Luciano Rocha | Jornal de Angola
| opinião
Luanda é um calvário para todos,
homens e mulheres de todas as idades, até crianças, facto que se acentua neste
tempo de pandemia, principalmente quanto à higiene pública.
O mal é antigo e não se
vislumbram mudanças neste tempo de coronavírus, em que todos os cuidados são
poucos para evitar contágios. Os avisos sobre a importância da higiene pessoal
são constantes e para levar à letra. De tal modo, que foram instituídas penalizações
para infractores. Estranhamente, nada se diz quanto aos incumpridores do dever
de zelar pela limpeza pública.
De que vale apelar à higiene pessoal se cada um de nós ao sair de casa corre o risco de tropeçar no desmazelo público feito do ar contaminado proveniente, entre outras fontes, dos contentores de lixo mais sebentos do que tem dentro, o transborda, espalha-se por tudo que é sítio; “urinóis a céu aberto” em que se transformou qualquer esquina ou parede; cães e gatos vadios a persegui-lo; ratazanas a interromperem-lhe caminhos; repuxos de canos rebentados numa artéria a “refrescá-lo”; salpicos de lagoa de chuva, “maternidade” dos transportadores de paludismo, causa maior de mortes no país.
A higiene pessoal é importantíssima - em tempo de coronavírus ou fora dele - para a saúde de qualquer sociedade, mas de pouco há-de valer se a pública se mantiver como a de Luanda. E se a justificação para o estado em que ela se encontra há tanto tempo for falta de quem execute tarefas - vivemos em Situação de Emergência, não esqueçamos - recorra-se a polícias inertes, militares, reclusos. Estes, desde que voluntários e compensados, por exemplo, com saídas precárias, reduções de pena. Faça-se é qualquer coisa que melhore Luanda, a proteja mais da Covid-19 e das outras doenças que a afectam.
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