quarta-feira, 12 de maio de 2021

Manter as armas fora do espaço - 'O novo domínio de combate'

# Publicado em português do Brasil

Brian Cloughley* | Strategic Culture | Foundation

Washington restabeleceu a “corrida espacial” com a criação da Força Espacial destinada a “controlar o terreno elevado definitivo”, escreve Brian Cloughley.

Em janeiro, foi notado por um colunista do New York Times que o secretário nomeado do Departamento de Defesa dos EUA, General Lloyd Austin, “ disse ao Senado que manteria um 'foco de laser' em aguçar a 'vantagem competitiva' do país contra a crescente militares poderosos. Entre outras coisas, ele pediu novos avanços americanos na construção de 'plataformas baseadas no espaço' e repetidamente se referiu ao espaço como um domínio de combate ”. Este não foi um compromisso surpreendente por parte do chefe do Pentágono prestes a ser confirmado, que já havia acrescentado a ameaçadora Força Espacial aos seus recursos de combate.

O ex-presidente da Casa Branca, Donald Trump, anunciou a criação da Força Espacial em dezembro de 2019, afirmando que seria responsável pelo "mais novo domínio de combate do mundo". Ele considerou que “Em meio a graves ameaças à nossa segurança nacional, a superioridade americana no espaço é absolutamente vital. Estamos liderando, mas não liderando o suficiente, mas muito em breve estaremos liderando muito. A Força Espacial nos ajudará a deter a agressão e controlar o terreno elevado final. ” Sua declaração explícita de que Washington está preparado para se engajar na guerra em mais um “domínio” não foi surpreendente, mas é lamentável que o governo Biden não dê nenhum sinal de reverter a intenção de implantar armas no espaço.

reação russa ao estabelecimento da Força Espacial foi a observação do presidente Putin de que "a liderança político-militar dos EUA considera abertamente o espaço como um teatro militar e planeja realizar operações lá", o que é totalmente contra a letra e o espírito do Tratado de Princípios que Regem as Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Exterior, Incluindo a Lua e Outros Corpos Celestiais , geralmente conhecido como Tratado do Espaço Exterior. No Artigo IV deste contrato de 1967, conforme registradopelo Departamento de Estado dos EUA, “Os Estados Partes do Tratado se comprometem a não colocar em órbita ao redor da Terra quaisquer objetos que portem armas nucleares ou qualquer outro tipo de arma de destruição em massa, instalar tais armas em corpos celestes ou posicionar tais armas no espaço sideral de qualquer outra maneira. ”

A União Europeia é a potência mais egoísta do planeta?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Adoro que haja países que digam "não" aos Estados Unidos da América, quanto mais não seja para diminuir um pouco a sensação sufocante de que os seus governantes mandam no mundo a seu bel-prazer. Mas quando é o governo dos Estados Unidos da América a propor a chamada suspensão das patentes das vacinas para a covid-19 e o "não" a esta ideia vem dos seus aliados da União Europeia (UE) - quase sempre servis em quase todos os assuntos deste planeta - mordo a língua...

A Índia e a África do Sul tinham enviado à Organização Mundial de Comércio (OMC), em março do ano passado, uma proposta de licenciamento compulsório.

Este é o termo correto da operação que erradamente andamos a dizer ser uma "suspensão de patentes", numa formulação que cria logo a ideia na opinião pública de se estar a querer uma espécie de "roubo de propriedade intelectual", o que é mentira.

Este "licenciamento compulsório" até já se fez várias vezes para, por exemplo, dar acesso a certos países a medicamentos de tratamento à sida. A ideia não é, portanto, original, tem previsão legal nas regulamentações da OMC e há regras acordadas mundialmente, no âmbito do acordo TRIPS, para aplicar medidas assim.

Grosso modo, a coisa funcionaria assim: sempre que um titular de uma das patentes, durante uma fase aguda da pandemia, não conseguisse satisfazer as necessidades de vacinas de um país, esse país teria o direito de as mandar fabricar durante um período de tempo previamente determinado, a troco do pagamento de uma remuneração ao detentor da patente.

Angola | Tomámos conhecimento

Jornal de Angola* | opinião

Eu tinha prometido a mim mesmo não voltar a falar na Covid-19 por uns tempos. Mas a posição da Europa “oficial” diante da maka da suspensão das patentes das vacinas contra o novo coronavírus não me permite esquecer esse assunto facilmente. Se alguém ainda tem esperanças de que a humanidade sairia melhor, moralmente, da atual pandemia, é melhor desenganar-se de uma vez por todas.

Faltam-me adjectivos (publicáveis) para qualificar a posição dos líderes europeus que se recusam a apoiar a pretensão dos países pobres (por uma vez, esqueçamos os eufemismos) de levantamento temporário das patentes das vacinas anti-covid, para permitir a sua produção e a sua distribuição a custos menores pelas regiões que continuam escandalosamente discriminadas no actual processo de vacinação global, em especial a África.

Como se sabe, tal pretensão, manifestada por centenas de países, é apoiada pelo presidente da maior potência mundial, Joe Biden, e pelo Papa Francisco, duas lideranças que não são, digamos assim, negligenciáveis. Mas os mesmos líderes europeus que, servis – e apenas para dar esse exemplo -, apoiaram a invasão do Iraque decidida pelos EUA com base numa comprovada mentira, agora rebelam-se "corajosamente” contra a correcta posição norte-americana de subscrever a proposta de levantamento das patentes em questão.

Angola | Vítimas das chuvas de Luanda ainda à espera de realojamento

As mais de 8.000 pessoas que ficaram desalojadas em consequências das chuvas torrenciais de abril, em Luanda, continuam a aguardar soluções por parte do governo provincial, que está a "preparar o processo", segundo disse hoje a governadora.

"Tirando algumas iniciativas individuais que foram realizadas, ao nível do Governo Provincial de Luanda (GPL), estamos ainda a preparar o processo, ainda não terminámos", afirmou Joana Lina, acrescentando que o trabalho terá de ser feito de forma "sistemática, organizada"

Em 19 de abril, chuvas torrenciais provocaram o caos em Luanda e deixaram 14 mortos e mais de 8.000 pessoas desalojadas e 1.617 casas inundadas. 

A governadora falava em Luanda à margem de uma cerimónia em que foram transferidas estruturas de gestão territorial, até agora geridas por órgãos centrais, para o GPL.

Covid-19: Governo angolano alerta para riscos de colapso

Ordem dos Enfermeiros de Angola defende novas formas de sensibilização sobre os perigos da Covid-19, que regista novos recordes. Governo reforça medidas contra a doença, mas a ordem acusa-o de ser um incumpridor.

Dez dias depois de o Ministério da Saúde ter anunciado uma nova vaga do coronavírus com o aumento de novos casos e registo de várias mortes, o Governo voltou a reforçar as medidas de prevenção com novas restrições. Por exemplo, a partir desta segunda-feira (10.05), estão interditas as entradas e saídas na província de Luanda. O novo decreto sobre o estado de calamidade reduziu de 75 a 50 por cento a força de trabalho nas empresas públicas e privadas, os restaurentes e bares estão encerrados aos fins de semana, somente o serviço de entrega está autorizado.

A decisão foi motivada pelo incumprimento dos cidadãos num momento em que há circulação da variante inglesa da doença. O bastonário da Ordem dos Enfermeiros de Angola, Paulo Luvualo defende que as autoridades devem criar novas estratégias de comunicação que prove aos cidadãos de que a doença é real.

Guiné-Bissau | Detenção de António Deuna mostra que há "dois pesos e duas medidas"

CORRUPÇÃO

Na Guiné-Bissau, continua detido o ex-ministro da Saúde, António Deuna, suspeito de corrupção. Analistas afirmam que há dualidade de tratamento dos casos, mas esperam que o processo avance na justiça.

O ex-ministro da Saúde, António Deuna, foi detido na passada quinta feira (06.05), por alegado envolvimento em casos de corrupção.

A detenção do dirigente do Partido do atual primeiro-ministro, Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), teve lugar menos de duas semanas depois de ter sido afastado das funções do ministro da Saúde Pública.

O analista político, Jamel Handem, compara as denúncias feitas no país nos últimos tempos sobre corrupção e afirma que há dois pesos e duas medidas.

"Há que mostrar, pelo elo mais fraco [António Deuna], que se vai fazer justiça e mostrar que este Governo está a lutar contra a corrupção, é só isso. Não é verdadeiramente, na minha opinião, fazer vincar a lei e trabalhar com determinação contra a corrupção", começa por explicar.

Segundo Jamel Handem, o país tem "assistido a vários atos de corrupção que permanecem impunes".

"Desde o ex-ministro dos Transportes (Jorge Mandinga) que libertou um barco que, supostamente, tinha sido apreendido por ordem um juiz, até outras situações que temos ouvido nos media e na praça pública sobre a corrupção, mas que se mantêm impunes. E agora o elo mais fraco vai pagar", sublinha.

Guiné-Bissau | Viagens de Sissoco ao exterior "sem resultados concretos" para o povo

Desde que Umaro Sissoco Embaló chegou à Presidência guineense, há pouco mais de um ano, fez mais de 70 viagens ao exterior (ao interior fez menos de cinco). Analista diz que são "viagens de turismo" pagas por todos.

Com as visitas dos Presidentes de Portugal, São Tomé e Príncipe e do Sudão, todas previstas para este mês, 12 chefes de Estado terão visitado a Guiné-Bissau em 15 meses de presidência de Umaro Sissoco Embaló. Marcelo Rebelo de Sousa visita a Guiné-Bissau nos dias 17 e 18 de maio para avaliar o nível da parceria bilateral entre Portugal e a Guiné-Bissau.

O país exerce também uma forte diplomacia de proximidade junto dos seus parceiros sub-regionais nos domínios da migração, luta contra o terrorismo e combate ao crime organizado. 

Através do que o próprio chama de "diplomacia agressiva", o chefe de Estado guineense fez mais de 70 viagens ao exterior e menos de cinco ao interior da Guiné-Bissau desde que tomou posse, em fevereiro de 2020.

Em contrapartida, o país recebeu a visita oficial de 18 ministros dos Negócios Estrangeiros e abriu três novas embaixadas, na Turquia, Qatar e Arábia Saudita. Entretanto também abriram embaixadas na Guiné-Bissau - Cabo Verde e Marrocos - e está prevista para breve a abertura das embaixadas da Índia, Turquia e Qatar, segundo um documento oficial do Estado guineense consultado pela DW África.

Museveni toma posse pela sexta vez como Presidente do Uganda

Analistas e políticos ugandeses não esperam que Museveni mude o estilo que o marcou nos últimos 35 anos. A governação com traços de clientelismo e corrupção é apontada como crucial para a sua longevidade no poder.

Yoweri Museveni, de 76 anos, toma posse esta quarta-feira (12.05) para o sexto mandato consecutivo. O Presidente está no cargo desde 1986 e terá mais cinco anos à frente do Governo.

O histórico de Museveni relativo à democracia e aos direitos humanos causa preocupação crescente aos ativistas no país e no estrangeiro. Os aliados no Ocidente, no entanto, parecem relutantes em perturbar um regime que tem contribuído para a estabilização da região.

Ao capturar instituições estatais para servir aos seus próprios interesses, Museveni conseguiu que o Parlamento alterasse duas vezes a Constituição para lhe permitir concorrer à Presidência - primeiro foi removido o limite de dois mandatos em 2005, depois abolido o limite de idade de 75 anos em 2017.

A conversa de Biden sobre a dispensa da IP da vacina é um teatro político

# Publicado em português do Brasil

MK Bhadrakumar* | Asia Times | opinião

A esquerda da América e as nações em desenvolvimento devastadas pela pandemia apoiam a proposta, mas os fabricantes de medicamentos do mundo desenvolvido recusam

A Índia recebeu o apoio dos EUA para um relaxamento nas regras de patentes para dar aos países em desenvolvimento acesso barato a vacinas e medicamentos.

Nova Delhi está “esperançosa de que, com uma abordagem baseada em consenso, a renúncia possa ser aprovada rapidamente na OMC”. Mas será que o otimismo quanto a uma flexibilização dos Aspectos da Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS) é justificado? 

declaração dos EUA é redigida com cautela e evasiva. Diz apenas: “Participaremos ativamente das negociações baseadas em texto na Organização Mundial do Comércio (OMC) necessárias para que isso aconteça.

“Essas negociações levarão tempo, dada a natureza consensual da instituição e a complexidade das questões envolvidas.” 

A ênfase do governo Biden continua sendo “nosso suprimento de vacinas para o povo americano”.

É uma estratégia do America First. O presidente Joe Biden tem planos de vacinar, pelo menos parcialmente, 70% dos adultos até 4 de julho para que a imunidade coletiva à Covid-19 reduza as infecções.

Joe Biden reinventa o racismo

Thierry Meyssan*

Contrariamente a uma ideia feita, o Presidente Biden não pensa garantir « a igualdade face ao Direito » a todos os Norte-Americanos sem distinção de raça. Pelo contrário, ele pretende ser o campeão da «equidade racial», quer dizer de uma forma de igualdade entre, não os indivíduos, mas o que considera como grupos raciais distintos. Neste artigo, Thierry Meyssan empregará o termo «racismo» no seu senso literal e não no mais comum de «comportamento discriminatório». Ele mostrará que ao anunciar a intenção de estender ao mundo inteiro «a equidade racial», o Presidente Biden e o Partido Democrata ameaçam a paz mundial.

A principal prioridade do Presidente Biden é a de impor a ideologia do «1619 Project» à sociedade dos EUA e ao mundo.

Num Estado Federal, algures no mundo, o Ministério da Educação nacional decidiu ensinar nas escolas primárias e secundárias que a humanidade está dividida em raças distintas.

Embora estas raças sejam distintas, é possível acasalá-las e dar origem a crianças. No entanto estes serão estéreis como muares com origem num burro e numa égua. É por isso que as estatísticas do tal Estado Federal contam brancos, negros etc, mas não mestiços.

Como existe uma hierarquia implícita entre estas raças distintas e, infelizmente, os mestiços não são estéreis, eles são automaticamente contados como pertencendo à raça inferior. É preciso, com efeito, preservar a raça superior de qualquer contaminação.

Este Estado Federal era o Reich nazi, mas estes são também os princípios dos Estados Unidos de Joe Biden e do seu Secretário da Educação, Miguel Cardona.

Assistimos ao retorno do «racismo científico» que provocou a Segunda Guerra Mundial e os seus 70 milhões de mortes. Ninguém parece, no entanto, estar ciente do perigo e muitos pensam que os Democratas norte-americanos são exemplo de abertura aos outros.

Lembremos que o racismo dos anos 30 tinha todos os atributos de Ciência. Ele era objecto de pesquisas em inúmeros institutos científicos e era ensinado nas universidades tanto nos Estados Unidos como na Europa Ocidental. Antes da Primeira Guerra Mundial, a fim de preservar a raça superior muitos Estados «modernos» haviam proibido os casamentos inter-raciais.

Aviação israelita bombardeia Gaza pelo terceiro dia consecutivo

Os ataques prosseguiram esta madrugada e manhã, destruindo infra-estruturas e provocando dezenas de vítimas. Na Cisjordânia, as forças israelitas prenderam mais de 40 palestinianos e mataram dois jovens.

O número de vítimas mortais civis dos ataques aéreos israelitas contra o enclave costeiro cercado subiu para 48, incluindo 14 crianças e três mulheres, revelou o Ministério palestiniano da Saúde numa actualização às 13h (hora local), acrescentando que 304 pessoas ficaram feridas desde o início dos ataques, na segunda-feira.

De acordo com a agência WAFA, a aviação israelita levou a cabo mais de 40 ataques contra vários pontos na Faixa de Gaza esta manhã, a que se juntam outros cem antes, destruindo edifícios, fábricas e residências.

A PressTV refere que dois comandantes do Hamas foram mortos nos ataques desta manhã, em que a aviação israelita voltou a bombardear, pelo terceiro dia consecutivo, as sedes da Polícia e das forças de segurança em Gaza, bem como a Universidade Islâmica de Gaza.

O Exército israelita afirmou que os comandantes eram oficiais dos serviços de inteligência do Hamas e que os ataques eram uma resposta às «centenas de mísseis» lançados a partir de Gaza nas 24 horas anteriores, acrescentando – revela a PressTV – que se trata do seu «maior ataque desde 2014».

Portugal | Mais Fiscalidade Esverdeada

A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) lançou mais uma proposta de medidas da «fiscalidade verde», apoiada nos nada rigorosos e ainda menos científicos estudos da multinacional Deloitte.

AbrilAbril | editorial

Na linha de outros pacotes, este prossegue basicamente objectivos de classe, promovendo formas de aumentar a cobrança de impostos sobre os trabalhadores para permitir as isenções sobre o grande capital e as classes economicamente mais favorecidas.

Desde logo, a APREN propõe-nos um aumento de impostos, já que defende que as suas propostas permitirão arrecadar mais 1100 milhões de euros em 8 anos. A coisa faz-se assim, por fases: primeiro criam-se impostos indirectos por «boas causas»; depois, porque a carga fiscal aumenta, reclama-se a redução dos impostos sobre o rendimento.

Se os impostos indirectos (ligados ao consumo) já são por si próprios muito mais injustos que os impostos directos (ligados ao rendimento), neste caso a injustiça ainda é mais potenciada pelo tipo de medidas propostas, que provocariam um tal aumento da carga fiscal sobre as famílias de menores rendimentos, que esse aumento permitiria cobrar mais impostos e ainda oferecer um conjunto de reduções de impostos às famílias mais ricas.

Sporting | Só eles sabem porque não ficaram em casa

Alegria incontida, esfusiante, pelas ruas de Portugal. Principalmente em Lisboa e Porto, mas um pouco por todo o país e arredores. Tudo muito verde porque o Sporting saiu merecidamente o campeão do campeonato nacional 20/21 – agora chamam-lhe outra coisa… Taça da Liga? O quê?

No Curto de hoje e em toda a comunicação social aí temos a vitória do Sporting Campeão, dezanove anos depois da sua fase de jejum. Dezanove é muito tempo. Até deu para criar os filhos que há 19 anos era criançolas e que atualmente já são homens e mulheres jovens, mas muito adultos. Pode dizer-se que o jejum do Sporting foi do tamanho de uma grande parte da vida. Mas ainda bem, pela grande e difícil vitória. Parabéns.

Milhares de portugueses estiveram-se borrifando para o covid-19 e para as leis restritivas. Apostaram na alegria de o seu clube ser finalmente campeão e correr o risco de ficarem contaminados pelo covid-19… Esperemos que, com sorte, nada de mal aconteça. Que os números dos contagiados, os novos casos, não aumentem.

Pela aglomeração de milhares de pessoas na confraternização da onda verde as críticas não se fizeram esperar. Pelo visto ao de leve a “porrada” leva-a o ministro Eduardo Cabrita, a PSP… e há-de haver mais a “levar nas trombas”. Pergunte-se: mas o que queriam que o homem-ministro fizesse? E, mas o que queriam que a PSP fizesse? Como seria possível travar a multidão de alegria incontida? Estragar a festa com distúrbios que mesmo assim ocorreram junto ao estádio em Alvalade? Tenham dó. A “festa” foi um risco, sim. Esperemos pela “fatura covid” ou talvez não. Certo era que não podiam parar aqueles que só eles sabem porque não ficaram em casa, os sportinguistas. Sejamos otimistas e esperemos que nada de pior venha a causar aquela festa de milhares nas ruas.

Martim Silva traz no Curto a alegria verde. Nota-se pela prosa que é sportinguista (ou talvez não). Parabéns. Nestes casos o desporto, o desportivismo, deve ser sempre a regra. Fiquemos contentes por ver os sportinguistas contentes. E por ver certos e incertos lisboetas contentes apesar de não serem adeptos do Sporting… É que o troféu de campeão ficou em Lisboa, não foi para o Porto da arrogância e da ironia (ou outro do mesmo jaez). Sim, esses, o FCP e outros. Adiante. Saliente-se que a cerca sanitária em Odemira foi à vida. Cuidados e juízo na luta contra o covid-19 e contra aqueles que nos querem tirar as liberdades e a mísera democracia que resta.

Bom dia e dêem a atenção que o Curto merece. Não só de futebol conseguimos alegrias e tristezas. Outros acontecimentos e outras notícias também contêm essas capacidades.

MM | PG

Portugal | "Elites podres"

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Os empréstimos estavam mais do que justificados pelo património. Os negócios eram excelentes e dariam lucros de milhões. Sucede que houve, entretanto, a crise financeira de 2008, que acabaria por nos trazer a troika.

E depois a resolução do Banco Espírito Santo, reconvertido em Novo Banco. E, finalmente, a venda de crédito que nada tinha de malparado aos fundos abutre, a preço de saldo. O prejuízo, paga o contribuinte, com a injeção anual de centenas de milhões de euros. Que ninguém vacile. Também este se revelará, a seu tempo, um excelente negócio. Tudo será devolvido até ao último tostão. Com juros. Não é a história da carochinha, é um resumo possível da comissão de inquérito ao Novo Banco.

Até agora, destacaram-se os testemunhos de três gestores visionários, que só por má-fé são apontados como grandes devedores. Desde logo, Bernardo Moniz da Maia, líder de um grupo que o NB "afogou". O facto de centenas de milhões da dívida terem a ver com a compra de ações do BCP (aquelas que não davam nem para pagar um café) é um detalhe. O grande capitalista até estava a disposto a comprar por 100 milhões a dívida que o NB vendeu aos abutres por seis. Desde que lhe financiassem uns negócios no Brasil. Não deu, não é culpa dele.

Veio depois João Gama Leão, com 300 milhões investidos na recuperação de empresas e na exportação. Mais uma "vítima" do BES e do NB. Para o caso de ninguém saber, deixou uma lição sobre negócios: "não há maneira de crescer sem riscos". Foi o que fez, por exemplo, quando meteu uns dinheiritos na Espírito Santo Internacional (a tal que, quando faliu, tinha um buraco de 7300 milhões), o que lhe valeu um agradecimento de Ricardo Salgado, "um dos momentos mais altos da sua carreira". Que não o confundam, no entanto, com a "elite podre" que tem passado pela comissão.

Finalmente, Luís Filipe Vieira e o seu faro para os negócios imobiliários. É verdade que os alicerces assentam numa dívida de centenas de milhões, mas é preciso paciência: dentro de 15 anos, "haverá dinheiro para toda a gente". Vieira não é comos os outros, "que guardaram dinheiro, fugiram, pediram insolvência". Os seus negócios são uma mina de ouro. Tão rentáveis que um amigo, conhecido como "rei dos frangos", comprou por oito milhões uma dívida de 54 que o Novo Banco tinha vendido por cinco aos abutres. Confuso? Não tente deslindar. São negócios só ao alcance de génios que têm uma vida bem mais confortável do que a sua. Só nos faltava agora que os portugueses tentassem "encontrar culpados pelas suas insuficiências".

*Diretor-adjunto

Portugal | Costa anuncia fim da cerca sanitária nas duas freguesias do concelho de Odemira

Chefe do Governo confirmou informação já antes avançada por Marcelo Rebelo de Sousa.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta terça-feira o levantamento da cerca sanitária a partir das 00:00 de quarta-feira em duas freguesias do concelho de Odemira (Beja).

"Hoje durante a tarde reunimos um Conselho de Ministros eletrónico que já está concluído e, portanto, foi decretado o levantamento da cerca sanitária a partir das 24:00 de hoje nestas duas freguesias", afirmou.

O primeiro-ministro falava em Odemira depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dito que tinha sido informado por António Costa do fim das restrições naquele concelho do litoral alentejano.

"Atendendo à evolução positiva da situação epidemiológica verificada naquelas freguesias, decorrente em grande medida da implementação de mecanismos para a mitigação das dificuldades que o elevado grau de mobilidade e as dinâmicas próprias daquela zona geográfica criavam no combate à propagação do vírus SARS-CoV-2, decidiu o Governo alterar as medidas de restrição da circulação que estavam em vigor desde 30 de abril", lê-se no comunicado do Conselho de Ministros, entretanto divulgado.

Sporting | A festa que quebrou todas as regras sem se ouvir uma palavra a Cabrita

SPORTING CAMPEÃO 20/21 - depois de jejum de 19 anos 

Lei limita concentrações na via pública a 10 pessoas, mas milhares de adeptos juntaram-se durante a tarde e noite à porta do estádio. E assistiram ao jogo em ecrã gigante.

Seguramente não haverá adeptos nos estádios antes da próxima época", vincou o primeiro-ministro há um mês, quando anunciou o fim do Estado de Emergência e um calendário de desconfinamento a conta-gotas e pleno de cautelas. Sem adiantar então avisos quanto à esperada festa se o Sporting voltasse mesmo a ser campeão ao fim de quase duas décadas.

As balizas viriam mais tarde na Resolução do Conselho de Ministros, que estabelecia o regresso de "eventos interiores e exteriores, embora com diminuição de lotação, e de acordo com as orientações da DGS", e determinava "o aconselhamento da não concentração de pessoas na via pública e a dispersão das concentrações superiores a 10 pessoas, salvo se todos forem pertencentes ao mesmo agregado familiar que coabite".

Ontem, o jogo que se antecipava que daria a vitória ao Sporting ao fim de 19 anos sem ser campeão fez-se à porta fechada. Mas uma multidão de adeptos juntou-se à frente do estádio sem impedimentos, muitos sem máscaras e sem respeitar o distanciamento obrigatório. E muitos deles a consumir bebidas alcoólicas. Mesmo porque as claques montaram um ecrã gigante em Alvalade a transmitir a partida para quem ali foi chegando ao longo da tarde.

Até ao fecho desta edição, nem essa transmissão ilegal - amplamente divulgada durante o dia nas redes sociais, chamando os sportinguistas a juntar-se nas imediações do estádio - nem os confrontos com a polícia logo ao intervalo, motivaram reação do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

A festa do Sporting começou a ser preparada três dias antes do jogo, envolvendo, além das forças de segurança tuteladas pelo governo, a autarquia liderada por Fernando Medina. De acordo com as regras e as recomendações da DGS, previam o corte do trânsito entre o Saldanha e o Marquês de Pombal a partir das 19.00, encerramento de estações de metro desde as 22.30 e um desfile controlado dos jogadores num autocarro e sem paragens.

"Para quem quiser participar, vai haver um desfile que passará pelo Campo Grande, Entrecampos, Avenida da República, Saldanha, Avenida Fontes Pereira de Melo, Marquês de Pombal e sentido inverso. Os jogadores permanecerão nos autocarros. Pedimos a quem seja morador nestas zonas que assista das janelas ou nas varandas. Todos temos de fazer um esforço para não criar ajuntamentos nem aglomerações. Não podemos tornar a festa num pesadelo", pediu o intendente Domingues Antunes, da PSP, numa conferência de imprensa ainda durante a tarde.

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