Ordem dos Enfermeiros de Angola defende novas formas de sensibilização sobre os perigos da Covid-19, que regista novos recordes. Governo reforça medidas contra a doença, mas a ordem acusa-o de ser um incumpridor.
Dez dias depois de o Ministério
da Saúde ter anunciado uma nova vaga do coronavírus com o aumento de novos
casos e registo de várias mortes, o Governo voltou a reforçar as medidas de
prevenção com novas restrições. Por exemplo, a partir desta segunda-feira
(10.05), estão interditas as entradas e saídas na província de Luanda. O novo
decreto sobre o estado de calamidade reduziu de
A decisão foi motivada pelo incumprimento dos cidadãos num momento em que há circulação da variante inglesa da doença. O bastonário da Ordem dos Enfermeiros de Angola, Paulo Luvualo defende que as autoridades devem criar novas estratégias de comunicação que prove aos cidadãos de que a doença é real.
Dificuldades nos hospitais
"Penso que o que devia se feito, devia se fazer entrevistas, a televisão devia mostrar os casos para sensibilizar as pessoas porque as pessoas só acreditam vendo. Quer dizer, sem ver não acreditam. Esse é o meu ponto de vista. O Ministério está fazer tudo, está a fazer o aconselhamento, criou as condições para o atendimento dos doentes nas unidades sanitárias, só que a população não está acatar as medidas. Esse é um dos grandes problemas que estamos a notar".
Por exemplo, Luvualo defende que as televisões devia exibir programas sobre o drama de pessoas internadas com a Covid-19 e também crítica a falta de condições trabalho para os técnicos de saúde nos hospitais, uma queixa antiga:
"Constatamos que há carência de recursos. Há carência de recursos humanos e materiais. É preciso reforçar estas condições. Por exemplo, os profissionais de saúde, médicos e enfermeiros não têm equipamentos de proteção suficiente"
A título de exemplo o enfermeiro diz que "há uma recomendação que as máscaras devem ser usadas entre duas à quatro horas", mas denuncia que "as unidades sanitárias estão a distribuir máscara para usar durante todo o turno. Temos turno de 12h, temos turno de 24. Isto também põe em risco a saúde do próprio profissional".
A culpa do Governo
Segundo o bastonário dos enfermeiros angolanos, as autoridades também têm culpa na propagação da doença e fala da fraca fiscalização nos postos de controlo:
"A partir de hoje começou a vigorar a orientação de que, para sair de Luanda tem que estar credenciado. Saí de Luanda e daqui a pouco chego às Canjala, em momento nenhum me foi perguntado o credencial, em momento nenhum me foi solicitado o teste", denuncia.
E por isso questiona: "Onde está a segurança, onde está a proteção? Onde se controla as pessoas, o controlo não é efetivo. Eu e a minha equipa vamos realizar atividade na província de Benguela. Eu e minha equipa fizemos o teste. Mas durante a viagem apenas estão a solicitar o teste do motorista. Quer dizer que outros podem circular sem teste. Isso também é uma falha em termos de medidas".
Governo defende consciência individual e alerta para colapso
Para o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, "o segmento fiscalização e polícia têm que ser uma pequena parte do conjunto. A polícia têm que ser para um pequeno grupo que não cumpre e não para uma totalidade de pessoa que não cumpre. Acho que esta deve ser abordagem".
Nesse sentido, Almeida defende que o cumprimento das medidas de prevenção e combate deve ser garantida pela consciência individual: "O nosso pilar principal é a consciência de cada um de nós, de que o sucesso desse combate depende antes de mais de mim enquanto indivíduo que tem ao seu dispor as ferramentas mínimas para este combate".
Os números continuam a subir
Nas últimas 24 horas, Angola registou 263 novos casos de Covid-19, três mortes e quatro recuperados, segundo o relatório diário das autoridades Sanitárias. A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta apela: "Não podemos continuar a contar que pelo facto de termos camas podemos ter mais casos. Porque os nossos profissionais vão chegar à exaustão, vamos ter que parar e vamos ter que recuar mais nas medidas".
A governante alerta que o sistema sanitário pode entrar em colapso a qualquer momento: "Vamos é querer não usar as camas e que são muitas na Zona Económica Especial para não entrarmos numa situação de colapso".
Borralho Ndomba (Luanda) | Deutsche Welle
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