Pequim, 31 ago 2020 (Lusa) - O
ministro dos Negócios Estrangeiros da China defendeu no domingo os campos de
detenção em Xinjiang e a nova lei de segurança nacional de Hong Kong, afastando
as preocupações demonstradas pelos líderes europeus sobre os direitos humanos.
Wang Yi está a realizar um
périplo pela Europa, na sua primeira deslocação oficial ao exterior, desde o
início da pandemia do novo coronavírus, numa tentativa de revigorar o comércio
e as relações, danificadas pela atual crise económica e de saúde pública.
Em Paris, Wang repetiu a alegação
do Governo chinês de que todos os membros de minorias étnicas muçulmanas
enviados para centros de reeducação na região de Xinjiang, no extremo oeste da
China, foram libertados e colocados no mercado de trabalho.
Grupos de defesa dos direitos
humanos e famílias continuam a relatar detenções contínuas de uigures e
cazaques. As alegações são difíceis de verificar, já que o acesso da imprensa a
Xinjiang, que foi convertido num Estado policial, é altamente controlado.
"Os direitos de todos os
estagiários no programa de educação e treino, embora as suas mentes tivessem
sido possuídas pelo terrorismo e extremismo, foram totalmente
assegurados", disse Wang Yi, em conferência de imprensa, no Instituto
Francês de Relações Internacionais.
"Agora que estão formados,
não há mais ninguém no centro de educação e treino. Todos encontraram
empregos", garantiu.
O Governo chinês deteve cerca de
1 milhão ou mais de membros de minorias étnicas de origem muçulmana em campos
de internamento e prisões onde são submetidos a doutrinação e forçados a
denunciar a sua religião e idioma. Antigos detidos denunciaram ainda abusos físicos.
A China há muito que suspeita que
os uigures nutrem tendências separatistas por causa da sua cultura, língua e
religião distintas dos Han, a etnia dominante na China.
Questionado sobre a lei de
segurança de Hong Kong, Wang disse: "Certamente não poderíamos ficar
parados e deixar o caos continuar, então promulgamos uma lei de manutenção da
segurança nacional que se adequava especificamente à situação de Hong
Kong".
A lei é vista por muitos como a
medida mais ousada de Pequim para quebrar as barreiras legais entre o
território semiautónomo de Hong Kong e o sistema autoritário do Partido
Comunista na China continental.
Wang chamou ambas as questões de
assuntos internos chineses e advertiu que as potências estrangeiras não devem
interferir.
Numa reunião na sexta-feira com
Wang, o Presidente francês, Emmanuel Macron, expressou a "sua forte
preocupação com a situação em
Hong Kong e com os direitos humanos, especialmente dos
uigures, e a necessidade de a China respeitar os seus compromissos
internacionais".
O ministro dos Negócios
Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, levantou preocupações semelhantes,
assim como as autoridades em outros países da Europa que Wang visitou.
Além de França, o ministro chinês
visitou Itália, Holanda e Noruega, num périplo pela Europa que encerra na
terça-feira, na Alemanha.
A sua visita também incluiu
discussões sobre o comércio, combate às alterações climáticas e outras questões
em que a Europa depende da China devido à sua crescente influência global.
JPI // MIM
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