Manlio Dinucci*
Os Estados Unidos iniciarão, em Maio, a produção em linha de montagem das suas novas bombas atómicas B61-12. Prevêm instalá-las nas suas bases europeias.
Dentro de quatro meses, em Maio de 2022, inicia-se nos EUA a produção em grande escala da nova bomba nuclear B61-12: anuncia o U.S. Department of Energy’s National Nuclear Security Administration (a Administração Nacional de Segurança Nuclear do Departamento de Energia dos EUA, NNSA, que faz parte do Departamento de Energia dos EUA). Logo após sairem da fábrica, as novas bombas nucleares serão entregues à Força Aérea Americana, que as instalará nas bases em Itália e noutros países europeus, em substituição das B61s.
A B61-12 é uma nova arma nuclear
polivalente que substitui três das variantes da actual B61 (3, 4 e 7). Tem uma
ogiva nuclear com quatro opções de potência, seleccionáveis em função do alvo a
destruir. Não é largada na vertical como a B61, mas a uma distância do alvo a
que é dirigida, guiada por um sistema de satélite. Pode penetrar no subsolo,
explodindo em profundidade para destruir os bunkers do centro de comando de
modo a ’decapitar’ o país inimigo num first strike (primeiro ataque) nuclear.
Para esse ataque, a Força Aérea Americana dispõe também da quarta variante da
B61, a B 61-11 penetrante, modernizada em
Entre estes caças destacam-se os
F-16C/D norteamericanos instalados em Aviano e os PA-200 Tornado italianos,
instalados
É o factor determinante da capacidade ofensiva das bombas nucleares B61-12. Se todas elas fossem instaladas em solo americano, prontas para serem transportadas por bombardeiros estratégicos, não constituiriam uma mudança substancial das disposições estratégicas actuais. Em vez disso, as B61-12 serão colocadas noutros países, especialmente perto da Rússia, prontas para serem transportadas e lançadas por F-35 e por outros caças.
As bases de Aviano e Ghedi foram reestruturadas para acolher os caças F-35A armados com as novas bombas nucleares. Em Ghedi, podem ser posicionados trinta caças italianos F-35A, prontos para atacar sob comando USA com 60 bombas nucleares B61-12. Não está excluída a hipótese de serem também destacadas para outras bases em território italiano. Não se exclui que, além de serem instaladas na Alemanha, Bélgica e Países Baixos, sejam também armazenadas na Polónia, cujas forças aéreas participam há anos em exercícios de guerra nuclear da NATO e noutros países de leste. Os caças da NATO albergados nas repúblicas bálticas, próximas da Rússia, também podem ser armados com as B61-12. Não está excluída a possibilidade de que as novas bombas nucleares possam também ser enviadas para a Ásia e para o Médio Oriente contra a China e contra o Irão.
Apesar de serem classificadas como "armas nucleares não estratégicas", as B61-12, quando proximas dos alvos, têm capacidades ofensivas semelhantes às armas estratégicas (tais como as ogivas nucleares dos mísseis balísticos intercontinentais). São, portanto, armas desestabilizadoras, que provocarão uma reacção em cadeia, acelerando a corrida ao armamento nuclear.
As cinco potências nucleares, membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas - Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido – afirmam numa declaração conjunta (3 de Janeiro de 2022) que "uma guerra nuclear não pode ser ganha e nunca deve ser travada" e que "continuamos empenhados em prosseguir negociações de boa fé sobre medidas eficazes para acabar com a corrida às armas nucleares e proceder ao desarmamento nuclear". Por esta razão, essa declaração preconiza que os EUA se comprometam a não instalar noutros países, ou melhor ainda a não produzir, as novas bombas nucleares B61-12.
Manlio Dinucci* | Voltairenet.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)
*Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016; Guerra nucleare. Il giorno prima. Da Hiroshima a oggi: chi e come ci porta alla catastrofe, Zambon 2017; Diario di guerra. Escalation verso la catastrofe (2016 - 2018), Asterios Editores 2018.
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