sigla inglesa).

"Os naturais de Hong Kong são xenófobos e descriminam as pessoas do Continente," reforça Duan Zhe. O gestor sénior de investimentos do Fundo ZBJ, com sede em Chongqing, diz que o sentimento de superioridade surge também noutras metrópoles, mas "acaba por se concentrar e exprimir-se de forma intensa" em Hong Kong por ser uma região administrativa especial.

China | Os cemitérios densos, sobrelotados e verticais de Hong Kong


É difícil viver em Hong Kong, mas como será morrer? A série Dead Space, do fotógrafo britânico Finbarr Fallon, revela uma realidade única: a dos densos cemitérios verticais da região administrativa especial chinesa.

Hong Kong tem pouco mais de mil quilómetros quadrados e uma população superior a sete milhões de pessoas. Portugal é 93 vezes maior e conta com apenas mais três milhões de habitantes. Na região administrativa especial chinesa, o espaço é limitado e a construção em altura é já vista como uma tradição. É difícil viver na sobrelotada Hong Kong, que desde há quatro meses atravessa um período particularmente tumultuoso, com protestos regulares a reivindicar mais liberdade democrática. Mas como será morrer?

"A extrema densidade e verticalidade são características distintivas de Hong Kong", refere o fotógrafo britânico Finbarr Fallon, em entrevista ao P3, autor da série Dead Space. "Eu achei fascinante que essas se aplicassem tanto ao mundo dos vivos como dos mortos." Os cemitérios ocupam, por norma, as encostas das íngremes montanhas que se encontram junto à costa. O mapa desta necrogeografia obedece a regras de natureza prática e espiritual, aplicando-se as normas do feng shui chinês. Os jazigos estão distribuídos por camadas que respeitam, rigorosamente, a orografia do local, como é possível ver nas imagens.

"O ritmo visual das lápides, que ondulam sobre os socalcos, é sereno, mas inquieto", descreve o fotógrafo de arquitectura e designer, referindo-se à "monumentalidade sublime" do cemitério de Chai Wan, que lhe roubou o fôlego à primeira vista. "A primeira vez que o vi foi durante uma caminhada", relembra. Era o ano de 2015. "A escala desse cemitério era diferente de tudo o que tinha visto até então. Por isso, acabei por explorar vários cemitérios sempre que visitava Hong Kong." O périplo durou cinco anos.

Ao realizar este projecto com recurso a teleobjectivas, o autor quis mostrar que "a morte é uma força motriz no que toca a morfologia urbana". "Imortalizar pessoas que estão mortas pode significar que essas têm o poder de alterar a paisagem onde os vivos permanecem, de tal forma que podem ter mais influência sobre a morfologia de uma cidade do que quando estavam vivos", observa Finbarr. As imagens em que combina os arranha-céus dos vivos com as grandes moradias dos mortos tornam essa ideia mais tangível.

Os jazigos que se encontram nestes cemitérios verticais podem ser extremamente caros, refere o fotógrafo; o preço do metro quadrado de espaço num cemitério em Hong Kong suplanta o do mercado imobiliário. "Por estarem fora do leque de possibilidades da maioria, o governo local encoraja as cremações e o uso de columbários." Finbarr Fallon realizou, recentemente, a série Flora Phantasmagoria, que esteve em exposição no Museu Nacional de Singapura, em que retrata esta cidade de forma surrealista de Singapura com recurso a tecnologia de infravermelhos.

Ana Marques Maia | Público

Moçambique | Dívidas Ocultas: Contabilista analisa transferências ilegais nos EUA


A norte-americana Wendy Spaulding analisou transferências bancárias ilegais de centenas de milhões de dólares no território dos EUA relativas a empresas moçambicanas, arguidos e conspiradores.

A segunda testemunha no julgamento de Nova Iorque sobre as dívidas ocultas de Moçambique disse nesta sexta-feira (25.10) ter analisado transferências bancárias ilegais de centenas de milhões de dólares no território dos Estados Unidos relativas a empresas moçambicanas, arguidos e conspiradores.

A contabilista norte-americana Wendy Spaulding foi paga pelo Governo federal dos EUA para conduzir um estudo independente de dezenas de documentos - desde 'e-mails', registos de contas bancárias, mensagens 'swift' e registos dos bancos Bank of New York Mellon (BNY Mellon) e JP Morgan.

Os documentos analisados foram transformados em provas para serem expostos em julgamento pelos procuradores. Todas as transações demonstradas pelos procuradores passaram pelos Estados Unidos da América e envolveram cerca de 10 instituições bancárias e múltiplas contas para despistar os números.

Moçambique | CNE aprova resultados que dão vitória à FRELIMO


Comissão Nacional de Eleições de Moçambique aprovou os resultados eleitorais que dão vitória à FRELIMO e ao Presidente Filipe Nyusi. Foram nove votos a favor e oito contra.

Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique aprovou nesta sexta-feira (25.10) - com nove votos a favor e oito contra - os resultados das eleições da última semana, com vitória da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e do Presidente Filipe Nyusi.

Os oito membros que votaram contra, que incluem partidos da oposição e algumas organizações da sociedade civil, referem numa declaração de voto que os resultados "foram produzidos" por "presidentes e vice-presidentes de mesas de voto e outros elementos nocivos à verdade eleitoral", escolhidos à margem das regras.

"Rejeitamos estes resultados porque os mesmos não refletem fielmente a vontade popular", escrevem.

O documento sustenta que, "através de vários expedientes e manobras inconstitucionais e ilegais, a CNE continua a não ter a possibilidade real de cumprir com as suas obrigações, sendo por isso incapaz de garantir um processo eleitoral justo e cujos resultados sejam aceites por todos", lê-se na declaração divulgada na internet pelo Centro de Integridade Pública (CIP), organização não-governamental moçambicana que fez observação eleitoral.

Angola | Que recado quis passar Moscovo ao convidar Isabel dos Santos para Sochi?


Juntar o Presidente de Angola, João Lourenço, e a empresária Isabel dos Santos no mesmo evento "cheira a provocação", diz especialista em relações Rússia-PALOP. Tencionará Moscovo projetar a cidadã russo-angolana?

Terminou na quinta-feira (24.10) a cimeira Rússia-África, em Sochi, um evento em que estiveram o Presidente angolano, João Lourenço, e a filha do seu antecessor, a empresária Isabel dos Santos.

A presença dos dois no mesmo evento gerou controvérsia. Isabel dos Santos foi afastada da presidência da petrolífera estatal angolana, a Sonangol, pouco depois de João Lourenço tomar posse. E outros investimentos de grande envergadura no país também lhe foram retirados. O Presidente chegou a acusar a empresária de desencorajar o investimento no seu próprio país.

Os dois não são vistos extamente como "bons amigos". Sobre este caso, a DW África falou com José Milhazes, historiador e especialista sobre relações Rússia-PALOP.

DW África: Qual terá sido a intenção de Moscovo ao juntar os dois na mesma cimeira?

José Milhazes (JM): Nesse caso, Moscovo não esquece os amigos. Primeiro, quero lembrar uma coisa: Isabel dos Santos é russa, não é só angolana. Por parte da mãe, é russa. E deve ser a russa que mais fez pela entrada da Rússia em África. Agora, efetivamente, cheira um bocadinho a provocação o facto disso ser feito no momento em que o Presidente angolano está na Rússia. Mas penso que isto foi realizado porque o Presidente angolano não se manifestou contra, porque se se quisesse manifestar contra não iria à cimeira ou daria a entender... Mas quem cala, consente, como se costuma dizer.

Polícia angolana reprime mais de 200 estudantes


Estudantes e ativistas manifestavam-se contra a pretensão do Governo de cobrar propinas no ensino superior regular a partir de 2020. A manifestação "Propina Não" juntou mais de duas centenas de jovens em Luanda.

A polícia angolana dispersou neste sábado (26.10) com bombas de gás lacrimogéneo mais de 200 estudantes e ativistas que se manifestavam, em Luanda, contra a pretensão do Governo de cobrar propinas no ensino superior regular, a partir de 2020.

A manifestação "Propina Not" ou "Propina Não" juntou no Largo das Heroínas mais de duas centenas de jovens, que empunhados de cartazes repudiavam a intenção do Governo angolano em passar a cobrar propinas no ensino universitário.

"Os pobres não devem pagar pela má gestão dos recursos públicos do país", "não temos dinheiro para pagar as propinas", "não fomos nós quem saqueou o país" e "diga não à elitização do ensino superior", lia-se nos cartazes dos manifestantes.

Depois de marcharem um quilómetro e sob acompanhamento da polícia nacional, os manifestantes "insurgirem-se contra os efetivos" da corporação, precisamente no largo 1º de Maio, centro de Luanda, por alegadamente ter "invertido o percurso da marcha".

Guiné-Bissau | Polícia usa gás lacrimogéneo para reprimir manifestação


A polícia guineense dispersou hoje (26.10) uma tentativa de manifestação da oposição, majoritariamente, que questiona o processo eleitoral. Um homem morreu durante a manifestação não autorizada na capital guineense.

Na Guiné-Bissau, a polícia dispersou com recurso a gás lacrimogéneo uma tentativa de manifestação em Bissau organizada por vários partidos da oposição e apoiantes de dois candidatos independentes às eleições presidenciais de 24 de novembro. Segundo informou a agência de notícias Lusa, um homem morreu durante a manifestação em Bissau.

O incidente, que envolveu milhares de pessoas, ocorreu na Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, que liga o centro da cidade de Bissau ao aeroporto. A circulação automóvel está interrompida numa das faixas de rodagem, junto à sede do PRS, e a polícia continua a dispersar manifestantes nas ruas paralelas à avenida. 

A manifestação, proibida pelo Governo, foi organizada pelo Partido da Renovação Social (PRS), Movimento pela Alternância Democrática (MADEM-G15) e Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático Guiné-Bissau (APU-PDGB) para reclamar da forma como estão a ser organizadas as eleições presidenciais, marcadas para 24 de novembro.  

DE MUITO GORDA, A PORCA JÁ NÃO ANDA


O fantasma da próxima crise penetra os salões do FMI. Ex-governador do Banco da Inglaterra avisa à seleta plateia: agora, será bem pior — porque a ganância e a soberba dos mercados bloquearam as alternativas políticas

Larry Elliott | Outras Palavras | Imagens: Marcos Guardiola Martin, Maguma, Deus do Dinheiro

A economia global caminha, como um sonâmbulo, rumo a uma crise financeira e económica que terá consequências devastadoras para o sistema de mercado, segundo Mervyn King, um ex-governador do Banco da Inglaterra (2003-13), hoje membro da Câmara dos Lordes do Reino Unido. King, ocupante do posto durante a grande crise global de 2008, que quase levou o sistema bancário à morte, afirmou que a resistência a um novo pensamento económico leva à conjuração de uma nova situação caótica, semelhante à daquele período.

Numa palestra em Washington, durante o encontro anual do FMI (14 a 20/10), ele afirmou que não houve nenhum questionamento essencial às ideias que levaram à crise, há uma década. “Outro abalo económico e financeiro seria devastador para a legitimidade de um sistema de mercado”, afirmou. “Quando nos aferramos à nova ortodoxia da política monetária e fingimos que tornamos o sistema bancário seguro, estamos caminhando, adormecidos, rumo àquela crise”.

King acrescentou que os EUA sofrerão um “armagedon financeiro”, se seu banco central – o Federal Reserve – não tiver o necessário poder de fogo para combater um episódio similar à liquidação do mercado de títulos podres relacionados a hipotecas.

Ao contrário do que acontece agora, argumentou ele, após a Grande Depressão dos anos 1930 surgiu um novo pensamento e deu-se uma mudança intelectual. “Ninguém duvida que estamos vivendo um período de turbulências políticas. Mas não há questionamento comparável das políticas económicas subjacentes. Isso precisa mudar”, disse ele.

O ex-governador do Banco da Inglaterra afirmou que raras vezes houve um clima económico e político tão pesado, citando a guerra económica entre EUA e China, os motins em Hong Kong, os problemas em países-chave como Argentina e Turquia, as tensões crescentes entre a França e a Alemanha a respeito do futuro do euro e o conflito político interno, cada vez mais ácido, nos EUA.

Pode o imperialismo alemão substituir o dos Estados Unidos?


A Ministra da Defesa alemã e Presidente da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, apanhou de surpresa os seus parceiros e aliados ao propor, em 21 de Outubro de 2019, a colocação de uma força militar internacional na Síria. Só a sua mentora, a Chancelerina Angela Merkel, estava ao corrente e de imediato a apoiou.

Esse anúncio mal preparado deu lugar a declarações contraditórias: qual seria a sua legalidade? Seria uma iniciativa da União Europeia, da OTAN ou da ONU? Interpor-se-ia a Força entre os Turcos e os Curdos ou entre os Turcos e os Sírios?

Parece que após o Conselho Franco-Alemão de Defesa e Segurança de 16 de Outubro [1], a Alemanha havia decidido retomar o velho projecto enunciado no livro New Power, New Responsability. Elements of a German foreign and security policy for a changing world (Novo Poder, Nova Responsabilidade. Elementos de uma política externa e de segurança alemã para um mundo em mudança) [2]. Este documento preconiza que a OTAN delegue a gestão da Ásia Central, do Médio-Oriente e do Norte de África à União Europeia, sob liderança alemã. Esta estratégia foi discretamente inserida, em 2016, por Ursula von der Leyen no Livro Branco (Das Weißbuch-ndT) da Bundeswehr [3]. Uma outra próxima de Angela Merkel, a Srª von der Leyen, tornou-se Presidente da Comissão Europeia, onde coloca pessoal muito alemão.

A proposta de destacamento militar para a Síria, no entanto, está já obsoleta após o acordo russo-turco do dia seguinte, 22 de Outubro [4]. No entanto, ele indica a vontade de certas elites europeias em se apoderarem do papel imperial ao qual Washington está em vias de renunciar.

Voltaire.net.org | Tradução Alva

Portugal | Elites e subdesenvolvimento


Manuel Carvalho Da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Durão Barroso afirmou, no passado dia 22, no congresso da CIP, que "as elites em Portugal não têm estado à altura" da resiliência do povo. O que são elites? Um grupo que integra os melhores, os mais poderosos, os mais ricos?

Existem nuances na identificação do grupo conforme o utilizador da designação ou o tipo de questões e objetivos que se querem referenciar. De qualquer modo, está sempre em causa um grupo de indivíduos que assume tal epíteto qualitativo como significando detenção de poder e superioridade em tudo face ao comum dos mortais.

Na esmagadora maioria, os membros das elites frequentam as mesmas escolas e espaços de socialização e assumem-se como predestinados para o exercício do poder. Entendem que ao povo deve parecer natural que estejam sempre no topo. Mesmo que pratiquem gestão danosa de empresas ou bancos, ou cometam crimes políticos, têm direito a prémios de milhões ou a grandes tachos como acontece com Barroso. Trata-se de uma parcela muito decantada de uma classe social. São pessoas que têm sempre muitos negócios entre si, que se movem nos mesmos resorts e voam pelo Mundo em executiva ou em jatinhos, ou ainda em barcos privativos.

As elites também atravessam crises existenciais, que podem comprometer a sua reprodução como subespécie. Um sinal desses estados de crise são as ocasionais autocríticas, indispensáveis para as lavagens da face perante a sociedade.

As mil famílias mais ricas do país - a elite do capital - pagam aproximadamente 0,5% do global de receitas do IRS, quando, se seguissem as práticas comuns em países desenvolvidos, deveriam pagar 20 a 25%. São um grupo altamente qualificado na fuga fiscal e na arte de fintar as leis, quando não de as fabricar em articulação com a elite dos grandes escritórios de advogados.

Portugal | NOVO GOVERNO ESTÁ A TOMAR POSSE, AGORA


E ao vigésimo dia, o Governo toma posse

O novo Executivo de António Costa toma posse este sábado, às 10h30, no Palácio da Ajuda. Siga aqui em direto

O novo Governo de António Costa é o maior dos últimos 45 anos. O próximo Executivo conta com 19 ministros e 50 secretários de Estado: 70 membros, no total.

Quem vai governar Portugal? Conheça todos os ministros do novo Executivo

São cinco novos ministros, oito ministras e um Governo que espera passar os próximos quatros anos à frente dos destinos do país. Conheça aqui a lista.

UE insiste em restringir as opções de Portugal


O Governo ainda em funções recebeu da UE um pedido para actualizar o projecto orçamental para 2020 «tão cedo quanto possível», para que o coloque em linha com os garrotes das regras orçamentais europeias.

AbrilAbril | editorial

Não fosse haver ideias de, no próximo ano, serem definidas medidas orçamentais que fossem colocar o desenvolvimento do País e as populações como prioridades absolutas, a Comissão Europeia (CE) veio, terça-feira, instar o Governo a apresentar um plano orçamental à medida das limitações comunitárias.

Uma semana após o envio pelo Governo do projecto de plano orçamental para Bruxelas, foi hoje enviada ao ministro das Finanças uma carta que exige o seu rápido reenvio com alterações que correspondam às regras da União Europeia (UE) em matéria de saldo estrutural e de dívida pública. Mais uma vez procuram-se impor limitações e constrangimentos orçamentais que impedem, entre outras questões, o aprofundar do investimento público em múltiplos sectores.

Os arautos do que deve ser um bom orçamento entendem que o projecto enviado não estará em linha com as exigências da política orçamental definida pela recomendação do Conselho Europeu de 9 de Julho passado.

Os comissários e autores da carta (Valdis Dombrovskis, vice-presidente responsável pelo Euro, e Pierre Moscovici, dos Assuntos Económicos e Financeiros) dizem compreender que o projecto enviado apenas inclua «medidas que o Governo já adoptou até à data, sem novas medidas planeadas para 2020», mas não deixam de dar um puxão de orelhas ao Executivo pelo facto de este prever um crescimento da despesa pública na ordem dos 3,9% o qual, segundo os mesmos, «excede o aumento máximo recomendado de 1,5%».

A UE mata-nos a foice! E o martelo! Só nos resta a clandestinidade



Um texto indignado e irónico acerca da iníqua resolução anticomunista recentemente aprovada no Parlamento Europeu. Haverá ainda muito mais a dizer sobre esta matéria e sobre as enormes ameaças que comporta. Desde já, registar que a grande maioria dos deputados portugueses no PE votou a favor. E dois outros votos merecem um sublinhado: um, a abstenção de Manuel Pizarro do PS, num grupo que votou em peso a favor; outro a abstenção de José Gusmão do BE, num grupo que votou em peso contra.

O Parlamento de Bruxelas pôs em marcha a Europa Nova e “anti totalitária”. Vamos descolar o Affiche Rouge, destruir no cemitério de Ivry o monumento dedicado a Manoukian e seus amigos da MOI, espancar Aragon e Ferré. Só depois viveremos em liberdade.

Em breve, em qualquer caso o mais rapidamente possível, o Palais du Luxembourg mudará o nome para “Espace Gérard Larcher”. É garantido. Não me pediram a opinião, mas concordo. A República Francesa não pode continuar a ter uma alta assembleia que que congrega os seus sábios, certamente sob dourados, mas num lugar que evoca Rosa Luxemburg. Se a notícia vos surpreende, pior ainda para a defunta praça do Vieux Marché em Rouen, é que passaram em claro um importante degrau na escada da informação, de quebra-costas porque sem rampa. Ignoram então que, em 19 de Setembro passado, o elegíaco Parlamento Europeu, que nos guia tão apropriadamente, votou um texto a fim de estabelecer desde agora que o comunismo e nazismo são a mesma coisa [Veja abaixo o link para texto completo. LGS]. Como sinto um momento de agitação no aperto da mandíbula e a polícia está ocupada a disparar LBDs contra pessoas inocentes, infiltro-me num último espaço de liberdade para levantar o dedo e dizer: “Estranho que as pessoas que amontoaram vinte e cinco milhões de cadáveres para derrotar os nazis e de caminho para nos libertar, sejam colocados no mesmo mausoléu que o monstruoso cabo e seus amigos exterminadores “… Os tempos são estranhos, surpreendentes e o ar cheira a verdete. Então, Stalingrado foi por diversão. Apenas um ajuste de contas entre fachos, como na faculdade de Assas nestes dias. E Yalta passa à borracha de apagar a história. Mas vamos facilmente reconstruir. Desta vez na ordem certa, e Eric Zemmour e seus amigos têm um plano.

Espanha | O tempo do ditador Franco finalmente acabou


Exumação do líder do regime brutal que dominou a Espanha por 36 anos é um ato simbólico potente. Não tornará fascistas em democratas, mas é um ponto de partida para a cura de feridas do passado, opina Cristina Burack.

Só agora, 44 anos após sua morte, Francisco Franco, líder de longa data da Espanha, está finalmente recebendo o reconhecimento nacional que merece: como general responsável pelo primeiro ataque aéreo intencional contra civis, em Guernica (com a ajuda da Luftwaffe de seu amigo Adolf Hitler), durante a brutal e sangrenta guerra civil de 1936-1939.

Como um carrasco que mandou sistematicamente executar centenas de milhares de seus opositores, no que o conceituado historiador Paul Preston denominou "o Holocausto espanhol". Como um ditador que esmagou a democracia no país durante os 36 anos de seu regime.

A exumação de Franco era mais do que urgente, num país que nunca fechou contas publicamente com seu passado autoritário. Francamente, é vergonhoso que tenha sido necessário tanto tempo para remover os restos mortais do tirano do mausoléu encimado por uma gigantesca cruz, no Vale dos Caídos, dominando as colinas das cercanias de Madrid.

Construído pelo desejo de Franco, em grande parte por trabalhadores forçados, para supostamente honrar os tombados durante a guerra civil, há muito o sítio se transformou em local de reunião para apoiantes do fascismo e da extrema direita. Não se trata, em absoluto, do local de reconciliação nacional que Franco alegara que seria, e que hoje em dia alguns políticos conservadores ainda afirmam ser.

O mausoléu tem sido apenas um doloroso insulto para os espanhóis cujos familiares (incluindo alguns dos meus) foram perseguidos por pensar diferente, falar livremente e combater as forças nacional-católicas de Franco, respaldadas pelo partido fascista espanhol. Em muitos casos, esses opositores foram sumariamente fuzilados e despejados em valas comuns, anónimos. Dezenas de milhares deles foram posteriormente desenterrados e sepultados no monumento.

Os possíveis cenários caso a UE aceite adiar o Brexit mais uma vez


Embaixadores do bloco concordam, em princípio, sobre necessidade de adiamento mas não sobre prazo. Entenda os três cenários mais prováveis no Reino Unido caso o prazo de saída do bloco seja novamente estendido.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ainda espera que os outros 27 chefes de Estado e de governo da UE se manifestem sobre se concordam ou não que o Brexit seja adiado. A decisão, originalmente esperada para a quarta-feira passada, foi adiada para a próxima semana.

Nesta sexta-feira (25/10), os embaixadores da UE concordaram, em princípio, sobre a necessidade de um adiamento mas não sobre seu prazo. Eles se reunirão novamente na próxima segunda ou terça-feira em Bruxelas. "Houve uma concordância geral sobre a necessidade de um adiamento", afirmou um funcionário da UE após o encontro dos embaixadores dos 27 outros membros da UE.

Sendo assim, embora seja praticamente certo que Bruxelas adiará de novo a data do Brexit, ainda é preciso decidir quanto tempo durará a prorrogação do prazo.

A própria porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, admitiu nesta sexta-feira ter havido um acordo sobre "o princípio de uma extensão" e que os responsáveis continuarão trabalhando no assunto nos próximos dias.

'Assange tem sintomas de vítima de tortura', diz ex-diplomata britânico


Craig Murray, ex-diplomata do Reino Unido, contou em entrevista à Sputnik Internacional sobre o estado de Julian Assange após vê-lo durante audiência em corte britânica.

Na última segunda-feira (21), o ativista e fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, foi levado a tribunal na Corte de Magistrados de Westminster em Londres, Reino Unido.

Um dos presentes era Craig Murray, ex-embaixador do Reino Unido e atual ativista em defesa dos direitos humanos. Em entrevista à Sputnik Internacional, Murray contou o que viu e falou sobre o estado físico e mental de Assange.

"Bom, eu fiquei muito chocado ao vê-lo na corte na segunda. A sua aparência mudou radicalmente. Ele envelheceu uns vinte anos desde a última vez que o vi há um ano. Eu percebi que ele perdeu uns 15 quilos ou mais, desde que entrou para a prisão de Belmarsh. Tudo isso em apenas poucos meses", afirmou Murray.

Além disso, o britânico também disse que Assange sofreu queda de cabelo e começou a mancar, coisa que antes não fazia.

Fora a deterioração de sua condição física, Assange apresentou problemas para expressar seus pensamentos assim como dizer seu nome e sua data de nascimento, de acordo com Murray.

"Quando ele tentou dizer alguma coisa no final, quando perguntado se ele entendia os procedimentos, Assange disse que não entendia muito bem o que estava acontecendo. Logo em seguida, ele tentou fazer uma declaração sobre a injustiça do processo e a falta de instrumentos para a elaboração de sua defesa, no entanto, ele não conseguia achar as palavras", afirmou Murray.

'França faz jogo duplo na Síria', diz especialista


Em entrevista à Sputnik França, o presidente do Instituto de Perspectivas de Segurança na Europa, Emmanuel Dupuy, comentou a política francesa na Síria.

Recentemente, o general francês Dominique Trinquand disse em entrevista que as forças francesas correm risco de cerco na Síria. As tropas de Paris teriam ficado em um beco sem saída após a saída de tropas americanas do norte sírio, o avanço das forças de Assad para a fronteira com a Turquia e a presença das forças de Ancara.

Para melhor compreensão do assunto, a Sputnik França entrevistou o presidente do Instituto de Perspectivas de Segurança na Europa, Emmanuel Dupuy.

Perguntado sobre os reais motivos de Paris manter a presença de Forças Especiais Francesas na Síria, Dupuy deixou claro que a França teria como objetivo central combater o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) e não impedir uma operação turca contra os curdos.

Além disso, Dupuy disse que, com a retirada das forças americanas do norte do país árabe, as posições de outros membros da OTAN ficaram em uma situação difícil.

"Eu tenho certeza que a França irá reposicionar suas tropas na Síria. Eu receio que devido à falta de suporte americano a França, tal como outros países com forças especiais, em particular a Alemanha, será forçada a realocar suas tropas", afirmou Dupuy.

A razão seria evitar um conflito direto com as forças da Turquia, outro país membro da OTAN.

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