quarta-feira, 29 de julho de 2020

Al Capone Trump sequestra americanos e ocupa a Suja Casa Branca

No Curto de hoje o tema de abertura é a raiva. Pedro Cordeiro, do Expresso, é o artífice da prosa e, por conseguinte, da obra. Bom dia. E avancem para a dita, cujas abordagens atracam ligeiramente em águas encapeladas como as de Portland, o racismo na mostra garbosa do país que enche a boca de justiça e liberdade, de democracia, de direitos humanos, mas que depois, vamos a ver e a saber, é um país manhoso, terrifico, racista, desumano – globalmente e para o seu próprio poovo. Os norte-americanos nos EUA sofrem. Além do mais porque têm presidentes escolhidos pelas corporações ao estilo de Al Capone. Bandidagem. No topo dessa bandidagem vimos agora, mais uma vez, o Presidente Bandido, o Déspota da Casa Branca. Atentem num pouco que transcrevemos retirado do Expresso em título à parte deste Curto.

Reportagem de Ricardo Lourenço, correspondente do Expresso nos EUA, sob o título Trump mostra o músculo: reportagem em Portland, onde as manifestações contra o racismo não esmorecem proporciona aos leitores o lead que mostra agentes(?) bandidos com carta branca e provável ordem para matar instigados e autorizados pelo execrável Presidente Bandido que dá pelo nome de Trump e que em português expressivo o sujeito não é mais nem menos que Trampa. Atentem na abertura do artigo do respectivo título:

“Agentes federais supostamente anónimos, transportando-se em carros sem matrícula, “sequestram” manifestantes em Portland. A alegação de “policiamento ilegal” parte das autoridades da cidade, que acusam os indivíduos de se comportarem como uma milícia ao serviço do chefe de Estado, autodesignado “candidato da lei e ordem” em ano de eleições”

Eis um Pinochet mesclado de Hitler, de Al Capone e de outros criminosos de vários continentes. Eis Trump, Presidente Bandido ou Bandido Presidente, vai dar no mesmo. De vómitos.

Para além do que atrás salientamos convidamos a dar a devida atenção à vacina anticovid19, que nos vai custar os olhos da cara, o couro e o cabelo. Atente também nos outros temas abordados. O Novo Banco que continuamos a pagar por via de assalto sistemático aos cidadãos, com a chancela dos políticos e do Banco de Portugal, cúmplices no roubo. O tal abandono escolar que diziam estar a amainar… Provado que não.

Também há toque de tema sobre os deputados do PSD com coluna vertebral erecta, que votaram “contra o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro”. Os restantes, rastejantes, parece que lhes vão mover um processo disciplinar. É a democracia laranjadeira à moda do pirolito. Falta saber quem é que fica com os berlindes (do pirolito). Ah, não sabiam que os antigos pirolitos (gasosa) tinham um berlinde?!

Pois. A lauda vai longa. Não foi para isto que aqui viemos. Mais umas notas. As polícias dizem que o móbil do crime nada tem que ver com racismo… Apesar disso o ex-colono-militar-ultramarino lá mandou o “preto” para a “terra dele” (que é Lisboa e o ignorante nem sabe que por cá não nascem só branquelas). Racismo? Não, nem pensar. Agora só faltam juízes do tipo Chega. Chega? É que "eles" devem andar por lá, por aquelas bandas... negras.

Contra tudo isso, Vão às manifestações antirracistas. Já que Portugal não é racista ficará provado com milhões a sair à rua e a manifestarem-se contra o racismo centenário desta Lusitânia Pátria… Pois.

Siga para o Curto. Bom dia, e um queijo da serra. Está carote, mas é tão bom!

MM | PG

Raiva contra a máquina

Pedro Cordeiro | Expresso

Bom dia!

Tom Morello está contente. Afinal, diz, foi mesmo para isto que os Rage Against the Machine fizeram aquela canção. Lançada em 1991 primeiro êxito da banda de Los Angeles, “Killing in the name” fala de racismo institucionalizado e violência policial. Passadas quase três décadas, tornou-se hino dos manifestantes que há semanas protestam nas ruas de Portland, Oregon, um pouco mais a norte na costa ocidental dos Estados Unidos da América. Ainda se lembra do refrão? É isso: “Fuck you, I won’t do what you tell me!”, cantado com convicção. E abanando a cabeça, sobretudo quem usa cabelo comprido.

A situação em Portland é grave, conta o correspondente do Expresso, Ricardo Lourenço. Há dezenas de feridos e até o presidente da Câmara já apanhou com gás lacrimogéneo lançado pela polícia. Afinal, como é que tudo isto começou?

CBS explica que ali houve, como em todo o país, contestação na sequência da morte de George Floyd, negro asfixiado pelo joelho de um polícia em maio, em Minneapolis. Em Portland tudo se precipitou quando, a 4 de julho – Dia da Independência, estando os protestos já a esmorecer –, a polícia federal, enviada pelo Governo central, se dedicou a proteger o tribunal federal, que fora arrombado na véspera por um pequeno grupo de protestantes. Ali perto há uma cadeia e uma esquadra que também tinham sido alvo de protestos. Dias antes Donald Trump tinha assinado um decreto a autorizar a intervenção da polícia federal para travar o “vandalismo contra bens estatais”.

As autoridades locais criticaram a decisão do Presidente – forças federais devem atuar nas cidades a pedido destas e não por imposição da Casa Branca, argumentam, falando em abuso de poder – e a autarquia de Portland não quis que a polícia municipal colaborasse com a federal. Outra das fontes de controvérsia é que a Administração central destacou para Portland membros dos serviços de imigração e fronteiras.

William Barr, o procurador-geral (cargo que nos Estados Unidos acumula as funções de ministro da Justiça), defendeu a ação das forças federais perante o Congresso, numa sessão agitada em que considerou estar-se perante tumultos e não protestos. “The New York Times” procura destrinçar factos e mitos, ao passo que “The Atlantic” explora os efeitos deste barril de pólvora em ano de eleições. Veredicto: Trump quis isto e está a correr-lhe bem.

É certo que convém ao chefe de Estado que desliza pelas sondagens abaixo chamar a atenção para a segurança, a lei e a ordem, palavras caras ao eleitorado que o elevou ao cargo máximo em 2016. Em eleições americanas mobilizar o voto costuma ser mais importante do que persuadir gente do campo oposto, num clima político cada vez mais polarizado e avesso ao diálogo e à construção de pontes. Nesse aspeto, imagens de destruição e caos em Portland são um sonho para o Presidente, escreve “The Washington Post”.

Trump pretende, acima de tudo, que se fale pouco ou nada de covid-19, embora não resista em repetir as suas fixações e contrariar os cientistas da sua própria equipa. A pandemia grassa descontrolada no país e não só prejudica as perspetivas de reeleição como dá asas aos que defendem soluções de cobertura de saúde universal, que o adversário Joe Biden faz por recuperar, informa o Politico.com. Recorde-se que o candidado presidencial do Partido Democrata foi vice de Barack Obama, cujo plano Obamacare o atual Presidente quer a todo o custo revogar. Ora, se há ano em que a importância dos serviços públicos de saúde ficou clara, foi este bizarro 2020.

Com o mês a terminar, avizinha-se a data em que Biden indicará quem o acompanha na candidatura à Casa Branca. Sabe-se que a sua aposta para o cargo de vice-presidente será uma mulher e o próprio promete tudo esclarecer nos próximos dias. Há quem não resista a tentar saber antes (faz parte do ofício de jornalista, certo?) e uns papéis nas mãos do candidato levaram muitos a voltar o olhar para Kamala Harris, senadora da Califórnia que concorreu às primárias. Nas notas de Biden liam-se elogios como “Fez campanha comigo e Jill [mulher de Joe]”, tem “talento”, “ajudou muito na campanha” e “muito respeito por ela”. Faltam três meses e três dias para as presidenciais de 3 de novembro. Leia na edição semanal de sábado, 1 de agosto, uma entrevista sobre quão complicado pode ser esse dia além-Atlântico.

Outras notícias

À ESPERA DA VACINA A pandemia continua e o Expresso continua a segui-la minuto a minuto. Com o mundo a roçar os 17 milhões de casos e com mais de 660 mil mortos e 10 milhões de recuperados, em Portugal 35 mil dos 50 mil infetados já se curaram e as vítimas mortais ascendem a 1722. Na Assembleia da República houve um trabalhador contaminado, mas os políticos tardaram em saber. No Reino Unido alimentam-se esperanças de vacina.

ONU ELOGIA Para acrescentar à lista de proezas e desastres na gestão pátria da crise pandémica, e que cada um tende a ler (tristemente) consoante a posição prévia que tem: a ONU, noticia a TSF, elogia certos municípios portugueses pela resposta ao coronavírus.

BIG TECH Se a audiência do procurador-geral agitou o Congresso dos Estados Unidos (ver acima), o mesmo deve acontecer esta tarde quando patrões de gigantes tecnológicos responderem aos representantes do povo.

ABANDONO ESCOLAR Se a educação tem sido um dos campos afetados pela covid-19, com as férias de verão a servir de compasso de espera a um ano letivo que ninguém sabe como vai decorrer, o Tribunal de Contas alerta que o país pouco sabe sobre os que deixam de estudar antes de tempo.

DE NOVO O BANCO O Novo Banco vendeu imóveis a preço de saldo antes de pedir apoio ao Estado. Edificante e a merecer aprofundamento, disponível aqui.

ESPINHA DORSAL Os sete deputados do PSD que votaram contra o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro no Parlamento, assim violando a disciplina de voto imposta por Rui Rio, ainda não foram notificados de qualquer ação disciplinar. Permita-se-me uma nota de agradecimento aos mesmos e a 28 do PS que tentaram travar a machadada no escrutínio parlamentar da ação governativa, pilar do Estado de Direito democrático.

PLAY-OFF Para o ano as regras da promoção e despromoção no futebol português vão mudar. Este ano, enquanto esperamos pela final da Taça e por esse desígno nacional que é acolher a Liga dos Campeões, sugiro este roteiro pela modalidade de A a Z.

科隆群岛 As ilhas Galápagos, celebrizadas pelos tentilhões de Charles Darwin, pertencem ao Equador. Então porque estão rodeadas de navios chineses?

澳大利亚 Também chineses, mas desta vez estudantes e na Austrália: uma história digna de filme com sequestros fingidos e tudo.

O que ando a ler, ver e ouvir

A morte do embaixador José Cutileiro, há uns meses, deu-me uma vontade enorme de revisitar os seus “Bilhetes de Colares”, crónicas escritas com o pseudónimo A.B. Kotter, fictício aristocrata inglês desterrado na Várzea de Sintra que denotavam não só o acutilante sentido de humor como a lúcida visão que o diplomata e colaborador do Expresso tinha do nosso país. Já tinha edições da Assírio & Alvim e de “O Independente” que cobriam o período de 1982 a 1998 (a coluna também chegou a ser publicada na revista “Visão”), agora encontrei no OLX (e há mais disponíveis) uma mais antiga, do tempo em que os bilhetes saíam nos jornais “A Tarde” e “Semanário”. Tem o pormenor delicioso de conter as “aguarelas da mãe”, ilustrações que o universo de Cutileiro atribuía à mãe de Kotter, personagem fulcral das crónicas. Tenho-me deliciado com este périplo pelo passado recente.

Esta noite vou ao teatro em Londres. Em casa, claro. É a segunda vez que compro bilhete para uma sessão no Old Vic. A peça é Three Kings, sobre um pai e um filho. É o mesmo que estar lá ao vivo? Não. Mas é o que se arranja. Há dias ouvi Nick Cave, a quem deveria ter visto em abril no Altice Arena, e mesmo à distância (do londrino Alexandra Palace), foi extasiante. Também já aí andam os BBC Proms, série anual de concertos no Royal Albert Hall, na mesma cidade, gratuitos para ouvir na BBC. Este ano, devido às limitações, a temporada começa com gravações de outros anos e concluírá com alguns concertos ao vivo no final de agosto e início de setembro. Quero ouvir tudo!

E por aqui me despeço, com votos de boa quarta-feira e melhor resto da semana. Estaremos por aqui a contar tudo o que se passa.

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