sábado, 21 de maio de 2022

MISSEIS NUCLEARES EM CUBA E NO MÉXICO -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O “Diário de Notícias” tinha a maior tiragem, expansão e circulação em Portugal. Também era e é o mais antigo. Um dia o Manuel Beça Múrias convidou-me para ser o correspondente do jornal, em Angola. No primeiro trabalho que enviei, associada ao meu nome estava a referência “correspondente em África”. Fiz um miango dos antigos e exigi que me apresentassem apenas como correspondente em Angola. Ainda que fizesse trabalhos em São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, República Popular do Congo, Congo Kinshasa (RDC)e Moçambique. À Namíbia, Zimbabwe e África do Sul não podia ir, porque os regimes racistas me cortaram a entrada.

A CNN Portugal tem um tal Santos Costa que faz uns comentários desconchavados e primários. Para dizer os disparates que diz, podia estar na Porcalhota ou no Bairro da Jamaica. O abominável falsificador do jornalismo é apresentado como  “correspondente  na Ásia”.  Mas não está no centro do continente. Ladra à lua a partir de Tóquio que como de sabe, fica numa ilha. Levanto esta questão porque tal dislate é um abuso, uma mentira, um embuste, uma forma miserável de enganar a opinião pública.

Mas é também um sintoma evidente do eurocentrismo acéfalo que esta gentalha gosta de exibir. O mundo é a Europa. E o centro desse mundo liliputiano é a santa terrinha deles. Por isso é que dizem, com uma arrogância desmedida, que os portugueses descobriram Angola, descobriram a Índia e descobriram o Brasil. Até descobriram o Japão! Infelizmente, os africanos, indianos e índios é que descobriram os portugueses. E a descoberta aconteceu demasiado tarde. Já os ocupantes tinham montado a quitanda da escravatura e depois desfraldaram a bandeira do colonialismo. 

O correspondente da CNN Portugal na Ásia está em Tóquio. Mas como os asiáticos são seres humanos desqualificados, ele chega para todas as encomendas. Quando passei para a quarta classe (fim do ensino primário) aprendi que a Ásia é o maior continente, ocupa um terço da Terra. Metade da população mundial vive no continente asiático. Tem 12 fusos horários. E é o continente berço de uma Cultura fulgurante e multimilenária. 

AGRAVAMENTO DA FOME ENTRE AS FAMÍLIAS NORTE-AMERICANAS

Milhões de mais crianças passando fome. Partido Republicano, Manchin matou o crédito fiscal expandido para crianças

#Traduzido em português do Brasil

"Mesmo breves interrupções no acesso a alimentos podem ter consequências duradouras", escreveram os autores de uma nova análise do agravamento da fome entre as famílias americanas.

Kenny Stancil | Common Dreams

Uma nova análise divulgada na sexta-feira confirma que o número de lares americanos com crianças que relatam não ter comida suficiente para comer aumentou nos meses desde que o senador democrata corporativo Joe Manchin, da Virgínia Ocidental, se juntou aos republicanos do Senado ao se recusar a estender o benefício expandido do crédito fiscal para crianças. além de meados de dezembro.

Dados da Household Pulse Survey (HPS), uma pesquisa nacionalmente representativa da Internet realizada pelo US Census Bureau, mostra que de 27 de abril a 9 de maio, 15% das famílias com crianças relataram insuficiência alimentar – definida como às vezes ou muitas vezes não ter comida suficiente para comer na semana passada. No início de agosto, a porcentagem de famílias com crianças que relataram lutar contra a fome era de aproximadamente 9,5%.

Os alimentos tornaram-se mais caros nos últimos meses, à medida que um punhado de gigantes corporativos de supermercados e conglomerados de carne, ovos e laticínios aumentaram os preços , reduzindo os salários dos trabalhadores da linha de frente e obtendo lucros recordes em meio à pandemia de Covid-19 em andamento. Mas a decisão de Manchin e do GOP de permitir que o benefício aprimorado do CTC expire no final do ano passado está tornando ainda mais difícil para milhões de famílias sobreviverem.

Os legisladores de direita deixaram o CTC alargado expirar apesar das amplas evidências de que a medida popular melhorou a vida das crianças em todo o país. Em janeiro, o primeiro mês desde julho de 2021 em que as famílias elegíveis não receberam um pagamento mensal de até US$ 300 por criança, 3,7 milhões de crianças foram jogadas na pobreza .

Clube de Imprensa Nacional dos EUA ainda se recusa a defender Assange

#Publicado em português do Brasil

O Consortium News pediu ao National Press Club em Washington para se juntar a outras organizações líderes de liberdade de imprensa para pedir a libertação de Julian Assange.

 Joe Lauria* | Consortium News

Como parte de sua missão, o US National Press Club defende os direitos dos jornalistas perseguidos em todo o mundo. Apesar de ter sido pressionado antes, o Press Club até agora se recusou a adicionar seu nome a uma lista crescente de organizações de liberdade de imprensa de prestígio que se opõem publicamente à extradição do editor preso do WikiLeaks , Julian Assange, para os Estados Unidos.

Em sua reunião geral de membros na sexta-feira, a presidente do clube, Jen Judson, foi questionada pelo membro Skip Kaltenheuser  por que o clube não estava defendendo Assange. Um dirigente do clube respondeu que o caso de Assange foi discutido em uma reunião pública do clube sobre segurança cibernética “há mais de cinco anos”.

Sem dizer por quê, ela admitiu que o Press Club não se pronunciou sobre o caso de Assange. “Continuamos a acompanhar as questões legais em torno do caso, mesmo que não tenhamos falado sobre isso, mas não é que não estejamos cientes do que está acontecendo.” (Assista ao vídeo da pergunta e responda às 1:00:11.)  

Assange apareceu no US National Press Club em abril de 2010, onde revelou o vídeo Collateral Murder.

Também na sexta-feira, o editor da CN , Joe Lauria, que é membro do National Press Club, escreveu ao presidente do clube, Judson, para apelar ao clube para se opor publicamente à extradição de Assange.

Segue o texto da carta:

“Caro Presidente Judson,

O Clube merece muito crédito por defender jornalistas como Austin Tice e Emilio Gutierrez.

Repórteres Sem Fronteiras, Comitê para a Proteção de Jornalistas, Federação Internacional de Jornalistas, PEN Internacional, União Nacional Britânica de Jornalistas, Anistia Internacional, comissário de direitos humanos do Conselho Europeu, ACLU, ganhadores do Prêmio Nobel, bem como editoriais no The New York Times , The Guardian e outros jornais importantes se manifestaram claramente contra a prisão e a possível extradição do editor multipremiado Julian Assange.

O Clube Nacional de Imprensa não pode ficar de fora desta lista de augustos defensores da liberdade de imprensa e dos direitos humanos.

Assange está preso em Londres por publicar informações precisas que recebeu de uma fonte em 2010. O então vice-presidente Joe Biden disse ao Meet the Press em dezembro daquele ano que Assange não poderia ser processado se não pudesse ser provado que ele participou da obtenção materiais classificados e se ele apenas atuou como editor para recebê-los. O Departamento de Justiça de Obama então se recusou a indiciar Assange. Foi a administração Trump, cuja CIA discutiu o sequestro e envenenamento de Assange, segundo o exaustivo relatório do Yahoo News , que o indiciou de qualquer maneira.

A acusação de Assange não tem nada a ver com os comunicados do WikiLeaks sobre as eleições presidenciais de 2016 nos EUA, mas apenas com os comunicados de 2010 sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão.

Acusar um editor de espionagem pela prática rotineira de receber informações classificadas e incentivar essa fonte a fornecer mais colocaria em risco a liberdade de qualquer jornalista que exerça exatamente a mesma atividade. A Anistia Internacional disse: “Se o Ministro do Interior certificar o pedido dos EUA para extraditar Julian Assange, isso violará a proibição contra a tortura e estabelecerá um precedente alarmante para editores e jornalistas de todo o mundo”.

Como o destino de Assange depende do secretário do Interior britânico, cabe ao National Press Club, com sua longa tradição de defesa da liberdade de imprensa, opor-se publicamente à sua extradição e, assim, defender os direitos de todos os jornalistas em todos os lugares.

*Joe Lauria -- Ex- correspondente do Wall Street Journal e do Boston Globe , atualmente editor-chefe do Consortium News.

Na imagem: Julian Assange em seus anos de liberdade

A MARCHA DA CARAVANA É IMPARÁVEL – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Tristeza e pesar pelos vivos sem tino, irresponsáveis, sedentos de protagonismo, ávidos de dinheiro fácil. Muita tristeza, grande pesar. Por vivermos um tempo com saída para o beco onde a única perspectiva é a estupidez em doses latifundiárias. Nascemos há instantes. Meio século na vida de um estado independente mede-se por segundos, como o tempo da Rádio, onde a informação tem uma dimensão estética e plástica. E o que sofremos para viver 47 anos de dignidade, cidadania e liberdade! 

O general Zé Maria, um dos construtores destes 47 anos de Independência Nacional, surpreendeu-me com o agradecimento público ao médico angolano João Afonso. Lembrei-me que devo um par de anos aos médicos que me desentupiram as artérias e me proporcionaram um mínimo de qualidade de vida. Também eu devia agradecer-lhes publicamente. Mas temo que não aprovem a minha atitude. Afinal já salvaram milhares de doentes e para eles, essa actividade é apenas um dever. Como para mim é rotineiro escrever umas crónicas, cavar notícias e reportagens, fazer entrevistas. Cada um faz o que pode pelo bem de todos, pela Humanidade, particularmente pela Angolanidade que nos corre nas veias.

Confesso que me questionei. O que levou o meu queridíssimo amigo general Zé Maria a agradecer ao Dr. João Afonso, ao fim, de tantos anos? Nunca me passou pela cabeça que esse agradecimento fosse prenúncio de uma tempestade de lixo que ameaça a honra profissional do médico, a vida pessoal do Presidente José Eduardo dos Santos, a dignidade de todas e todos os que agitam os elementos da tempestade, a política do Executivo, o empenho da ministra Carolina Cerqueira, a responsabilidade e solidariedade do Presidente João Lourenço.

A saúde seja de quem for não é matéria disponível para os jornalistas. Para ninguém. Todas e todos temos o Direito à Inviolabilidade Pessoal e as figuras públicas não são um miradouro onde se vai espreitar ou ver a paisagem. É com muita mágoa que vejo familiares do Presidente José Eduardo dos Santos fazerem dele uma praça pública. Servirem-se do seu estado de saúde para tratarem de problemas pessoais. Com este comportamento, não se respeitam. Mas eu vou continuar a respeitar quem não se dá ao respeito. Pôr em causa um comunicado do Presidente José Eduardo dos Santos onde reitera a sua confiança total no Dr..João Afonso é inqualificável.

Estes episódios levam a um monturo de lixo que vai fatalmente infectar as nossas vidas, a cena política angolana, a coesão social, a reconciliação, a unidade, a pacificação dos espíritos. Este clima não interessa a ninguém. 

Angola | Sociedade civil e políticos insistem na divulgação da lista dos eleitores

Sociedade civil e políticos consideram que a resistência em não publicar a lista de eleitores é uma artimanha para fraudes eleitorais. Governo esclarece que a nova lei eleitoral vem trazer mais credibilidade ao processo.

A cerca de três meses da realização das eleições em Angola, o processo, que teve início em setembro com o registo eleitoral, continua a ser criticado por políticos da oposição e sociedade civil principalmente pela resistência do executivo em não divulgar a lista dos eleitores, baseando-se na nova Lei do Registo Eleitoral Oficioso, que entrou em vigor em setembro de 2021.

No mais recente encontro do Governo com a oposição, a 12 de maio, Adão de Almeida, ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, esclareceu que a fixação das listas, como os partidos políticos exigem, é algo que era exigido na antiga lei. Garantiu ainda que não há nenhuma irregularidade e que a nova lei vem trazer mais credibilidade.

"No momento que nos encontramos, o Executivo disponibilizou várias ferramentas para que os cidadãos tenham acesso à informação e possam, se for o caso, apresentar reclamações para correções de dados", disse.

PORTUGAL QUER A NATO (ou OTAN) EM ÁFRICA

Artur Queiroz*, Luanda

É oficial. António Costa, primeiro-ministro português, disse na Polónia que a OTAN (ou NATO) tem de alargar o seu campo de actuação a 360 graus. E sobretudo “precisa de ter muito cuidado com África porque os russos não só são uma ameaça mas já estão presentes”. O patrão Biden mandou-o falar e ele bufou. Tudo o que seja cair no ridículo, os patrões põem os políticos portugueses a fazer esse triste papel. No meu programa de ajuda humanitária a elites portuguesas corruptas e analfabetas, informo o líder socialista que o regime racista de Pretória caiu há muito tempo e os seus sócios dos diamantes de sangue já não andam a lutar contra cubanos e russos. Se oriente, rapaz!

O primeiro-ministro português também mandou um recado a Zelensky. Calma aí, a Ucrânia não vai entrar imediatamente na União Europeia. À frente estão os países dos Balcãs. E Portugal, nunca se esqueçam, esteve nove anos à espera de entrar para o clube dos ricos e começou como servente de pedreiro e não como criado de quarto da Úrsula. Então o que sobra para a Ucrânia? O filho do meu amigo Orlando Costa, comunista consequente e inquebrável, dá a resposta: Estarmos todos unidos na União Europeia e ajudarmos a reconstruir o país. Muito bem. Um aviso: Depois de Bicesse, o governo angolano começou a reconstruir o país e dois anos depois o seu kamba Savimbi partiu tudo o que foi reconstruído. Nada de pressas.

António Costa anunciou, orgulhoso, que Portugal vai despachar 50 milhões de euros para a Polónia em ajuda humanitária. À mesma hora, nas ruas de Lisboa, funcionários públicos e os trabalhadores da administração local manifestavam-se contra o seu governo. Eles querem 90 euros de aumento salarial. Costinha recusa.  

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa, em Díli, comentou a expulsão de quatro empregados da embaixada de Portugal em Moscovo e um diplomata. O pessoal ficou reduzido a metade. Nada se grave! Disse o simpático titio: Nós expulsámos dez russos. Eles, só metade. Ainda ninguém disse ao Tio Célito que Portugal só tinha dez funcionários incluindo os diplomatas. Se a federação Russa quisesse expulsar tantos portugueses como russos foram expulsos, tinha de ir no pacote a senhora embaixadora. Só ficavam os namorados ou namoradas, se existissem.

Muitos países da União Europeia não cometeram essa estupidez de expulsar diplomatas russos. Portugal tinha na embaixada de Moscovo apenas dez funcionários. E expulsou de Lisboa dez diplomatas russos. Se a resposta fosse igual, a embaixada em Moscovo fechava. Irresponsabilidade ou rastejando aos pés dos donos? Seja qual for a resposta, é muito mau. Tio Célito, não engane os portugueses que lhe confiaram o voto!

"PASSEATA" DE COSTA POR ENTRE A DESTRUIÇÃO DA GUERRA NA UCRÂNIA

DEPOIS ENCONTROU-SE COM VLADYMYR ZELENSKY

O Primeiro-ministro está na Ucrânia e começou o dia com uma visita à cidade de Irpin, onde os ucranianos travaram a progressão russa até Kiev, viu áreas residenciais destruídas e manifestou-se impressionado. Hoje tem encontro marcado com Zelensky.

Portugal tem tentado apoiar a Ucrânia das formas mais diversas

António Costa referiu que Portugal aguarda "com expetativa" a análise da Comissão Europeia sobre perspetivas de entrada da Ucrânia na UE e garantiu que, "independentemente do que venha a acontecer, disponibilizamos todo o apoio técnico".

Costa referiu que espera que a visita que o subchefe de gabinete de Zelensky vai fazer a Portugal seja o início desse trabalho conjunto

"Portugal tem tentado apoiar a Ucrânia das formas mais diversas".

Zelensky, "um líder que inspira o Mundo", diz Costa

António Costa começou a intervenção a referir que foi com "grande emoção" ter sido recebido por Zelensky, "um líder que inspira o Mundo e que nos tem dado a todos grande inspiração"

Zelensky agradece apoio de Portugal

O presidente ucraniano agredeu o apoio de Portugal à apioa desde o início da guerra. "Senti e falei sobre a proximidade entre os nossos povos", disse Zelensky no início da conferência de imprensa que aconteceu após o encontro com Costa.

"Portugal está a ajudar desde os primeiros dias de guerra. Estamos muito gratos", afirmou.

Zelensky defendeu ainda que a Ucrânia está a defender toda a Europa.

O presidente ucraniano referiu ainda que falou com Costa sobre a integração na União Europeia. "Sabemos que Portugal apoia a Ucrânia na UE".

Reino Unido propõe armar Moldova perante agressão russa

A ministra britânica dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, pretende equipar a Moldova com armamento moderno "do padrão da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] face a um possível ataque da Rússia".

Citando uma entrevista publicada hoje no 'The Daily Telégrafo', a agência EFE refere que Truss indicou que essa intenção está a ser analisada dentro da Aliança Atlântica, para que, se forem aceites, os países membros possam fornecer armas de defesa àquela ex-república soviética.

"Gostaria de ver a Moldova equipada segundo os padrões da NATO. É uma conversação que estamos a ter com os nossos aliados", afirmou a ministra.

Lusa

Forças russas dizem ter destruído "grande carregamento" de armas ocidentais

As forças militares russas anunciaram hoje ter destruído hoje um "grande carregamento" de armas e equipamento militar fornecido pelos Estado Unidos e países europeus à Ucrânia, adianta a AFP.

"Os mísseis Kalibr de alta precisão de longo alcance lançados do mar destruíram um grande carregamento de armas e equipamento militar fornecido pelos Estados Unidos e países europeus perto da estação ferroviária de Malin, na região de Zhytomyr", anunciou o ministro da Defesa russo, em conferência de imprensa, citado pela agência de notícias francesa.

Lusa

AS CRISES: QUEM SOFRE SÃO OS POVOS

Manuel Carvalho Da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Vão-se multiplicando os pronunciamentos políticos que enfocam o inesperado que cada crise nos apresenta, como argumento justificativo de sacrifícios impostos aos cidadãos. Afinal, o que têm de diferente e o que têm em comum as crises que vão surgindo? Porque razão as suas duras consequências recaem sempre sobre o mexilhão?

As diversas crises têm de diferente as suas origens: em 2007/ /2008, foi a especulação imobiliária nos Estados Unidos, rapidamente exportada para a Europa e, como reflexo, entre 2010 e 2015, as políticas de austeridade impostas pelos países poderosos do "centro" da Europa aos periféricos como Portugal; em 2020, foi um grave problema global de saúde pública provocado pela covid-19; em 2022, foi a invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra em curso. Outras crises se abatem sobre a humanidade, e sentimos novas ameaças vindas dos problemas climáticos e ambientais, dos bloqueios demográficos, da falta de adequadas políticas públicas, de falsos determinismos tecnológicos, de desastres nas democracias, dos confrontos entre impérios, da hipótese de utilização da bomba atómica.

Contudo, os "vírus" e as consequências que cada crise expõe são, fundamentalmente, os mesmos. O vírus principal é o neoliberalismo que tudo transforma em mercadoria, desde os mais significativos elementos da natureza até aos atos humanos, como o exercício da solidariedade ou a gestão da pobreza. As consequências das diversas crises são também as mesmas: mortes e sofrimento, mais exploração de crianças, mulheres e grupos de pessoas com vulnerabilidades, aumento da instabilidade e da exploração no trabalho, acelerada concentração de riqueza por parte de uma minoria de poderosos, aprofundamento das desigualdades, e gravíssimas ruturas nas relações sociais.

Na evocação dos dez anos do Observatório sobre Crises e Alternativas, José Reis, ao analisar as crises dos últimos catorze anos, afirmou que "é preciso não cometer o erro de pensarmos que as crises vêm de fora da nossa vida. É o modo como a nossa vida material se organiza, que está no centro de tudo". Referindo-se ao que a pandemia de covid-19 expôs, enunciou: "intensas mobilidades com delapidação do ambiente, elevado consumo energético e criação de vulnerabilidades, "cadeias de valor globais" com enfraquecimento da capacidade interna e geração de dependência nos sistemas de produção e provisão de proximidade". Acrescentou que, "entre nós, encontrámos nessa crise o que lá pusemos (antecipadamente): a dependência industrial que tínhamos acumulado, o trabalho precário que tornámos norma,...a excessiva economia de serviços banais e, nela, o turismo...e outros setores de baixa produtividade em que assentamos a criação de emprego".

No seu entender, a guerra na Ucrânia veio confirmar alguns daqueles "termos excessivos em que se estabeleceu a economia mundial" e realçar outros; e vai expondo o "confronto de grandes poderes". Na opinião de José Reis, "reencontramos uma palavra velha: imperialismo". Por mim, direi que estamos perante uma luta interimperialista, sem precedentes na história.

As diferenças nas políticas monetária e orçamental adotadas pela União Europeia face à pandemia confirmaram que sempre existem alternativas. Mesmo assim, tudo indica que vai prevalecer a exploração dos mais frágeis. O drama acrescido é que a cavalgada do neoliberalismo já não dispensa a participação das forças fascistas.

*Investigador e professor universitário

AS PROMESSAS DE APOIO DOS MILHÕES QUE NÃO CHEGAM AO TERRENO

Mesquita Milheiro* | AbrilAbril | opinião

Os consumidores, por via dos sucessivos anúncios dos subsídios e apoios que a agricultura recebe, estão convencidos que isto de ser agricultor é um maná. A realidade é bem diferente, há muitos programas e apoios que não chegam ao terreno, outros são tão incipientes que não vale a pena fazer a candidatura e outros ainda não se adequam à realidade do mundo rural. 

A população urbana, que está convencida que a agricultura portuguesa é subsídio-dependente, deve ter em conta que quase todas as agriculturas do Ocidente recebem subsídios para que os produtos agrícolas cheguem ao consumidor a um preço mais barato. É essa a principal função dos apoios. 

Em média, a distribuição do valor ao longo da cadeia de abastecimento agro-alimentar; por cada 100 euros pagos pelo consumidor, 50 euros vão para a distribuição, 30 euros correspondem à transformação e apenas 20 euros vão para o agricultor – destes, 80% são custos de produção.

A subida brutal dos custos dos factores de produção tem impacto directo no rendimento dos agricultores que, necessariamente, provocam um aumento de preço nos consumidores. Há insumos que aumentaram 130%, como por exemplo os fertilizantes, fitofármacos, sementes, rações para animais, gasóleo agrícola, etc. O Governo tem tomado medidas com a intenção de minimizar os efeitos na produção e mitigar a escalada dos preços, mas na realidade essas medidas não têm consequências práticas pois não chegam ao terreno.

Desde o início da pandemia que o sector agrícola tem vindo a afirmar «Faça chuva ou faça sol, a agricultura não pára», como se pode constatar, mau grado os constrangimentos e o impacto que uma pandemia destas provocou.

“A vida custa, Costa”. Poeira para os olhos e para o aparelho respiratório

Como se não bastasse os políticos e os governantes atirarem-nos sistematicamente poeira para os olhos temos tido este ano um coadjuvante que ainda complica muito mais os quotidianos europeus, com maior incidência no sul da Europa. Portugal é vítima dessa poeirada, a política e a governativa, trata-se da poeirada vinda do deserto do norte de África, do Sahara.

Já não bastava andarmos ceguinhos de todo e vermos (mal) sempre os mesmos a governarem-se e ainda agora – anunciado para este fim-de-semana – temos de suportar as ditas poeiras de Sahara. Evidentemente que os problemas respiratórios crescem e a certeza é que o Serviço Nacional de Saúde, se a ele recorremos, está completamente entupido, diga a senhora Temido Saudável da Silva o que disser. Presentemente e por costume quem se lixa são os velhos que “batem a bota” como tordos devido à falta de defesas ao covid 19 e as correspondentes medidas de proteção que não são implementadas pelo governo Costa. E agora é isto das mais poeiras saharianas. Até parece que o que querem é matar velhotes e velhotas e, já agora, tirar-nos o ar. Talvez os governos, e este em Portugal também, andem a preparar-se para vender oxigénio com as alcavalas e os respetivos impostos que lhe serão inerentes. Não é de admirar. "Eles" já vendem o sol e alguns até já devem ter vendido as mães. O costume. Bem se dizia: “a vida custa, Costa”.

Hoje, dia 21, Costa lá anda a passear no meio da guerra com o Zelensky. O costume para os que perdem a coluna vertebral e aprendem a rastejar. Pois.

Do Expresso e Lusa ainda mais poeirada, além da que é já hábito quotidiano. Bom dia. (PG)

Nuvem de poeira do deserto atravessa Europa e deve afetar Portugal no fim-de-semana

Seguundo o sistema europeu de monitorização atmosférica Copérnico, trata-se de "mais uma grande nuvem de poeira do Saara" que estará sobre o sul e centro da Europa entre hoje e segunda-feira

Uma nuvem de poeira do deserto do Saara está a atravessar a Europa e deverá estar mais concentrada sobre Portugal e Espanha durante o fim de semana, divulgou esta sexta-feira o sistema europeu de monitorização atmosférica Copérnico.

Trata-se de "mais uma grande nuvem de poeira do Saara" que estará sobre o sul e centro da Europa entre hoje e segunda-feira, refere um comunicado do sistema Copérnico, acrescentando que 2022 está e continuará a ser um ano com "altos níveis de transporte de poeira através do Mediterrâneo e partes da Europa".

"Os valores mais altos" na Península Ibérica deverão registar-se no sábado e no domingo, dia em que a poeira, "com valores muito altos" de concentração da atmosfera, também atingirá a Europa central.

Em meados de março já se tinham verificado grandes nuvens de poeira na Europa ocidental e este ano, nuvens semelhantes provenientes do deserto do Saara também atravessaram o Atlântico até atingirem as Caraíbas.

Períodos de seca e aumento da desertificação fazem aumentar a probabilidade de fenómenos destes, que fazem diminuir a qualidade do ar nas regiões afetadas, sobretudo no caso de as nuvens de poeira passarem a baixa altitude.

Expresso | Lusa

Mais lidas da semana