sábado, 7 de janeiro de 2023

IDA DE JOÃO LOURENÇO AO BRASIL MARCADA POR AGRESSÕES

Pelo menos duas pessoas foram agredidas por uma figura da delegação que acompanhou o Presidente João Lourenço à tomada de posse de Lula da Silva no Brasil. Polícia registou o caso, mas Presidência angolana não comenta.

visita de João Lourenço ao Brasil para assistir à tomada de posse do novo Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, não correu nada bem.

O encontro previsto entre os Chefes de Estado angolano e brasileiro foi cancelado, tendo João Lourenço tido apenas um curto telefonema com Lula da Silva já depois de regressar a Luanda. Acresce que em termos protocolares também houve diversos problemas em Brasília, incluindo uma cena de pancadaria entre o chefe adjunto da Unidade de Segurança Presidencial de João Lourenço, o brigadeiro Santos Manuel Nobre, e um grupo de jovens angolanos, residentes no Brasil, que se queriam manifestar contra o Chefe de Estado em frente ao hotel onde este estava alojado.

Na sequência das agressões contra os manifestantes, o brigadeiro Santos Manuel Nobre, conhecido por "Barba Branca", terá sido levado para um posto de polícia. Imagens da cena de pancadaria em frente ao hotel circulam nas redes sociais e estão a provocar grande polémica entre os cibernautas em Angola e fora deste país africano.

A DW África falou com um dos agredidos, o jovem empresário Jota Privado, dono de uma empresa de produção audio-visual em Brasília.

DW África: Como é que Jota Privado descreveria o incidente em frente ao hotel onde se encontrava hospedado o Presidente angolano?

Jota Privado (JP): Foi um dia de bastante terror na minha vida. Foi um dia triste e lamentável e de bastante terror e medo, porque eu quase perdi a minha vida ao ser agredido pelos seguranças da Presidência da República.

DW África: O que aconteceu?

JP: Nós, angolanos, temos o direito que a Constituição nos dá de nos manifestarmos e de nos reunirmos contra a governação e contra as atrocidades que o Governo do João Lourenço tem feito, nomeadamente a prisão de Luther King, Zeca Mutema, entre outros. Nós saímos para nos irmos manifestarmos, como qualquer cidadão, como a Constituição nos permite, e a Constituição brasileira também, porque nós estamos en solo brasileiro.

DW África: Quantos angolanos se queriam manifestar?

JP: Éramos 3. O nosso objetivo era manifestar-nos. Fomos à procura de onde [o Presidente da República de Angola] estava hospedado. Encontrámos no restaurante seguranças do Presidente da República e encontrámos o hotel onde ele estava hospedado. Não chegámos a ir lá por conta das agressões.

DW África: Foram agredidos concretamente por quem?

JP: De princípio, a agressão começou por parte do brigadeiro Santos Manuel Nobre, denominado 'Barba Branca'. Eu não o conhecia, nem nunca o tinha visto. Foi ao senhor na delegacia, quando ele estava algemado pela polícia, que ele começou a falar que era general.

A DW África tentou obter uma reação por parte da Presidência da República de Angola, mas não obteve qualquer resposta.

António Cascais | Deutsche Welle

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