O chefe de Estado considera que o sistema semipresidencial português "tem funcionado bem", levando o Governo, em momentos de crise política, a ficar "encostado" ao Presidente, que por sua vez "tende a apagar-se" em períodos de estabilidade.
Marcelo Rebelo de Sousa assume esta posição no programa da Antena 1 'Serviço Público - Bloco de Notas', conduzido pela jornalista Maria Flor Pedroso, desenvolvido para ajudar os estudantes a prepararem-se para os exames nacionais dos 11.° e 12.° anos.
O
Presidente da República e professor universitário de Direito jubilado
participou em três episódios especiais, dirigidos aos alunos de História, sobre
as constituições portuguesas, desde a de 1822 até à de 1976, o último dos quais
vai ser transmitido hoje, a partir das 14:20, na Antena 1.
A
propósito do sistema semipresidencial consagrado na atual Constituição
da República Portuguesa, o chefe de Estado afirma: "Quando há estabilidade
no sistema de partidos, o Presidente tende-a a apagar-se, e é o Parlamento ou o
primeiro-ministro que assume maior relevo".
"Se, porventura, há crise entre o Governo e o Parlamento, ou entre partidos, ou na base de apoio do Governo, aí o Governo fica encostado ao Presidente da República e dependente do Presidente da República, que alarga o seu poder de intervenção", acrescenta.
Marcelo
Rebelo de Sousa concluiu que o sistema semipresidencial "tem
funcionado bem, conforme os casos". Há "casos em que funciona de uma
maneira, casos em que funciona de outra maneira, mas tem funcionado bem com os
sucessivos governos, que já foram muitos, e com os sucessivos
presidentes".
No
seu entender, já não se debate em Portugal se o sistema "devia ser mais
presidencialista ou parlamentarista". "De uma maneira geral,
entende-se que este equilíbrio é o mais prudente e o mais sensato, permitindo,
de acordo com as circunstâncias, e muitas delas imprevistas, políticas,
económicas e sociais, soluções diversas", sustenta.
O
Presidente da República encerrou a primeira temporada deste programa da Antena
1, 'Serviço Público - Bloco de Notas', para o qual foram convidadas
personalidades públicas e da vida académica para, ao longo dos meses de junho e
de julho, falar das matérias das disciplinas a exame neste ano letivo, afetado pela pandemia de covid-19.
Marcelo
Rebelo de Sousa, que assumiu a chefia do Estado em 9 de março de 2016
anos, está no último ano do seu mandato e terá o poder de dissolução do
parlamento suspenso nos últimos seis meses, a partir de setembro.
Ainda
sem dar como certa a sua recandidatura nas presidenciais de 2021, o
Presidente da República prometeu anunciar a sua decisão "lá para novembro".
No
dia 13 de maio, durante uma visita à Autoeuropa, Marcelo Rebelo de
Sousa ouviu o primeiro-ministro afirmar que esperava regressar àquela fábrica
com o atual Presidente da República já num segundo mandato, contando,
portanto, com a sua recandidatura e reeleição.
"Nós
vamos ultrapassar esta pandemia e os efeitos económicos e sociais,
neste ano, no ano que vem, nos anos próximos. E eu cá estarei, e cá estaremos
todos, porque isto é um espírito de equipa que se formou e que nada vai
quebrar. Cá estaremos este ano e nos próximos anos a construir um Portugal
melhor", declarou em seguida, o chefe de Estado.
Eleito
à primeira volta nas eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2016
com 52% dos votos, Marcelo Rebelo de Sousa conviveu nos seus primeiros três
anos e meio de mandato com um Governo minoritário do PS suportado por acordos
inéditos à esquerda no parlamento. Manifestou-se desde o início empenhado na
estabilidade e viu a legislatura chegar até ao fim.
Nesta
nova legislatura, o PS conseguiu uma votação reforçada nas legislativas de 06
de outubro de 2019, mas novamente sem maioria absoluta, e formou um
que não está suportado por quaisquer acordos escritos, uma condição que o
próprio Presidente da República considerou desnecessária e que o PCP rejeitava,
tendo António Costa optado por não privilegiar nenhum dos parceiros à esquerda.
Notícias
ao Minuto | Lusa | Imagem: Lusa
Leia em Notícias ao Minuto: Marcelo respeita decisão do Parlamento sobre os debates quinzenais
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