Braima Camará, candidato único, foi reeleito coordenador nacional do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), num congresso sem grandes novidades, como já anteviam analistas guineenses ouvidos pela DW.
Braima Camará foi reeleito, este domingo (02.10), líder do partido que apoia o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, depois de obter cerca de 99,97% dos votos dos mais de dois mil delegados presentes no congresso do MADEM-G15 no fim de semana.
O professor universitário Miguel Gama não está surpreendido com a vitória de Braima Camará. No entanto, a pouco mais de dois meses das eleições legislativas antecipadas, o académico prevê um cenário nada fácil para o líder reeleito.
"Braima Camará tem enormes desafios para frente. Como diz o próprio lema [do congresso], ele precisa de trabalhar para consolidar o partido e para ganhar as eleições, duas tarefas nada fáceis, uma vez que existe uma rotura interna que é visível no MADEM-G15, apesar de uma aparente calma neste preciso momento", avalia.
Gama acrescenta que "é do conhecimento de toda a gente, existem duas alas internas no MADEM-G15: a ala do próprio Braima Camará e a ala do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló".
"Chegou a hora da Guiné-Bissau"
Mas Braima Camará garante que tudo está bem e que o partido está agora mais unido para os próximos desafios.
"Quando todo mundo estava à espera de roturas internas, saímos mais coesos, mais unidos, mais fortes, firmes e determinados, porque o momento é da paz, estabilidade, confiança e garantias em nós próprios, foi o que nós provamos aqui. Chegou a hora da Guiné-Bissau", disse o líder do MADEM-G15 durante o congresso.
O MADEM-G15 faz parte do Governo guineense desde que Umaro Sissoco Embaló assumiu o poder em 2020. Mas o partido tem apontado várias falhas no sistema de governação do país, que vem de há décadas, apelando à uma rotura com o passado.
Com os olhos postos na governação da Guiné-Bissau, perspetivando uma vitória eleitoral do seu partido nas legislativas de 18 de dezembro, Braima Camará lançou desafio para os militantes do partido.
"Doravante, temos que trabalhar e mostrar àqueles camaradas que foram dados o poder há mais de 45 anos, e que adiaram o nosso futuro, como se constrói escolas, como se paga o salário, como pode haver água e luz e como se desenvolve a agricultura para que a Guiné-Bissau avance", afirmou.
"Camará precisará de Sissoco Embaló"
Para Miguel Gama, se Braima Camará quiser chegar ao cargo de primeiro-ministro guineense, precisará do Presidente Umaro Sissoco Embaló para ganhar as legislativas e ser nomeado.
"O coordenador Nacional do MADEM-G15 pretende, desta vez, assumir uma função política no aparelho do Estado, neste caso o cargo do primeiro-ministro, mas para tal precisa se entender com o presidente da República, caso contrário este objetivo ficará aquém das suas expetativas", defende.
O Movimento para Alternância Democrática contou, nos últimos dias, antes do congresso, com adesão de várias figuras política, que decidiram abraçar o projeto político dirigido por Braima Camará. Um dos que já é militante do MADEM-G15 é José Mário Vaz, ex-Presidente da República, que agora foi escolhido presidente honorário da sua nova formação política.
Usando de palavras no congresso, Mário Vaz, deixou um conselho: "A preocupação do presidente de honra é falar a verdade. Falar do que sabemos, do que vimos, do que ouvimos, porque o que nos leva a avançar é a humildade e a simplicidade, que são fundamentais".
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche Welle
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