Luiz Fernando Leal Padulla* | Pátria
Latina | opinião
A ditadura não bate à porta. Ela
já entrou sem precisar sequer invadir. Abriram as portas mesmo sob o aviso dos
riscos.
Policiais militares – filhotes
ressurgentes – invadindo escolas e agredindo covardemente alunos menores de idade,
fazendo jus ao passado ainda tão presente de um Estado policialesco e fascista.
Professores e professoras sendo
perseguidos por ensinar e educar!
Juiz (sic) que negocia cargo
político e age como inquisidor medieval contra a maior liderança política da
esquerda brasileira e mundial, julgando-o e condenando-o sem qualquer prova!
Não satisfeito com o apoio ao Golpe de 2016, continua sua perseguição e,
utilizando de seu posto frente ao Ministério da Justiça, solicita abertura de
inquérito contra Lula com base em uma estapafúrdia Lei de Segurança Nacional,
usada justamente nos anos de chumbo para perseguir inimigos políticos. Um
ministro (sic) tratado como herói por alienados, e que agora mostra-se
conivente com casos de corrupção e com milicianos – carinhosamente denominado
como “capanga da milícia”.
A ditadura quer calar aqueles que
ameaçam seus objetivos nefastos. Canalhas que vendem nossas riquezas ao capital
estrangeiro e que privatizam tudo, sem que o povo tenha condições de acessar
necessidades básicas. Privatizam e nos privam.
Pessoas estão sendo mortas quando
ameaçam o clã dos Bolsonaro. A ditadura é suja, desonesta, assassina. É assim
que a direita quer vencer, desrespeitando a democracia.
Quando incomodaram o tucano Aécio
Neves (o golpista mor), “suicidaram” o policial civil Lucas Arcanjo quando
denunciou o político por lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e até
associação com o narcotráfico internacional.
Não esqueçamos da modelo
Cristiane Aparecida Ferreira, que além de ter relações amorosas com várias
lideranças do PSDB, recebera milhões como “laranja” do mensalão tucano. A
modelo que sabia demais, e seu assassinato fora classificado como “crime
passional”. Mais uma queima de arquivo!
E quando investigados, nada de
punição…sigilo total nas investigações e arquivamento dos mesmos – mesmo com
provas robustas!
Agora mataram o miliciano Adriano
da Nóbrega, peça chave para desvendar o assassinato de Marielle Franco e sua
relação com o clã bolsonarista. Adriano, inclusive, fora homenageado por Flávio
Bolsonaro na pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em 2005, condecorado
com a medalha Tiradentes.
Uma morte brutal e suspeitíssima,
ainda mais quando se sabe que o deputado Eduardo Bolsonaro esteve na Bahia dois
dias antes, permanecendo até o dia da execução do miliciano. Mais um arquivo
eliminado.
A ditadura está aqui. Branda,
camuflada. Mas real. Tentam censurar vozes progressistas e nacionalistas.
Querem calar as denúncias contra os bandidos que tomaram de assalto nossa
democracia.
A ditadura critica a imprensa –
que é bom lembrar, teve grande parcela de culpa e conivência para a derrubada
de Dilma e pelo atual momento que (sobre)vivemos – que se vê cada vez mais
ameaçada e encurralada pela voracidade raivosa do analfabetismo político. Plantaram
a semente do autoritarismo, cultivaram e agora estão colhendo o bolsonarismo.
Bolsonarismo que ousa atacar
intelectuais e líderes religiosos que se pronunciam contrários às
arbitrariedades que estão promovendo, como o desmonte da cultura, da educação,
da ciência, da saúde.
Paralelamente, ignoram o que
realmente ocorre no país: alunos e alunas de movimentos estudantis sendo alvos
de grupos extremistas dentro das universidades, mortes de LGBTI+ crescendo em
ritmo acelerado, pobres e afrodescendentes encabeçando a lista de homicídios.
As minorias perdendo a já combalida força.
Motins de policiais militares
surgem em momento oportuno, justamente para clamar forças de segurança nacional
– militares – para manter a ordem. Milicos ganham espaço e se articulam.
Sem qualquer disfarce,
militarizam tudo – aparelham do Estado com milicos. O autoritarismo ganha
terreno. O que falta para reagirmos à altura?
Esperaremos o pior acontecer,
assistindo tudo passivamente enquanto o próprio presidente (sic) conclama seu gado
para o fechamento das instituições democráticas, dando nova maquiagem ao AI-5,
com a prática de um crime de responsabilidade extremamente grave?
O poema “É preciso agir” de
Bertold Brecht nunca fez tanto sentido…
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns
operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns
desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com
ninguém
Ninguém se importa comigo.
*Professor, Biólogo, Doutor em
Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação
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