FP - ontem
Bissau, 17 abr (Lusa) - A delegação da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) que hoje se reuniu com os militares guineenses exigiu o "retorno à ordem constitucional" na Guiné-Bissau, disse o chefe da delegação.
O presidente da Comissão da CEDEAO, Desire Ouedraogo, falava aos jornalistas esta noite, após mais de quatro horas de reunião com os militares que protagonizaram um golpe de Estado na Guiné-Bissau, na passada quinta-feira.
O responsável disse que a delegação exigiu também a libertação dos presos, tendo os militares garantido que são apenas dois, o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
Bissau, aos poucos cada vez mais vazia
Bissau, 16 abr (Lusa) - Muitas pessoas abandonaram hoje a capital da Guiné-Bissau, em direção ao interior do país, com receio da violência, apesar de o Comando Militar ter também hoje apelado à calma e garantido que a situação está sob controlo.
Em Bissau, na zona de partida dos autocarros para o interior, enquanto uns garantiam que apenas estavam a começar a campanha do caju, o principal produto do país, outros admitiam estar a fugir de Bissau devido ao golpe de Estado da passada quinta-feira.
"Não é uma questão de nos refugiarmos, os refugiados acabaram ontem à noite", disse à Lusa um popular que ia viajar para o interior, num autocarro lotado de bagagem e mais apinhado ainda de gente.
Jovens tentam concentração mas militares impedem
Bissau, 16 abr (Lusa) - Uma concentração que hoje estava a ser organizada por dois movimentos da sociedade civil da Guiné-Bissau acabou por não se realizar porque foi dispersada pelos militares, constatou a agência Lusa.
Jovens do Movimento Juvenil e ativistas dos direitos humanos juntaram-se hoje no Bairro da Ajuda, em Bissau, com cartazes a exigir paz no país. Os jovens pediam a reposição da ordem constitucional e o respeito pela integridade física da população.
"Deixem o povo governar", "Basta de atitudes antidemocráticas", "Estamos do lado da paz" ou "Queremos a paz" eram algumas palavras escritas nos cartazes, que nem chegaram a ser exibidos junto da principal avenida de Bissau porque alguns militares o impediram.
Um deles chegou mesmo a perseguir três jornalistas, intimidando-os a seguir até junto dos seus superiores, que de imediato os mandaram embora.
Os jovens do Movimento Juvenil já no domingo tinham feito uma manifestação, que também foi interrompida por alguns militares.
Os militares tomaram o poder na passada quinta-feira, na sequência de um golpe de Estado. O Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, foram detidos.
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