quinta-feira, 16 de junho de 2022

Angola | Partidos Fraude São Base da Ditadura – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O programa político da Oposição é excepcional e tem apenas um ponto: Fraude Eleitoral. O programa de governo da Oposição é inigualável e nunca visto: A Fraude Eleitoral Está em Marcha. A coligação da UNITA com o Bloco Democrático e Abel Chivukuvuku é única e jamais vista no mundo: Não tem símbolos, não tem existência legal, não tem registo, não tem bandeiras, não tem corações, não tem vozes, não tem apoiantes, não tem adversários. Vai ganhar as eleições no centro de conferências do Complexo Sovismo, em Viana. No dia do acto eleitoral (24 de Agosto) cada qual recebe um cartão de bingo e aquele que quinar ganha. Está no papo. Quem preencher o cartão todo é eleito chefe da esquina constituída pelos três amigos da vida airada: Cócórócócó, Ranheta e Facada. Boa sorte.

A UNITA está indignada porque o chefe Adalberto vai a Menongue e o governador provincial não tem agenda para recebê-lo no sábado. Então o engenheiro mais engenhoso do mundo vai à capital provincial e o senhor governador não o recebe? Que crime! Na Jamba, quando Savimbi chegava, as mulheres preparavam-se para ser violadas, e queimadas vivas, os homens arrojavam-se aos pés do criminoso de guerra e as crianças fugiam para não serem queimadas com as mamãs. O sucessor de Savimbi vai a Menongue e nada. Nem o governador se curva ante tão distinta personalidade.

O pessoal da UNITA é como os golpistas do 27 de Maio de 1977, nunca trabalharam na vida, não têm outra actividade que não seja viverem à custa do partido, dos cofres públicos e de negócios mafiosos como os diamantes de sangue, o marfim, a droga e a madeira de girrassonde. O MPLA, pelo menos, tem profissionais de muitas artes e ofícios. Gente que sabe o quer é a vida. Trabalha. Labuta. Luta. Come o pão que o Savimbi amassou. 

Naquele tempo maldito da Revolução, da República Popular de Angola, saíamos do trabalho e íamos juntar-nos aos camaradas para, de armas na mão, defendermos o povo dos musseques. Saíamos do trabalho e íamos dar aulas de alfabetização. Saímos do trabalho e íamos participar nas campanhas de limpeza.

 Os golpistas quiseram acabar connosco no 27 de Maio porque não éramos bons exemplos para ninguém. Um dia fui visitar camaradas a um prédio da Samba, o maior do bairro. Levava um garrafão de vinho para a festa. Lixei-me porque todos os moradores estavam a limpar o edifício de alto abaixo e toda a zona envolvente. Ia comemorar e trabalhei que nem um cão. Os golpistas nunca trabalharam. Vadiagem com o brasão da política! 

Adalberto acha que o governador do Cuando Cubnango tem a vida dele. Fica a saber que os nossos esforçados governadores e governadoras marcam para sábados e domingos os contactos com as populações mais distantes do município sede. Não podem receber um turista da política e abandonar o povo.

O Presidente João Lourenço convocou as eleições para o dia 24 de Agosto. Reuniu os membros do Executivo e apresentou-lhes a proposta. Houve consenso. Depois reuniu os seus colabores da Presidência da República, secretários, titulares da Casa Civil e da Casa Militar. Reforçou o consenso. Com a proposta consolidada, convocou o Conselho de Estado e disse aos excelentíssimos conselheiros que tinha a data das eleições gerais,24 de Agosto!

Que horror! Então não íamos nós, grandiosos conselheiros, escolher a data? Afinal o que estamos aqui a fazer? Eu respondo: A tratar da vidinha. As eleições tinham de ser marcadas em Agosto, Há cinco anos decorreram no dia 23. A taxa de abstenção foi de 24 por cento. Sabem qual foi em 1992? Menos de oito por cento. É uma boa ideia marcar o acto eleitoral para um dia de semana. Porque se a “festa do voto” for num dia descanso, a abstenção pode subir. Os conselheiros só tinham que concordar ou discordar, explicando porquê. Ninguém no seu perfeito juízo, ia discordar da data escolhida pelo Presidente da República e seus colaboradores directos. Só se fosse o 33 de Agosto…

O Fernando Pacheco ficou com insónias. O Ismael Mateus ficou mais calmo porque ainda não atirou ao lixo o fato e a gravata para o dia que for ministro. Eles falam, falam, falam mas andam pendurados aos tachos quase desde que nasceram!

A Oposição já fala em fraude eleitoral. Tenho muita pena mas vou revelar que eles, sim, são uma fraude que nos fica caríssima. Nas eleições de 2017, o Estado pagou aos concorrentes (MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA e APN (Aliança Patriótica Nacional) três biliões de kwanzas. Alguns nem indicaram, delegados às mesas de voto. Não fizeram campanha. Os tempos de antena eram artesanais, baratuchos. Meteram o dinheiro ao bolso. A UNITA está na lista! Apesar da farra, as eleições decorreram de uma forma ordeira, cívica e madura. Os fraudulentos que gastaram o dinheiro para satisfazer os interesses pessoais, perderam em toda a linha. O MPLA teve quase três vezes mais mandatos do que o Galo Negro. Os fraudulentos perdem, irremediavelmente!

Ainda faltam mais de dois meses para as eleições e os suspeitos do costume já estão a estender-se ao comprido. Em vez de formarem o seu pessoal eleitoral, espalham calúnias e suspeitas. Habituados a nada fazer, não fazem nada. Vamos ver o filme do costume. Metem os biliões ao bolso e que se lixem as eleições. Depois a culpa é do MPLA.

A forma que têm de fazer política é sempre a mesma. Calúnias, suspeições, mentiras, manipulações, falta de respeito pelos adversários e pelos eleitores que ainda acreditam neles. Todos os dias apresentam um caso, uma anomalia inventada, uma suspeita esfarrapada. Além de maus políticos, são ruins da cabeça e doentes dos pés. Por isso ninguém dança com elas e com eles. Não passam de lesmas pegajosas grudadas aos cofres do Estado. Mas ficam caríssimos. É o preço a pagar pela democracia. As ditaduras é que ficam baratinhas. Vejam como lhes corria bem a vida na Jamba! 

*Jornalista

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