sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

HAVERÁ DEBATE ENTRE OS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA?

ANGOLA

Faltam menos de oito meses para as eleições gerais em Angola, e aumentam os pedidos para um debate eleitoral entre o candidato do MPLA, João Lourenço, e os cabeças de lista dos restantes partidos.

O líder da UNITA já desafiou o presidente do MPLA para um debate antes das eleições gerais de agosto. Adalberto Costa Júnior disse que, se João Lourenço "não tem medo", devia sentar-se frente a frente consigo, "abraçar o jogo democrático" e comparar projetos políticos.

Até agora, o líder do partido no poder não respondeu ao repto. Mas Eduardo Dumba Delfim, segundo secretário da UNITA no Huambo, insiste na realização do debate, pois seria o espaço ideal para os eleitores conhecerem os programas eleitorais dos partidos políticos, a que não conseguem aceder por outras vias.

"O debate público, aberto e transparente - sobretudo entre as duas lideranças, mas incluindo também as lideranças dos demais partidos - facilitaria com que cada cidadão pudesse desenvolver o seu intelecto, identificando o que de facto cada liderança pensa sobre o país, a economia, a política e sobre questões sociais", explica.

IGREJA DE SUMBE CAPOEIRA DO GALO NEGRO

Artur Queiroz*, Luanda

Joaquim Matias é padre no Sumbe. Durante uma missa despiu a sotaina e enfeitou-se com as penas do Galo Negro tornando-se um militante político. A metamorfose aconteceu no altar, um lugar sagrado, durante a homilia, conversa familiar do sacerdote no decorrer do culto, após a leitura do Antigo e do Novo Testamento, imediatamente antes da recitação do Credo.  A homilia tem a função de explicar a fé e o significado dos vários elementos litúrgicos. O padre preferiu bolsar o discurso da UNITA.

Os fiéis que faziam o santo sacrifício da missa não gostaram que o padre Joaquim Matias se enfeitasse com as penas do Galo Negro. Até porque mais de 90 por cento eram militantes apoiantes ou amigos do MPLA. É assim em todo o lado, nas igrejas, nos táxis, na zunga, nas fábricas, nas casas comerciais, nas repartições públicas, nas forças armadas e de segurança, nos campos, nas escolas, nos centros de saúde e hospitais. A Direcção Provincial do MPLA no Cuanza Sul protestou contra a falta de respeito do padre Joaquim Matias pela Igreja e pelos fiéis todos que estavam presentes na missa.

Um amigo acaba de me enviar um som no qual outro padre vem em defesa de Joaquim Matias mais ou menos nestes termos: Ele disse a verdade ou não disse? Então se tudo o que disse durante a homilia é verdade, o MPLA não pode criticar o sacerdote. Antigamente os padres da Igreja Católica eram bem preparados, tiravam cursos superiores de filosofia e teologia. Hoje pelos vistos vão frequentar umas aulas na UNITA e recebem os hábitos.

Angola | DEMOCRACIA NÃO É PERMISSÃO PARA TUDO

Filomeno Manaças | Jornal de Angola | opinião

A democracia angolana passa por um momento em que enfrenta sérios desafios. Mas essa é uma razão por que devemos permanecer firmes e decididos a defender os seus valores fundamentais e a não permitir que pirómanos dispostos a incendiar a pradaria tomem de assalto o palco político.

Os incidentes de segunda-feira, em que a greve dos taxistas foi aproveitada para se saquear e vandalizar o comité de acção do MPLA, no distrito do Benfica, e apedrejar e incendiar um autocarro onde seguiam trabalhadores da saúde, não nos deve levar a confundir as situações, nem a aceitar o inaceitável.

Em democracia, o direito à greve e à manifestação é uma prerrogativa que tem consagração constitucional e legal, à qual devem fazer recurso todas as entidades beneficiárias que entenderem se terem esgotado as vias normais (diálogo/negociações) para fazer valer os seus interesses. Mas esse direito não pode, não deve ser exercido ou o seu exercício pressupor a ofensa grave a outros direitos.

Nenhuma paralisação laboral ou manifestação pode ser sinónimo de saque, de vandalização, de destruição, de atear fogo e incendiar quem quer que seja ou de qualquer instituição que seja. Não importa se de um comité de acção do MPLA, de um comité de acção da UNITA, de uma estrutura de qualquer outra formação política, de bens públicos ou privados. A mão firme e pesada das autoridades deve fazer-se sentir para assegurar a ordem e tranquilidade públicas.

DECLARAÇÃO DO MOVIMENTO SOCIALISTA DO CAZAQUISTÃO

# Publicado em português do Brasil

Em um comunicado sobre as mobilizações e protestos em grande escala no país, o Movimento Socialista do Cazaquistão clama pela solidariedade internacional aos manifestantes e exige a retirada das tropas das cidades, a renúncia de todos os oficiais de Nazarbayev, a libertação de todos os presos políticos e detidos, a legalização do Partido Comunista e dos sindicatos, bem como a nacionalização de toda a indústria extrativa e de grande escala do Cazaquistão.

A declaração diz:

“No Cazaquistão existe agora uma verdadeira revolta popular e desde o início os protestos foram de cunho social e de classe, já que dobrar o preço do gás foi apenas a gota d’água em um copo transbordante de paciência. Afinal, as manifestações começaram justamente em Zhanaozen por iniciativa dos petroleiros, que se tornou uma espécie de quartel-general político de todo o movimento de protesto.

E a dinâmica desse movimento é indicativa, pois começou como um protesto social, depois começou a se expandir, e os coletivos operários usaram comícios para apresentar suas próprias reivindicações por um aumento de 100% nos salários, cancelamento de resultados de otimização, melhoria das condições de trabalho e liberdade de atividade sindical. Como resultado, em 3 de janeiro, toda a região de Mangistau foi engolfada por uma greve geral, que se espalhou para a região vizinha de Atyrau.

Vale ressaltar que já no dia 4 de janeiro, os petroleiros da Tengizchevroil (onde a participação de empresas americanas chega a 75 por cento) entraram em greve. Foi lá que, em dezembro do ano passado, 40 mil trabalhadores foram dispensados ​​e uma nova série de demissões foi planejada. Posteriormente, foram apoiados durante o dia pelos petroleiros de Aktobe, Cazaquistão Ocidental e regiões de Kyzylorda.

Como as vendas de armas dos EUA alimentam a corrupção em todo o mundo

# Publicado em português do Brasil

O governo Biden prometeu combater o clientelismo e pode começar confrontando o setor de segurança

Kelly M. McFarland* | Responsible Statecraft

As tropas russas chegaram à capital do Cazaquistão em 6 de janeiro a pedido do presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, para reprimir protestos populares em larga escala . O presidente está tentando retratar os manifestantes como ameaças terroristas e recentemente deu uma ordem de atirar para matar suas tropas. No entanto, fartos da vasta cleptocracia e do compadrio, os manifestantes estão na verdade rechaçando um dos governos mais corruptos da região.

A corrupção não é novidade – basta olhar para os Estados Unidos durante a Era Dourada – mas nas últimas décadas ela vem crescendo globalmente, com consequências gritantes. Os Pandora Papers do outono passado oferecem o exemplo mais recente das maneiras pelas quais os líderes governamentais, autocratas e seus comparsas e seus facilitadores empreenderam ações ilegais ou imorais para movimentar e esconder seu dinheiro.

O governo Biden vê corretamente a corrupção como uma ameaça abrangente e existencial à democracia. No início de dezembro, o governo divulgou sua “ Estratégia de Combate à Corrupção ” poucos dias antes de sediar a Cúpula para a Democracia . Enfrentar a corrupção foi um dos três pilares da cúpula. A estratégia da equipe de Biden para combater a corrupção representa um esforço histórico de um governo para enfrentar a corrupção. A administração deve agora manter-se fiel ao seu objetivo declarado de aumentar o escrutínio das vendas do setor de segurança.

Debate Capit(al)ólio | O trabalho esteve ausente do debate entre Rio e Costa

PORTUGAL

O debate promovido pelas televisões, num modelo discriminatório que visa continuar a alimentar artificialmente a bipolarização, mostrou que a alternativa e a mudança não passam por ali.

António Costa e Rui Rio confrontaram-se durante mais de uma hora num debate que passou em simultâneo nos três canais generalistas, confirmando o tratamento desigual de PS e PSD relativamente às restantes forças políticas. Destas, só a CDU ripostou, recusando-se a participar nos debates nos canais do cabo, uma espécie de segunda divisão televisiva para onde todos foram relegados, com excepção dos líderes do PS e do PSD.

Quanto ao debate de ontem e às ideias e propostas apresentadas, de sublinhar três aspectos essenciais: as pretensões do PSD de controlar a acção do Ministério Público e de reforçar o sector privado da saúde, o brilharete do PS com as medidas da chamada «geringonça» e a ausência do debate das questões do trabalho e dos trabalhadores.

Rui Rio reafirmou a intenção do PSD de impor ao Conselho Superior do Ministério Público uma maioria de não magistrados e, desta forma, impor o controlo político e partidário à acção destes agentes da justiça, como se não bastasse o continuado subfinanciamento da Justiça, imposto por sucessivos governos do PS e do PSD. Aspecto que não foi levantado no debate, nomeadamente as precárias condições dos parques judiciário e prisional, e a carência de meios de investigação e de recursos humanos.

PS vs PSD: Perceberam-se as diferenças entre Costa e Rio após debate intenso

PORTUGAL

SNS, TAP, justiça, impostos, salário mínimo, governabilidade. Quem ontem viu o frente-a-frente entre Costa e Rio percebeu claras diferenças entre ambos.

Foi um debate muito intenso. Sem ofensas mútuas, mas fortemente marcado pelas diferenças de programa de governação entre PS e PSD. No confronto de ontem entre António Costa e Rui Rio, nos três canais de sinal aberto ao mesmo tempo, ficaram claras as diferenças sobre o modelo económico para o país, a fiscalidade, a saúde, a Justiça e a TAP. Temas que provocaram fricção entre os dois candidatos a primeiro-ministro, no debate mais importante desta pré-campanha eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro.

O Cineteatro Capitólio, em Lisboa, foi o palco do frente a frente moderado por Clara de Sousa (SIC), José Adelino Faria (RTP1) e Sara Pinto (TVI/CNN). Rui Rio, confrontado com a acusação de que passou dois anos a apoiar o Governo, lançou o mote do debate: "Fizemos uma oposição civilizada mas agora é tempo de marcarmos a diferença."

António Costa também trazia frases estudadas. Como a de que "O país precisava de tudo menos desta crise", acusando Rio "de se preocupar muito com os números" e de se ter tornado "insensível às pessoas".

"Maioria absoluta não é um poder absoluto, é ter condições para governar" -- Costa

PORTUGAL

António Costa refere que "toda a gente tem consciência" de que existem "hoje condições institucionais para que a maioria de hoje não seja como as maiorias foram anteriormente".

O secretário-geral do PS defendeu na quinta-feira que ter uma "maioria absoluta não é um poder absoluto, é ter condições para governar", sustentando que, se vier a concretizar-se, o Presidente da República não permitirá abusos de poder.

"Hoje em dia, a maioria absoluta não é um poder absoluto, é ter condições para governar. (...) Nós felizmente temos um Presidente da República que está no início do seu mandato, tem todo o seu mandato que vai cobrir a próxima legislatura, é uma pessoa de quem os portugueses gostam (...) que tem autoridade, e alguém acredita que com Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República poderíamos ter uma maioria absoluta que pisasse o risco? Não pisava o risco dois dias, era o primeiro e acabava", frisou António Costa.

O secretário-geral do PS falava à saída do cineteatro Capitólio, em Lisboa, onde decorreu o debate que o opôs ao líder do PSDRui Rio, tendo saído acompanhado pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.

António Costa abordou o "receio que as pessoas têm relativamente a experiências passadas" de maiorias absolutas, afirmando que "toda a gente tem consciência" de que existem "hoje condições institucionais para que a maioria de hoje não seja como as maiorias foram anteriormente".

Portugal | LUTAR NA LAMA SEM IR AO TAPETE

Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

Chegado ao momento crítico, onde a linha se coloca intransponível ou se ultrapassa, homens e mulheres têm a oportunidade de tomar decisões que os definem.

No imediato e, salvo esquecimento, que as acompanham para sempre. Haverá quem tenha a coragem de não ultrapassar o limite, por absoluto respeito aos princípios, ou de o pisar com parcimónia para de imediato volver. Outros optarão por ir directo à lama, sem duvidar que é território fértil para granjear apoios ou abusar do mais básico e rudimentar exercício de defesa a qualquer custo. Mentira, violência, demagogia ou engodo, formas distintas e eficazes de lutar na lama sem ir ao tapete.

A icónica violência teatral do debate entre Francisco Rodrigues dos Santos e André Ventura, colírio delirante de frases pré-feitas por assessores dedicados e debitadas com o orgulho de quem sabe que vai produzir um sound-byte, criou um efeito transversal (da Esquerda à Direita) de aplauso retumbante, misto de vingança e vendeta, pela forma como o líder do CDS-PP enfrentou o rosto da extrema-direita com a boca numa loja de horrores, os olhos em Fátima e a alma tomada por Che Guevara. Com isso, entrou no território de lama que Ventura tão bem habita como animal (político) que é e desceu ao nível que lhe permitiu sovar o adversário, sem qualquer espécie de vergonha, em sucessivos "rounds".

Portugal | Utentes da saúde de Odemira estão fartos das más condições

Na tribuna pública do dia 15 de Janeiro, às 15h, em Vila Nova de Milfontes, a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano quer denunciar a degradação dos serviços em todo o concelho.

«Cerca de cinco mil utentes» do concelho de Odemira não têm médico de família, protesta a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano, em comunicado. «As Extensões de Saúde de Saboia, São Luís e Vila Nova de Milfontes estão muito degradadas, com vários anos de promessas de investimento em novas unidades de saúde», que nunca se concretizaram.

A unidade de saúde de Vila Nova de Milfontes «está numa dependência da casa do povo de Vila Nova de Milfontes, há muitos anos que o Ministério da Saúde promete construir uma nova. A população está farta destas promessas e querem uma extensão de saúde nova de uma vez por todas», afirma Dinis Silva, membro da Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano, em declarações prestadas ao AbrilAbril.

Portugal | Vítimas dos incêndios no Algarve continuam a aguardar apoios

Em Novembro, o Governo ainda não tinha enviado à Comissão Europeia «nenhum pedido de assistência do Fundo de Solidariedade» a título dos danos causados pelos incêndios florestais no Sotavento algarvio.

A informação foi prestada pela Comissão Europeia em resposta ao deputado do PCP no Parlamento Europeu, no seguimento de visitas realizadas por João Pimenta Lopes aos locais afectados pelo grande incêndio que teve lugar em Castro Marim, em Agosto do ano passado, e que atingiu também os concelhos de Tavira e de Vila Real de Santo António. 

O deputado quis saber se o Estado português já tinha accionado a mobilização de fundos comunitários com vista à disponibilização de apoios às populações afectadas, mas a resposta foi negativa. «Até à data, a Comissão ainda não recebeu, por parte de Portugal, nenhum pedido de assistência do Fundo de Solidariedade da União Europeia a título dos danos causados pelos incêndios florestais», lê-se na resposta dada pela comissária Elisa Ferreira, a 19 de Novembro de 2021, que o PCP cita num comunicado de imprensa.

Entretanto, não se conhecem desenvolvimentos neste sentido por parte do Estado português, o que, segundo os comunistas, «contrasta com as promessas realizadas no Verão passado, de apoios às populações atingidas» pelo grande incêndio que deflagrou em Castro Marim, nos dias 16 e 17 de Agosto de 2021.

(PÓS)NEOLIBERALISMO? REPENSANDO O RETORNO DO ESTADO

# Publicado em português do Brasil

Ishan Khurana e John Narayan* | Carta Maior

Muitos analistas sugeriram recentemente que o neoliberalismo está morto ou retrocedendo. Durante a interrupção das cadeias globais de commodities causadas pela pandemia de Covid 19, as políticas de livre mercado que dominaram a economia global nos últimos 40 anos parecem ter perdido apoio. O presente artigo aponta para uma reversão a uma forma nacional de capitalismo e protecionismo, o questionamento da globalização e o retorno da intervenção estatal na economia. Um excelente exemplo é a atitude do governo  Biden em relação à economia dos EUA, que se voltou para gastos sociais com déficit, expansão dos direitos sindicais e medidas protecionistas para compras públicas. Isso não surgiu do nada – com a economia global neoliberal comportando-se como um zumbi desde a crise financeira global de 2008.

A fratura da economia global em linhas nacionais pode anunciar um conflito e uma nova guerra fria entre os EUA e a China. No entanto, o recuo do neoliberalismo também parece oferecer uma possível abertura – por meio de uma crítica à globalização e um retorno do Estado. Aqui, uma política de esquerda rejuvenescida pode ser capaz de evitar as armadilhas de um capitalismo autoritário emergente e lançar uma nova forma nacional de política progressista em torno de políticas de bem-estar como o Green New Deal e a Renda Básica Universal em locais como o Reino Unido e os EUA.

O neoliberalismo fez parte
de uma contrarrevolução econômica global,
exportada para o Sul por meio do FMI e
das políticas de ajuste estrutural do Banco Mundial


O neoliberalismo está em apuros, mas falta nesses debates sobre seu fim uma discussão sobre o neoliberalismo em todo o Hemisfério Sul e, portanto, a realidade do que a crise do neoliberalismo significa para todos, e não apenas para aqueles situados no Hemisfério Norte. A omissão do Hemisfério Sul  no discurso do “fim do neoliberalismo” é curioso. Os processos neoliberais no Norte, como a desindustrialização, a privatização e a contenção do Estado, dependem da espoliação, fordismo desarticulado, superexploração e trabalho forçado no Hemisfério Sul. O neoliberalismo fez parte de uma contrarrevolução econômica global, exportada para o Sul por meio do FMI e das políticas de ajuste estrutural do Banco Mundial.

Esses programas impuseram práticas neoliberais (austeridade, privatização, liberalização) por meio da condicionalidade de empréstimos e prenderam as nações do Sul em relações econômicas assimétricas e de exploração com economias e corporações multinacionais no Norte. Além disso, a globalização neoliberal substituiu a ideia do Terceiro Mundo de uma Nova Ordem Econômica Internacional quando as tentativas de equalizar a economia global desmoronaram durante a crise da dívida dos anos 1980.

Assim, o neoliberalismo - e o regime de globalização que ele sustentou nos últimos 40 anos - é melhor visto como uma forma de imperialismo, transferindo imenso valor do Sul para o Norte. Em seu recente livro Capitalism and Imperialism [1], Utsa e Prabhat Patnaik, por exemplo, argumentam que a acumulação de capital no Norte se mostra historicamente dependente de uma relação imperialista que mantém os pequenos produtores e trabalhadores do Sul em espiral. de deflação de renda – para afastar a inflação e manter o valor do dinheiro no Norte. O regime neoliberal restaurou o mecanismo de deflação de renda da era colonial – que havia sido parcialmente interrompido pelos regimes dirigistas do Terceiro Mundo nas décadas de 1960 e 1970 – por meio do poder das instituições financeiras internacionais e da regulamentação neoliberal para evitar os preços mais altos das matérias-primas, salários e um poder aquisitivo mais elevado nos países do Sul.

Quando visto através das lentes do imperialismo, o fim do neoliberalismo parece um pouco diferente. Escritores como James Meadway apontam para os EUA recentemente dando peso a uma possível isenção do TRIPS na OMC que permitiria que as patentes de Covid-19 fossem temporariamente suspensas como prova do fim do neoliberalismo. A realidade é que um ano depois das tentativas da Índia e da África do Sul de obter uma isenção de patente, corporações multinacionais, como a Pfizer, conseguiram fazer lobby com sucesso para que as patentes fossem mantidas.

Tensões no Cazaquistão e na Líbia aumentam os temores de nova crise do petróleo

# Publicado em português do Brasil

Martín Cúneo | Rebelión

Conflitos na Ásia Central e no Magrebe, uma indústria petrolífera sem investimento desde 2014 e uma demanda crescente por petróleo anunciam um próximo estágio da crise energética focada no petróleo.

A decolagem da economia após os piores meses da pandemia, problemas de abastecimento global, conflitos geoestratégicos e um declínio nas reservas e na indústria do petróleo que vem de longe levantam temores de que 2022 seja o ano de uma nova crise energética, com petróleo em alta. o Centro. 

Durante 2021, o preço do petróleo cresceu 46%, impulsionado pelo aumento da demanda de uma economia que estava acordando do confinamento. Em dezembro, a rápida expansão da variante omicron reduziu as expectativas de crescimento e, com ela, as previsões de demanda de petróleo, aproximando-a da capacidade de produção. Em seguida, o preço do barril Brent caiu de 83 dólares para valores próximos de 73. 

No entanto, quando as características da nova variante começaram a ser conhecidas, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não tardou a afirmar que a nova estirpe teria um "pequeno e breve impacto" e elevou as suas previsões sobre a procura para barris. . Segundo sua análise, no segundo semestre de 2022, o mundo teria se recuperado e superado seu consumo de petróleo pré-pandemia.

CAPITALISMO CANCERÍGENO

Martinho Júnior, Luanda

O vírus do capitalismo é o pior que alguma vez a humanidade sofreu, é um autêntico cancro e por isso é o modo bárbaro que se opõe à ampla necessidade do homem se ter de reger cada vez mais por lógica com sentido de vida, sob pena de desaparecimento da própria espécie da face da Terra!

A disfunção capitalista na Rússia e nos países criados a partir da URSS, injectada a partir da sua implosão e do fim do socialismo na Europa, está intimamente associada às crescentes tensões nas placas tectónicas socioculturais da EurÁsia e é o fluido cancerígeno onde se movem os protagonistas-alvo de contínuos expedientes de desestabilização do “hegemon”, a começar pela própria Federação Russa.

Alinhar piamente no capitalismo já está a sair demasiado caro a todos eles e não é com ilusões que se podem melhor equacionar e defender no concerto das nações e dos povos por que de facto estão à mercê do génio da barbaridade!

Num concerto dessa natureza é a China que vai arcar com os quesitos geoestratégicos de estabilidade e segurança, por que além do mais o grau de equívocos é, pelo seu desencantamento histórico e antropológico, muito menor…

01- De todos os emergentes do imenso continente EurÁsia, apenas a República Popular da China indicia estar vacinada de algum modo contra o vírus do capitalismo selvagem, ainda que segundo o filtro das regras de “um estado, dois sistemas”!

Para a China seria impossível o salto que se deu em benefício do seu povo em desagravo colonial e o surgimento de sua imensa classe média, sem a absorção de tecnologias na escala em que foi feita, acompanhada pelos investimentos industriais e de serviços de toda a ordem que surgiram desde o exterior, atraídos por mão-de-obra na altura barata e por um imenso “mercado em expansão”.

Agora que a China pode já caminhar por si e assumir-se no relacionamento pacífico para com os outros, os mecanismos reguladores vão ter de responder mais incisivamente a quem impõe o capitalismo selvagem que corresponde à própria génese e “diktat” omnipresente do “hegemon” unipolar, o que se faz sentir também no “mercado” interno na mão de privados, particularmente quando eles procuram não cumprir com as regras que o determinam, colocando-se contra as capacidades colectivas.

A capacidade do Partido Comunista Chinês vai ao ponto de, com base em endógenas culturas milenares que são filosoficamente respeitadas pelo seu imenso saber acumulado, conseguir reger soberanamente o “mercado” que não pode ser o capitalismo neoliberal selvagem que na China o “hegemon” pretendia que fosse.

A absorção de Macau e Hong Kong inscrevem-se nesses pressupostos e, se Macau foi um assunto relativamente pacífico, Hong Kong reflecte os poderosos vínculos, agora mais evidentes nos sistemas financeiros, com cujo eixo mental é todavia ainda próxima daquela do poder que os britânicos detinham na China, quando desencadearam as duas “guerras do ópio”.

Neutralizar a bolha de tendência neoliberal que dá pelo nome de Hong Kong é determinante para que a RPC não caia na tentação do canto neoliberal selvagem e consiga encontrar formas de dominar os monstros (eles fluentemente usam a imagem de dragões)!

O “mercado” nestes termos não é filosofia alguma para além do utilitarismo do “savoir faire” e por isso não vincula o carácter das instituições, nem modela a ideologia corrente, aberta à colectividade e ao imenso respeito que o colectivo merece por razões de identidade, de princípio, de antropologia e de história.

Na China o campo socialista constrói-se a pulso durante décadas sobre as ruínas coloniais sofridas pelo povo chinês e o capitalismo tem sido apenas uma alavanca para se acelerar o processo e para melhor facilitar as acções de relacionamentos com os outros estados e povos, até por que os relacionamentos comerciais de longa distância são parte integrante das milenares culturas chinesas!

A NATO CONSOLA OS PAÍSES BÁLTICOS COM PROMESSAS DE PROTEÇÃO…

...MAS  USA-OS COMO ESCUDO HUMANO E CENTRO DE TRANSFERÊNCIA DE ARMAS

# Publicado em português do Brasil

A Aliança do Atlântico Norte está pronta para garantir a segurança da Estônia, que agora está "mais forte do que nunca". O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse isso após uma reunião com o presidente da República Alar Karis, relata RuBaltic.ru.

Segundo ele, a organização tem uma regra "um por todos, todos por um" - isso significa que todos os países que aderiram ao bloco militar estão protegidos por todos os meios.

“A OTAN fornece segurança para a Estônia desde sua adesão em 2004 e hoje está mais forte do que nunca”, disse Stoltenberg.

Comentando as palavras do primeiro-ministro estoniano Kaiya Kallas sobre as negociações em andamento para aumentar o número de tropas da Otan no país, o secretário-geral da aliança prometeu "fazer tudo o que for necessário para proteger os aliados".

No entanto, o quadro da retirada das forças de ocupação americanas do Afeganistão dá uma ideia muito clara da real atitude do Ocidente em relação aos seus "aliados", e o Báltico livre de súditos não tem absolutamente nenhum privilégio para não se tornar o mesmo material residual aos olhos dos parceiros ocidentais super pragmáticos em um momento crítico ... Enquanto isso, Tallinn, Vilnius e Riga estão servindo com sucesso os interesses de Washington no caos das fronteiras ocidentais da Federação Russa, suas elites nacionais fantoches podem se divertir com esperanças na nobreza de seus patronos.

De acordo com a lógica do momento atual, o chefe da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Estônia, Marko Mihkelson, declara seu interesse em aumentar o número de forças da OTAN no país, e o presidente Alar Karris manifesta sua disponibilidade para auxiliar no abastecimento de armas letais para a Ucrânia.

“Os próprios ucranianos disseram o que precisavam para fortalecer sua segurança. Nossa assistência é baseada nesta solução especificamente calculada e na solicitação que recebemos. Os americanos também estão se preparando para entregar os mísseis antitanque Javelin aos ucranianos”, disse Karis.

Segundo ele, em caso de agravamento do confronto entre a Aliança do Atlântico Norte e a Rússia, a Estônia poderá contar com apoio militar adicional. Trata-se, em particular, de "aprofundar a presença permanente da OTAN, exercícios e outras atividades".

Katehon

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