Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião
O formato dos debates eleitorais não contribui, decisivamente, para esclarecer aqueles que a eles assistem. A multiplicação até à saturação do seu número, o horário (com alguns em horário nobre e outros em horários impróprios), a discriminação de forças políticas, os filhos em canais generalistas e os enteados nos canais por cabo.
Mas, principalmente, o reduzido tempo atribuído a cada debate dificulta a troca séria de argumentos, privilegiando a rapidez do discurso (que não a sua compreensão...), os soundbites, as "frases assassinas", as expressões faciais......
Apesar de tudo isto, tenho assistido àqueles que mais me interessam. Um dos quais foi o que opôs António Costa a Jerónimo de Sousa. Bem podem os comentadores dizer quem ganhou ou perdeu (numa contaminação da análise política pelos maus comentadores pós-jogos de futebol). Mas o que foi mais relevante deste debate é que António Costa está a meter-se (nos) num beco muito estreito, mau para ele, mas principalmente mau para o país. Tem uma obsessão pela maioria absoluta - a razão da sua intransigência na negociação orçamental para forçar o seu chumbo. Dado que, como tudo o indica, essa maioria é inalcançável, Costa está a cortar as pontes à Esquerda.
Ao dizer que "perdeu a confiança" no PCP - o que poderia dizer o PCP que viu 62% dos seus projetos chumbados pelos votos do PS e do PSD!... -, está a eliminar opções. Ao contrário de Jerónimo, que esteve bem ao manter a porta aberta para convergências. Costa não pode continuar a fugir à questão essencial: o que fará se, como se prevê, o PS não tiver maioria absoluta e a Esquerda for maioritária?
*Engenheiro
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