Vítor Santos* | Jornal de Notícias | opinião
Com a entrada em força dos líderes partidários nacionais na campanha corre-se o risco de subalternizar aquilo que está verdadeiramente em causa nas eleições autárquicas, ao colocar na ordem do dia temas de âmbito nacional e até de política europeia, o que não é propriamente benéfico para o esclarecimento das populações e, no limite, até poderá causar danos na afluência dos eleitores às urnas.
A questão não é nova. Movidos por outras batalhas, os políticos nacionais sobem ao palco nas eleições locais, onde esgrimem assuntos que desviam a discussão do essencial. Mas a culpa não é só deles. Quando o combate é renhido, são os próprios aspirantes aos mandatos municipais que procuram conquistar votos à boleia das mais altas figuras dos partidos. O problema é que quando devíamos estar a discutir a forma como está a ser feita a transferência de competências ou a descer à terra para perceber as propostas e as respostas para a resolução de problemas nos microcosmos concelhios, levamos com a luta pela sobrevivência de Rui Rio à frente do PSD, ou com o braço de ferro velado entre António Costa e as forças da Esquerda, procurando, um e outros, marcar terreno para a aprovação do Orçamento do Estado, antecipando uma discussão que marcará a agenda, mais à frente, na Assembleia da República.
Dizer que em política as coisas estão todas interligadas, não deixando de ser verdade, tresanda a desculpa, e o mesmo acontece quando é apontada à Comunicação Social a origem do problema. A responsabilidade é toda dos políticos à escala nacional, por estes dias capazes de prometer chuva e sol em simultâneo e no mesmo sítio, desafiando as leis da Natureza sem medo de serem penalizados nas urnas. O melhor é deixarem as promessas para os candidatos às autarquias, sob pena de ajudarem a engrossar o caudal de abstencionismo que afeta a democracia em Portugal.
*Chefe de redação
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