quinta-feira, 13 de outubro de 2022

FÓRUM DA PAZ É INSTRUMENTO DE GUERRA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O senhor António Guterres vai passar à História como o primeiro secretário-geral da ONU que fez da organização um instrumento de guerra contra um estado-membro, no caso Federação Russa. Outros foram pagos ou chantageados para tomarem posições vergonhosas de parcialidade. Mas sem perderem a compostura. Perez de Cuellar, dois dias antes da invasão dos EUA ao Iraque, foi a Bagdade e garantia que “vou fazer tudo para evitar a guerra”. Soube umas horas depois, pela voz do Presidente Saddam Hussein, que ele foi apenas levar-lhe uma mensagem de rendição para assinar, em troca de paz. Mas as aparências estavam salvas.

Um exemplo muito conhecido e que ajuda a perceber tudo o que está em causa hoje, no território da Ucrânia. A Guerra do Vietname. Os EUA ocuparam, criaram um estado-fantasma (Vietname do Sul), mataram, torturaram, lançaram bombas químicas. Os arquivos estão cheios de Imagens com tropas norte-americanas cometendo violências brutais contra civis vietnamitas. Os invasores e ocupantes dos EUA ainda fizeram uso de armas com agente laranja. Existem locais que, até hoje, estão contaminados, e milhares de soldados norte-americanos e cidadãos vietnamitas sofreram com as consequências do uso desse químico.

As tropas ocupantes de Washington, em dez anos de guerra, mataram dois milhões de civis! Mais de três milhões de guerrilheiros “Vietcong” foram mortos. Do lado invasor há o registo oficial de 58 mil baixas. Um bom negócio que ameaça repetir-se na Ucrânia. Um aspecto relevante:  A ONU nunca condenou a invasão do Vietname. 

Guerra do Golfo um. As tropas do Iraque invadiram o Kwait. A ONU aprovou a Resolução 660, que condenava a invasão e ordenava que as forças iraquianas abandonassem o Kuwait de imediato. Ao mesmo tempo, tropas norte-americanas e britânicas concentraram-se nas suas bases da Arábia Saudita, uma colónia de Londres e Washington. Em 29 de Novembro de 1990, o Conselho de Segurança da ONU emitiu a Resolução 678 exigindo novamente a retirada das forças iraquianas do Kwait. Tudo a fingir. Os EUA, à frente de uma “coligação internacional” invadiram o país mais próspero e mais progressista do Médio Oriente, Partiram tudo. OS EUA ainda têm bases militares no Iraque e governam o país através dos seus agentes da CIA.

Guerra do Golfo dois. Sob o pretexto da existência de armas de destruição maciça no Iraque, os EUA concluíram a ocupação e desmantelamento do país como estado soberano, Até hoje. A ONU apoia entusiasticamente a tragédia humana que ali se vive, desde 1990. Milhões de mortos. Milhões de deslocados e refugiados. Falência de um estado próspero.

Guerra da Jugoslávia. Os EUA e a NATO destruíram a República Federativa da Jugoslávia. Fizeram do Kosovo uma base militar norte-americana. O país desapareceu e ainda hoje sofre os efeitos das destruições causadas pelos invasores. A ONU ficou a assistir no camarote.

 Guerra da Líbia. Potências ocidentais completamente falidas decidiram roubar o petróleo líbio porque é muito fácil e barato extraí-lo. Os bombardeiros da OTAN (ou NATO) destruíram tudo. Os assassinos a soldo mataram o presidente Kadhafi. A ONU agora anda a fingir que está preocupada com a desintegração de um estado que era dos mais prósperos do mundo!

Guerra da Síria. Sempre de olho na rota da energia, as potências ocidentais decidiram colocar as riquezas da Síria sob seu domínio. Os sírios resistiram. Tropas norte-americanas e de outros países ocidentais invadiram um estado soberano. A ONU assobia para o lado. E se fala, é contra os resistentes! Contrataram grupos terroristas. A Federação Russa deu uma mão aos resistentes e os ladrões tiveram de recuar. Mas ainda não desistiram.

Guerra do Leste. Após a implosão da União Soviética ficou acordado que uma vez unificada a Alemanha, as bases da NATO não passavam “uma polegada” para Leste das fronteiras alemãs. Passaram. Já instalaram as suas armas à porta do Kremelin: Polónia, Bulgária, Tchéquia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia. E agora estão de entrada a Suécia e Finlândia, A Ucrânia entrou mas como carne para canhão na Guerra da União Europeia, EUA e NATO contra a Federação Russa. António Guterres ficou calado quando o comissariado para os direitos humanos denunciou que existe, desde 2014, uma limpeza étnica no Leste da Ucrânia executada pelo Batalhão Azov.

Hoje o secretário-geral da NATO (ou OTAN) afirmou: “Se a Rússia ganhar a guerra, a derrotada é a NATO ”. Ele quer dizer que é preciso derrotar a Federação Russa em nome da “civilização ocidental”. António Guterres não foi capaz de dizer uma palavra de denúncia contra uma tão grave posição belicista. Aquele rato assustado de sacristia transformou a ONU num instrumento de guerra contra a Federação Russa, Pior é impossível. Antes, Úrsula von der Leyen, Borrel e Charles Michel já tinham assegurado que a União Europeia é um instrumento de guerra contra a Federação Russa. 

Mais grave ainda. O ataque às torres de Nova Iorque foi considerado um ataque terrorista. O país atacado aproveitou a oportunidade para disparar de toda a maneira e feitio contra todos os que fossem obstáculos aos seus interesses. Destruíram o Afeganistão, para combater o terrorismo. Destruíram a Líbia para combater o terrorismo, Destruíram a Síria para combater o terrorismo. Destruíram o Iraque para combater o terrorismo. Voos secretos da CIA. Guantanamo. Milhões de mortos. E o ratito de sacristia Guterres, calado. 

Os nazis de Kiev sabotaram uma ponte na Crimeia causando-lhe sérios danos.  Mataeram civis inocentes. António Guterres ficou em silêncio. Biden silencioso. Todos os líderes ocidentais silenciosos. A Federação Russa atacou os terroristas de Kiev. Guterres diz que está horrorizado. Úrsula von der Leyen pede morte aos comunistas. Os terroristas podem ser perseguidos, se os perseguidores foram os EUA e seus aliados. Passam a coitadinhos se forem castigados pelos russos.  

O grupo dos sete países mais industrializados do mundo (G7) anunciou o seu apoio à guerra contra a Federação Russa por procuração passada à Ucrânia, “o tempo que for preciso”. Quem são os sete? Alemanha, uma base militar norte-americana na Europa. Canadá, Estados Unidos, França, Itália (uma base dos EUA), Japão (base norte-americana no Oriente) e Reino Unido, também uma base militar dos EUA. Na verdade G7 é um pseudónimo de Estados Unidos da América. Tomam estas decisões porque estão a facturar como nunca e quem paga as despesas são os povos. Estes loucos desafiam uma potência nuclear e acham que vão ganhar!

*Jornalista

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