Artur Queiroz*, Luanda
Forças especiais sul-africanas atacaram o porto do Lobito. Sabotaram as instalações petrolíferas de Cabinda. Destruíram a sede do Governo Provincial do Cunene e todos os equipamentos sociais da província, inclusive os sistemas de produção e distribuição de água e luz. Bombardearam autocarros e camiões que transportavam civis, matando os passageiros. Atacaram campos de refugiados namibianos no Cunene e Huíla matando milhares de pessoas. Bombardearam aldeias vilas e cidades angolanas onde não existia qualquer objectivo militar. Destruíram aeroportos e pontes.
As forças especiais do regime racista de Pretória, UNITA, mataram milhares de camponeses angolanos a sangue frio. Colocaram minas terrestres nos caminhos que conduziam às lavras. Mataram as elites femininas do partido, queimando-as vivas. Dispararam armas pesadas dentro da cidade de Luanda, em 1992. Destruíram sistemas de produção e distribuição de água e luz. Cercaram e bombardearam as cidades de Luena e do Cuito mesmo sabendo que os militares já tinham saído e só lá estavam civis.
Os refugiados angolanos da bárbara guerra de agressão do regime de Pretória contra Angola nunca foram protegidos na Europa. Pelo contrário, foram discriminados. Vítimas de racismo e xenofobia. Os EUA e os países da União Europeia não mandaram biliões de dólares para o Governo Angolano se defender dos agressores. Não mandaram armas e munições. O Tribunal Penal Internacional nunca se preocupou com os crimes de guerra e contra a Humanidade. Nenhum procurador veio a Angola recolher provas contra PW Botha, Savimbi e outros criminosos de guerra de Pretória e da Jamba.
Querem a lista dos crimes de guerra na Ucrânia. Vou dar apenas os que vi e ouvi nos Media ocidentais e da boca do presidente da Ucrânia. Na CNN Portugal e todos os outros canais portugueses (públicos e privados) foram dadas estas notícias, repetidamente: Governo ucraniano distribui armas a civis. Governo ucraniano dá ordens a civis para dispararem contra os soldados russos.
Agora as imagens que me foram mostradas nesses canais e também em todos os canais internacionais aos quais tenho acesso. Civis fabricando cocktails molotov em áreas residenciais. Produção de cocktails molotov numa fábrica de cerveja. Imagens sucessivamente repetidas de plataformas dos BM21 (mísseis) em praças de cidades, inclusive de Kiev. Por fim, uma declaração do presidente da Ucrânia amplamente divulgada e repetida até à náusea: Dei ordens para a libertação de todos os presos e serem armados para combaterem contra o inimigo.
Não estou a inventar nada, apenas reproduzo declarações do senhor presidente da Ucrânia e conto o que vi através das imagens em todos os canais das televisões ocidentais. Que eu saiba, libertar presos de delito comum e armá-los até aos dentes é perigoso para a sociedade. Se já eram perigosos a ponto de serem encerrados num estabelecimento penitenciário, à solta e com armas na mão, parece-me que ficam um nadinha mais perigosos. Este comportamento pode não ser “crime de guerra” mas é criminoso e indigno de um Chefe de Estado.
Colocar artilharia-pesada em praças e ruas das cidades é gravíssimo e não tenho dúvidas de que esse acto viola claramente as convenções internacionais. Querem crimes de guerra na Ucrânia? Eu tenho esta lista. E nunca se esqueçam que os presidiários libertados e armados podem matar seja quem for. Os prédios habitacionais ocupados pelos nazis que de lá disparam contra tudo o que mexe são atacados, pois claro.
Os BM21 a despachar mísseis são detectatos. Introduzidas as coordenadas das suas posições, aí vai míssil de resposta. Depois dizem que os militares da Federação Russa atacam aéreas de civis. É verdade. Mas a artilharia-pesada está lá e tem que ser calada.
O senhor Gorbatchev, presidente da União Soviética, o senhor Helmut Khol (líder alemão) e o senhor James Baker, secretário de estado dos EUA assinaram o acordo que pôs fim à divisão da Alemanha. Para os signatários do documento a lógica era esta: “Alemanha unificada e em troca a OTAN (ou NATO) não avança nem uma polegada para Leste”. Estávamos no início dos anos 90. O que aconteceu desde então? O bloco militar do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) já está nos países bálticos (com governos reiteradamente nazis), na Polónia (com um governo classificado pela União Europeia como antidemocrático) e na Roménia, sem governo que se dê conta mas paraíso de nazis e traficantes de toda a espécie.
A lista dos avanços para Leste é pesadíssima. Já são países da OTAN (ou NATO) Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Hungria, Montenegro e Polónia. Nos documentos oficiais do bloco militar dito defensivo, são considerados membros aspirantes a Bósnia e Herzegovina, Geórgia, Macedónia e a Ucrânia.
A Operação militar especial da Federação Russa na Ucrânia é a resposta a esse cerco militar. Porque a OTAN (ou NATO) não é um bloco militar defensivo. Sabem porquê? Destruiu a Jugoslávia. Destruiu a Líbia e assassinou o Presidente Kadhafi. Destruiu oi Iraque e colaborou no assassinato do Presidente Saddam. Dá uma mãozinha nas agressões à Síria.
O estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) pisou o risco e a Europa está sob a ameaça de uma guerra. Como não existem líderes europeus (são mais cus do que cabeças) o pior pode acontecer.
Os embaixadores da União Europeia em Angola tiveram um encontro com o ministro Tete António. Segundo os Media angolanos ao serviço dos eurocentristas e colonialistas, foram pressionar o Executivo para condenar a operação militar na Ucrânia. Além de patetas, são desavergonhados. Levem-nos ao Triângulo do Tumpo para verem os restos dos tanques Oliphant alemães que os racistas da África do Sul e a UNITA usaram contra o Povo Angolano. E os seus governos, aplaudindo!
* Jornalista
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