… dos fornecimentos energéticos russos?
Especialistas e funcionários de diferentes países alertam cada vez mais para a proibição dos fornecimentos energéticos russos à União Europeia, algo que seria “fisicamente impossível” e afectaria gravemente o mercado da Energia na Europa.
No passado dia 21 de Abril, a secretária do Tesouro dos E.U.A., Janet Yellen, avisou os seus parceiros europeus sobre a tomada de acções precipitadas. “A médio prazo, fica claro que a Europa precisa de reduzir a sua dependência da Rússia em relação com a energia. Mas há que ter cuidado na hora de avaliar uma proibição total por parte da Europa das importações do petróleo, por exemplo”, disse Yellen numa conferência de imprensa.
De acordo com a alta funcionária estado-unidense, a tentativa do Ocidente em “prejudicar a Rússia” através da proibição dos seus fornecimentos energéticos, “poderá ter pouco impacto negativo” no país, capaz de exportar menos energia ao aumentar os preços dos fornecimentos. “Isso, sem dúvida, aumentará os preços mundiais do petróleo e terá um efeito negativo na Europa e outras partes do mundo”, acrescentou.
Racionar a energia
Num artigo publicado em 24 de Abril, a Bloomberg assinala que o fim dos fornecimentos de gás russo também afectaria “de imediato” o mercado europeu e poderia obrigar a UE a racionar a energia pela primeira vez desde a década de 1970. Ao mesmo tempo, este cenário teria eco noutros países do mundo como o Paquistão ou Argentina. “As nações emergentes seriam pressionadas pela sede de energia da Europa, sobretudo pelo gás liquefeito, enquanto se esforçavam por competir pelo preço”, escreve a Bloomberg.
Por sua vez, Alexander Frolov, sub-director do Instituto Nacional de Energia da Rússia, explicou ao portal BMF.ru que a UE continua sob os efeitos da crise energética de 2021, pelo que uma proibição das importações energéticas russas seria com “um tiro na cabeça” para a economia do bloco comunitário.
“Em condições de crise energética global, o problema de substituir o actor dominante no mercado torna-se fisicamente impossível, porque é impossível conseguir cerca de 150 mil milhões de metros cúbicos de gás de algum outro fornecedor, por exemplo”, destacou Frolov, ao afirmar que uma situação semelhante regista-se também no mercado petrolífero.
Rumo ao “pragmatismo económico”
Entretanto, as empresas energéticas europeias continuam na busca de mecanismos que permitam realizar pagamentos sob condições que satisfaçam também os interesses da Rússia. Neste contexto, a Comissão Europeia clarificou na sexta-feira, que os pagamentos pelo gás natural russo em euros ou em dólares, que posteriormente seriam convertidos em rublos, não seriam uma violação das sanções impostas à Rússia se o país considerasse que as obrigações contratuais dos compradores são satisfeitas assim que a soma for paga na moeda estrangeira correspondente.
De acordo com o decreto assinado pelo presidente russo Vladimir Putin, as obrigações contratuais consideram-se cumpridas após o comprador efectuar o pagamento ao fornecedor de gás russo em rublos com os fundos obtidos com a venda de euros ou dólares, efectuada pelo banco russo Gazprombank.
Por sua vez, Konstantin Simonov, chefe do Fundo de Segurança Energética, disse que o esquema de pagamento proposto pela Rússia "é muito conveniente para os compradores estrangeiros", já que é o Gazprombank que se encarrega da conversão. "No entanto, entendemos que esta história não é sobre jurisprudência, transações ou finanças, é mais sobre política", lamentou o especialista. No entanto, salientou que, neste momento, parece que o "pragmatismo económico" está a triunfar na Europa, embora a questão de uma eventual proibição possa surgir no futuro.
Fonte: Agência SANA
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