Comissão preparatória admite que congresso do PAIGC poderá ser adiado alguns dias por causa de uma providência cautelar. À DW, político confessa que Simões Pereira poderá reconquistar a liderança: "É o melhor que temos".
É uma boa notícia para o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). O Governo da Guiné-Bissau levantou algumas restrições impostas no âmbito do combate à pandemia de Covid-19 e volta a ser possível realizar atividades político-partidárias, como o X congresso do PAIGC.
O encontro foi adiado em
fevereiro e inicialmente agendado para esta semana. Mas, ao que DW África
apurou, já não deverá realizar-se de
Ainda assim, Manuel Santos, presidente da comissão preparatória do Congresso, acredita que esta questão será ultrapassada em breve e diz que nada impedirá o PAIGC de se reunir em congresso.
DW África: O Governo da Guiné-Bissau acaba de levantar algumas restrições no país e já permite a realização de atividades político-partidárias. É uma boa notícia para o PAIGC? Já se pode realizar o congresso previsto para esta semana?
Manuel Santos (MS): Sim,
obviamente que é uma boa notícia, mas há outros problemas relacionados com
o congresso. Um ex-militante do PAIGC interpôs uma providência
cautelar nos tribunais, impedindo o PAIGC de realizar as suas conferências
regionais
DW África: Isso significa que o congresso que está previsto para esta quinta-feira, 10 de março, será adiado?
MS: Não creio que se realize nesta quinta-feira, mas [provavelmente] será dois ou três dias depois.
DW África: Portanto, ainda não há uma data definida para a realização do congresso?
MS: Não, porque antes do congresso tem de haver um comité central e só essa instância do partido pode decidir a data do congresso.
DW África: Quem foi o ex-militante que interpôs a providência cautelar?
MS: É um senhor chamado Bolom Conté, que introduziu uma providência cautelar que parou tudo. Como o PAIGC respeita o Direito e a Justiça, não forçámos a nota para realizar as conferências regionais. Até porque, antes disso, a polícia impediu a entrada dos militantes do partido.
DW África: O PAIGC também tem denunciado manobras da Justiça e do Governo da Guiné-Bissau para travar este X congresso do partido. Este tem sido um tema abordado nas vossas reuniões?
MS: Com certeza, e demos alguma publicidade a isso, tanto no plano interno quanto no plano externo. De facto, é o que está a acontecer até agora.
DW África: O Procurador-Geral da República revogou o despacho que retirava a medida de coação da obrigação de permanência no território, imposta ao líder Domingos Simões Pereira e também reabriu um processo judicial que alegadamente o envolve. Acha que estas medidas podem pôr em causa o trabalho de Domingos Simões Pereira?
MS: Isso é um disparate judicial, porque o presidente do partido é deputado e, não lhe tendo sido retirada a imunidade parlamentar, nenhum Procurador, nem ninguém, pode impor medidas de coação ao presidente do partido. Isso é completamente ilegal e infundado.
DW África: Acha que esta alegada perseguição e todas as questões em torno do atual líder do PAIGC, além das manobras que dizem estar a ser preparadas, podem prejudicar a realização do congresso? Ou nada vai impedir o PAIGC de se reunir?
MS: Nada vai impedir o PAIGC de se reunir, até porque é uma instância que se deve reunir a cada quatro anos. Fizeram agora quatro anos desde o último congresso. Nós temos de reunir o congresso para repor a direção do partido e torná-la legal. Porque os resultados do congresso depois são entregues ao Supremo Tribunal, que as irá confirmar.
DW África: Espera mudanças na liderança do PAIGC neste congresso?
MS: Acho que não. O presidente do PAIGC goza de uma grande popularidade, tanto dentro como fora do partido. Devo acrescentar que, neste momento, ele é o melhor que nós temos.
Madalena Sampaio | Deutsche Welle
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