Pelo menos 95 pessoas morreram e 150 ficaram feridas no duplo atentado bombista perpetrado na quinta-feira pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) no aeroporto de Cabul, indicou, esta sexta-feira, um novo balanço.
Uma fonte oficial, citada pela agência de notícias espanhola EFE, que pediu para não ser identificada para avançar o número de vítimas, escusou-se a dar outros pormenores.
O balanço anterior dava conta de pelo menos 60 mortos e 140 feridos, na maioria afegãos que tentavam embarcar em voos dos países aliados, que também sofreram baixas.
"Há muitas mulheres e crianças entre as vítimas. A maioria dos feridos está traumatizada e em estado de choque", disse uma das ex-autoridades do Ministério da Saúde, acrescentando que o número de vítimas só foi contabilizado tendo em conta aqueles que foram levados para os hospitais da cidade.
O Pentágono informou que 13 soldados americanos morreram no ataque e 18 ficaram feridos. Os talibãs, por sua vez, registaram entre 13 e 20 mortos e 52 feridos, embora algumas fontes apontem para números mais elevados.
Os dois ataques foram causados por bombistas suicida. A imprensa internacional deu conta de que ocorreram minutos depois de os talibãs terem disparado contra um avião italiano que descolava de Cabul. Um dos portões de entrada do aeroporto (Abbey) foi atingido pela explosão. Trata-se de um dos portões que foram fechados após os avisos de ameaça terrorista.
Inicialmente foi avançada apenas uma explosão, mas o Ministério da Defesa da Turquia explicou que foram registadas duas, informação entretanto confirmada pelo Pentágono. A segunda ocorreu junto ao Baron Hotel, perto do portão Abbey.
Uma terceira explosão ouvida em Cabul, perto da meia-noite de quinta-feira (hora local) não correspondeu a qualquer ataque, mas à destruição de material pelos militares dos EUA no aeroporto, disse o porta-voz dos talibãs.
O ataque já foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
Voos de evacuação retomados com nova urgência
Voos de evacuação do Afeganistão foram, esta sexta-feira, retomados com nova urgência, um dia após os atentados suicidas direcionados a milhares de pessoas que tentam desesperadamente fugir da tomada do poder pelos talibã. Residentes em Cabul afirmaram que saíram vários voos esta de manhã.
Num discurso emocional, o Presidente Joe Biden culpou afiliados do grupo Estado Islâmico no Afeganistão, bastante mais radicais do que os militantes talibã que tomaram o poder há menos de duas semanas. "Vamos resgatar os americanos, vamos retirar os nossos aliados afegãos e a nossa missão vai continuar", disse Biden.
Os EUA anunciaram que são esperadas novas tentativas de ataques antes de terça-feira, a data limite para a saída das tropas estrangeiras, encerrando a guerra mais longa da América.
Os talibãs regressaram ao poder no Afeganistão duas décadas depois de terem sido afastados numa invasão liderada pelos EUA, a seguir aos ataques de setembro de 2011.
Desde a conquista fulminante de Cabul pelos talibãs, há menos de duas semanas, o medo e o caos foram crescendo dentro e fora do aeroporto, a única saída do país. Milhares de afegãos amontoaram-se dia e noite para tentar deixar o país. Os EUA e os seus aliados tiveram de organizar às pressas o que Biden chamou da maior ponte aérea da história.
Jornal de Notícias | Imagem: AFP
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