domingo, 30 de agosto de 2020

EUA | “Vamos cumprir o sonho do meu avô”


Milhares marcham sobre Washington no aniversário de ‘I Have a Dream’ de Luther King

O evento, apelidado ‘Marcha do Compromisso: Tira o Joelho dos Nossos Pescoços’, voltou a exigir, como em 1963, a reforma da polícia e da justiça criminal e a igualdade racial nos EUA. O evento ocorreu cinco dias depois de Jacob Blake ter sido alvejado pelo menos sete vezes por um polícia branco. O afro-americano está paralisado da cintura para baixo

ilhares de pessoas juntaram-se esta sexta-feira no Lincoln Memorial para reeditar a Marcha sobre Washington de 1963. A concentração, que coincidiu com o 57.º aniversário do histórico discurso ‘I Have a Dream’, de Martin Luther King, procurou “restaurar e reafirmar o compromisso com o sonho” do ativista pelos direitos humanos nos EUA, segundo os seus organizadores.

O evento ocorreu cinco dias depois de Jacob Blake ter sido alvejado pelo menos sete vezes por um polícia branco em Kenosha, no estado do Wisconsin. O afro-americano de 29 anos encontra-se paralisado da cintura para baixo.


O reverendo Al Sharpton anunciou a realização desta marcha durante o funeral de George Floyd, o afro-americano que sucumbiu sob o joelho de um polícia branco de Minneapolis no seu pescoço no final de maio. O evento, apelidado ‘Marcha do Compromisso: Tira o Joelho dos Nossos Pescoços’, voltou a exigir, como nos anos 1960, a reforma da polícia e da justiça criminal e a igualdade racial.

Yolanda Renee King, neta de Martin Luther King, dirigiu-se à geração mais jovem e garantiu: “Apoiamos e marchamos pelo amor. Vamos cumprir o sonho do meu avô.”

O pai de Jacob Blake, que tem o mesmo nome do filho, assegurou a sua presença na marcha e, quando subiu ao palanque para discursar, disse: “Não vamos suportar mais isto. Apelo a todos para que se levantem.” Letetra Wideman, irmã de Blake, afirmou: “Não vamos ser o batente da opressão. América negra, eu responsabilizo-te. Temos de lutar, não com violência e caos, com amor próprio.”

Philonese Floyd, irmão de George, subiu ao palco para dizer que desejava que o irmão ali estivesse para ver aquela marcha. A irmã Bridgett Floyd não mostrou ter dúvidas de quem terá de ser o agente da mudança. “Nós temos de ser a mudança”, sentenciou.

A mãe de Breonna Taylor, Tamika Palmer, também discursou no evento, declarando: “Temos de permanecer juntos, temos de votar.” A filha, de 26 anos, foi morta a tiro em março pela polícia de Louisville, que entrou à paisana no seu apartamento.

O reverendo Al Sharpton dirigiu-se diretamente ao Presidente dos EUA. “Senhor Trump, viemos para Washington aos milhares. Vamos dizer os seus nomes. Não deixaremos que a América esqueça o que fez. Digam os seus nomes!”, declarou.

Hélder Gomes | Expresso | Imagem: Eric Baradat/AFP/Getty Images

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