Reeleição do presidente Alexander
Lukashenko, no poder desde 1994, acaba em violentos confrontos. Resultado das
eleições, que davam a vitória por 80% dos votos, está a ser disputado nas ruas
Manifestantes antigovernamentais
envolveram-se na noite deste domingo em confrontos com a polícia em Minsk, que
utilizou granadas sonoras antimotim e canhões de água, referiam media russos e
bielorrussos, na sequência de eleições presidenciais, realizadas sob grande
tensão. A agência noticiosa russa Ria Novosti divulgou estes confrontos, à
semelhança dos media bielorrussos da oposição tut.by, Nacha Niva e Nexta, nos
arredores do monumento Stella da capital.
Um jornalista da AFP disse ter
escutado a explosão de granadas sonoras perto deste local e viu forças
policiais, equipadas com escudos, em direção aos manifestantes. O local dos
protestos estava, no entanto, inacessível devido a um forte dispositivo
policial. Segundo os mesmos media, também ocorreram várias detenções.
Vídeos filmados por testemunhas e
divulgados pela Nacha Niva e Nexta, nas redes sociais, mostravam grupos de
manifestantes a concentrarem-se nas ruas, com as forças policiais e tentarem
dispersá-los com recurso à força. Diversos manifestantes desafiavam os cordões
policiais, agitando bandeiras da oposição, junto aos cordões policiais, que
impediam o acesso a numerosas ruas do centro de Minsk.
Segundo os media bielorrussos da
oposição, também decorreram manifestações em numerosas cidades do país do leste
europeu. A campanha eleitoral para as presidenciais foi assinalada por uma
mobilização sem precedentes em apoio de Svetlana Tikhanovskaia, sem experiência
política prévia.
Na noite de hoje, Tikhanovskaia
considerou ser apoiada pela “maioria” dos cidadãos, ao referir não acreditar
nas projeções oficiais que fornecem larga vantagem ao Presidente Alexander
Lukashenko. “Acredito no que veem os meus olhos e vejo que a maioria está
connosco”, disse Svetlana Tikhanovskaia, ao reagir perante os media à difusão
das sondagens realizadas à saída das assembleias de voto e que atribuem 79,7%
dos sufrágios ao atual chefe de Estado, no poder há 26 anos.
De acordo com a agência noticiosa
estatal Belta, a candidata da oposição unificada, Svetlana Tikhanovskaia, terá
obtido, segundo as sondagens, 6,8%, resultado muito inferior ao previsto por
diversos analistas. No entanto, a Comissão Eleitoral da Bielorrússia indicou
que várias assembleias de voto, que deveriam ter encerrado às 20 h locais (18 h
em Lisboa), continuavam abertas devido à grande afluência de eleitores.
Lukashenko, 65 anos, procura um
sexto mandato consecutivo nas presidenciais de hoje. “Espero que a votação
termine também sem problemas”, disse à televisão pública a presidente da
Comissão Eleitoral, Lidia Ermochina, acrescentando que deverá anunciar os
resultados oficiais finais da votação de hoje às 2 h locais de segunda-feira
(meia-noite em Lisboa).
Antes dos confrontos, o Governo
bielorrusso tinha destacado várias equipas das forças de segurança para as ruas
de Minsk, que bloquearam estradas e ruas de acesso ao centro da capital e
posicionavam-se junto de edifícios públicos, enquanto surgiam apelos na
televisão estatal para que as pessoas não saiam de casa. Desde a chegada de
Alexander Lukashenko ao poder, em 1994, nenhuma corrente da oposição conseguiu
afirmar-se na paisagem política bielorrussa. Muitos dos seus dirigentes foram
detidos, à semelhança do que sucedeu neste escrutínio, e em 2019 nenhum
opositor foi eleito para o parlamento.
Os resultados das últimas quatro
eleições presidenciais não foram reconhecidos como justos pelos observadores da
Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que denunciaram
fraudes e pressões sobre a oposição.
Pela primeira vez desde 2001, e
por não ter recebido um convite oficial a tempo, a OSCE não esteve presente na
votação hoje para acompanhar os resultados.
Expresso | Lusa
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