quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Jeans rasgados e “The Great Reset” – Uma História da Manipulação da Mente

Peter Koenig* | Global Research, 13 de setembro de 2022

Você já se perguntou como é que as pessoas, especialmente os jovens, quase uniformemente andam por aí com jeans rasgados? Isso inclui estudantes universitários e graduados altamente qualificados. Eles se tornaram modelos de moda duradouros nas últimas duas décadas – e a moda prevalece. A ponto de as pessoas pagarem mais por calças rasgadas e usadas do que por calças novas. O bom senso desapareceu totalmente do mainstream.

*Traduzido em português do Brasil 

Há muitas facetas de definição de tendências todos os dias, doutrinadas pela mídia e propaganda – não apenas para fins comerciais, mas por razões sutis, mas direcionadas.

O enredo “deles” é brilhante. Gradualmente, forjando a mente das pessoas em uma direção, um modelo – é necessário para, eventualmente, alcançar o controle total.

Outro pequeno exemplo, que você pode ou não conhecer: Cores dos carros. Você notou que, durante as últimas duas décadas, a grande maioria dos carros – na verdade, cerca de 90% a 95% – são pretos ou brancos, ou tons intermediários? Todos com o mesmo propósito. Nós, o povo, devemos pensar em um padrão preto e branco.

Cerca de 15 anos atrás, respondendo à minha observação de que ele tinha apenas carros pretos e brancos em seu lote, um vendedor de carros sorriu e disse, sim, essa é a norma. Ele acrescentou que cerca de 90% ou mais de todos os carros na Europa e nos EUA (e talvez em outros lugares) eram pretos ou brancos ou sombreados no meio. Ele observou que isso foi feito de propósito para influenciar o pensamento das pessoas. Fiquei boquiaberto. Mas então observando eu mesmo e hoje ligando os pontos – tudo faz sentido. Brilhante. Nenhuma coincidência.

As coisas parecem estar mudando um pouco, como você pode ver agora, carros mais coloridos estão decorando nossas redes rodoviárias ocidentais. Mas de longe não é suficiente. Será que vai durar? A mente das pessoas estará aberta para cores? Por uma espécie de “Revolução Colorida” social?

Ou é apenas um pequeno alívio com limite de tempo, fazendo acreditar que realmente temos uma escolha.

Inflação elevada nos EUA detona Wall Street e pode prejudicar Biden e Democratas

Inflação elevada nos EUA detona Wall Street, mercados globais, 'pode prejudicar as perspectivas de eleições de meio de mandato de Biden e democratas'

Global Times, GT staff reporters | Traduzido em português do Brasil

À medida que os mercados de capitais dos EUA e globais despencaram após a divulgação de dados de inflação de agosto acima do esperado nos EUA, que também desencadearam a antecipação de mais aumentos nas taxas de juros do Federal Reserve dos EUA, analistas disseram que os preços elevados provavelmente "dariam um grande golpe" ao governo Biden e aos democratas antes das próximas eleições de meio de mandato nos EUA, enquanto os esforços do governo, como o Chips and Science Act ou o acúmulo de infraestrutura, podem se desintegrar.

Embora um ajuste de taxa possa desencadear uma onda de fluxo de capital de volta para os EUA no curto prazo, isso custaria a confiança da sociedade internacional no sistema do dólar americano, observaram os observadores, argumentando que o yuan chinês está se tornando cada vez mais um porto seguro para ativos globais por sua resiliência e sustentabilidade. 

A inflação dos EUA recuperou ligeiramente mais alta em agosto em 0,1 por cento em relação a julho, surpreendendo muitos observadores do mercado que haviam projetado uma queda de 0,1 por cento no mês, mostraram dados revelados pelo Bureau of Labor Statistics dos EUA na terça-feira. 

Em uma base anual, a inflação dos EUA desacelerou para 8,3 por cento em agosto de 8,5 por cento em julho, mas o nível permanece teimosamente alto e foi superior às expectativas do mercado. 

Abaladas por números elevados de inflação, as ações dos EUA experimentaram uma derrota no que os investidores chamaram de "terça-feira negra". O Dow Jones Industrial Average caiu quase 1.300 pontos na terça-feira, a pior queda desde junho de 2020. O S&P 500 caiu 4,3%, enquanto o Nasdaq caiu 5,16%. As ações dos EUA abriram ligeiramente em alta na quarta-feira, com o Dow Jones subindo 0,12 por cento na abertura das negociações, enquanto o Nasdaq subiu 0,4 por cento.

Os mercados globais também foram prejudicados pela derrota em Wall Street. O Nikkei 225 do Japão caiu 2,78 por cento no momento da publicação, o índice Hang Seng de Hong Kong perdeu quase 500 pontos, enquanto o índice composto de Xangai caiu cerca de 0,8 por cento. 

"Os EUA usaram quase todas as alavancas disponíveis, mas é difícil reverter uma recessão econômica por meio de políticas. Espera-se que a política interna, a economia e a diplomacia dos EUA provavelmente passem por um período de turbulência", disse um analista internacional de Pequim. especialista em relações públicas que não quis ser identificado ao Global Times na quarta-feira.

O SIGNIFICADO DA CIMEIRA DE SAMARCANDA DA SCO

Andrew Korybko* | One World

Os observadores têm muitos motivos para serem otimistas antes do grande evento multipolar desta semana.

#Traduzido em português do Brasil

A Organização de Cooperação de Xangai (SCO) realizará sua próxima cúpula na antiga cidade uzbeque de Samarcanda de 15 a 16 de setembro, que contará com a presença pessoal de todos os líderes do grupo. Isso inclui o presidente chinês Xi Jinping, o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, cujos três países formam a estrutura Rússia-Índia-China (RIC), considerada uma plataforma multipolar complementar dentro da ordem mundial emergente.

O presidente uzbeque Shavkat Mirziyoyev publicou um artigo de opinião exclusivo no bne IntelliNews na segunda-feira, antecipando o evento que seu país está hospedando. Intitulado “Samarkand SCO Summit – diálogo e cooperação em um mundo interconectado”, o líder da Ásia Central explicou que é mais importante do que nunca fortalecer as instituições multilaterais no início desta nova era imprevisível nas relações internacionais. Uma unidade coordenada de propósitos é necessária para estabilizar os assuntos globais, disse ele.

Nisso reside a importância do fortalecimento abrangente da cooperação entre os membros, observadores e parceiros de diálogo da SCO. Seu PIB combinado equivale a um quarto do total mundial, razão pela qual “a SCO tem excelentes perspectivas de transformação e crescimento através da abertura de novas perspectivas estratégicas - transporte e conectividade, energia, segurança alimentar e ambiental, inovação, transformação digital e uma economia verde”, escreveu o presidente Mirziyoyev.

De particular foco para a SCO é compartilhar sua história de sucesso com o Afeganistão, para o qual ele sugeriu se unir para apoiar o corredor transafegão que foi acordado por seu país, aquele, e o Paquistão em fevereiro de 2021. O líder uzbeque prevê que sua conclusão transformará o papel histórico do Afeganistão de um amortecedor entre as potências globais para um elo entre a Ásia Central e do Sul, o que, por sua vez, melhorará a conectividade entre essas duas regiões economicamente dinâmicas.

A localização de Samarcanda como local da próxima cúpula da SCO é simbólica por causa de seu status como “a pérola da Grande Rota da Seda”. Assim como naquela época, a visão contemporânea da Rota da Seda da China da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) mais uma vez trará paz e prosperidade ao supercontinente. Assim, ele escreveu que “o 'Espírito de Samarcanda' foi projetado para complementar organicamente o 'Espírito de Xangai' original, graças ao qual, há mais de 20 anos, nossos países decidiram criar uma nova organização”.

Visto desta perspectiva precisa, os observadores têm muito o que ser otimistas antes do grande evento multipolar desta semana. Espera-se que o Irã seja admitido como membro pleno, enquanto o pedido da Bielorrússia para seguir seus passos provavelmente será bem-vindo. Novos parceiros de diálogo Egito, Catar e Arábia Saudita se familiarizarão mais com o funcionamento da SCO, que os Emirados Árabes Unidos também estão interessados ​​em fazer. Rapidamente, claramente, a visão ganha-ganha deste grupo atrai muito a Ásia Ocidental.

Isso é extremamente significativo para todos prestarem atenção, já que muitos especialistas ocidentais alertaram histericamente que o grande recuo estratégico dos EUA dessa região nos últimos anos para “conter” simultaneamente a China no leste da Ásia e a Rússia no leste europeu levaria ao caos.  Longe de se desdobrar dessa maneira, a dinâmica da Ásia Ocidental moveu-se na direção totalmente diferente de se estabilizar comparativamente depois que a influência da hegemonia unipolar em declínio começou a retroceder.

O envolvimento desses quatro países mencionados com a SCO, juntamente com o da Turquia, que já é um parceiro de diálogo desde 2013, mostra que a Ásia Ocidental está ansiosa para abraçar a ordem mundial multipolar emergente depois de sofrer imensamente sob o unipolar liderado pelos EUA desde o fim da Guerra Fria. É importante ressaltar que a confluência desses processos multipolares em Samarcanda está ocorrendo não apenas neste momento único das relações internacionais, mas também à frente da Assembleia Geral da ONU (AGNU) deste ano.

O primeiro debate de alto nível começará em 20 de setembro, apenas alguns dias após os países da SCO e seus líderes se encontrarem no Uzbequistão. Considerando tudo o que se espera que seja discutido durante esse período, é útil que os países multipolares coordenem sua posição sobre as questões mais urgentes do mundo, a fim de neutralizar os esforços previsíveis do Ocidente liderado pelos EUA para explorar esses fóruns globais com o objetivo de tentar desesperadamente dividir e governar o mundo.

Com esse contexto mais amplo em mente, a Cúpula de Samarcanda da SCO pode ser percebida como preservando o espírito da Carta da ONU no que diz respeito a priorizar o direito internacional, a paz e a prosperidade nas relações internacionais contra a conspiração do Ocidente para minar todos os três por meio de seus chamados hipócritas conceito de “ordem baseada em regras”. O contraste entre esses dois grupos de países, portanto, não poderia ser mais claro, e é por isso que um número crescente de estados no Sul Global está trocando o Ocidente pela SCO.

*Andrew Korybko -- analista político americano

Nota:

SCO - Organização para Cooperação de Xangai

A Organização para Cooperação de Xangai é uma organização política, econômica e militar da Eurásia, que foi fundada em 2001 em Xangai pelos líderes da China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão. Wikipédia

Fundação: 15 de junho de 2001

Sede: Pequim, China

Fundadores: China, Rússia, Uzbequistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão

Rússia – Ucrânia | FORÇAS DE COMBATE NA LINHA DA FRENTE REORGANIZAM-SE

KIEV PEDE MAIS ARMAMENTO AO OCIDENTE

Após uma ofensiva em larga escala das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kharkiv, o ritmo do avanço ucraniano diminuiu nos últimos dias. A linha de frente agora segue o rio Oskol. As tropas russas estão fortalecendo sua defesa perto da cidade de Oskol. Eles também continuam lutando na parte leste da cidade de Kupyansk.

Um importante reduto das forças russas continua sendo a cidade de Krasny Liman, que está sendo invadida por forças superiores ucranianas nos últimos três dias. Unidades ucranianas conseguiram cruzar o rio Seversky Donets perto de Zakotnoye, na tentativa de avançar em direção a Yampol.

Outra ameaça para o agrupamento russo em Krasny Liman é a batalha em andamento por Svyatogorsk. Até agora, pelo menos parte da cidade está sob controle ucraniano. Se a cidade for capturada, as formações ucranianas poderão atacar Krasny Liman na direção noroeste.

A cidade de Krasny Liman é de importância estratégica para a ofensiva ucraniana. O controle sobre ele permitirá o estabelecimento de uma cabeça de ponte em ambos os lados do rio Seversky Donets e o ataque à aglomeração de Severodonetsk.

Na área de Soledar, as forças ucranianas tentam invadir Belogorovka, localizada a 10 quilômetros de Lisichansk. O controle do assentamento dará às forças ucranianas um trampolim adicional para a ofensiva na aglomeração de Severodonetsk.

Por sua vez, as forças lideradas pela Rússia estão atacando Bakhmut. As tropas de assalto de Wagner avançaram na periferia leste da cidade. Em 13 de setembro, eles estabeleceram controle total sobre a zona industrial. As forças russas também estão avançando para Otradovka e Nikolaevka Vtoraya. A luta pesada continua perto de Spornoe.

Em 12 de setembro, as forças ucranianas lançaram uma ofensiva contra as posições do batalhão Sparta do DPR perto do aeroporto de Donetsk. O ataque foi repelido e, como resultado, as unidades ucranianas perderam até 40 militares.

Na direção sul, a situação na frente permanece calma. O comando ucraniano está transferindo reservas das regiões orientais para outra tentativa ofensiva. A recente ofensiva fracassada na região de Kherson custou caro ao Exército ucraniano. De acordo com o vice-chefe da administração civil-militar da região de Kherson, mais de 3.500 soldados ucranianos foram mortos durante as recentes operações ucranianas.

Encorajado pelo sucesso nas frentes, o regime de Kiev continua a pressionar seus parceiros ocidentais, exigindo o fornecimento de novas armas ao exército ucraniano. O Wall Street Journal publicou uma lista de armas pesadas do novo pedido de Kiev aos Estados Unidos. Segundo o relatório, existem 29 tipos de armas listadas, incluindo tanques, drones, sistemas de artilharia, projéteis para HIMARS, mísseis antinavio Harpoon e mísseis balísticos ATACMS, cujo alcance chega a 300 km.

South Front

SITUAÇÃO EXPLOSIVA NA EUROPA

Manlio Dinucci | South Front | Originalmente publicado no GlobalResearch | Traduzido em português do Brasil

As sanções à Rússia estão impedindo a Gazprom de operar o North Stream 1, o único que leva gás russo para a Alemanha após o fechamento forçado de seu gasoduto irmão, o North Stream 2. O Kremlin relata que “sanções impostas pela UE, Reino Unido, EUA e Canadá interrompeu o sistema de manutenção técnica dos componentes da turbina que garantiam o bombeamento.”

A estratégia EUA-UE é clara: impedir que a Europa receba o gás russo a preços baixos devido aos acordos de longo prazo anteriormente feitos com a Rússia, obrigando os consumidores europeus a comprá-lo no mercado à vista a preços extremamente mais elevados, definidos de acordo com especulações e políticas mecanismos pela Bolsa de Valores de Amsterdã, que agora faz parte de uma grande holding americana.

O único gasoduto que transporta regularmente gás russo para a Europa é o  TurkStream , através do Mar Negro e dos Balcãs. A Hungria, que se opõe às sanções da UE (apesar de fazer parte da UE e da OTAN), assinou um acordo de longo prazo com a Gazprom para receber 80% do gás de que precisa da Rússia por meio desse gasoduto.

No entanto, há tensões crescentes nos Balcãs, especialmente contra a Sérvia por onde passa o TurkStream, causadas pelas longas mãos da OTAN, o que pode levar ao bloqueio deste último oleoduto também da Rússia.

Essa situação faz parte de um cenário político-militar cada vez mais explosivo. A nova premier britânica Liz Truss se declara “pronta para usar armas nucleares”.

Um perigo adicional é causado pelo fato de que as forças ucranianas – armadas, treinadas e de fato comandadas pela OTAN – estão disparando armas fornecidas pela OTAN e pela UE na usina nuclear de Zaparozhye atualmente sob controle russo, expondo a Itália e a Europa ao risco muito sério de um novo Chernobyl.

A Agência Internacional de Energia Atômica adverte: “Com a usina nuclear de Zaporizhzhya, estamos brincando com fogo e algo muito, muito catastrófico pode acontecer”.

Ler em South Front

Os líderes da Europa continuam a priorizar os interesses dos EUA sobre o bem-estar dos cidadãos

Já é hora de a Europa afirmar sua soberania

OS VÂNDALOS DA DEMOCRACIA ANGOLANA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A independência do Poder Judicial dá sentido ao Estado Democrático e de Direito. Por isso, é preciso que os democratas deixem à Justiça o que é da Justiça e à Política o que é da Política. Não é um “slogan” ou mero jogo de palavras. Esta é a essência da democracia. Políticos que pressionam os Tribunais e os magistrados judiciais são vírus mortíferos da liberdade.

Todos os povos têm os seus podres, mais ou menos visíveis. Todos têm gente sem carácter e figurinos sem nada lá dentro. Abundam os acéfalos e mais ainda as figuras grotescas que nascendo com coluna vertebral, a trocaram por um punhado de diamantes de sangue. Sim, estou a falar dos políticos que enganaram o Povo Angolano com uma frente patriótica unida, que nunca existiu. Têm nomes: Adalberto da Costa Júnior, Abel Chivukuvuku e Filomeno Vieira Lopes. Até agora, nenhum deles provou nas urnas de voto valer grande coisa politicamente. 

Adalberto é a personificação do fracasso. Aceitou liderar uma coligação nascida e criada para roubar votos ao MPLA. Falhou rotundamente. Se continuar na liderança da UNITA, vai de derrota em derrota até à extinção do partido ou estacionar no um por cento, como a FNLA. Chivukuvuku foi treinado para acções terroristas e executou-as. Tem no seu currículo assassinatos de civis inocentes, torturas, fogueiras da Jamba, atentados bombistas. E o mais grave: Tentou tomar o poder pela força das armas, em 1992, como primeiro passo para a balcanização do país. Filomeno Vieira Lopes é abaixo de zero, não conta para nada.  

Os três fracassados atribuem a derrota à Comissão Nacional Eleitoral e ao Tribunal Constitucional no seu papel de Tribunal Eleitoral. Atacam violentamente o Poder Judicial. Intrometem-se desavergonhadamente nos assuntos da Justiça. Vandalizaram a democracia e mostraram, mais uma vez, que não se conformam com o regime democrático. 

Incapazes de fazer política (na verdade não sabem fazer nada de útil), decidiram usurpar o papel dos comissários da CNE e dos venerandos conselheiros do Tribunal Constitucional. Pelos vistos, observadores, comentadores, escribas e outros artistas ainda não deram por isso.

Angola | POLÍCIA "NÃO VAI DAR ESPAÇO" À REBELIÃO E VANDALISMO

Polícia angolana alerta para o incentivo à rebelião e vandalismo nas redes sociais e garante que "não vai dar espaço" aos ativistas. Após encontro com políticos, corporação diz que partidos se demarcam de manifestações.

A polícia angolana está preocupada com os atos de incentivo à rebelião e vandalismo nas redes sociais, que deram lugar a várias detenções nos últimos dias, e garante que "não vai dar espaço" aos ativistas.

O comandante-geral da Polícia Nacional, Arnaldo Manuel Carlos, que falava esta terça-feira (13.09) à margem de uma parada demonstrativa do asseguramento no ato de investidura do Presidente João Lourenço, afirmou que estão a ser detidas pessoas, que, no entanto, considerou não serem ativistas, mas "cidadãos que põem em causa a ordem pública".

"Não estamos a deter ativistas, os ativistas são pessoas de bem, que promovem valores. As pessoas detidas estão a praticar crimes nas redes sociais, promovendo a rebelião e outros atos que são criminosos, são proibidos no Código Penal", declarou, sem especificar quantos foram já detidos e negando que a polícia esteja a perseguir ativistas.

O responsável da Polícia sublinhou que a missão principal é garantir a segurança de pessoas e bens e que os cidadãos nada têm a recear.

Angola "precisa de paz"

"Os cidadãos honestos e trabalhadores valorizam a nossa presença na rua, sentem-se confortados e seguros, só o delinquente tem medo, o delinquente tem de ter medo por que estamos aqui para responsabilizar criminalmente os que cometem crimes e pretendem criar instabilidade no seio das populações", sublinhou, acrescentando que o país "precisa de paz".

Pressupostos que serão impostos pelas forças de ordem "se não forem livremente acatados".

"Estamos preocupados com certas pessoas que, individualmente ou em grupo, promovem através das redes sociais atos de rebelião, que têm incentivado à rebelião, à desobediência civil e ao vandalismo", apontou Arnaldo Manuel Carlos.

"Muitos estão a ser responsabilizados criminalmente, estão a ser detidos e nisso não vamos dar espaço. Qualquer país tem ordem e o nosso também tem ordem. É necessário que se respeitem os dirigentes e as autoridades, não é democracia ir para as redes sociais e destratar as pessoas e as entidades, o respeito é devido a todos", frisou o responsável, salientando que o país "só se vai desenvolver se houver segurança e respeito entre as pessoas".

Portugal | ANTÓNIO COSTA, O FINGIDOR

No papel de secretário-geral do PS, António Costa abriu as jornadas parlamentares a fingir que as críticas à sua governação se devem apenas a uma antipatia por maiorias absolutas.

AbrilAbril | editorial

Após ter anunciado um pacote de medidas tardias, limitadas e enganadoras (veja-se a alteração às pensões), que não resolvem os problemas com que os portugueses estão confrontados, António Costa foi a Leiria mostrar o que tem de melhor: a oratória. 

Numa sobranceria típica de quem governa com maioria absoluta («Quem tem a maioria absoluta somos nós»), o primeiro-ministro recomendou o diálogo, mas advertiu os deputados do PS para que exercessem o seu mandato «sem complexos», que é como quem diz, de mãos livres para aprofundar uma política de desigualdades, procurando passar a ideia de que foi essa a opção dos portugueses a 30 de Janeiro. 

Depois de uma campanha eleitoral a propalar medidas que fizeram a diferença na vida dos trabalhadores, como os novos passes, a gratuitidade dos manuais escolares ou os aumentos extraordinários das pensões, e que não sendo da autoria do Governo do PS, este levou por diante, precisamente porque não tinha maioria absoluta, António Costa tenta iludir agora sobre as políticas em curso recorrendo ao argumento da «estabilidade política».

Despudoradamente, o primeiro-ministro vai ainda mais longe ao afirmar que, nas anteriores legislaturas, os deputados do seu partido tiveram a experiência de ser «tolerados» pelas bancadas à sua esquerda e de levar «pancada» das bancadas à sua direita, e que a diferença, agora, «é que se leva pancada de todos os lados».

Curiosa a utilização do termo (pancada), semelhante ao utilizado numa reportagem do Público, no sábado, por famílias que já não sabem que mais voltas dar para contrariar a degradação da qualidade de vida. «Já estamos a levar outra cacetada», destacava a primeira página do diário. A frase é de uma mãe de três filhos, que acumula dois trabalhos para conseguir pagar contas, e que recebeu as medidas do Governo, centradas no mês de Outubro, com uma pergunta: «O resto do ano, como vamos viver?»

Indiferente à realidade dos pobres cada vez mais pobres, e de serem cada mais os que estão em risco de o ser, o primeiro-ministro, que neste pacote introduz «apoios» à infância independentemente do rendimento das famílias, recupera os resultados eleitorais de Janeiro para fazer de conta que tem a aprovação das políticas seguidas, pautadas pela manutenção do subfinanciamento de serviços fundamentais como a saúde ou a educação. Ao mesmo tempo, recusa-se a tomar medidas fundamentais, como o aumento dos salários e das pensões, com o argumento de que assim escalaria a inflação, da mesma forma que foge à ideia de taxar os que concentram a riqueza. Dizia Pessoa que «o poeta é um fingidor». A Costa falta-lhe apenas ser poeta.

Pedrógão Grande, a tempestade de fogo e a infrutífera espera de casar a culpa

Na EN236-1, a culpa ardeu solteira

Pedro Candeias | Expresso (curto)

As coisas são como são: cinco anos depois de um incêndio dramático que matou 65 pessoas, causou centenas de feridos e levou a tribunal onze arguidos por 63 mortes e 44 feridos, o processo terminou com a absolvição integral dos acusados pelo Ministério Público.

Assim, Augusto Arnaut (comandante dos bombeiros), Jorge Abreu (presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos), Valdemar Alves e José Graça (antigos presidente e vice-presidente de Pedrógão Grande), Margarida Gonçalves (gabinete florestal de Pedrógão), Fernando Lopes (ex-presidente de Castanheira de Pêra), Ugo Berardinelli, José Revés e Rogério Mota (da Ascendi), e Casimiro Pedro e José Geria (EDP Distribuição) foram inocentados pelo Tribunal de Leiria de todos os crimes de que estavam indiciados nos fogos de Pedrógão Grande de 2017.

Para o coletivo de juízes, o aconteceu o que tinha de acontecer, uma inevitabilidade provocada por um fenómeno “raro” e imparável chamado downburst que lá surgiu e que tentarei explicar: uma coluna maciça de vento quente desce vertiginosamente dos céus e espalha-se radialmente ao nível do chão a “velocidades da ordem dos 100 a 130 km/h”.

Ora, isto acrescentou imprevisibilidade num incêndio ocorrido num lugar composto por 72% de manchas densas e ininterruptas de “pinhal, eucaliptal e acácia”. Disse a juíza Maria Clara Santos que, num contexto climatérico destes e sem faixas de gestão de combustível, o combate às chamas é praticamente impossível, independente do número de botas e de meios no terreno - e da coordenação dos mesmos. “A generalidade dos óbitos [...] foram consequência direta do ‘downburst’ verificado”, ponto final.

Para a defesa dos 11 absolvidos, provou-se que foi feito tudo o que era possível naquelas circunstâncias para evitar a tragédia. Para os advogados de 10 Marias, três Antónios e três Anabelas e três Manuéis, e outros 44 nomes e apelidos que perderam a vida, o Tribunal de Leiria falhou.

E agora entra a culpa, conceito católico e também jurídico que costuma ser atirado à fogueira quando as coisas ardem. Marcelo e António Costa foram os primeiros a fazê-lo, logo em 2017, garantindo que a “culpa não poderia morrer solteira” num caso destes. Acabou por arder solteira.

Um representante de seis assistentes, André Batoca, disse que a decisão do Tribunal contrariava “toda a prova produzida em julgamento”, considerando que o “único evento imprevisível e excecional foi a morte das 66 pessoas e as centenas de feridos e tudo o resto deveria ter sido evitado pelos arguidos”.

Leiam agora o que disse o presidente da Liga dos Bombeiros António Nunes, num discurso em futebolês: a responsabilidade não foi do comandante Arnaut, que entrou no Tribunal de Leiria ladeado por uma guarda de honra de homens fardados em continência, mas de um sistema com vários “protagonistas” que os jornalistas conhecem bem. “Estão ao nível o nível das estruturas, do sistema de proteção e socorro, que na altura já existiam e que hoje existem. E devem pedir desculpa por aquilo que fizeram aos bombeiros de Portugal. E eram eles que deviam estar sentado no banco dos réus”, argumentou Nunes. Quem são? O bombeiro não os nomeou, mas é fácil adivinhar.

As defesas das vítimas mortais pedem a justiça que a Justiça não lhes deu; as defesas dos absolvidos, que a justiça repare a injustiça que lhes foi feita durante cinco anos.

No fundo, toda a gente perdeu.

JOÃO DE BRITO: "AS PESSOAS NÃO PENSAM NA CULTURA COMO UM DIREITO"

Ana Patrícia Silva | Setenta e Quatro

O Estatuto dos Profissionais da Cultura suscita mais receios do que entusiasmo. Com ele questiona-se um cenário de precariedade no sector, um acesso cada vez mais escasso em certas zonas do país e políticas públicas que "só remedeiam" as suas fragilidades. O Setenta e Quatro falou com o ator e encenador João de Brito para entender estas realidades. 

ENTREVISTA 

Aprovado há nove meses, em outubro de 2021, o Estatuto dos Profissionais da Área da Cultura não está a ter um início de vida frutuoso. Apesar de corresponder a uma das reivindicações mais antigas do sector, em parte acelerada pela crise laboral decorrente da pandemia, as críticas não param de ganhar amplitude e explicam a fraca adesão ao novo regime contributivo e fiscal criado para os trabalhadores deste ramo cheio de especificidades. Com pouco mais de dois mil profissionais registados, de acordo com o Ministério da Cultura, o desejo de fazer do sector um combate à precariedade cai por terra quando comparado com o universo dos profissionais da Cultura que atinge os 150 mil. 

Sindicatos, associações, artistas, produtores, gestores e advogados afirmam que o diploma desenhado e aprovado no mandato da ex-ministra da Cultura, Graça Fonseca, exige demasiado aos trabalhadores e às estruturas do sector. Não só em termos de burocracia mas sobretudo no que diz respeito às taxas contributivas.

A estes dados soma-se ainda o facto de a grande maioria dos portugueses (75%) considerar que o Estado deveria investir mais em Cultura, “coisa que não deveria de ser surpresa após o governo declarar um investimento abaixo do 1% no sector cultural”, afirma o ator e encenador João de Brito. 

O ainda mediador e programador cultural não é desconhecido a quem segue os palcos e atenta a televisão. Deu vida a Otelo de Saraiva no filme Salgueiro Maia - O Implicado. Subiu a grande parte dos palcos portugueses vindo diretamente de Faro. Trabalhou com as mais diversas companhias de Teatro, entre elas Artistas Unidos, Companhia Experimental de Cascais, Teatro dos Alóes, Formiga Atómica, Projeto Ruínas e, mais tarde, com a Companhia Experimental do Porto. Expondo uma voz expressiva com uma pronúncia que não recusa o lugar de onde vem, faz circular à sua volta inúmeros impulsos que partem de um caminho que começa pela relação da Cultura com a Educação, passa pelas políticas públicas e não cede à descentralização. 

GODARD E O ARTISTA DE VARIEDADES – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Godard, God Art eu te saúdo. Fizeste do cinema uma arte sem tiroteios, sem canastrões, sem histórias da carochinha, sem amores rançosos nos quais o papel da mulher era sempre boneca de carne, boca de beijos cinéfilos, recipiente de esperma ou saco de pancada. Abaixo os melodramas. 

Como artista de variedades retirado, sinto a tua perda como os escravos sentem a morte da rainha que esteve 70 anos no poder e só largou o osso quando deu o peido mestre. O filhote, coitado, está careca, atacado pela gota, coxo, corcovado e com um esgar de atrasado mental. Prometeu seguir as pegadas da mamã o que vai fazer dele um rapaz com 140 anos, para mais, nunca para menos.

No meu tempo o cinema era mediatizado pela revista Cinelândia, com mexericos, casamentos e divórcios, de um lado. Do outro, a Chaiers du Cinéma, que eu assinava. Pedi muitas vezes dinheiro emprestado para pagar a assinatura, Foi nessa catedral da sétima arte escrita que conheci Jean-Luc Godard. 

O cinema francês era um luxo. Amigava com o Nouveau Roman. Fui ver que escrita feria o papel e violava conformismos. Encontrei Alain Robbe-Grillet.  Bebi garrafas de Evel e Grão Vasco, no tempo das vacas gordas, lendo em voz alta, para os meus amigos de copos e truz, parágrafos das suas obras, em francês.

O Nuveau Roman chegou ao cinema na Rive Gauche e o primeiro construtor de consciências dolorosas foi Alain Resnais com as suas obras Hiroshima Meu Amor e O Ano Passado em Marienbad. Os filósofos niilistas foram desmascarados. Eu próprio, que duvido da própria dúvida, perdi momentaneamente o rasto das minhas convicções. O passado não existe! Está resolvido o problema da Génese. Se não há passado não viemos de parte nenhuma, somos transitórios, uns segundos breves. E ficamos às portas do futuro, como Dante escreveu à entrada do Inferno: Deixem à porta toda a esperança, vós que entrais!

Sempre que via um filme de Godard remexia-me na cadeira, sentia um tremendo incómodo e de cena em cena, de plano em plano, perguntava a mim próprio se merecia aquele arte suprema. Uma tragédia, se tivermos em conta que sou um artista de variedades fracassado. Comecei como partenaire de uma bailarina que se despia no Bambi (era anunciada pelo professor Feruza como bailarina frívola). Perdi o emprego porque me peguei à pancada com uns roceiros, podres de bêbados, que queriam apalpar a artista. Impedi, galhardamente.

Mais tarde arranjei lugar num conjunto suburbano, tocando dicanza. Nos salões da Terra Nova chamavam-me o rei do reco-reco. Em Paris fiz a minha estreia no cinema. O realizador Philippe de Broca estava a fazer os exteriores de um filme. Eu vendia a última edição do jornal France Sor, entre a Concórdia e a Place Pigalle. As putas chamavam-me jeune home e compravam vários jornais que atiravam logo para o lixo. Queriam apenas aliviar-me o peso. Muito gentis.

Nesse tempo usava um casacão até aos pés, comprado no Marché aux Puces, um boné maoista e os jornais eram guardados num sacão amarelo. Ia a passar à frente de um café, apregoando a dernière edition e uma menina bem-parecida chamou-me. Era da produção. Veio um sujeito bem penteado, negligentemente vestido, e disse que precisava de mim  para uma cena. Eu devia entrar no café, sem o sacão dos jornais, olhava à volta, voltava a olhar e saía apressadamente. Só isso. Ofereceu-me 20 francos. Eu disse logo que por menos de 50 não alinhava. Sou um artista de variedades, quand même!

O gajo pagou os 50 e eu entrei, saí e continuei a apregoar a última edição do France Soir. Confesso que nunca vi a cena. Por isso nada vos posso dizer sobre o meu desempenho. Mas hoje, que perdi Godard, tenho a certeza de que me saí bem. Não foi por acaso que vi os seus filmes e fui assinante da Cahiers du Cinéma.

Je te Salue Godard!

*Jornalista

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