Merkel afirma que resposta
"corajosa" é necessária para impulsionar a economia do país, abalada
pela pandemia de covid-19. Medidas anunciadas incluem auxílios à indústria e às
famílias e incentivos ao consumo.
Os partidos que integram a
coligação de governo da Alemanha chegaram a um acordo no fim da noite desta
quarta-feira (04/05) um pacote de estímulo de 130 bilhões de euros para ajudar
na recuperação económica do país, após os efeitos gerados pela pandemia de covid-19.
O anúncio foi feito pela
chanceler federal alemã, Angela Merkel, após dois dias de intensas negociações
entre representantes de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), de sua
legenda-irmã na Baviera, a União Social Cristã (CSU), e do Partido
Social-Democrata (SPD).
O governo alemão vinha pressionado há semanas para encaminhar medidas de estímulo após as graves
consequências da paralisação das atividades económicas do país devido à
pandemia.
O valor do pacote de estímulo,
acordado após 21 horas de negociações, excedeu expectativas que haviam
circulado na imprensa, de 80 biliões de euros. Os 130 biliões, que cobrem os
anos de 2020 e 2021, incluem mais de 20 novas medidas, que se somarão ao
expressivo orçamento aprovado em março para ajudar o sistema de saúde e as
empresas a lidar com as consequências da pandemia.
As medidas incluem biliões de
euros em resgates financeiros à indústria, fundos adicionais
para municípios que lidam com um grande número de desempregados e um bónus de 300 euros por criança, a serem pagos junto com outros benefícios concedidos
às famílias.
Novos e maiores incentivos serão
concedidos para encorajar consumidores a adquirirem automóveis, de modo a
apoiar o setor automobilístico, vital para a economia do país. O benefício,
porém, será válido apenas para a aquisição de carros elétricos.
Além disso, o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) será temporariamente reduzido, de 19% para 16%. As medidas
também reservam 50 biliões de euros para enfrentar as mudanças climáticas, a inovação e a digitalização.
Merkel afirmou que os membros da
coligação de governo se comprometeram com um programa audacioso para impulsionar
o consumo, investir em inovação e aliviar o peso económico da recessão sobre os
cidadãos do país.
"Está claro que tudo isso
requer uma resposta corajosa", disse a chanceler. "Trata-se de
garantir empregos e manter a economia em funcionamento." Segundo Merkel,
um aumento no consumo é essencial para "possibilitar um futuro às próximas
gerações".
Indicadores económicos apontaram
um declínio acentuado no setor industrial e no consumo, após o governo
impor, em março, restrições rígidas em todo o país para conter a
disseminação do novo coronavírus. Muitas dessas medidas vêm sendo removidas nas
últimas semanas, com a reabertura do comércio e a retomada das atividades em
vários setores, ainda que com limitações e regras de distanciamento e higiene.
Segundo um estudo do instituto de
pesquisas económicas IFO, a economia alemã deverá sofrer uma contração
de 6,6% em 2020. Outras estimativas apontam para um recuo de dois dígitos.
No primeiro trimestre deste ano,
a economia
alemã recuou 2,2% em relação ao período anterior – a maior contração
trimestral registada desde a crise financeira de 2008/2009 e a segunda maior
desde a Reunificação do país, em 1990. O governo alemão prevê que o país
enfrente neste ano a pior recessão económica do pós-guerra, com uma queda no
PIB de 6,3%.
O pacote de estímulo proposto
pela coligação governamental ainda precisa de ser aprovado formalmente pelo gabinete
de Merkel, além de passar pelas duas casas do Parlamento, o Bundestag (câmara
baixa) e o Bundesrat (câmara alta).
Deutsche Welle | RC/dpa
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