COM O DEDO NA FERIDA
Martinho Júnior, Luanda
Dizia eu há um ano:
A guerra psicológica da NATO
contra Angola ao serviço dos interesses de exclusividade da hegemonia unipolar,
explora vários conteúdos, recorrendo a expedientes próprios, incluindo os de
índole ideológica, com vista a fazer reflectir manipulações que conduzem aos
fins em vista: no seu horizonte enquanto objectivo, estão os parâmetros dum
modelo condicionado de democracia que pretendem induzir no país alvo que é
Angola, com recurso a ingredientes de ordem económica, financeira,
jurídico-institucional e até administrativa trabalhados a partir da conexão
portuguesa explorando os fenómenos da lusofonia e da CPLP… (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/02/angola-na-ala-dos-namorados.html).
Um dos mais persistentes exemplos
dessa guerra psicológica é a avassaladora campanha que sistematicamente tira
partido dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977 em Angola com intensa emissão
de continuados sinais mensageiros em Portugal! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/06/a-guerra-psicologica-do-imperio-da.html).
De facto há um na sabia que
essa “campanha” em “soft power” iria inexoravelmente
continuar, por que ao império da hegemonia unipolar interessa continuar esse
lastro com as ementas “transversais” que não se tinham esgotado,
apesar da criatividade estratégica estar em falência…
De facto os reflexos estão super
condicionados!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2018/07/08/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/).
1- A campanha mediática
utilizando os acontecimentos sobre o 27 de Maio de 1977 em Angola, tem um
lastro bastante alargado com raízes elásticas que exploram na origem, todos
os “afins” dos processos dominantes que na época afrontavam as bases
cívico-militares e o início da implementação do Programa Maior do MPLA!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2017/09/um-longo-caminho-para-paz.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2019/05/reflexos-condicionados.html).
Na época Henry Kissinger perdeu
no terreno militar a guerra de “A CIA contra Angola” (conforme John
Stockwell – “Secret Wars of the CIA” – https://www.youtube.com/watch?v=bmYZ_kWHk3Q; http://www.addictedtowar.com/docs/stockwell.htm), mas
o que foi perdido no campo militar, condicionado ao espectro da derrota dos
Estados Unidos no Vietname, (algo que é preciso sempre lembrar – https://www.commondreams.org/views/2017/10/09/why-us-lost-vietnam-war),
não foi perdido no campo da luta inteligente, até por que os contenciosos “stay
behind” da NATO evidenciados por via do “Le Cercle”, do Exercício
Alcora, das capacidades inerentes ao golpe do 25 de Novembro de 1975 em
Portugal e do êxito da “glasnost global”, permitiram ir baralhando as
cartas e sucessivamente dar de novo, num jogo que, se não conseguiu evitar o
êxito do Programa Mínimo do MPLA, a longo prazo tudo tem feito para moldar o
seu Programa Maior em conformidade com um “processo democrático
representativo” de sua inteira feição!... (“Angola, 1975 to 1980s: The
Great Powers Poker Game” – William Blum – Killing Hope – https://williamblum.org/chapters/killing-hope/angola).
Cabe aos “soldados do MPLA”,
colocar “o dedo nesta ferida”, alertando os actuais militantes e
simpatizantes, até por que há que em termos de raiz levar em linha de conta
quem um dia fez juramento em situação decisiva de guerra e quem jamais o fez,
fosse em que circunstância fosse!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/11/angola-11-de-novembro-de-2019-martinho.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2016/03/marcos-dum-caminho-longo-em-comum.html; http://aveiro123.blogspot.com/2017/02/angola-provas-de-vida-nao-reconhecidas.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/11/cultura-indigena-no-mpla.html).
De “transversalidade” em “transversalidade”,
a campanha que condiciona a história do 27 de Maio de 2977 tem garantido sua
intensidade em geometria variável, com intervenções públicas concertadas e em
tempos escolhidos segundo um programa de oportunidades, sabendo de antemão que
havia que garantir que não houvessem contraditórios: banir contraditórios do
espectro do “afrontamento” faz parte do “segredo do negócio” e
nesse aspecto, conseguiu-se até fazer silenciar o MPLA que deu sequência ao
Partido do Trabalho, cada vez mais próximo da “glasnost global” e por
isso “transversalmente” mais moldável!... (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/03/angola-uma-constante-luta-pela-vida.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/eleicoes-em-angola-2012-ii.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2019/05/angola-bicesse-e-paz-que-estamos-com.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/a-paz-impoe-outra-percepcao-sobre.html).
2- Este ano e sempre com a
ausência de Moscovo, outro livro vai ser lançado numa Lisboa que jamais deixou
de comprovar ser vassala nos termos não mais dum “arco de governação” que
já fez época (em relação a Angola esse processo teve sua “coroa de glória” com
o 31 de Maio de 1991 em Bicesse), mas duma “geringonça” tisnada por
um “esquerdismo” canino, fiável à “voz do dono”, que agora é
capaz de recuperar (assimilação quantas pontes socioculturais e sociopolíticas
ela propicia) até os filhos d’algo do tempo colonial, os meninos da pequena e
média burguesia colonial que a partir da Universidade de Luanda polvilharam
todos os “esquerdismos radicais” que procuravam minar o MPLA segundo
as conveniências confessas ou não de Washington ainda que a coberto de
rótulos “maoistas” ou outros (como o do tão oportuno Enver Hoxha, ou
até do que subvertia o pensamento de Amílcar Cabral, desligando-o de sua acção
e do seu contexto)!... (https://pt.wikipedia.org/wiki/Enver_Hoxha; https://www.publico.pt/2000/02/05/jornal/angola-a-extremaesquerda-ha-25-anos-139607; http://paginaglobal.blogspot.com/2017/01/programa-soft-power-da-cia-contra.html).
Os filhos d’algo “esquerdistas
radicais” é claro que quer com o “arco de governação”, quer
especialmente com a “geringonça”, tiveram sempre refúgio, apoio e
incentivo em Lisboa (a versão do papel de Moscovo é para o cada vez mais
isolado e desacreditado José Milhazes, homem-de-mão da “glasnost global”).
(https://www.youtube.com/watch?v=EqmHI0lGc6U).
A “transversalidade” segundo
a linha de José Milhazes tem pernas curtas e começa a estar “queimada”,
pois em Moscovo as pistas humanas, se as houver, circunscrevem-se praticamente
à época e pouco mais e, para alimentar a campanha, é necessário um programa
para se irem lançando as correntes humanas “afins” ao 27 de Maio de
1977 em Angola, sempre com a garantia de jamais se socorrerem de
contraditórios. (https://librairie-portugaise.com/product/o-fim-da-extrema-esquerda-em-angola-como-o-mpla-dizimou-os-comites-amilcar-cabral-e-a-oca-1974-1980/).
Para Milhazes, Angola foi “o
princípio do fim para a URSS” (https://www.wook.pt/livro/angola-o-principio-do-fim-da-uniao-sovietica-jose-milhazes/2843196),
tal como para o Durão Barroso foi em Angola que se começou a derrubar o muro de
Berlim… algo que não é mera coincidência: foram escolhidos a dedo e têm na SIC
muitos pontos em comum! (https://www.voaportugues.com/a/a-38-2009-10-08-voa7-92247579/1256482.html; https://www.wook.pt/autor/jose-milhazes/1102589; https://reencontros-dinamc.blogspot.com/2012/12/durao-barroso-na-sic.html).
Os “esquerdismos radicais” do
âmbito da “glasnost global” são comprovadamente engenhosos, até por
razões de sobrevivência das épocas de antagonismos de grande intensidade, mas
no espectro duma IIIª Guerra Mundial tão geo estrategicamente movediça, acabam
por encontrar inusitados amparos que se adequam até ao seu estro: neste caso
concreto uma “cordial geringonça”, pródiga de “brandos costumes”, ávida
de expedientes de assimilação de natureza “transversal”, ou seja, aberta
aos “segredos do negócio” que suas escritas tão oportunamente
garantem se utilizados em programadas campanhas “democráticas” a fim
de moldar a história às conveniências dos processos dominantes, elitistas e
exclusivistas. (https://www.dw.com/pt-002/27-de-maio-de-1977-e-nito-alves-o-tabu-da-hist%C3%B3ria-de-angola/a-15925292; https://www.esquerda.net/topics/dossier-270-o-27-de-maio-de-1977-em-angola).
Esse tipo de manancial humano,
jamais parou de escrever, desde os tempos em que para minar o MPLA,
procuravam-no fazer recorrendo aos muito poucos “stencils” que havia
em Luanda que o MPLA à época estava longe de deter, até por que outras
preocupações se levantavam obrigando à acção operativa incessante e intensa… (http://novojornal.co.ao/opiniao/interior/as-malhas-que-a-revolucao-teceu-68034.html).
3- Em 2020 pelos vistos continuam
a escrever ou a intervir de forma engenhosa, encaixando-se versão a versão na
campanha, que tantas caixas de ressonância tem! (https://www.voaportugues.com/a/angola-fala-s%C3%B3---carlos-pacheco-os-desaparecidos-do-27-de-maio-n%C3%A3o-t%C3%AAm-rosto-/4410079.html; https://www.dw.com/pt-002/27-de-maio-agostinho-neto-foi-o-grande-comandante-da-repress%C3%A3o/a-38949097).
A opção agora é atacar as
intervenções do Presidente Agostinho Neto os primeiros anos da tumultuosa
independência, tal como aliás fizeram “no terreno” os fraccionstas na
preparação do 27 de Maio de 1977,
a quente e à sua maneira sangrenta (compreende-se que
eles agiam sob pressão e até escolheram um número aziago para as suas “teses” fabricadas
em sua “defesa”, o “13” )!...
(https://www.rtp.pt/noticias/mundo/sobreviventes-dos-acontecimentos-de-27-de-maio-de-77-ainda-procuram-explicacoes_n137179).
Já Carlos Pacheco o tinha feito,
mas Carlos Pacheco ao fazê-lo, com a sua “caixa de pandora” em aberto
identificou-se por completo com a trilha fascista-colonial ao nível da PIDE-DGS,
pelo que jogou a sua cartada em tempo oportuno, de maneira a abrir caminho a
outra fase do programa da campanha, até por que “os extremos tocam-se”,
lembram-se?! (https://www.bertrand.pt/livro/agostinho-neto-o-perfil-de-um-ditador-carlos-pacheco/18348420).
Numa época pródiga de subversão
da história ao jeito ou próximo da tese de Francis Fukuyama (que diz que com o
neoliberalismo a história chegou ao seu fim – http://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/viewFile/1451/1224; https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2516/1/AVMehl.pdf)
por que necessário se tornou às conveniências globais da aristocracia
financeira mundial fomentadora de hegemonia unipolar “contar a história à
sua maneira”, (à maneira da guerra psicológica que move as correntes “soft
power” desta IIIª Guerra Mundial) as “transversalidades” podem-se
ir sucedendo umas às outras “democraticamente”, sabendo de antemão, neste
caso, que até em Angola se podem ir buscar aqueles que como Durão Barroso
(um “esquerdista radical” que até foi do MRPP em Portugal e
agora, “no fim da picada”, pertence ao Goldman Sachs e é candidato ao
lugar do “bilderberger” Francisco Pinto Balsemão – https://diganaoainercia.blogspot.com/2016/07/durao-barroso-e-premiscuidade-com-o.html; https://observador.pt/seccao/pais/durao-barroso/; https://ovoodocorvo.blogspot.com/2016/07/durao-barroso-o-peixe-graudo-que.html),
é capaz de vir a Angola em tempo de Conferência de História, para afirmar sob
aplausos e a pés juntos, que o “muro de Berlim” começou a ser
derrubado em África (aludindo a Angola)!... (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/as-relacoes-entre-ex-colonizador-e-ex-colonizados-nunca-sao-faceis; http://tpa.sapo.ao/noticias/politica/durao-barroso-destaca-papel-de-angola-na-africa-austral).
Em pleno século XXI, na IIIª
Guerra Mundial todos esses servilismos são úteis para se “lavar a
história” (passo a redundância), “transversalmente”, versão após
versão, de forma brutal ou refinada, fascista, colonial ou num arroto de “esquerda
radical”, com ou sem interstícios religiosos e outros condimentos à mistura (é
para isso que servem também as Universidades, particularmente aquelas com
correntes afectas a “modelos” como o “Le Cercle”), em nome duma
objectividade que a aristocracia financeira mundial impõe hoje, uma
objectividade que procura publicamente julgar, também com os olhos “democráticos” do “esquerdismo
radical” que afinal é de todos os tempos duma época de há 45 anos atrás! (https://www.youtube.com/watch?v=qhPocUS_mJs).
Julgar a história para depois
colocar o fim definitivo do maquiavélico Francis Fukuyama a ela, é deveras
extraordinariamente oportuno para as campanhas de conveniência, que até dão
lucro a quem se propõe a um exercício enquanto tal!...
4- De tão distraídos que andam no
seu afã de manipular com dedos sujos as feridas que advêm do passado, por que a
aristocracia financeira mundial quer que o Programa Maior do MPLA seja sua
exclusiva “cosa nostra”, que se continuam deliberadamente a esquecer que
muitos dos testemunhos na 1ª pessoa desse e de outros acontecimentos ainda
estão vivos e disponíveis ao contraditório que jamais foi feito pelo próprio
MPLA… mas se houver esse contraditório, em Lisboa provavelmente não haverá
lucros versão a versão, distribuídos tão “transversal” como “democraticamente” (é
evidente que pretendem apagar os acontecimentos vistos pelos participantes do
lado de Agostinho Neto na 1ª pessoa)!
Para além das editoras recrutadas
para o efeito, a campanha (de fio a pavio) leva os livros para dentro de Angola
e até consegue colocá-los à venda em “livrarias” à boca das escolas,
num completo êxito “democrático”!
Os “protagonistas” com
propulsão nessa campanha continuam a ser os que a 27 de Maio de 1977 não
queriam que “no Zimbabwe, na Namíbia e na África do Sul se desse
continuidade à luta”, por que o “esquerdismo radical” de então até
servia para veladamente contribuir para que o fôlego que animava o “apartheid” tivesse
alguma esperança de sobreviver (e o “apartheid” pelos vistos nunca
teve nada que ver com o muro de Berlim pois até era pate integrante da “civilização
ocidental”)!...
Poucos dos filhos d’algo que
compunham essas fileiras, queria dar o corpo ao manifesto na luta
cívico-militar contra o “apartheid” extensiva a todos os povos da
África Austral, que integrava alguns dos projectos da base do Programa Maior do
MPLA e os que silenciam isso hoje, dão continuidade hoje, nos moldes da
conveniência, a essa vontade de dividir, dividir e dividir… para melhor subverter
e, em última análise, melhor reinar!
A corrupção não foi apenas na
economia e nas finanças, foi muito mais que isso e antes de mais começou nas
esferas socioculturais e sociopolíticas!...
Afinal quem a 27 de Maio de 1977
disparou os primeiros tiros, de madrugada, ainda não tinham havido os primeiros
alvores?
Que tiros foram esses, disparados
por que protagonistas, com que meios, onde e contra quem?
De que unidade militar eram
provenientes os que fizeram esses tiros, quais os seus comandantes e como reagiram eles na altura, depois e até hoje, sabendo que essa unidade militar, uma
das mais poderosas em Angola naquela época, tinha sido afectada entre 30 a 50% dos seus efectivos?
O ataque, se houve, foi
premeditado, ou não, obedecia ou não a um programa?
Quais os mortos e os
sobreviventes desse ataque e de outras acções que se seguiram, fieis a
Agostinho Neto, como, onde, em que circunstâncias?
Venceram ou não, os que
dispararam os primeiros tiros a resistência nesse local, como, com que objectivos,
resultados e repercussões?
Houve algum inusitado simbolismo
nesses primeiros tiros, em função das “armas e barões assinalados”?
Esse simbolismo provocou baixas
ou não e era ou não o ponto de partida para a corrente que à viva força queria
tomar o poder derrubando Agostinho Neto e, com isso começar a alterar
profundamente o Programa Maior do MPLA?
Quem iria beneficiar com os
ganhos obtidos pelos “esquerdistas radicais” da ocasião e quem
está “transversal” e “democraticamente” a ganhar com
os “esquerdismo radicais” hoje que em campanha se arvoram agora em
juízes que tecnicamente, pretendendo-se objectivos, nutrem a campanha nos
termos da encomendada guerra psicológica, nutrindo o seu próprio protagonismo
em função dela!?
Quais são os “salvados” (?)
internos dessas muitas questões em aberto e como eles estão hoje a protagonizar
silêncio, para quê e por quê? (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/quarentena-para-o-mpla.html).
Martinho Júnior -- Luanda, 22de Maio de 2017
Arquivo fotográfico e montagens
do Esquerda Net – https://www.esquerda.net/topics/dossier-270-o-27-de-maio-de-1977-em-angola
Exemplos de entidades angolanas
não militares que entre outros foram contemporâneos dos acontecimentos do 27 de
Maio de 1977, entre os muitos ainda vivos, fieis a Agostinho Neto, que os
protagonistas da campanha, qualquer que seja a sua “tendência democrática”,
nunca procuraram abordar e ouvir em busca dum contraditório que para eles de
facto, em função dessa premeditada campanha (e não da história), nunca existiu
– https://www.youtube.com/watch?v=Y-t-_5Bi8o0; https://www.youtube.com/watch?v=MMmlXtUYVrA.
Uma das últimas declarações do
MPLA, condenando o aproveitamento político dos acontecimentos à volta do 27 de
Maio de 1977 – https://www.youtube.com/watch?v=KyUCUVWDV6g.
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