Salários dos CEO das 18 empresas
cotadas aumentaram 20% face a 2019. Diferença é maior na dona do Pingo Doce.
Há cada vez uma maior distância
entre a remuneração dos presidentes executivos das maiores empresas cotadas e a
dos trabalhadores. Em 2019, os CEO das empresas do índice PSI-20 passaram a
ganhar quase 30 vezes mais do que a média do salário dos colaboradores. No ano
anterior, ganhavam 25 vezes mais.
Em média, cada CEO ganhou 916 mil
euros em 2019, uma subida de 20% face ao ano anterior. Já o salário médio dos
trabalhadores ficou-se pelos 29 mil euros, uma subida de 1,5% em termos
homólogos, segundo os relatórios e contas.
O CEO da Jerónimo Martins é o
campeão da diferença salarial. Somando a sua remuneração fixa e variável
auferida em empresas do grupo, Pedro Soares dos Santos ganhou 1,8 milhões de
euros no ano passado. Corresponde a 167 vezes o salário médio de um trabalhador
da retalhista, que se fixou em 10,5 mil euros anuais. O CEO da dona do Pingo
Doce teve um aumento de 9% na sua remuneração global enquanto a subida média do
salário dos trabalhadores do grupo se ficou pelos 1,9%.
Das 18 empresas que compõem o
índice PSI-20, cinco pagam aos seus CEO uma remuneração superior a 50 vezes o
salário médio dos seus trabalhadores. Trata-se da Galp, EDP, Semapa, Sonae e
CTT.
A lista dos CEO com os salários
mais chorudos é encabeçada por António Mexia, presidente executivo da EDP, que
auferiu quase 2,17 milhões de euros de remuneração global em 2019. Seguem-se
Pedro Soares dos Santos, com 1,76 milhões, Manso Neto, líder da EDP Renováveis,
com 1,48 milhões, João Castello Branco, da Semapa, com 1,42 milhões e Carlos Gomes
da Silva, da Galp Energia, com 1,39 milhões.
Quem paga pior?
Quanto às empresas que pagam
melhor aos trabalhadores, a campeã é a EDP Renováveis, seguida da REN, da EDP e
da Altri. O salário médio nestas empresas pode superar os 40 mil euros anuais.
As pior pagadoras são a Jerónimo Martins, a Mota-Engil, Ibersol, a Sonae e os
CTT. O salário médio nestas empresas vai dos 10,5 mil euros anuais aos 15,9 mil
euros.
Alguns gestores a nível mundial
tomaram a iniciativa de partilhar o esforço da atual crise, cortando os seus
salários. "Esses são gestos bem-vindos, principalmente quando comparados
àqueles que se apressaram em cortar custos e receber ajuda do governo sem
cortar no topo", defendeu a Bloomberg numa análise.
As consultoras já falam em
possíveis mudanças na forma como as empresas gerem o talento. Nuno Abreu,
diretor da consultora Aon, em Portugal, admite que com a crise "poderá
haver uma aproximação entre os salários dos gestores de topo da remuneração
média dos trabalhadores". Mas, para já, com trabalhadores em lay-off e
alguns a ficar sem emprego, ainda não é visível qualquer mudança no
comportamento das empresas.
Jornal de Notícias | Dinheiro
Vivo
Na imagem: Pedro Soares dos
Santos, CEO da Jerónimo Martins / Paulo Spranger / Global
Imagens / Arquivo JN
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